Poema III

Trad.: Ricardo da COSTA e Lorenzzo CASSARO1

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Codex Manesse (c. 1305-1315), UB Heidelberg, Cod. Pal. germ. 848, fol. 271r: Von Buchheim.

I.
Companheiros, trataram-me tão mal
que não posso deixar de me queixar neste canto,
ainda que por nada deseje que saibam meus feitos.

II.
Dir-vos-ei do que se trata:
não gosto de cona guardada, nem poça sem peixes,
nem jactâncias de homens malvados que não realizam seus feitos.2

III.
Senhor Deus, que é chefe e rei do mundo,
como não destronaste o primeiro guardador da cona?3
Nunca houve pior serviço ou guarda com seu senhor.

IV.
Mas dir-vos-eis da cona, qual é sua lei,
como alguém que mal lhe fez e maior recebeu:
se tudo diminui com o uso, com a cona aumenta.

V.
E aquele que não crer em minhas razões,
que vá então vê-las perto do bosque, em um recanto:
para cada árvore que se poda, nascem duas ou três.

VI.
Quando o bosque é podado, renasce mais espesso,
e seu senhor não perde seus ganhos nem sustentos,
mas lamenta o corte, se tem dano.

VII.
Mau é lamentar o corte sem dano.

 

Notas

  • 1. Base da tradução: GUILLERMO IX. Duque de Aquitania y Jaufré Rudel. Canciones completas. Madrid: Editora Nacional, 1978, p. 34-37.
  • 2. Sim, o poema é sobre a vagina feminina! E ela deve ser muito bem tratada e sempre utilizada, pois é como um bosque podado: sempre cresce com renovado vigor!
  • 3. Do latim cunnus - Conjunto das partes genitais femininas, vulva.