O ordenamento divino da Vontade e do Poder no Livro da Contemplação em Deus de Ramon Llull (1232-1316)

Gabriel Tebaldi MEIRA
Ricardo da COSTA

In: Antonio CORTIJO OCAÑA & Vicent MARTINES (orgs.).
Mirabilia Journal 34 (2022/1),
Jan-Jun 2022 (ISSN 1676-5818), p. 103-123.

Resumo: O objetivo do trabalho é analisar os conceitos de Vontade e de Poder segundo Ramon Llull (1232-1316) no Livro da Contemplação em Deus, Capítulo 47, em sua XI Distinção, bem como compreender a proposta do autor para a aplicação prática de tais princípios na vida cristã.

Abstract: The objective of the work is to analyse the concepts of Will and Power according to Ramon Llull (1232-1316) in the Book of Contemplation in God, Chapter 47, in its XI Distinction, as well as to understand the author’s proposal for practical application of such principles in the Christian life. 

Palavras-chaveVontadePoder – Ramon Llull – Livro da Contemplação em Deus – Ordenamento Divino – Filosofia Medieval.

KeywordsWillPower – Ramon Llull – Book of Contemplation on God – Divine Ordering – Medieval Philosophy.

***

Em 1271, aos 39 anos de idade, Ramon Llull iniciou a escrita, em árabe, do Livro da Contemplação em Deus, tendo concluído sua primeira versão na Páscoa de 1272.1 Ainda em abril daquele ano, Llull iniciou a tradução catalã de sua obra num ritmo frenético de pelo menos dois capítulos por dia, encerrando-a em primeiro de janeiro de 1273.2

O Livro da Contemplação em Deus é uma obra sobre o Universo e a Natureza3, pois pretende fazer com que seu leitor contemple o mundo real através e a partir dos olhos divinos, por meio da pupila dos olhos humanos.4 Llull dividiu sua obra em três grandes partes: 1. Ordenamento divino; 2. O homem; 3. Ética cristã.5

O primeiro volume é estruturado em duas partes: do capítulo 1 ao 29, tem-se a contemplação de Deus a partir dos atributos que O definem – bondoso, sábio, perfeito e infinito.6 Já entre os capítulos 30 e 102, contempla-se a criação do mundo e exalta-se a encarnação do filho de Deus na natureza humana.7

Neste ínterim, a XI Distinção trata do ordenamento divino do mundo e analisa as diversas potências incutidas no ser humano: a vegetativa, a sensitiva, a imaginativa, a racional e a motriz.8

4. ¡Amoroso Señor, lleno de virtud! Amado, temido, honrado y servido seas Tú, que has ordenado que la potencia vegetativa sea causa de que el cuerpo humano crezca y produzca, puesto que, como la potencia vegetativa forma parte de los alimentos que el hombre come, el cuerpo del hombre vive de aquella parte que la vegetativa toma de los alimentos; y si lo toma es más de lo que expulsa el cuerpo del hombre crece y se engorda.9

1. ¡Ah Dios glorioso, grande sobre todas las grandezas, y maravilloso sobre todas las maravillas! Bendita sea tu virtud y tu ordenación, que ha ordenado en el hombre la potencia sensitiva, potencia por la cual el hombre tiene cinco sentidos sensibles: oír, ver, gustar, oler, sentir; por que por oír oye los lenguajes y las voces, y por oír tiene conocimiento de la diversidad de las lenguas y de las voces, y por ver tiene conocimiento de la diversidad de las formas y de los colores, y por gustar tiene conocimiento de lo dulce y de lo amargo, y por oler tiene conocimiento de los olores, y por el sentir tiene conocimiento de la salud y la enfermedad y de las cosas duras o blandas.10

1. ¡Oh Dios ordenador y formador y hacedor de todas las cosas! Fuerza, poder y virtud sean dadas y reconocidas en Ti, Señor Dios, que has dado al hombre la potencia imaginativa, a fin de que tome las cosas sentidas por la potencia sensitiva, porque con la potencia imaginativa el hombre imagina las cosas sentidas, de modo que la imaginación imagina las formas, los colores, las cantidades y todas las otras cualidades.11

2. …Así como Tú, Señor, has querido ordenar que la acción que tiene la sensitiva vaya por cinco sentidos corporales, así has querido ordenar que la acción de la potencia racional vaya por cinco sentidos espirituales. 3. Según esta ordenación se sigue que en a potencia racional haya reflexión, comprensión, conciencia, sutileza y coraje, que son sentidos espirituales, así como lo son, en la potencia sensitiva, el oído, vista, olfato, gusto y tacto, que son sentidos corporales.12

1. ¡Oh Dios glorioso! Gloria, virtud y bendición sean reconocidas y dadas a Ti, pues, así como te ha complacido ordenar que la potencia imaginativa sea en el hombre el impulsor mas lejano, así te ha complacido que la potencia motriz sea en el hombre el impulsor más cercano (…) 3. Verdadero Señor, la razón por la que la potencia motriz es el más cercano impulsor en el hombre es porque siempre que la potencia imaginativa ha ofrecido lo que siente a la racional, manda a la potencia motriz que se mueva a poner en acto lo que está tan sólo en potencia (os grifos e itálicos são nossos).13

Em um segundo momento, o filósofo discorre como Deus ordena a vida humana na relação entre o bem e o mal, o caminho para o Paraíso, o Juízo Final e a passagem deste para o outro mundo.14 Na transição entre os dois momentos da XI Distinção, tem-se o capítulo 47, intitulado Como Deus ordenou o homem entre a vontade e o poder. Nele, o Llull entende que o ser humano tem, como condição natural, estar entre a vontade (potência da alma que a move conscientemente a fazer algo ou não15) e o poder (a própria capacidade de fazer algo16), da mesma forma que a natureza se faz entre a potência e o ato:

1. ¡Ah Dios piadoso y misericordioso, generoso en piedad y gracia! Bendito seas Tú, que has ordenado al hombre entre el poder y la voluntad, así como has ordenado a la naturaleza entre la potencia y el acto.17

Logo no primeiro parágrafo deste capítulo se percebe a influência da filosofia de Aristóteles (384-322 a. C.). A potência18 é a capacidade de proceder mudança em algo ou em si mesmo.19 Por sua vez, o ato20 é a existência própria do objeto que torna concreta determinada capacidade/potência.21

Assim, ao afirmar que a natureza foi ordenada entre a potência e o ato, Llull infere que, na existência física, a natureza vive um constante ciclo entre a capacidade de ser e o ato de tornar-se algo.

Por sua vez, o conceito de vontade em Aristóteles é um apetite que se move com base na racionalidade humana e sua deliberação.22 A vontade reside na escolha racional do sujeito.23 Llull constrói paralelos entre o ser humano e a natureza: o poder humano remete à potência aludida à natureza, e a vontade faz referência ao ato, ou seja, à consolidação.

No segundo parágrafo, Llull louva a Deus e relaciona os eixos centrais do capítulo (vontade e poder) com o ordenamento divino. A vontade humana é graça concebida por Deus, e não uma característica inata ou construída pelo próprio sujeito. O homem tem a vontade de amar, honrar, louvar, adorar e servir porque Deus o capacitou para tal.

2. Alabado, venerado y servido seas Tú, Señor, porque has dado voluntad al hombre, por la que amarte, honrarte, alabarte, adorarte y servirte; y bendito seas Tú que le has dado capacidad para llevar a cabo lo que está en su voluntad.24

O ser humano, sozinho, não teria condição de realizar tudo aquilo que Deus planejou para ele. A capacitação procede do Criador, que confere ao homem os atributos que lhe são necessários. E essa concessão é motivo de louvor.

No terceiro parágrafo, há uma sequência de exemplos sobre as condições terrenas do homem. Como tudo na Terra é efêmero, os status sociais alternam-se e esvaem-se no tempo. Por isso, são irrelevantes a Deus. Independente do modo em que se encontre, o indivíduo é capaz de servir e amar o Senhor.

3. El orden que Tú has puesto en el hombre, Señor, es muy grande, ya que le has dado voluntad y poder, porque no hay nadie que esté excusado de amarte y servirte, ya sea rico o pobre, sano o enfermo, libre o esclavo; puesto que, en cualquier estado en que esté, siempre es capaz de servirte y amarte.25

A incontida capacidade humana de amar a Deus, característica comum na contemplação, é a força que, segundo Llull, leva o homem a abrir seus olhos para a grande compreensão do mundo.26

O amor dedicado a Deus não está vinculado a condições econômicas (riqueza/pobreza), de saúde (são/doente) ou sociais (livre/escravo). É prática inerente à própria natureza humana, pois constitui a vontade do próprio Deus.27

Nos parágrafos quarto e quinto, Llull apresenta as premissas do raciocínio lógico que desenvolverá em sequência. Sua epistemologia inicia-se pela demonstração propter quid (pela causa) e segue à demonstração quia (pelo efeito).28 Ou seja, primeiro a origem de uma determinada situação e, em seguida, sua consequência direta. A frágil condição humana (e sua inclinação ao pecado) é o cerne das causas que afastam o homem da vida pretendida por Deus.

Tal característica é traço comum do discurso apologético de Llull, que intenciona, com suas obras, converter os infiéis muçulmanos ao cristianismo.29 Longe da divindade, o sujeito permanece incompleto.

4. ¡Oh Señor virtuoso, salvador nuestro! Virtud, honor y gloria sean dadas a Ti por siempre, porque Tú has ordenado al hombre con tal disposición y manera que, según las obras que hace en este mundo, se ordena y desordena para tener voluntad y poder de hacer bien o mal.

5. Porque, Señor, hay algunos hombres que tienen voluntad y capacidad para hacer el bien, y algunos que tienen solamente la voluntad de hacer el bien, pero no la capacidad.30

Notam-se as confissões do autor, que revisita sua vida pessoal em sua contemplação.31 Sua história, sua consciência, suas desilusões e suas expectativas alicerçam suas reflexões sobre o comportamento humano frente ao mundo e à divindade. Ao afirmar que as obras humanas conferem ao homem a vontade e o poder de fazer o bem e o mal, Llull costumeiramente principia com a típica autocomiseração medieval32, topos literário, mas sobretudo teológico (ato espiritual de se prostrar diante da grandeza e do poder de Deus), ainda que em Llull por vezes seja textualmente posto como elemento auto defensivo.33

No quinto parágrafo, retoma-se a ideia do próprio título do capítulo: o poder (definido como capacidade) é força indispensável para a realização do bem, uma vez que, havendo apenas a vontade, o sujeito não consegue converter sua potência em ato. É, pois, fundamental unir tais características (vontade e poder) para a concretização do propósito cristão.

Ainda nas premissas lógicas, o sexto parágrafo exemplifica mais duas circunstâncias nas quais o homem não converge suas ações segundo o ordenamento divino.

6. Y hay algunos, Señor, que tienen capacidad de hacer el bien y no tienen la voluntad; y hay algunos que tienen la voluntad y la capacidad de hacer el bien, pero no las practican dado que no hacen el bien ni esquivan el mal.34

Para completar a lógica iniciada no quinto parágrafo, o autor também ressalta o caminho inverso entre poder e vontade. Da mesma forma que de nada vale a intenção sem capacidade, também não há proveito na capacidade sem intenção. A segunda oração do parágrafo chama atenção pela importância dada ao ato concreto do homem.

O bem deve ser praticado e o mal, combatido. Aquele que não executa o bem, nem se esquiva do mal, também está distante do ordenamento divino, mesmo que possua atributos de poder e vontade. A valorização do comportamento ativo do cristão remete, novamente, ao caráter apologético dos escritos de Llull.35

Nos parágrafos 7, 8 e 9, Llull analisa a justiça de Deus com os homens e utiliza, como critério, a capacidade e a vontade do sujeito em praticar o bem e o mal, bem como se isso se converte ou não em prática.

7. Glorioso Rey lleno de honra, libre donador de todos los bienes! Alabada y bendita sea tu gran justicia, porque Tú juzgas a los hombres que tienen voluntad de hacer el bien o el mal, pero no tienen la capacidad, así como juzgas a los que hacen el bien o el mal.

8. Sea además amada y alabada, Señor, tu gran justicia, porque Tú juzgas tanto a los hombres que tienen poder de hacer el bien y de evitar el mal y no tienen la voluntad, como si tuvieran la voluntad y el poder a la vez y no lo quisieran hacer, porque el hombre capaz de hacer el bien, que no tiene voluntad de hacerlo, es como si hiciera el mal, porque siempre es culpable el que es capaz de hacer el bien cuando no se quiere inclinar a hacerlo ni a evitar el mal, puesto que todos pueden tener la voluntad de hacer el bien y evitar el mal.

9. Y de manera semejante ocurre, Señor, con los justos que tienen poder de hacer el mal y no tienen la voluntad de hacerlo, porque les viene el mérito de la capacidad que tienen de hacer el mal, puesto que lo podrían hacer y no lo hacen.36

O maiorquino louva a Deus por estender seu juízo a todos os homens, desde aqueles que possuem a vontade de fazer o bem e o mal, embora sem capacidade, até aqueles que praticam, de fato, tais atos. Todos estão contemplados na grande justiça divina.

Porém, Llull é categórico em dizer que aquele que possui a capacidade de realizar o bem, mas exime-se de sua ação, iguala-se ao homem que pratica o mal. A vontade é passiva de se despertar em todas as pessoas, enquanto a capacidade pertence apenas a alguns. Aqueles que possuem o poder, mas não o utilizam adequadamente, desperdiçam uma graça divina e, consequentemente, aumentam a possibilidade de ocorrência do mal no mundo, já que todos podem ter a vontade de fazê-lo.

O bom uso do poder é um dos critérios para considerar um homem justo ou não. No 9º parágrafo, Llull chama de justo aquele que possui a capacidade de fazer o mal, mas não o faz. Há, no homem justo, um mérito louvável, pois possui, em mãos, o poder de realizar uma ação má, porém, opta por não a cometer. Assim, a justiça divina: 1. contempla a todos; 2. vê como iguais aqueles que se eximem de fazer o bem e os que praticam o mal; 3. reconhece o mérito daquele que tem poder de fazer o mal, mas não o concretiza.

Na prática do bem, apenas a vontade não é suficiente para tornar o sujeito justo, pois é preciso ter poder de realização. No que tange ao mal, a vontade de não o fazer pode ser suficiente para tornar o sujeito justo, uma vez que a capacidade, sozinha, não se concretiza em ato.

A definição de bem e de mal no pensamento luliano é expresso em maior detalhe no Livro das Maravilhas (1288-1289)37, em diversos diálogos entre Félix e o eremita. A medida do bem e do mal no homem é sua proximidade ou distância de Deus.38 Deus pôs, no homem, um pouco de sua semelhança e o bem acontece quando o sujeito se aproxima dessa qualidade. Já o mal concretiza-se no caminho inverso, quando há distanciamento.39 Afirma Llull:

– Filho, o firmamento, o Sol, a Lua, as estrelas, os elementos, as plantas, as aves, os peixes, as bestas e todas as coisas corporais são boas para o homem, porque Deus criou todas para servir ao homem e sem o homem elas não valeriam nada. O homem é bom quando tem Deus, porque foi criado para servir a Deus e fazer Sua vontade, pois sem Deus o homem não valeria nada. Logo, de acordo com as palavras que eu te falei, filho, tu podes conhecer o motivo pelo qual o homem é bom e porque ele é mau, neste mundo e no outro.40

Para desviar-se do mal, ensina o eremita a Félix, é preciso conhecer, crer e amar as sete virtudes cristãs41, seguir os dez mandamentos da Lei de Deus42, cumprir os sete sacramentos43, agradecer a Deus pelos dons do Espírito Santo44 e evitar os vícios.45 Tais comportamentos devem ser posturas práticas e ativas. Todas dependem da vontade humana para serem realizadas.

Llull louva a Deus por sua conversão e por ser usado como instrumento para a propagação do bem.

10. Señor Creador, sean dados a Ti todo honor y reverencia por tu siervo, a quien has dado l agracia de haber ordenado su voluntad para ser ocasión de bien para su capacidad, y has ordenado su capacidad para ser ocasión de bien para su voluntad.

11. Porque cuando a Ti, Señor, te agrada dar al hombre mucha voluntad para hacer el bien, su gran voluntad le abre vía y camino para poder hacer el bien; y cuando das al hombre gran poder de hacer el bien, el poder que tiene de hacer el bien le abre vía y camino para tener voluntad de hacerlo.46

Nota-se o paralelo entre a vontade e a capacidade como caminho para a realização do bem. A vontade é a condição para o aflorar do poder, e a capacidade proporciona a concretização da vontade. Somente pela junção das duas condições é que se pode cumprir adequadamente o ordenamento divino. No parágrafo 11, Llull sintetiza as ideias até aqui apresentadas e as confere coesão. A ausência de uma dessas características impacta diretamente na manifestação da outra:

12. Tan vil y lleno de pecado es el hombre que no le parece a él que esta disposición que hay y él, por querer y por poder, esté en él, porque cuando el hombre se siente con poca voluntad de hacer el bien le parece que no tiene capacidad de hacerlo; y cuando no se siente con gran capacidad de hacer el bien le parece que no debe de tener la voluntad, y así le parece que está excusado si no hace el bien; excusa que nadie tiene, según el orden que Tú, Señor, has puesto en el hombre.47

O pecado leva o ser humano a não perceber que o poder e a vontade são atributos de sua subjetividade. Tal limitação demonstra a vileza do homem, que é apegado à realidade imediata que possui diante de si. Quando lhe falta a vontade de fazer o bem, o sujeito considera que não possui capacidade para tal. O pecador utiliza sua incapacidade como justificativa para que não tenha vontade de fazer o bem. Afinal, por que desejaria fazer algo que não possui o poder de realizar?

Essa visão, porém, é contraposta por Llull:

13. ¡Honrado Señor, lleno de gracia y de todas las fuerzas! Tú has ordenado en el hombre que su voluntad sea ocasión para el de poder multiplicarse al hacer el bien y esquivar el mal, y la capacidad sea ocasión para el hombre de querer que se multiplique el hacer el bien y esquivar el mal; y este orden de multiplicación de voluntad y poder lo has querido a fin de que el hombre tenga gran capacidad y gran voluntad para amarte, honrarte y servirte.48

O ordenamento divino para o homem é que tenha vontade de multiplicar o bem e afastar-se do mal. Ao dispor da capacidade, o ser humano consequentemente deve possuir o querer, afinal, não deve desperdiçar a qualidade conferida por Deus. A finalidade de convergir a capacidade e a vontade é amar, honrar e servir a Deus.

Llull desenvolve novas premissas para explicar por que o ser humano não dedica sua vontade e seu poder à multiplicação do bem e à esquiva do mal:

14. Pero como el hombre, Señor, es algo vil y mezquino por el pecado, la mayoría de los hombres se esfuerza en tener mayor poder para amarse a sí mismos que para amarte a Ti; y por una voluntad que tengan de amarte y servirte, tienen ciento de amarse y servirse a sí mismos.

15. Por esto, Señor, como nosotros intentamos con tanto apasionamiento tener poder y voluntad para amarnos a nosotros mismos, por eso ocurre que el poder que Tú has puesto en los hombres no multiplica el deseo de hacer bien o mal y deseo que has puesto en el hombre no multiplica el poder de hacer el bien y esquivar el mal, sino que ocurre lo contrario, puesto que nosotros nos amamos más a nosotros mismos que a Ti. Por esto el poder multiplica nuestro querer y nuestro querer multiplica nuestro poder para hacer el mal y evitar el bien.49

Por voltar seu amor para si mesmo, e não para Deus, o homem multiplica em si o querer e a vontade por seus próprios desejos. Inevitavelmente então multiplica sua capacidade de fazer o mal e de evitar o bem. Tais ações são consequência direta da vileza humana e sua postura mesquinha pelo pecado, o que o afasta do ordenamento divino.

Llull maravilha-se pela preferência humana em amar e servir a si mesmo, não a Deus. A riqueza material e os deleites do prazer são força de desejo que leva o homem a escolher a si mesmo.

16. En Ti, Señor, unidad y perdurabilidad sean reconocidas por siempre, porque es muy gran maravilla que pueda suceder que los hombres tengan tanto poder para negociar en las vanidades de este mundo, procurarse y reunir tantas riquezas y tener tantos deleites.50

Nota-se, no parágrafo em questão, o uso de mais um termo recorrente no pensamento luliano: maravilha. Maravilhar-se, para Llull, é um sentimento de admiração51, forma de contemplar o mundo e uma solitária meditação tipicamente medieval.52 A maravilha, porém, não designa apenas uma admiração positiva fruto de um encantamento, mas, também o ato de observar com certo espanto uma determinada situação.53

Esta é a intenção de Llull: o autor maravilha-se com o fato de os homens possuírem tanto poder de agir no mundo terreno em prol das riquezas e dos prazeres pessoais, porém, sem dedicar a mesma força à prática do bem e à fuga do mal.

A seguir, o filósofo relaciona a responsabilidade inerente que deve haver no homem ao lidar com qualidades conferidas por Deus.

17. Bendito seas Tú, Señor Dios, porque cuanto más poder tienen los hombres para hacer el bien, mayor pena deber tener cuando no quieren hacerlo.

18. Sería mucho mejor para el hombre no tener la capacidad de hacer el bien una vez que no quiere tener la voluntad, que cuando tiene la capacidad y no quiere tener la voluntad de hacer el bien.54

Seria preferível ao homem não dispor da capacidade de realizar o bem do que possuí-lo e não colocá-lo em prática. Llull aplica essa perspectiva quando trata da comparação entre cristãos e muçulmanos.55 O cristão é abençoado por conhecer a verdade, ao passo que o muçulmano é visto como infiel a ser convertido, missão assumida pelo filósofo.56

Porém, aquele que conhece Deus e não O ama, faz pior do que aquele que não O conhece.57 Isso porque Deus deu ao homem o livre-arbítrio, que depende mais da vontade que do entendimento. Por isso o mau cristão é pior que o mau muçulmano, pois conhece Deus, mas não o ama.58

Llull prossegue na crítica ao mau uso da vontade e da capacidade do ser humano e aborda o acúmulo de riquezas temporais.

19. ¡Señor liberal, misericordioso en todos los tiempos en que se os pide misericordia! Ta has ordenado entre voluntad y capacidad la riqueza y la pobreza en los hombres, porque muchos pobres en bienes temporales son más ricos en verdadera riqueza que los que son ricos en bienes temporales, y todo esto ocurre a causa de que en el hombre hay voluntad y capacidad.

20. Porque el avaro, rico, cuanta más capacidad tenga para ganar y amontonar riquezas, tanto más cautiva hará su voluntad como esclava de ellas; y como su voluntad será sierva de las riquezas, será más pobre que rico. Pero no ocurre así con el pobre bienaventurado, que como tiene menos capacidad para ganas riquezas, las menosprecia; y como las menosprecia, su voluntad está más libre para amarte, y así se hace más rico que pobre en relación con la verdadera riqueza.59

A vontade e a capacidade são atributos que conferem as verdadeiras riquezas, pois cumprem o ordenamento divino. Ainda que seja pobre em bens temporais, o sujeito alcança riqueza maior do que quem possui fartas posses mas não pratica o bem. O homem ganancioso é um escravo de sua própria vontade, pois deposita sua potência nos bens materiais e vicia em sua posse. Mesmo que muito possua, nunca se mostrará satisfeito.

Chama atenção o uso do termo bem-aventurado. No Sermão da Montanha60, Jesus revelou aos homens a verdadeira felicidade a partir de oito posturas gerais.61 A primeira delas é a pobreza de espírito, que leva ao desprezo dos bens materiais e a uma maior liberdade de sua vontade, o que permite tornar-se mais rico que aqueles que acumulam bens.

Ainda sobre a posse material, Llull apresenta ama consequência moral da riqueza:

21. Además, Señor, los hombres ricos de bienes temporales tienen otra manera de cautividad y servidumbre que los pobres; porque el hombre, cuanto más rico es, más obligado y más sometido está a dar limosna a los pobres cuando piden por amor a Ti.62

Aquele que possui maiores riquezas vive um cativeiro servil, pois está sujeito a ser demandado em esmolas. Assim, sua riqueza gera preocupações e obrigações diversas, o que desvia o agir humano do ordenamento divino, da dedicação à prática do bem e da fuga do mal.

Para ampliar a abordagem sobre a diferença entre o rico de bens temporais e o rico das verdadeiras riquezas, Llull desenvolve uma autocrítica para tratar do comportamento humano. Na sequência, divide a análise entre ricos e pobres:

22. Gracias Señor, virtuoso en toda nobleza! Grandeza, fuerza y bondad te sean atribuidas y dadas, y a nosotros nos sean reconocidas debilidad y mezquindad, porque somos tan mezquinos y débiles que desordenamos el orden que Tú has puesto en nosotros, porque hay ricos y pobres; puesto que el rico cree tener en este mundo mayor riqueza y mayor libertad que el pobre, y el pobre cree que es más pobre y más siervo que el rico.

23. Porque el rico por su riqueza cree, Señor, que no está comprometido ni obligado a hacer el bien y a esquivar el mal, y por ello le parece que es libre y no vasallo, y se considerado rico.

24. Y el pobre, Señor, como se siente indigente en cuanto a la comida, a la bebida y al vestido, cree que es siervo y pobre, e ignora la libertad que tiene por no estar tan obligado como el rico a hacer el bien y a esquivar el mal. Según esto, casi todos los ricos y los pobres están fuera de la ordenación en que los has creado.63

O homem costumeiramente rompe o ordenamento divino e, com isso, promove desequilíbrios na vida coletiva. O rico, que deveria empenhar-se na prática do bem e fuga do mal, dado o poder que possui, acaba sentindo-se livre de fazê-lo, pois sente-se livre de qualquer obrigação sobre si por conta do êxito material que alcançou.

Já o pobre, indigente em relação à comida e à bebida, sente-se incapaz de realizar boas coisas, pois não vê em si capacidade para tal e, assim, perde a dimensão de sua liberdade.

Para Llull, a ruptura do ordenamento divino por parte de ricos e pobres contraria aquilo que o próprio Cristo viveu. Na Retórica nova (1301), afirmou:

Jesus Cristo, para libertar o homem perdido pela morte e redimi-lo do poder do inimigo, quis submeter-se, como homem, a muitos sofrimentos, até sofrer uma morte duríssima. Além disso, quis ser pobre, para enriquecer-nos com sua pobreza e dar-nos exemplo de como devemos trabalhar para a salvação de muitos e a utilidade comum, e como devemos menosprezar as riquezas deste mundo.

Mais: ensinou-nos que, se desejamos conseguir a salvação, é uma necessidade inevitável enfrentar penas e trabalhos, suportar a morte, menosprezar as riquezas e desdenhar os prazeres. Portanto, o objetivo de um homem virtuoso deve ser o de servir, tanto quanto possa, o seu Deus, e unir-se a Ele com diletos abraços (IV, 41).64

Jesus menosprezou as riquezas, optou pela vida na pobreza e desdenhou os prazeres. A vida cristã deve ser inspirada em seu exemplo para a conquista da salvação – pensamento tipicamente franciscano.65 O comportamento que se distingue de tal direcionamento, rompe o ordenamento proposto por Deus.

A crítica à falta de vontade dos ricos em fazer o bem prossegue como tema:

25. Singular Señor, misericordioso, rico en piedad y merced, bendito seas Tú, porque eres tan sabio que nadie podría estimar ni comprender el orden en que Tú has puesto a los hombres, ni hay nadie que pueda pensar e imaginar el desorden en que se han puesto los hombres.

26. Porque tan grande es, Señor, el orden que recae en los hombres que les has dado poder y querer para que una pobre mujer valga más que un rey, siempre que la mujer tenga voluntad de hacer el bien y el rey tenga el poder y no tenga el querer.66

Mesmo que o homem deseje compreender a ordem divina instalada no mundo, é impossível que alcance sua totalidade, dada a grandeza de Deus e Sua misericórdia. A bem-aventurança do Senhor faz com que uma mulher pobre que deseja fazer o bem valha mais que um rei repleto de poder, mas carente de vontade. Llull constantemente amplia suas analogias e comparações a fim de consolidar sua lição.

A alusão ao poder real chama especial atenção por sua experiência pessoal. À época da escrita do Livro da Contemplação em Deus, Llull já compunha livros de modo incessante e divulgava sua Arte67 a papas, reis e doutores nas universidades68, o que lhe permitiu desenvolver uma visão muito particular sobre o poder temporal e sua extensão na sociedade medieval.

Para concluir a comparação entre o rei e a mulher, Llull tece duras críticas àquele que possui poder e não o emprega nos propósitos divinos:

27. Alabado y amado seas Tú, Señor Dios, porque a causa de tu ordenación ocurre que la pobre mujer es mejor que el rey avaro; y por el desorden en que el rey avaro se halla, en cuanto tiene capacidad de hacer el bien y no quiere hacerlo, se hace más vil y más malo, más pobre y más mezquino que la vieja pobre que tiene voluntad de hacer el bien.69

O rei, que dispõe de poder e não pratica o bem por falta de vontade, é vil, mau, pobre e mesquinho quando comparado à mulher pobre que busca a prática do bem, mesmo sem condições de poder ou abundância material. Ou seja, mais vale a vontade empregada na prática do bem e na esquiva do mal, do que o poder que se abstém do bem e não evita o mal.

Ao fim do capítulo, como ao longo de toda a obra, Llull emprega coesão ao raciocínio desenvolvido ao afirmar como o homem deveria se comportar. O caráter apologético do discurso é ainda mais ressaltado:

28. Paciente Señor, alto y noble sobre toda alteza y nobleza! Tanto quieres Tú que nuestro poder y voluntad consistan íntegramente en amarte, honrarte y servirte, que son muchas las ocasiones y razones que Tú nos has dado para que lleguemos a Ti por el mérito de marte, honrarte y servirte.70

Amar, honrar e servir a Deus são os propósitos cristãos que devem ser perseguidos seguindo o ordenamento divino. O homem dispõe de várias ocasiões cotidianas para tal e deve cadenciar sua vida para a prática do bem. Llull adjetiva Deus como paciente, pois deveria ser óbvia a escolha do homem pelo cumprimento das vontades divinas.

Como Deus é onisciente, também há, n’Ele, a plena compreensão de como o homem deveria conduzir sua existência. Mesmo falho, pecador, Deus não desiste de capacitá-lo e propiciar situações para que cumpra seu propósito e alcance a salvação, revelando-se paciente.

Os últimos dois parágrafos são dedicados a mais uma sequência da lógica luliana:

29. Es algo extraordinario que pueda suceder que alguien disminuya su voluntad al amarte y servirte, si piensa y contempla tu gran bondad, tu encarnación y pasión, y su vileza y mezquindad, porque, como debería aumentar su voluntad al amarte, no la debería disminuir.

30. Bendito seas Tú, Señor Dios, porque cuanto más piensa y medita el hombre en Tú bondad y en tu virtud, más debería crecer en querer y poder honrarte, servirte y dar alabanza de tu esencia humana unida a la esencia divina.71

A premissa aponta Deus como a grande bondade. Logo, não há qualquer razão para que não se queira amá-Lo. Por isso, a busca por Deus deveria ser crescente no mundo. Não obstante, Llull emprega o termo extraordinário em conotação semelhante à maravilha que utilizou no §16.

Não se trata, pois, de algo admirável por ser uma qualidade, mas que inspira profunda reflexão, sobretudo por sua falta de sentido lógico.

Se o homem empenhasse sua vida em meditar sobre a bondade e a virtude de Deus, maior seria seu poder e seu querer em honrá-Lo, servi-Lo e louvá-Lo pela graça de ter sua essência terrena ligada à essência divina. O autor expressa, portanto, que a grande qualidade em se unir à vontade e ao poder consiste no fortalecimento da relação entre o homem e Deus e a construção do caminho para sua salvação.

***

Fontes

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1991.

ARISTÓTELES. Metafísica (ensaio introdutório, texto grego com tradução e comentário de Giovanni Reale). São Paulo: Edições Loyola, 2005, 03 volumes.

ARISTÓTELES. Sobre a Alma (trad. de Ana Maria Lóio). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010.

RAMON LLULL. Doutrina para crianças (trad.: Ricardo da Costa e Grupo de Pesquisas Medievais da UFES III [Felipe Dias de Souza, Revson Ost e Tatyana Nunes Lemos]. Alicante: e-Editorial IVITRA Poliglota, 2010.

RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I (eds.: Julia Butiñá, Matilde Conde, Carmen Teresa Pabón, Maria Lluïsa Ordóñez). Madrid: Palas Atenea, 2020.

RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte I (apres., trad. e notas: Ricardo da Costa). Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 95. São Paulo: Editora Escala, 2009.

RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte II (apres., trad. e notas: Ricardo da Costa). Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 96. São Paulo: Editora Escala, 2009.

RAMON LLULL. Retórica nova (1301) (trad. e notas: Ricardo da Costa). In: Brathair 20 (1) 2020, p. 355-411.

SANTO AGOSTINHO. Sobre o Sermão do Senhor na Montanha (ed., trad. e notas de Carlos Ancêde Nougué). Anápolis-Goiás: Edições Santo Tomás, 2003.

Bibliografia citada

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

BRINES I GARCIA, Lluís. “Tendències franciscanes en Ramon Llull”. In: Estudios Franciscanos. Volumen homenaje al Beato Ramón Llull en el VII centenario de su muerte (1316-2016) 117 (2016, set-des), pp. 437-468.

BUTIÑÁ, Julia. “Introducción”. In: RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I (eds.: Julia Butiñá, Matilde Conde, Carmen Teresa Pabón, Maria Lluïsa Ordóñez). Madrid: Palas Atenea, 2020, p. 9-11.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Petrópolis: Vozes, São Paulo: Paulinas, 1993.

COSTA, Ricardo da. “Apresentação: A novela na Idade Média: O Livro das Maravilhas (1288-1289) de Ramon Llull”. In: RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte I (apres., trad. e notas: Ricardo da Costa). Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 95. São Paulo: Editora Escala, 2009, p. 9-20.

COSTA, Ricardo da. “A experiência religiosa e mística de Ramon Llull. A Infinidade e a Eternidade divinas no Livro da Contemplação (c. 1274)”. In: Scintilla - Revista de Filosofia e Mística Medieval. Curitiba: Faculdade de Filosofia de São Boaventura (FFSB), vol. 3, n. 1, janeiro/junho 2006, p. 107-133.

COSTA, Ricardo da. “O homem é mau quando age contra Deus e contra a semelhança de Deus. A maldade humana no Livro das Maravilhas (1288-1289) de Ramon Llull”. InAnais do II Simpósio Internacional de Teologia e Ciências da Religião. Belo Horizonte, ISTA/PUC Minas, 2007.

COSTA, Ricardo da. “Ramon Llull (1232-1316) e o modelo cavaleiresco ibérico”. In: Revista Mediaevalia. Textos e Estudos 11-12 (1997), p. 231-252.

DOMÍNGUEZ REBOIRAS, Fernando. “Presentación”. In: RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I (eds.: Julia Butiñá, Matilde Conde, Carmen Teresa Pabón, Maria Lluïsa Ordóñez). Madrid: Palas Atenea, 2020, p. 12-14.

ENSENYAT PUJOL, Gabriel. “‘Lo vendre e lo comprar són matèria de justícia’. Ramon Llull i la mentalitat mercantil franciscana”. In: Estudios Franciscanos. Volumen homenaje al Beato Ramón Llull en el VII centenario de su muerte (1316-2016) 117 (2016, set-des), pp. 469-484.

FERRATER MORA, José. Dicionário de Filosofia. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1982.

FONT ROIG, Margalida. “Bases antropológicas y metafísicas del Ars Luliana”. In: Dignidad personal, comunidad humana y orden jurídico. Actas de las Jornadas de la Sociedad Internacional Tomás de Aquino. Barcelona: Instituto Filosófico de Balmesiana, 1993, pp. 399-406.

GARCÍA PÉREZ, Francisco José. “Ramon Llull y los franciscanos de Palma: la protección del culto público durante el siglo XVIII”. In: Archivo Ibero-Americano 76, nº 282 (2016), pp. 247-270.

GAYÀ, Jordi. “El arranque filosófico del Ars luliana”. In: Constantes y fragmentos del pensamento luliano. Actas del simposio sobre Ramon Llull en Trujillo, 17-20 septiembre 1994 (ed. Fernando Domínguez i Jaime de Salas), “Beihefte zur Iberoromania” 12. Tubinga: Max Niemeyer Verlag, 1996, pp. 1-8.

GAYÀ ESTELRICH, Jordi. “Adscripción de la teología trinitaria de Ramón Llull a la escuela franciscana”. InEstudios Franciscanos. Volumen homenaje al Beato Ramón Llull en el VII centenario de su muerte (1316-2016) 117 (2016, set-des), pp. 485-520.

Nou Glossari General Lul·lià. Centre de Documentació Ramon Llull - Universitat de Barcelona.

RUBIO, Josep E. Les bases del pensament de Ramon Llull. Els orígens de l'art lul·liana. Valènca-Barcelona: Institut Interuniversitari de Filologia Valenciana-Publicacions de l’Abadia de Montserrat, 1997.

RUIZ SIMON, Josep Maria. L’Art de Ramon Llull i la teoria escolàstica de la ciência. Barcelona: Quaderns Crema, 1999.

VEGA, Amador. Ramón Llull y el secreto de la vida, Siruela, Madrid, 2002.

VENTORIM, Eliane. As ideias políticas e a apologética de Ramon Llull (1232-1316) sobre a cruzada na terra santa. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais, 2008.

VILLALBA VARNEDA, Pere. “De Civitate Mundi: cum Mundus sit in Perverso Statu”. In: Revista Internacional d’Humanitats, ano IX, n. 9, 2006.

VILLALBA I VARNEDA, Pere. Ramon Llull. Escriptor i Filòsof de la Diferència. Palma de Mallorca, 1232-1316. Bellaterra: Universitat Autònoma de Barcelona, 2015.

Notas

  • 1. VILLALBA I VARNEDA, Pere. Ramon Llull. Escriptor i Filòsof de la Diferència. Palma de Mallorca, 1232-1316. Bellaterra: Universitat Autònoma de Barcelona, 2015, p. 95.
  • 2. VILLALBA I VARNEDA, Pere. Ramon Llull. Escriptor i Filòsof de la Diferència. Palma de Mallorca, 1232-1316, op. cit., p. 100.
  • 3. BUTIÑÁ, Julia. “Introducción”. In: RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I (eds.: Julia Butiñá, Matilde Conde, Carmen Teresa Pabón, Maria Lluïsa Ordóñez). Madrid: Palas Atenea, 2020, p. 11.
                Utilizaremos a edição espanhola – a primeira tradução da obra para o espanhol – levada a cabo pela Dra. Júlia Butiñá e sua equipe.
  • 4. VILLALBA I VARNEDA, Pere. Ramon Llull. Escriptor i Filòsof de la Diferència. Palma de Mallorca, 1232-1316, op. cit., p. 80.
  • 5. DOMÍNGUEZ REBOIRAS, Fernando. “Presentación”. In: RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I (eds.: Julia Butiñá, Matilde Conde, Carmen Teresa Pabón, Maria Lluïsa Ordóñez). Madrid: Palas Atenea, 2020, p. 14.
  • 6. DOMÍNGUEZ REBOIRAS, Fernando. “Presentación”, op. cit., p. 14.
  • 7. DOMÍNGUEZ REBOIRAS, Fernando. “Presentación”, op. cit., p. 13.
  • 8. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 31.
  • 9. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 193-194 (Libro Segundo, XI Distinción, 40, 4).
  • 10. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 197 (Libro Segundo, XI Distinción, 41, 1).
  • 11. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 202 (Libro Segundo, XI Distinción, 42, 1).
  • 12. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 207 (Libro Segundo, XI Distinción, 43, 1, 2 e 3).
  • 13. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 211-212 (Libro Segundo, XI Distinción, 44, 1 e 3).
  • 14. DOMÍNGUEZ REBOIRAS, Fernando. “Presentación”, op. cit., p. 13.
  • 15. Ver “Voluntat”. In: Nou Glossari General Lul·lià. Centre de Documentació Ramon Llull - Universitat de Barcelona.
  • 16. Ver “Poder”. In: Nou Glossari General Lul·lià. Centre de Documentació Ramon Llull - Universitat de Barcelona.
  • 17. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 225 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 1).
  • 18. ARISTÓTELES. Metafísica (ensaio introdutório, texto grego com tradução e comentário de Giovanni Reale). São Paulo: Edições Loyola, 2005, vol. II, p. 225 (Livro Quinto, 12, 1).
  • 19. Aristóteles apresenta, como exemplos de potência, a arte de construir e a arte de curar. A potência, então, é o princípio pelo qual uma coisa é mudada ou movida por outra ou por si mesma enquanto outra. Ver “Potência”. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 782-782; FERRATER MORA, José. Dicionário de Filosofia. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1982, p. 318-320.
  • 20. ARISTÓTELES. Metafísica, op. cit., p. 409-413 (Livro Nono, 6).
  • 21. Para Aristóteles, o ato está para a potência assim como quem constrói está para quem pode construir; ou quem está desperto está para quem está dormindo. O primeiro sujeito dessas comparações ilustra o ato, enquanto o segundo exemplifica a potência. Ver ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, op. cit., p. 90-91.
  • 22. ARISTÓTELES. Sobre a Alma (trad. de Ana Maria Lóio). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010, p. 126-127 (433a 6-11).
  • 23. A racionalidade nada faz mover sem o desejo. Aristóteles considera que nem mesmo o intelecto consegue agir se não houver vontade. Por outro lado, a vontade consegue realizar-se em intelecto. Por isso, o motor das ações é o desejo. Ver “Vontade”. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, op. cit., 1007-1010; FERRATER MORA, José. Dicionário de Filosofia, op. cit., p. 423-425.
  • 24. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 225 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 2).
  • 25. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 225 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 3).
  • 26. Amador Vega considera que o Livro da Contemplação em Deus propõe uma abertura do espírito humano para compreender as ordens secretas do mundo. Assim, Llull desempenha um esforço em conectar as dimensões terrestres e divinas para que haja um ciclo de conversação entre elas que prepare o sujeito para estar diante de Deus. Ver VEGA, Amador. Ramón Llull y el secreto de la vida. Madrid: Siruela, 2002.
  • 27. Em duas obras posteriores – o Livro de Santa Maria (1290) e a Árvore da Filosofia do Amor (1298) – Llull define de modo muito comovente o conceito: “1. Amor es aquella cosa ab la qual l’amic ama son amat. | Amor est id, quo amicus suum amat amatum. [Exp] III.7 - SaMaria: ORL X, cap. VI | ROL XXVIII, 96; 2. Amor es la corda ab la qual está l’amic ligat a son amat. | Amor est vinculum cum quo amicus est ligatus ad amandum suum amatum. III.32 - ArbFilAm: ORL XVIII, 75 | MOG VI, iii, 3 (161). Ver “Amor / Amor”. In: Nou Glossari General Lul·lià. Centre de Documentació Ramon Llull - Universitat de Barcelona.
  • 28. RUIZ SIMON, Josep Maria. L’Art de Ramon Llull i la teoria escolàstica de la ciência. Barcelona: Quaderns Crema, 1999, p. 87.
  • 29. COSTA, Ricardo da. “A experiência religiosa e mística de Ramon Llull. A Infinidade e a Eternidade divinas no Livro da Contemplação (c. 1274)”. In: Scintilla - Revista de Filosofia e Mística Medieval. Curitiba: Faculdade de Filosofia de São Boaventura (FFSB), vol. 3, n. 1, janeiro/junho 2006, p. 78.
  • 30. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 225.
  • 31. COSTA, Ricardo da. “A experiência religiosa e mística de Ramon Llull. A Infinidade e a Eternidade divinas no Livro da Contemplação (c. 1274)”, op. cit., p. 80.
  • 32. RUBIO, Josep E. Les bases del pensament de Ramon Llull. València-Barcelona: Institut Interuniversitari de Filologia Valenciana-Publicacions de l’Abadia de Montserrat, 1997, p. 18-62 (para o teor da narrativa do Livro da Contemplação).
  • 33. VILLALBA VARNEDA, Pere. “De Civitate Mundi: cum Mundus sit in Perverso Statu”. In: Revista Internacional d’Humanitats, ano IX, n. 9, 2006.
  • 34. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 225 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 6).
  • 35. VENTORIM, Eliane. As ideias políticas e a apologética de Ramon Llull (1232-1316) sobre a cruzada na terra santa. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais, 2008, p. 36.
  • 36. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 226 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 7, 8 e 9).
  • 37. RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte I (apres., trad. e notas: Ricardo da Costa). Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 95. São Paulo: Editora Escala, 2009.
  • 38. RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte I, op. cit., p. 46 (cap. 3).
  • 39. COSTA, Ricardo da. “O homem é mau quando age contra Deus e contra a semelhança de Deus. A maldade humana no Livro das Maravilhas (1288-1289) de Ramon Llull”. InAnais do II Simpósio Internacional de Teologia e Ciências da Religião. Belo Horizonte, ISTA/PUC Minas, 2007.
  • 40. RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte II (apres., trad. e notas: Ricardo da Costa). Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 96. São Paulo: Editora Escala, 2009, p. 86 (cap. 61).
  • 41. Llull refere-se às quatro virtudes cardeais e às três virtudes teologais, as quais, segundo o Catecismo da Igreja Católica (Petrópolis: Vozes, São Paulo: Paulinas, 1993, p. 538) são, respectivamente, a Prudência, a Justiça, a Temperança, a Coragem, a , a Esperança e a Caridade – segundo o filósofo, em sua obra Doutrina para crianças (1274-1276), as sete virtudes que são os caminhos da salvação. Ver RAMON LLULL. Doutrina para crianças (trad.: Ricardo da Costa e Grupo de Pesquisas Medievais da UFES III [Felipe Dias de Souza, Revson Ost e Tatyana Nunes Lemos]. Alicante: e-Editorial IVITRA Poliglota, 2010, p. 41-46.
  • 42. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (op. cit., p. 586-596), os dez mandamentos da Lei de Deus são: 1. Adorar somente a Deus e amá-lo sobre todas as coisas; 2. Não invocar o Santo Nome de Deus em vão; 3. Guardar domingos e festas de guarda; 4. Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores); 5. Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo); 6. Guardar castidade nas palavras e nas obras; 7. Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo); 8. Não levantar falsos testemunhos; 9. Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos, e 10. Não cobiçar as coisas alheias.
  • 43. Na Doutrina para crianças, Llull elenca os sete sacramentos: 1. Batismo, 2. Confirmação, 3. Sacrifício, 4. Penitência, 5. Ordens, 6. Matrimônio e 7. Unção – segundo o Catecismo da Igreja Católica (op. cit., p. 387), são 1. Batismo, 2. Confirmação, 3. Eucaristia, 4. Penitência, 5. Unção dos Enfermos, 6. Ordem e 7. Matrimônio (RAMON LLULL. Doutrina para crianças, op. cit., p. 21-25), o que mostra a notável permanência de longa duração da tradição teológica da Igreja!
  • 44. Ainda segundo a Doutrina para crianças, os dons do Espírito Santo são: 1. Sabedoria, 2. Entendimento, 3. Conselho, 4. Fortaleza, 5. Ciência, 6. Piedade e 7. Temor (RAMON LLULL. Doutrina para crianças, op. cit., p. 26-30), exatamente os mesmos do Catecismo da Igreja Católica (op. cit., p. 541).
  • 45. “Por fim, a Vontade de Deus desejou que estivessem no verdadeiro caminho os homens que tivessem se conservado no amor a Deus e às virtudes, e desamado os vícios”. RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte I, op. cit., p. 77 (cap. 7).
  • 46. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 226 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 10 e 11).
  • 47. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 226 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 12).
  • 48. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 226 e 227 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 13).
  • 49. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 227 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 14-15).
  • 50. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 227 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 16).
  • 51. Experimentar sentiments d’admiració. A meravellar te cové hon és caritat e devoció anade. Ve per lo món, e meravelle't dels hòmens per què cessen de amar e conèxer Déu, II.B.15 - Felix I, 26. Molt me meravell de tu, verge singular, FD II.5 - BeneMuli, 337. Molt se meravellà lo fill del salt que·l scuder havie fet...; e per açò dix a son fill per què·s meravellave del saut del scuder. 'Sènyer', dix lo fill, 'jo·m meravell segons la força de mon cors, del saut que ha fet lo scuder, mas no·m meravell segons la força del cors del scuder', II.B.15 - Felix I, 64-65. Meravellaren-se los demonis, III.26 - ProvRam, 225. Per lo qual dol me meravellé fortment, II.B.15 - Felix III, 60. Meravellà's nostra Dona, III.26 - ProvRam, 223. Meravella's fidelitat car infidel ama plus públic bé que feel, III.26 - ProvRam, 313. E no·t meravells si la lengua no y basta a declarar-ho, FD II.5 - BeneMuli, 356. No·t meravells, fill, d'estes paraules que yo tramet a tu escrites, II.A.6 - DoctPu, 16. Car l'Arbre moral és molt necessaria saber, no·s meravell negú car d'aquest Arbre parlam tan longament, III.23 - ArbSci I, 266. Car som magra e descolorida no us en meravellets, III.7 - SaMaria, 6. V. maravellar, meraveyllar.” – “Meravellar”. In: Nou Glossari General Lul·lià. Centre de Documentació Ramon Llull - Universitat de Barcelona.
  • 52. COSTA, Ricardo da. “Apresentação: A novela na Idade Média: O Livro das Maravilhas (1288-1289) de Ramon Llull”. In: RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte I (apres., trad. e notas: Ricardo da Costa). Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 95. São Paulo: Editora Escala, 2009, p. 15.
  • 53. COSTA, Ricardo da. “Apresentação: A novela na Idade Média: O Livro das Maravilhas (1288-1289) de Ramon Llull”, op. cit., p. 15.
  • 54. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 227 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 18).
  • 55. COSTA, Ricardo da. “O homem é mau quando age contra Deus e contra a semelhança de Deus. A maldade humana no Livro das Maravilhas (1288-1289) de Ramon Llull”. InAnais do II Simpósio Internacional de Teologia e Ciências da Religião. Belo Horizonte, ISTA/PUC Minas, 2007.
  • 56. VENTORIM, Eliane. As ideias políticas e a apologética de Ramon Llull (1232-1316) sobre a cruzada na terra santa, op. cit., p. 36.
  • 57. RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas. Parte I. (Apres., trad. e notas: Ricardo da Costa). Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 95. São Paulo: Editora Escala, 2009, p. 61.
  • 58. COSTA, Ricardo da. “O homem é mau quando age contra Deus e contra a semelhança de Deus. A maldade humana no Livro das Maravilhas (1288-1289) de Ramon Llull”. InAnais do II Simpósio Internacional de Teologia e Ciências da Religião. Belo Horizonte, ISTA/PUC Minas, 2007.
  • 59. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I (eds.: Julia Butiñá, Matilde Conde, Carmen Teresa Pabón, Maria Lluïsa Ordóñez). Madrid: Palas Atenea, 2020, p. 227 e 228.
  • 60. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1991, p. 2017 (Mt 5, 1-12).
  • 61. Segundo o Evangelho de Mateus (5, 1-12), oito são as bem-aventuranças: 1. Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu; 2. Felizes os aflitos, porque serão consolados; 3. Felizes os mansos, porque herdarão a terra; 4. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; 5. Felizes os que são misericordiosos, porque receberão misericórdia; 6. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus; 7. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus; 8. Felizes os que são perseguidos por causa de Deus. Aquele que assim vive deve alegrar-se e exultar, porque grande será sua recompensa nos céus.
                Tradicional (e célebre) é a interpretação de Santo Agostinho (354-430) desse que é um dos textos evangélicos maiores para a moral cristã – e Llull certamente tem uma forte veia agostiniano-platônica, além da aristotélica-tomista. Ver SANTO AGOSTINHO. Sobre o Sermão do Senhor na Montanha (ed., trad. e notas de Carlos Ancêde Nougué). Anápolis-Goiás: Edições Santo Tomás, 2003.
  • 62. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 22 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 21).
  • 63. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 228 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 22-24).
  • 64. RAMON LLULL. Retórica nova (1301) (trad. e notas: Ricardo da Costa). In: Brathair 20 (1), 2020, p. 368.
  • 65. Para o tema, ver GARCÍA PÉREZ, Francisco José. “Ramon Llull y los franciscanos de Palma: la protección del culto público durante el siglo XVIII”. In: Archivo Ibero-Americano 76, nº 282 (2016), pp. 247-270 e Estudios Franciscanos. Volumen homenaje al Beato Ramón Llull en el VII centenario de su muerte (1316-2016) 117 (2016, set-des), especialmente os artigos de BRINES I GARCIA, Lluís. “Tendències franciscanes en Ramon Llull” (pp. 437-468), ENSENYAT PUJOL, Gabriel. “‘Lo vendre e lo comprar són matèria de justícia’. Ramon Llull i la mentalitat mercantil franciscana” (pp. 469-484) e GAYÀ ESTELRICH, Jordi. “Adscripción de la teología trinitaria de Ramón Llull a la escuela franciscana” (pp. 485-520).
  • 66. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 228 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 25-26).
  • 67. A Arte luliana (Ars) é um sistema lógico-metafísico aplicável a qualquer problema ou tema específico, servindo, pois, como instrumento para a conversão dos infiéis muçulmanos e a investigação da verdade. Ver GAYÀ, Jordi. “El arranque filosófico del Ars luliana”. In: Constantes y fragmentos del pensamento luliano. Actas del simposio sobre Ramon Llull en Trujillo, 17-20 septiembre 1994 (ed. Fernando Domínguez i Jaime de Salas), “Beihefte zur Iberoromania” 12. Tubinga: Max Niemeyer Verlag, 1996, pp. 1-8, e FONT ROIG, Margalida. “Bases antropológicas y metafísicas del Ars Luliana”. In: Dignidad personal, comunidad humana y orden jurídico. Actas de las Jornadas de la Sociedad Internacional Tomás de Aquino. Barcelona: Instituto Filosófico de Balmesiana, 1993, pp. 399-406.
  • 68. COSTA, Ricardo da. “Ramon Llull (1232-1316) e o modelo cavaleiresco ibérico”. In: Revista Mediaevalia. Textos e Estudos 11-12 (1997), p. 231-252.
  • 69. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 228 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 27).
  • 70. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 228-229 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 28).
  • 71. RAMON LLULL. Libro de Contemplación en Dios. Tomo I, op. cit., p. 229 (Libro Segundo, XI Distinción, 47, 29-30).

Aprenda mais