Cronologia da Península Ibérica (379-1500)

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Esta cronologia tem o objetivo de facilitar o estudo dos historiadores que trabalham com Portugal medieval. Concentrei o maior número possível de informações no período que abrange os séculos XII-XIV, com uma especial predileção pelo Quatrocentos. Os séculos anteriores e posteriores a esse eixo cronológico entraram neste trabalho indiretamente, ou seja, através de comentários inseridos nos textos relacionados com os séculos XII-XIV. Além disso, o caráter informativo desta Cronologia passa diretamente pelo recorte temático político-militar, com seqüências dinásticas e relações de poder nas "Espanhas" medievais.

O destaque dado às ordens militares tem sua explicação: nos anos 1994-1999 investiguei a Reconquista e a atuação das ordens foi marcante neste aspecto. As datas mais problemáticas quanto à sua precisão estão acompanhadas de um ponto de interrogação; optei por aquelas de maior consenso entre os especialistas, mas provavelmente vocês encontrarão dúvidas após um levantamento mais aprofundado. De qualquer modo, espero que os medievalistas interessados na Península Ibérica encontrem nesta Cronologia uma boa companheira de trabalho para suas respectivas pesquisas.

 

Reis de Portugal (1128-1481)

Dinastia de Borgonha 
I. D. Afonso I (Afonso Henriques) – 1128-1185 
II. D. Sancho I – 1185-1211 
III. D. Afonso II (rei-leproso) – 1211-1223 
IV. D. Sancho II – 1223-1248
V. D. Afonso III – 1245-1279 
VI. D. Dinis, o Lavrador – 1279-1325 
VII. D. Afonso IV, o Bravo – 1325-1357 
VIII. D. Pedro I, o Cruel – 1357-1367 
IX. D. Fernando I, o Formoso – 1367-1383
D. Leonor Teles (regência) – 1383 (outubro a dezembro)
Interregno – 1383 (dezembro)-1385 (abril)

Dinastia de Avis
X. D. João I, da Boa Memória – 1385-1433
XI. D. Duarte, o Eloqüente – 1433-1438
D. Leonor de Aragão (regência) – 1438-1439
D. Pedro, duque de Coimbra (regência) – 1439-1448
XII. D. Afonso V, o Africano – 1448-1481

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Hispania sob a República Romana.

Cronologia

379-468 — Período que abrange a Crônica de Idácio, galaico-romano bispo de Chaves.

395-408 — Arcádio, Imperador do Oriente.

395-423 — Honório, Imperador do Ocidente.

399-402 — Papado de Santo Anastácio I, romano.

402-417 — Papado de Santo Inocêncio I, albanês.

408-450 — Teodósio II, Imperador do Oriente.

409 — Entrada de suevos, vândalos asdingos, vândalos silingos e alanos na Península.

411 — Tratado entre os bárbaros e o Império: aqueles foram acantonados como federados — suevos e vândalos asdingos na Galícia; vândalos silingos na Bética; alanos (mais numerosos) na Lusitânia e Cartaginense.

412-415 — Ataulfo, rei visigodo.

415 — Entrada de visigodos na Península comandados por Wallia, a pedido dos romanos para combater vândalos silingos e alanos que pilhavam as regiões mais romanizadas ao sul. (?) Baquiário, presbítero de Braga que tinha praticado o priscilianismo, escreve a obra De fide, para se retratar da heresia. Morte de Ataulfo, rei visigodo.

415-417 — Wallia, rei visigodo.

417 — Morte de Wallia, rei visigodo.

417-418 — Papado de São Zósimo, grego.

417-451 — Teodorico, rei visigodo.

418-419 — Antipapa Eulálio.

418-422 — Papado de São Bonifácio I, romano.

419 — Vândalos asdingos, que tinha recebido terras na Galécia (provavelmente na zona mais montanhosa do interior), atacam os suevos (que viviam nos montes Nerbasios, na região de Orense). Esta agressão serve de pretexto ao comes Hispaniarum Astério e ao vicarus Maurocelo para atacarem os Asdingos.

422 — É enviado, sem sucesso, um exército romano para atacar os asdingos. Morte do rei dos vândalos asdingos, Gunderico.

422-432 — Papado de São Celestino I, da Campânia.

425 — Os vândalos tomam Sevilha e Cartagena.

425-455 — Valentiniano III, Imperador do Ocidente.

428 — Genserico, novo rei dos vândalos asdingos, ataca povoações nas ilhas Baleares.

428-477 — Genserico, rei dos vândalos asdingos e alanos.

429 — Os vândalos, senhores do sul da Península, passam à África do Norte. Os visigodos desembarcam nas ilhas Baleares e em Tânger.

430-456 — Consolidação do reino suevo na Península.

431 — Idácio, bispo de Chaves, vai à Gália, sem sucesso, pedir ao magister militium Aécio que organize um ataque contra os suevos.

432-440 — Papado de São Sisto III, romano.

438 — O príncipe suevo Réquila, associado ao trono pelo rei Hermerico, invade a Bética e devasta várias cidades da Lusitânia, entre elas Mérida e Mértola. O exército organizado pelo patriciado local, comandado por Andevoto, é derrotado nas margens do rio Genil.

440-461 — Papado de São Leão I (Magno), toscano.

441 — Réquila, rei dos suevos.

441-446 — Réquila, de Sevilha (e com a conivência de alguns membros da aristocracia local) domina toda a Lusitânia e parte da Bética.

441-454 — “Bagauda” : perturbações na Península entre o Ebro e nas fronteiras dos povos bascos; revoltas locais contra as autoridades e os grandes proprietários pelos povos do norte (autóctones), os menos atingidos pela romanização.

445-450 — Últimos episódios do combate ao priscilianismo (heresia) por Toríbio de Astorga.

446 — Os romanos, dirigidos por Vito, magister utriusque militiae (comandante de tropas compostas por soldados romanos e visigodos), tentam libertar-se dos suevos, mas são derrotados.

448 — Morte de Réquila, rei suevo. (aprox.) O novo rei suevo, Requiário, converte-se ao catolicismo (um desafio aos arianos visigodos) e continua a assolar a Lusitânia, a Bética e mesmo a Cartaginense. É o primeiro rei bárbaro a cunhar moeda em seu nome.

449 — Requiário se associa aos bandos da “bagauda”, dirigidos por um chefe chamado Basílio, para assolarem Tarazona e depois Saragoça e Lérida.

450-457 — Marciano, Imperador do Oriente.

451 — Morte de Teodorico, rei visigodo.

451-456 — Teodorico II, rei dos visigodos. Política de extermínio visigoda contra os suevos.

453 — Acordo de paz entre os hispano-romanos e suevos estabelecido pelo comes Hispaniarum Mansueto e pelo conde Frontão.

454 — Os hispano-romanos pedem auxílio a Teodorico, rei dos visigodos, para combaterem a “bagauda”.

455-457 — Avito, Imperador do Ocidente.

456 — Requiário, rei suevo, infringindo seus acordos, ataca a Cartaginense e, apesar do conde Frontão invocar o acordo anterior, invade também a Tarraconense, praticando o saque e fazendo numerosos cativos. Teodorico II, rei visigodo, atravessa os Pireneus e dirige-se a Galécia, derrotando os suevos junto ao rio Orbigo, perto de Astorga; marcha até Braga, que é inteiramente saqueada, sem poupar cidadãos romanos, clérigos e igrejas. Depois, segue até o Porto, vencendo Requiário novamente e o condenando à morte. Por fim, entrega o reino suevo a Agiulfo, seu "cliente" da tribo dos varnas. Morte de Teodorico II, rei dos visigodos.

457-474 — Leão I, Imperador do Oriente.

457-461 — Maioriano, Imperador do Ocidente.

459 — Nepociano, magister militium na Hispânia do imperador do Ocidente, Maioriano, associa-se ao conde visigodo Sunierico para atacar os suevos de Lugo.

460 — Maldras, chefe suevo que tinha se insubordinado contra Agiulfo (morto no castrum do Porto) luta pelo poder contra Frantano — duas facções suevas rivais. É assassinado neste ano e sucedido por Frumário. Outro exército visigodo, desta vez sem o apoio romano, apodera-se de Santarém. O imperador do Ocidente, Maioriano, permanece algum tempo entre Tarragona e Cartagena, para preparar um ataque naval contra os vândalos, do qual sai derrotado. Frumário prende Idácio, galaico-romano bispo de Chaves durante alguns meses por liderar uma tentativa oculta de negociação entre os galaico-romanos e Requimundo (líder da outra facção visigoda que substituiu Frantano).

461-468 — Papado de Santo Hilário, sardo. Severo, Imperador do Ocidente.

463 — Os galaico-romanos conseguem suscitar uma nova intervenção visigoda na Galécia, enviando a Toulouse um membro local da antiga aristocracia senatorial, Palagório, para pedirem a Reodorico, rei visigodo, que impusesse a paz na região.

464 — Frumário e Requimundo, chefes das facções suevas que lutam pelo poder, morrem. Surge um novo chefe, Remismundo, apoiado pelo rei visigodo Teodorico. Teodorico, rei visigodo, manda retirar o magister militum Arbório para a Gália — nomeado por ele para controlar a Hispânia — ficando então os hispano-romanos defendidos apenas por Vicêncio, dux provinciae da Tarraconense.

465 — Remismundo, rei suevo, retorna ao arianismo graças à pregação do bispo Ajax (ariano) na Galécia. Casa-se com uma princesa visigoda e recebe a investidura das armas de Teodorico: aliança suevo-visigótica. Os suevos convertem-se ao arianismo.

466 — Embaixada de Opílio para pedir auxílio do rei visigodo Eurico contra os suevos, que tinham atacado os galaico-romanos de Aunona (talvez na zona de Tui).

466-484 — Reinado visigodo de Eurico (sucessor de Teodorico): consolida seu domínio na Gália e conquista a Península, expulsando os romanos para o norte do rio Loire.

467 — Os suevos saqueiam Conímbriga, que desde então perde toda sua importância (sua população já começara a transferir-se para Erminium — atual Coimbra).

467-472 — Antemo, Imperador do Ocidente.

468 — Lusídio, governador romano de Lisboa, entrega a cidade aos suevos; logo a seguir os suevos possuem uma guarnição em Mérida (os visigodos os expulsam de Mérida pouco depois).

468-483 — Papado de São Simplício, tiburtino.

469 — Os suevos são obrigados a evacuar Olisipone: Eurico os expulsa da Lusitânia, repelindo-os até a Galícia. Fim da crônica de Idácio, maiores dificuldades de informações do que se passa no ocidente da Península.

469-550 — Período obscuro sobre o reino suevo.

471 — O imperador do Ocidente, Antímio, tenta, em vão, conter os avanços de Eurico, rei visigodo, na Provença.

472 — Eurico, rei visigodo, ocupa a Tarraconense, por intermédio de tropas comandadas pelo seu general Heldefredo, que se unem aos restos do exército imperial (comandados pelo dux provinciae Vicêncio). A autoridade de Eurico na Provença e no Auvergne é sancionada pelo novo imperador do ocidente, Júlio Nepote.

472-475 — Júlio Nepote, Imperador do Ocidente.

474-475 — Divergências entre Eurico, rei visigodo, e os bispos católicos da Gália.

474-491 — Zenão, Imperador do Oriente.

475 — Eurico, rei visigodo, rompe o tratado com o Império (de 418).

476 — Rômulo Augústulo, Imperador do Ocidente.

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Península Ibérica por volta de 476.

483 — Em Mérida, o dux Salla, governador militar às ordens de Eurico, rei visigodo, deixa uma inscrição romana da cidade e manda restaurar as muralhas, decerto para assegurar a defesa contra os suevos.

483-492 — Papado de São Félix II (III), romano.

484 — Morte de Eurico, rei visigodo.

484-507 — Alarico, rei visigodo.

491-518 — Anastácio I, Imperador do Oriente.

492-496 — Papado de São Gelásio I, africano.

494 — A partir desta data, transferência maciça de contingentes godos para a Península. Seu estabelecimento na região de Saragoça provoca uma revolta regional.

496 — Batismo de Clóvis.

496-498 — Papado de Anastácio II, romano.

497 — A revolta de Saragoça — contra a presença visigoda — após três anos, é afogada em sangue.

498 — Antipapa Lourenço.

498-514 — Papado de São Símaco, sardo.

501-505 — Antipapa Lourenço.

506 — Nova revolta na região de Saragoça (também esmagada) — contra a presença visigoda — conduzida por um líder de nome Pedro. Alarico II, rei visigodo, se reconcilia com os bispos católicos reunidos no Concílio de Agde e promulga a Lex Romana Visigothorum, base do célebre código jurídico que perdurou na Hispânia até o século XIII: assimilação efetiva da cultura romana por parte de Alarico II.

507 — Batalha de Voillé: vitória de Clóvis e seus francos e desaparecimento do reino visigodo de Tolosa (morte de Alarico); o fabuloso tesouro visigodo é capturado.

508-531 — Amalarico, rei visigodo.

514-523 — Papado de São Hormisdas, de Frosinone.

518-527 — Justino I, Imperador do Oriente.

521 — Concessão do vicariato romano da Bética e da Lusitânia pelo papa Hormisdas ao metropolita Salústio de Sevilha.

523-526 — Papado de São João I, toscano.

526 — Morte de Teodorico, rei ostrogodo; reinado independente de seu neto Amalarico (até 531).

526-530 — Papado de São Félix IV (III), de Sanio.

527-565 — Justiniano, Imperador do Oriente.

530 — Antipapa Dióscoro, alexandrino.

530-532 — Papado de Bonifácio II, romano.

531 — Último ano de um Prefectus Hispaniarum; após essa data, não houve sucessor: indício de uma crescente quebra de influência de Roma sobre a Península. O bispo Montano de Toledo acusa a igreja de Palência de, contaminada pela heresia prisciliana, apoiar o combate que contra ela travava o bispo Toríbio (da mesma diocese): os bispos católicos são apoiados pelos visigodos, apesar destes professarem a heresia ariana. Morte de Amalarico.

531-554 — General Teudis, sucessor de Amalarico, rei ostrogodo.

533-535 — Papado de João II, romano.

534 — Destruição do reino dos vândalos pelo imperador Justiniano, imperador do Oriente.

535-536 — Papado de Santo Agapito I, romano.

536-537 — Papado de São Silvério, da Campânia.

537-555 — Papado de Vigílio, romano.

538 — Carta do papa Vigílio ao bispo Profuturo, de Braga, acerca de algumas práticas litúrgicas.

542 — Childeberto e Clotário apoderam-se de Pamplona e cercam Saragoça.

543 — Peste de âmbito transcontinental.

548 — Assassinato do General Teudis, sucessor de Amalarico, rei ostrogodo.

549 — Assassinato do dux Teudisclo, sucessor do General Teudis, rei ostrogodo. Eleição do rei Ágila, visigodo (que fixa-se em Mérida; seu adversário, Atanagildo, proclama-se rei em Sevilha).

550 — Chega à Galícia São Martinho, missionário romano da Panônia. Carrarico, rei dos suevos, converte-se ao catolicismo, segundo Gregório de Tours, — tendo como protagonista São Martinho de Dume (originário da Panônia—Hungria) — graças a uma cura milagrosa de seu filho Teodomiro, tocado pelas relíquias de São Martinho de Tours. Fixação de Ágila, rei visigodo, em Mérida.

554 — Os bizantinos ocupam o sul da Península. Morte de Teudis, general e rei ostrogodo.

554-567 — Atanagildo, rei visigodo.

555 — Assassinato de Ágila, rei visigodo; triunfo de seu adversário, Atanagildo.

555-561 — Papado de Pelágio I, romano.

558 — (?) Morte de Carrarico, rei dos suevos.

558 - 561 — (?) Ariamiro, rei dos suevos.

560-636 — Isidoro de Sevilha.

561 — Concílio de Braga, suscitado por São Martinho de Dume.

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Península Ibérica por volta de 570.

561-570 — Teodomiro, rei dos suevos.

561-574 — Papado de João III, romano.

564-567 — Atanagildo, rei dos visigodos.

565 — Atanagildo, rei visigodo, abandona o sul e fixa-se em Toledo: retirada de Mérida do primeiro plano da cena política.

565-578 — Justino II, Imperador do Oriente.

567 — Morte de Atanagildo, rei dos visigodos. Após cinco meses, os visigodos elegem como rei a Liúva, duque de Septimânia, que resolve permanecer na Gália e associar ao trono seu irmão Leovigildo.

567-571 — Teodomiro, rei dos ostrogodos.

569 — (?) São Martinho de Dume sucede o bispo Lucrécio de Braga.

570 — Leovigildo inicia uma série de campanhas que restituem aos visigodos a inteira supremacia sobre a Hispânia: conquista aos bizantinos (ainda nesse ano) Málaga, Medina Sidônia e Gibraltar.

570-583 — Miro, rei dos suevos.

571 — Morte de Teodomiro, rei dos ostrogodos.

571-572 — Leuva, rei dos visigodos.

572 — II Concílio de Braga, suscitado por São Martinho de Dume. Leovigildo submete Córdova, que ainda se mantinha independente. Ataque perpetrado pelo rei dos suevos, Miro, contra o povo dos ruccones, que se situava provavelmente na mesma zona dos montes Aregenses (ver ano 575).

572-586 — Leovigildo, rei dos visigodos.

573 — Leovigildo, rei dos visigodos, reduz à obediência o povo dos sappos, que viviam a ocidente de Zamora (próximo a Bragança), na fronteira com os suevos. Leovigildo torna-se rei dos visigodos de pleno direito, sucedendo seu irmão Liúva. Associa-se a seus dois filhos, Hermenegildo e Recaredo, e inicia uma política claramente inspirada nas instituições bizantinas e no direito romano (títulos, moedas e promulgação de uma versão atualizada do código visigótico).

574 — Leovigildo, rei dos visigodos, dirige uma expedição na Cantábria.

574-579 — Papado de Bento I, romano.

575 — Leovigildo, rei dos visigodos, dirige uma expedição aos montes Aregenses (provavelmente entre as cidades de Leão e Orense), onde dominava o rico proprietário Aspídio — revide ao ataque de 572.

576 — Leovigildo ataca diretamente o rei dos suevos, Miro e este tem de pedir a paz, (morre na batalha). Sucede-lhe seu filho Eborico. Os aregenses, que habitavam na região de Orense e no norte de Portugal, sob a autoridade de um chefe chamado Aspígio, são dominados por Leovigildo, rei dos visigodos.

578-582 — Tibério I, Imperador do Oriente.

578-584 — Calamidades na Península (principalmente no sul da Lusitânia): numerosas e repetidas pragas de gafanhotos, com as conseqüentes más colheitas e fomes, seguidas de um surto de peste.

579 — Morte de São Martinho de Dume, bispo de Braga. Casamento de Hermenegildo (filho de Leovigildo, rei dos visigodos) com Ingunda, princesa católica filha de Sigiberto da Austrásia. Leovigildo confia-lhe o governo da Bética e ele fixa-se em Sevilha. Ingunda converte-se ao catolicismo e passa a se distanciar do pai.

579-580 — Papado de Pelágio II, romano.

580 — Concílio de Toledo: sublevação de Hermenegildo, filho de Leovegildo, rei dos visigodos (as cidades de Mérida, Sevilha e Córdova o apoiam) — lutas entre o catolicismo e o arianismo.

582 — Hermenegildo pede apoio externo contra seu pai (suevos, bizantinos, à Austrásia e à Borgonha). Em resposta, Leovigildo ocupa Mérida e cerca Sevilha.

582-602 — Maurício I, Imperador do Oriente.

584 — Revolta do caudilho Audeca contra Eborico (filho de Miro, ver ano 572) — Eborico aceita a submissão a Leovigildo, rei dos visigodos. Audeca encerra Eborico num convento e se casa com Sisegúntia, viúva do rei Miro. Leovigildo, ocupado com sua campanha em Sevilha, não interveio logo.

585 — Hermenegildo, atraiçoado por seus aliados é preso em Córdova, e assassinado (não se sabe se a mandado de seu pai). Extinção do reino suevo: seu último rei, Andeca, é derrotado em Bracara e Portucale. Leovigildo, rei dos visigodos, dirige-se à Galécia, prende Audeca num convento situado em Beja, apodera-se do tesouro régio e anexa o reino dos suevos — de nada vale a intervenção das tropas burgundas (enviadas por mar pelo rei Gontran e destroçadas no mar Cantábrico) nem a tentativa de revolta de um novo caudilho suevo, Amalarico (também derrotado): forte ocupação militar da Galécia.

586 — Morte de Leovigildo, rei dos visigodos.

586-601 — Recaredo, rei dos visigodos — momento de esplendor e de equilíbrio do reino visigótico.

587 — Recaredo consagra em Toledo (capital visigoda) a catedral de Santa Maria.

588 — Calamidades naturais na Galécia.

589 — III Concílio de Toledo: conversão de Recaredo ao catolicismo. Revolta ariana na Septimânia, com o apoio dos burgúndios: o dux Cláudio é encarregado por Recaredo, rei dos visigodos, de a reprimir (com a ajuda dos merovíngios da Austrásia). Após essa data, consumada a assimilação entre godos e hispano-romanos. sancionada pela supressão do arianismo.

590-604 — Papado de São Gregório I (Magno).

590-621 — João de Biclara, natural de Santarém, após ter peregrinado pelo oriente, funda um mosteiro e é sagrado bispo de Gerona, na Catalunha. Escreve uma crônica.

599 — O dux Cláudio, provavelmente regressado à Lusitânia, continua ainda a ser um dos principais chefes do exército, além de ser considerado mesmo em Roma, uma autoridade de grande prestígio, pois foi um dos correspondentes a quem o papa Gregório Magno se dirigiu numa das suas cartas.

600-620 — Calamidades naturais na Galécia e Lusitânia.

601 — Morte de Recaredo, rei dos visigodos.

601-612 — Sisebuto, rei dos visigodos.

601-642 — Longa crise política no reino visigótico: sucessão rápida de reis, fraqueza da monarquia perante a aristocracia e novos surtos de pestes e outras calamidades.

602-610 — Focas, Imperador do Oriente.

604-606 — Papado de Sabiniano, toscano.

607 — Papado de Bonifácio III, romano.

608-615 — Papado de São Bonifácio IV, de Marsi.

610-641 — Heráclio I, Imperador do Oriente.

610-673 — Neste período, cinco referências de contingentes de tropas visigodas partem da Galécia para atacar bascos, asturianos e ruccones.

612 — O duque Suintila submete os ruccones dentro das antigas periferias do reino suevo. Disposições de Sisebuto, contra os judeus. Morte de Sisebuto, rei dos visigodos.

612-615 — Campanhas de Sisebuto e Suintila contra os últimos redutos bizantinos na Península.

612-621 — Recaredo II, rei dos visigodos.

615-618 — Papado de São Deusdedit, ou Adeodato I, romano.

616 — Início de forte perseguição aos judeus na Península.

619-625 — Papado de Bonifácio V, napolitano.

621 — Morte de Recaredo II, rei dos visigodos.

621-631 — Suintuila é eleito rei dos visigodos.

623-625 — Novas campanhas dos visigodos contra os últimos redutos bizantinos.

625 — Calamidades naturais na Galécia.

625-638 — Papado de Honório I, da Campânia.

628 — Suintila expulsa os bizantinos do sul da Península.

631 — Suintila é deposto do trono por Sisenando (morre no mesmo ano), louvado pelos bispos.

631-640 — Sisenando, rei dos visigodos.

631-641 — Calamidades naturais na Galécia e Lusitânia.

633 — IV Concílio de Toledo: formulação da teoria política isidoriana (princípio do reinado eletivo): Sisebuto, rei dos visigodos é acusado dos piores crimes pelos padres congregados no concílio. Revolta em Mérida, opondo-se ao rei Sisenando, típico representante da facção pró-romana. Seus dois opositores: Geila e Iudila (o segundo chega a mandar cunhar moedas com seu nome e o título de rei).

639-640 — Papado de Severino, romano.

640 — Morte de Sisenando, rei dos visigodos.

640-642 — Papado de João IV, dálmata. Tulga, rei dos visigodos.

641 — Constantino II, Imperador do Oriente.

641-668 — Constante II Pogonato (= Constantino III), Imperador do Oriente.

642 — Segunda revolta em Mérida (a primeira em 633): agora contra Chindasvinto, rei dos visigodos (tinha sido duque de uma província do norte da Hispânia antes de se apoderar do trono). Age com brutalidade, condenando à morte centenas de nobres, com o apoio do clero. Morte de Tulga, rei dos visigodos.

642-649 — Papado de Teodoro I, grego.

642-653 — Chindasvinto, rei dos visigodos: momento de recuperação da autoridade régia visigoda (uso constante da violência).

646 — Concílio de Toledo: condenação de bispos da Galécia que exigiam contribuições excessivas das suas freguesias das suas dioceses e de viajarem com séquitos de mais de 50 pessoas.

649-653 — Papado de São Martinho I, de Todi (São Martinho foi preso e desterrado em junho de 653, Apesar de só haver falecido em setembro de 655, foi sucedido pelo papa Santo Eugênio em agosto de 654).

653 — VIII Concílio de Toledo: perseguição aos judeus. Morte de Chindasvinto, rei dos visigodos.

653-672 — Rescevinto, rei dos visigodos.

654 — Rescevinto, rei visigodo, promulga o Liber Iudiciorum — última versão do código visigótico, sob a forma depois transmitida depois aos reinos da Reconquista. O bispo de Mérida, Orôncio, pede ao rei Rescevinto a restauração dos direitos metropolíticos de Mérida até ao Douro, após a supressão do reino suevo.

654-657 — Papado de Santo Eugênio I, romano.

655 — IX Concílio de Toledo.

655-672 — Recesvinto, rei dos visigodos. Após sua morte, fragmentação do poder político, novas pestes e fomes, o que mostra a incapacidade para resistir às invasões muçulmanas de 711-714.

656 — X Concílio de Toledo, por ordem de Rescevinto, presidido por Eugênio II, bispo metropolitano: reorganização do calendário litúrgico.

657-672 — Papado de São Vitaliano, de Segni.

661 — Dedicação da Igreja de San Juan de Baños.

665 — Morte de São Frutuoso, bispo de Dume e Braga, que viveu no tempo do rei Rescevinto (era filho do dux da Galécia, parente do rei Sisenando, de família visigótica).

666 — Concílio provincial de Mérida: as atas ainda se conservam e aludem à restauração dos direitos metropolíticos da cidade até o Douro.

668-695 — Justiniano II, Imperador do Oriente.

672 — Morte de Rescevinto, rei dos visigodos.

672-676 — Papado de Adeodato II, romano.

672-680 — Wamba, rei dos visigodos.

674 — Wamba, rei dos visigodos, comemora a edificação das muralhas de Toledo.

675 — XI Concílio de Toledo. III Concílio de Braga: condenação dos "estranhos" usos litúrgicos do norte da Península, que incluíam a celebração da missa com leite ou uvas, emprego das alfaias sagradas para usos profanos e exageradas formas de veneração dos bispos portadores de relíquias. Condenação de bispos que dizem a missa sem a estola, que vivem com mulheres e castigam os presbíteros com penas corporais (açoites).

676-678 — Papado de Dono, romano.

678-681 — Papado de Santo Agatão, siciliano.

680 — Wamba é destronado pela aristocracia. Morre no mesmo ano.

680-687 — Eurico, rei dos visigodos.

682-683 — Papado de São Leão II, siciliano.

683 — XIII Concílio de Toledo: institucionalização do triunfo nobiliárquico e da feudalização do Estado.

684-685 — Papado de São Bento II, romano.

685-686 — Papado de João V, sírio.

686-687 — Papado de Cónon.

687 — Antipapa Teodoro. Antipapa Pascoal. Morte de Eurico, rei dos visigodos.

687-701 — Papado de São Sérgio, sírio.

687-702 — Ergica, rei dos visigodos.

691-711 — Calamidades naturais na Galécia.

694 — O futuro rei dos visigodos Witiza, associado ao trono por seu pai, Égica, tem a sede do seu poder em Tui (aí [?] fere de morte o pai de Pelágio).

695-698 — Leôncio, Imperador do Oriente.

698-705 — Tibério II, Imperador do Oriente.

701-705 — Papado de João VI, grego.

702 — Morte de Ergica, rei dos visigodos.

702-709 — Witiza, rei visigodo.

705-707 — Papado de João VII, grego.

705-711 — Justiniano II, Imperador do Oriente.

708 — Witiza recusa o trono a seu filho Áquila, dux da Tarraconense e o entrega a Rodrigo, dux da Bética, último rei visigodo (a facção que preferia Áquila pede auxílio ao conde Julião, governador de Ceuta, que por sua vez negocia a intervenção dos muçulmanos — que haviam conquistado há pouco o norte da África). Papado de Sisínio, sírio.

708-715 — Papado de Constantino, sírio.

709 — Morte de Witiza, ex-rei visigodo.

709-711 — Roderico, rei dos visigodos.

710 — O chefe berbere Tarif ben Ziyad, com a conivência de um dignatário visigodo rebelde de nome Julian, conduz uma força invasora através do Estreito até Tarifa.

711 — Batalha de Guadalete (perto de Cádiz): fim do domínio visigótico na Espanha. O rei dos visigodos, Roderico, é vencido pelos mouros liderados por Tarif ben Ziyad (morre no mesmo ano).

711-713 — Filípico, Imperador do Oriente.

711-714 — Tarif ben Ziyad e Musa ibn Nusair, "emires" na Península.

711-756 — Penetração e instalação de sucessivos grupos árabes e berberes.

712 — O general árabe Musa ibn Nusair toma Medina, Sidônia e Sevilha, e cerca Mérida, que resiste por muitos meses, rendendo-se, sob pacto, em junho de 713.

713 — Musa ibn Nusair instala-se, com a ajuda dos judeus revoltados, na capital (Toledo), submete também Huelva, Ossónoba (Faro) e Beja. Os visigodos de Niebla e Beja ocupam Sevilha, mas são dominados por Abd al-Aziz (filho de Musa ibn Nusair).

713-715 — Anastácio II, Imperador do Oriente.

714 — Segunda campanha de Musa ibn Nusair: após ter-se reunido com Tarif ben Ziyad em Toledo (aí passando o inverno de 713-714) toma Burgos, Leão, Astorga, Lugo e talvez Viseu. Musa retorna a Damasco, cai em desgraça e é substituído por seu filho 'Abd al-Aziz (com o título de váli da Hispânia): realiza novas campanhas no território da Lusitânia—Évora, Santarém e Coimbra.

714-717 — Abdelaziz, "emir" da Península.

715-717 — Teodósio III, Imperador do Oriente.

715-731 — Papado de São Gregório II, romano.

716 — Assassinato de Abd-al-Aziz (filho de Musa ibn Nusair) pelos partidários do califa e substituído por al-Hurr ben Abd al-Rahman, que completa as conquistas da Península a oriente, na Catalunha.

717 — Morte de Abdelaziz, "emir" da Península.

717-741 — Leão III, Imperador do Oriente.

718-719 — Alhor, "emir" da Península.

718-737 — Pelágio, líder (e 1o. rei) das Astúrias.

719 — Morte de Alhor, "emir" da Península.

721 — Eudes, duque da Aquitânia, bate os muçulmanos diante de Tolosa.

722 — Batalha de Covadonga: vitória de Pelágio, que funda o reino das Astúrias (capital Oviedo).

730-732 — Abderraman de Gafeki, emir da Península.

731 — Nascimento de Abd-al-Rahman I, futuro emir de Córdova.

731-741 — Papado de São Gregório III, sírio.

732 — Batalha de Poitiers: vitória de Carlos (Martel), duque de Austrásia e Eudes, duque de Aquitânia, sobre os árabes. Morte de Abderraman, emir da Península.

735 — Os muçulmanos tomam Arles.

737 — Os muçulmanos tomam Avinhão e assolam o vale do Ródano até Lião.

737-739 — Reinado (2o.) de Favila, das Astúrias.

739-757 — Reinado (3o.) de Afonso I, das Astúrias: política de repovoamento da Galécia.

741 — Sublevação dos berberes instalados na Península.

741-752 — Papado de São Zacarias, grego.

741-775 — Constantino V, Imperador do Oriente.

742 — Balj ibn Bishr comanda um exército que reprime a revolta berbere. Recebe como recompensa o litoral mediterrâneo da Espanha, como feudo. Nascimento de Hisham I, futuro emir de Córdova (2o.).

750 — (aprox.) Afonso I, o Católico, consolida o reino de Astúrias. Massacre dos omíadas ordenado pelos abássidas.

750-755 — Anos de seca e fome que dizimaram a população ibérica.

752 — Papado de Estêvão II (algumas fontes costumam omitir o papa Estêvão II, falecido três dias após sua eleição, sem que fosse realizada sua consagração).

752-757 — Papado de Estêvão III (II), romano.

756 — Fundação do emirado omíada de Córdova (durará até 912). Início do reinado de Abd-al-Rahman I (neto do califa omíada Hixã).

756-788 — Abd-al-Rahman I, emir de Córdova.

757-767 — Papado de São Paulo I, romano.

757-768 — Reinado (4o.) de Fruela I, na casa de Astúrias.

759 — Pepino, o Breve expulsa os muçulmanos do sul da França (Narbona, última praça árabe).

760 — Abd-al-Rahman I estabelece, com sua cunhagem de moedas, um novo sistema monetário. Nascimento de Hakam I, neto de Abd-al-Rahman I e futuro emir de Córdova (3o.).

767-768 — Antipapa Constantino II, de Nepi.

768 — Antipapa Filipe.

768-772 — Papado de Estêvão IV (III), siciliano.

768-774 — Reinado (5o.) de Aurélio, das Astúrias.

772-795 — Papado de Adriano I, romano.

773 — Aparecimento da numeração árabe.

774-783 — Reinado (6o.) de Silo, na casa das Astúrias.

775-802 — Irene, Imperatriz do Oriente.

778 — Expedição de Carlos Magno a Saragoça: batalha de Roncesvalles (para proteger sua independência contra o emir de Córdova, os governadores árabes do norte da Península apelaram para os francos, que avançaram até Saragoça).

783-788 — Reinado (7o.) de Mauregato, o Usurpador, das Astúrias.

785 — Início da construção da grande mesquita de Córdova. Carlos Magno retoma Gerona.

788 — Heresia adocionista: desintegração da Igreja visigoda. Morte de Abd-al-Rahman I, primeiro emir de Córdova. Nascimento de Abd-al-Rahman II, filho de Hakam I de Córdova (4o.).

788-791 — Reinado (8o.) de Bermudo (Veremund) I, o Diácono, das Astúrias.

788-799 — Hisham I, (2o.) emir de Córdova (filho de Abd-al-Rahman I).

791-842 — Reinado (9o.) de Afonso II, o Casto, na casa das Astúrias: fortalecimento do reino astúrio e nascimento do sentimento neogoticista. Carlos Magno retoma Urgel.

794 — Recepção da escola malequí em al-Andaluz.

795-816 — Papado de São Leão III, romano.

797 — Reorganização do exército hispano-muçulmano por al-Hakam I. “Jornada do fosso” em Toledo.

799-822 — Hakam I, (3o.) emir de Córdova.

800 — O nome Castela aparece pela primeira vez para referir-se a um pequeno e fragmentado distrito nas montanhas cantábricas ao norte de Burgos.

801 — Carlos Magno conquista Barcelona.

802-811 — Nicéforo I, Imperador do Oriente.

809 — Carlos Magno alcança Tarragona: é a consolidação da marca hispânica.

811-813 — Miguel I, Imperador do Oriente.

813 — “Motim do subúrbio”, em Córdova.

813-820 — Leão V, Imperador do Oriente.

816 — Nascimento de Mohammed I, filho de Abd-al-Rahman II (4o. emir de Córdova).

816-817 — Papado de Estêvão IV, romano.

817-824 — Papado de São Pascoal I, romano.

820-829 — Miguel II, Imperador do Oriente.

822-852 — Reinado de Abd-al-Rahman II, 4o. emir de Córdova, filho de Hakam I.

822 — Abd-al-Rahman II consegue atrair para sua corte o cantor Ziriyab, que cria um conservatório de música em Córdova. Morte do 3o. emir de Córdova, Hakam I.

824-827 — Papado de Eugênio II, romano.

825 — Luís, o Pio, Imperador do Ocidente (814-840, n. 778), concede um privilégio ao mercador judeu Abraham de Saragoça.

827 — Papado de Valentim, romano.

827-844 — Papado de Gregório IV, romano.

829-842 — Teófilo, Imperador do Oriente.

839 — Refugia-se em Saragoça Bodo, diácono do imperador Luís, o Pio, convertido ao judaísmo.

840-851 — Reinado (1o.) de Inigo Arista, de Navarra.

842 — Morte de Afonso II, o Casto, rei das Astúrias.

842-850 — Reinado (10.) de Ramiro I (filho de Bermudo I, o Diácono), da casa de Astúrias: repovoa Tui, Astorga, Leão e Amaia.

842-867 — Miguel III, Imperador do Oriente.

844 — Início das incursões normandas no litoral peninsular. Antipapa João. Nascimento de Mondhir, filho de Mohammed I (5o. emir de Córdova).

844-847 — Papado de Sérgio II, romano.

847-855 — Papado de São Leão IV, romano.

848 — Nascimento de Afonso III, o Grande, rei das Astúrias.

850 — Surge o conflito moçárabe; líder: padre Eulógio. Vários mártires cristãos. Morte de Ramiro I, rei das Astúrias.

850-866 — Reinado (11o.) de Ordoño I (filho de Ramiro I), das Astúrias.

850-912 — Os cristãos progridem até a linha do rio Douro, assentando as bases do repovoamento do vale do rio.

851 — Morte do mártir moçárabe de Beja, São Sisenando.

852 — Navarra aparece como reino unificado sob Garcia I. Morte de Abd-al-Rahman II, 4o. emir de Córdova.

852-886 — Reinado de Mohammed I, 5o. emir de Córdova (filho de Abd-al-Rahman II).

855 — Antipapa Anastácio.

855-858 — Papado de Bento III, romano.

858-867 — Papado de São Nicolau I (Magno), romano.

865-874 — Anos de fome e epidemias.

866 — Morte de Ordoño I, rei das Astúrias.

866-909 — Fernando Gonzalez funda o condado de Castela, que se estende até o rio Douro.

866-910 — Reinado (12o.) de Afonso III, o Grande, das Astúrias: repovoamento de Braga, Portucale, Orense, Eminum (Coimbra), Viseu e Lamego.

867-872 — Papado de Adriano II, romano.

867-886 — Basílio I, Imperador do Oriente.

868 — Nascimento de Abdallah, filho de Mondhir, 6o. emir de Córdova.

870 — (aprox.) Carlos, o Calvo, rei de França (840-877, n. 823) encarrega um judeu de nome Judas de levar uma mensagem e soma de dez libras de prata ao bispo Frodoíno de Barcelona.

871 — Reconquista de Coimbra pelos cristãos.

872-882 — Papado de João VIII, romano.

878 — Hermenegildo Mendes, conde de Coimbra, repovoa a cidade.

878-898 — Vifredo, o "Velloso" unifica e dirige o repovoamento da Catalunha.

882-884 — Papado de Marino I, de Gallese. Antipapa Martinho II.

884-885 — Papado de Santo Adriano III, romano.

885-891 — Papado de Estêvão V, romano.

886 — Morte de Mohammed I, 5o. emir de Córdova.

886-888 — Reinado de Mondhir, 6o. emir de Córdova.

886-913 — Leão VI, Imperador do Oriente.

888 — Morte de Mondhir, 6o. emir de Córdova.

888-912 — Reinado de Abdallah, 7o. emir de Córdova.

889-922 — Carlos, o Simples, rei de França.

891 — Nascimento de Abd-al-Rahman III, neto de Abdallah, 7o. emir de Córdova.

891-986 — Papado de Formoso.

896 — Papado de Bonifácio VI, romano.

896-897 — Papado de Estêvão VI, romano.

897 — Papado de Romano, de Gallese. Papado de Teodoro II, romano.

898-900 — Papado de João IX, tiburtino.

900-903 — Papado de Bento IV, romano.

900-911 — Luís IV, o Menino, rei alemão.

900-924 — Eduardo I, rei da Inglaterra.

903 — Papado de Leão V, de Andréia.

903-904 — Antipapa Cristóvão, romano.

904-911 — Papado de Sérgio III, romano.

905 — Instala-se em Pamplona a dinastia Jimena.

905-925 — Reinado (2o.) de Sancho Garces, de Navarra.

910-914 — Reinado (1o.) de Garcia, de Leão.

911-913 — Papado de Anastácio III, romano.

911-918 — Conrado I, rei alemão.

911-924 — Arias Mendes (filho de Hermenegildo Guterres), conde de Coimbra.

912 — Morte de Abdallah, 7o. emir de Córdova. Morte de Afonso III, o Grande, rei das Astúrias.

912-961 — Califado de Abd-al-Rahman III, 1o. califa de Córdova.

913 — Nascimento de al-Hakam II, filho de Abd-al-Rahman III (1o. califa de Córdova).

913-914 — Papado de Lando, sabiniano.

913-959 — Constantino VII e Romano I (920-914).

914 — Transferência da capital de Olviedo para Leão: início da existência do reino de Leão. Morte de Garcia, rei de Leão.

914-924 — Reinado (2o.) de Ordoño II (filho de Afonso III, o Grande), de Leão.

914-928 — Papado de João X, de Tosiquano.

915-919 — Anos de secas e fome na Península.

919-936 — Henrique I da Saxônia, rei alemão.

922 — O condado de Aragão é incorporado ao reino de Pamplona.

922-923 — Roberto I, rei de França.

923 — Os navarros ocupam a Rioja alta.

923-936 — Raul, rei de França.

924 — Morte de Ordoño II, rei de Leão.

924-925 — Reinado (3o.) de Fruela II, de Leão.

924-940 — Atelstano, rei da Inglaterra.

925 — Morte de Fruela II, rei de Leão.

925-930 — Reinado (4o.) de Afonso IV, o Monge, de Leão.

925-970 — Reinado (3o.) de Garcia Sanchez I, de Navarra.

928 — Papado de Leão VI, romano.

928-981 — Gonçalo Moniz (neto de Arias Mendes), conde de Coimbra.

929 — Abd-al-Rahman III assume o título de califa em Córdova.

929-931 — Papado de Estêvão VII, romano.

930 — Morte de Afonso IV, o Monge, 4o. rei de Leão.

930-950 — Reinado (5o.) de Ramiro II, de Leão.

931-936 — Papado de João XI, romano.

936-939 — Papado de Leão VII, romano.

936-954 — Luís IV, rei de França.

936-973 — Otão I Magno, rei alemão.

938 — Primeiro documento em que Portucale aparece com um sentido regional: território ao sul do rio Lima e a norte do Douro, já separado da Galícia.

939-942 — Papado de Estêvão VIII, romano.

939-1058— Abu-Ibrahim Samuel ben Iosef Halevi ibn Nagrela, ministro judeu (1038-1058) do rei Habus de Granada: início da Idade de Ouro dos judeus na Espanha.

940-946 — Edmundo I, rei da Inglaterra.

942-946 — Papado de Marino II (Antipapa Martinho III), romano.

946-955 — Papado de Agapito II, romano. Edredo, rei da Inglaterra.

950 — Morte de Ramiro II, 5o. rei de Leão.

950-956 — Reinado (6o.) de Ordoño III (filho de Ramiro II), de Leão.

950-997 — (?) Gonçalo Mendes, conde de Portucale.

951 — (aprox.) O condado de Castela (capital Burgos) torna-se estado independente por Fernando González.

954-986 — Lotário, rei de França.

955 — Lisboa é atacada por Ordoño III, rei de Leão.

955-959 — Edvigo, rei da Inglaterra.

955-963 — Papado de João XII, tusculano.

956 — Morte de Ordoño III, 6o. rei de Leão.

956-967 — Reinado (7o.) de Sancho I, o Gordo (filho de Ordoño III), de Leão.

959-963 — Romano II, Imperador do Oriente.

959-975 — Edgar, rei da Inglaterra.

961 — Morte de Abd-al-Rahman III, 1o. califa de Córdova.

961-976 — Califado de al-Hakam II, 2o. califa de Córdova. Primeiro-ministro e médico judeu Hasdai ibn Isaac ibn Xaprut (Abu Yusuf); general Almançor (Maomé ibn Abi Amir).

963-964 — Papado de Leão VIII, romano (sua eleição foi realizada em 963, após haver sido deposto o papa João XII, que faleceu em maio de 964. Entretanto, existem dúvidas acerca da validade destes atos. Para aceitar como legítima a atuação de Leão VIII, haveria de admitir-se Bento V, eleito em maio e deposto em junho de 964, como antipapa).

963-969 — Nicéforo Focas, Imperador do Oriente.

964 — Papado de Bento V, romano.

965-972 — Papado de João XIII, romano.

967 — Morte de Sancho I, o Gordo, 7o. rei de Leão.

967-982 — Reinado (8o.) de Ramiro III (filho de Sancho I, o Gordo), de Leão.

969-976 — João I, Imperador do Oriente.

970 — Morte de Fernando González, primeiro conde de Castela.

970-994 — Reinado (4o.) de Sancho Abarca, de Navarra.

973-974 — Papado de Bento VI, romano.

973-983 — Otão II, rei alemão.

974 — Fuero de Castrogeriz, concedido pelo conde Garcia Fernandez. Antipapa Bonifácio VII, romano.

974-983 — Papado de Bento VII, romano.

975 — Nascimento de Hisham II, filho de Hakam II, 3o. califa de Córdova.

975-979 — Eduardo, o Mártir, rei da Inglaterra.

976 — Nascimento de Mohammed II, 4o. califa de Córdova.

976-1008 — Califado de Hisham II, 3o. califa de Córdova. Ditadura de Almançor — conquista Coimbra, Leão, e Zamora.

976-1025 — Basílio I, Imperador do Oriente.

978-1016 — Etelredo II, o Irresoluto, rei da Inglaterra.

980 — Nascimento de Suleyman, 5o. califa de Córdova.

980-1037 — (aprox.) Vida do filósofo persa Avicena (ibn Sina), que viveu por algum tempo em Saragoça.

982 — Morte de Ramiro III, 8o. rei de Leão.

982-999 — Reinado (9o.) de Bermudo II (filho de Ordoño III), de Leão.

983-984 — Papado de João XIV, paduano.

983-1002 — Otão III, rei alemão.

984-985 — Antipapa Bonifácio VII (antipapa de 974).

985-996 — Papado de João XV, romano.

986-987 — Luís V, rei de França.

987 — Almançor repõe Coimbra sob o jugo islâmico.

987-996 — Hugo Capeto, rei de França.

994-1000 — Reinado (5o.) de Garcia Sanchez II, de Navarra.

996-997 — Notícia sobre Gonçalo Mendes como dux magnus das terras portucalenses, o que atesta a crescente autonomia e influência desta nova unidade política.

996-999 — Papado de Gregório V, saxão.

996-1031 — Roberto, o Santo, rei de França.

997 — Almançor toma e arrasa Santiago de Compostela.

997-998 — Antipapa João XVI, rosano.

999 — Morte de Bermudo II, 9o. rei de Leão.

999-1003 — Papado de Silvestre II, francês.

999-1008 — Mendo Gonçalves II (neto de Gonçalo Mendes), conde de Portucale.

999-1027 — Reinado (10o.) de Afonso V, o Nobre, de Leão.

1000 — (aprox.) Ramón Borrel I consegue a soberania do condado de Barcelona.

1000-1035 — Reinado (6o.) de Sancho, o Grande (n. 992), de Navarra.

1002 — Almançor invade Castela.

1002-1024 — Henrique II, rei alemão.

1003 — Papado de João XVII, romano.

1003-1009 — Papado de João XVIII, romano.

1008 — Califado de Mohammed II, 4o. califa de Córdova. Morre no mesmo ano. Morte de Abd-al-Malik (filho de Almançor). Seu irmão Abd-er-Ramã Xandjul o substitui como primeiro-ministro. Morte de Mendo Gonçalves II, conde de Portucale. Sem ter deixado descendentes, o governo condal cai de novo na descendência direta de Vímara Peres, por intermédio de Auvito Nunes, com o exercício simultâneo da autoridade por parte da viúva de Mendo Gonçalves II, a condessa Tutadomma.

1008-1015 — Auvito Nunes, conde de Portucale.

1009 — Deposição de Xandjul por uma revolução. Califado de Suleyman, 5o. califa de Córdova.

1009-1012 — Papado de Sérgio IV, romano.

1010-1012 — Califado de Hisham II (reentronado), 6o. califa de Córdova.

1012 — Os berberes tomam e pilham Córdova. Antipapa Gregório VI.

1012-1017 — Califado de Suleyman (reentronado), 7o. califa de Córdova.

1012-1024 — Papado de Bento VIII, tusculano.

1016 — Morte de Hisham II, 3o. (976-1008) e 6o. (1010-1012) califa de Córdova.

1016-1035 — Canuto, o Grande, rei da Inglaterra.

1017 — Fuero de Leão. Morte de Suleyman, 5o. (1009) e 7o. (1012-1017) califa de Córdova.

1017-1021 — Califado de Ali ibn Hamoud, 8o. califa de Córdova.

1017-1028 — Nuno Auvites, conde de Portucale. Seu casamento com uma filha de Mendo Gonçalves II volta a unir as famílias Nunes e Mendes. O cargo condal transmite-se então em linha direta a Mendo Nunes (1028-1050) e a Nuno Mendes (1059-1071), último conde de Portucale.

1018-1033 — Raimundo Berengário, conde de Barcelona.

1020 — Testemunho da arabização das comunidades cristãs da Beira: o cádi de Sevilha, Abul-l-Qasim realizou uma expedição a Lafões, onde encontrou uma população cristã que falava árabe, e trouxe para sua terra 300 cativos.

1021 — Morte de Ali ibn Hamoud, 8o. califa de Córdova.

1021-1022 — Califado de Abd-al-Rahman IV, 9o. califa de Córdova.

1022 — Morte de Abd-al-Rahman IV, 9o. califa de Córdova. Califado de Alcasim, 10o. califa de Córdova. Morre no mesmo ano.

1022-1023 — Califado de Abd-al-Rahman V, 11o. califa de Córdova (os cordoveses expulsam os berberes de Córdova e o instalam no trono).

1023-1024 — Abd-al-Rahman V é deposto por Mohammed al-Mustaqfi III, novo califa (12o.). Sevilha independente de Córdova — dinastia abádida sevilhana.

1024 — Morte de Mohammed al-Mustaqfi III.

1024-1027 — Califado de Yahya ibn Ali, 13o. califa de Córdova.

1024-1032 — Papado de João XIX, tusculano.

1024-1039 — Conrado II, rei alemão.

1026 — (?) O abade Tudeildus de Vacariça se refugia em Leça, junto ao Porto, ficando aí até o resto de sua vida — exemplo de emigração moçárabe.

1027 — Morte de Yahya ibn Ali, 13o. califa de Córdova. Morte de Afonso V, o Nobre, 10o. rei de Leão.

1027-1031 — Califado de Hisham III, 14o. califa de Córdova.

1027-1037 — Reinado (11o.) de Bermundo III, de Leão.

1028-1050 — Mendo Nunes, penúltimo conde de Portucale.

1030 — Sancho, o Grande, de Navarra, estimula a introdução da regra de São Bento nos monastérios de seus reinos. Nascimento de Afonso VI, de Leão e Castela (filho de Sancho II).

1031 — Abdicação de Hisham III (morre no mesmo ano). Fim de fato do califado de Córdova. Ibn Jauar primeiro cônsul do conselho de estado. Primeiros reinos de taifas (1031-1085).

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Península Ibérica em 1031.

1031-1060 — Henrique I, rei de França.

1032 — Fernando I, o Magno, segundo filho de Sancho, o Grande, de Navarra, reúne sob um mesmo reino Castela e Leão.

1032-1045 — Papado de Bento IX, tusculano (Bento IX ocupou o sólio pontifício em três ocasiões diferentes).

1035 — Sancho III, o Grande, de Navarra, deixa o reino de Aragão a seu terceiro filho, Ramiro I (ver abaixo). Toledo independente de Córdova.

1035-1040 — Haroldo, Pé-de-lebre, rei da Inglaterra.

1035-1054 — Reinado (7o.) de Garcia Sanchez III, de Navarra.

1035-1065 — Reinado (1o.) de Ramiro I, de Aragão.

1037 — Unificação da meseta em benefício de Castela, com Fernando I, o Magno, de Castela e Leão e Astúrias (Galícia e Portugal). Derrota e morte do (11o.) rei de Leão Bermundo III. Al-Ma'mun, rei de Toledo.

1037-1065 — Reinado (1o.) de Fernando I, o Magno, de Leão e Castela (filho de Sancho, o Grande, de Navarra, 1000-1035).

1038-1058 — Ministério do rabino Samuel Halevi (Ismail ibn Nagrela) em Córdova.

1038 — Batalha de Tamarón: morte de Bermuto, rei de Leão.

1039-1056 — Henrique III, rei alemão.

1040-1042 — Hardicanute, rei da Inglaterra.

1042-1066 — Eduardo III, o Confessor (Santo), rei da Inglaterra.

1042-1068 — Reinado em Sevilha de Abad al-Mutadid — dinastia abádida.

1045 — Os cristãos reconquistam Calahorra. Antipapa Silvestre III.

1045-1046 — Papado de Gregório VI, romano.

1046-1047 — Papado de Clemente II, saxão.

1047-1048 — Papado de Bento IX, tusculano.

1048 — Duas famílias da cidade italiana de Amalfi solicitam permissão ao califa fatímida Mustansir Billah (1036-1094) para construir um hospital em Jerusalém, entregue aos cuidados de monges beneditinos. Papado de Dâmaso II, bávaro.

1049-1054 — Papado de São Leão IX, de Egesheim.

1050 — Concílio de Coyanza.

1054 — Morte de Garcia Sanchez III, 7o. rei de Navarra.

1055-1057 — Papado de Vítor II.

1056-1106 — Henrique IV, rei alemão.

1057 — Conquista de Lamego no reinado de Fernando I, o Magno, de Castela, Leão e Astúrias.

1057-1058 — Papado de Estêvão IX, loreno.

1058 — Conquista de Viseu no reinado de Fernando I, o Magno, de Castela, Leão e Astúrias. Morte do ministro Nagrela de Córdova. Seu filho Jossef ibn Nagrela o sucede no cargo.

1058-1059 — Antipapa Bento X, romano.

1058-1061 — Papado de Nicolau II, borgonhês.

1059-1071 — Nuno Mendes, último conde de Portucale.

1060-1108 — Filipe I, rei de França.

1061-1073 — Papado de Alexandre II, milanês.

1061-1072 — Antipapa Honório II, veronês.

1063 — Fuero de Jaca, concedido por Sancho Ramirez de Aragão. Fernando I, o Magno, de Castela, Leão e Astúrias recebe a homenagem do rei muçulmano de Toledo e conduz para Leão o corpo de Santo Isidoro (onde erige a grande basílica de Leão). O papa Alexandre II (milanês, 1061-1073) prega a cruzada na Península.

1064 — Conquista definitiva de Coimbra no reinado de Fernando I, o Magno, de Castela, Leão e Astúrias. Os cruzados tomam a cidadela de Barbastro: recolhem imenso espólio. Fundação da primeira escola em Portugal, instalada em Coimbra, tendo um monge beneditino como responsável.

1064-1068 — Administração do moçárabe Sisenando (morto em 1091) em Coimbra, seguindo uma política de grande autonomia face ao poder central do reino de Leão.

1065 — Morte de Fernando I, o Magno. Os muçulmanos retomam Barbastro. Morte de Ramiro I, 1o. rei de Aragão.

1065-1072 — Reinado (2o.) de Sancho II (filho de Fernando I, o Magno), de Leão e Castela.

1065-1094 — Reinado (2o.) de Sancho I Ramirez, de Aragão.

1066 — Insurreição popular em Granada. Pogroom: o ministro judeu Jossef ibn Nagrela é crucificado por uma multidão enraivecida e grande número de judeus são assassinados. Os sobreviventes deixam Granada por um bom tempo. O papa Alexandre II (milanês, 1061-1073) felicita o conde Raimundo Berengário I de Barcelona por sua sabedoria em preservar da morte os judeus em seus territórios. Haroldo II, rei da Inglaterra.

1066-1087 — Guilherme I, o Conquistador, rei da Inglaterra.

1067-1107 — Sultanato almorávida (1o.) de Yusuf ibn Teshonfin.

1068-1091 — Reinado em Sevilha de al-Mutamid — dinastia abádida — um dos maiores poetas da Espanha muçulmana.

1070 — (aprox.) Introdução da Reforma Cluniacense na Península. Os almorávidas fundam Marrakech. Restauração do bispado de Braga.

1071 — Morte do conde português Nuno Mendes em Pedroso numa revolta contra o rei de Galiza, perto de Braga: decadência da nobreza condal portucalense.

1072 — Batalha de Golpejera (janeiro): Afonso VI é derrotado por seus irmãos. Morte de Sancho II, de Leão e Castela.

1072-1109 — Reinado (3o.) de Afonso VI (filho de Sancho II), de Leão e Castela.

1073-1085 — Papado de São Gregório VII, toscano.

1074 — Assassinato de al-Ma'mun em Córdova.

1075 — Início da construção da catedral de Santiago de Compostela sob as ordens do mestre francês Bernard le Vieux. Morte de Sesnando, bispo do Porto.

1075-1091 — Pedro, bispo de Braga, governa a Sé do Porto.

1076 — Desaparição do reino de Navarra, com sua repartição entre Castela e Aragão. Fuero de Sepúlveda, concedido por Afonso VI de Leão e Castela.

1076-1094 — Reinado (8o.) de Sancho III Ramirez (filho Sancho I Ramirez de Aragão, 1065-1094).

1077 — Construção da catedral de Jaca.

1080 — Concílio de Burgos: substituição do rito moçárabe pelo romano. Afonso VI de Leão e Castela impõe o rito romano a todo seu reino. Bernardo de Sédirac chega a Castela como abade de Sahagún. Restauração do bispado de Coimbra. Antipapa Clemente III, parmesão.

1081 — O papa Gregório VII (toscano, 1073-1085) pede a Afonso VI de Leão e Castela para não deixar os judeus dominar, em suas terras, os cristãos e exercer seu poder sobre eles. Nascimento de Urraca, de Leão e Castela (filha de Afonso VI).

1083 — Afonso VI de Leão e Castela em Tarifa.

1084-1100 — Antipapa Clemente III, parmesão.

1085 — Afonso VI de Leão e Castela reconquista Toledo. Morte do papa Gregório VII. Afonso VI de Leão e Castela funda o centro de Logroño.

1085-1117 — Movimentos comunais anti-senhoriais no reino de Castela.

1086 — Batalha de Segrajas e de Zala: Afonso VI, rei de Leão e Castela, é derrotado em ambas pelos almorávidas, liderados por Iusuf ibn Tashfin. Afonso VI, atribuindo ao "debilitante" uso dos banhos públicos a derrota de seu exército em Zala, manda destruí-los. A grande mesquita toledana torna-se catedral, consagrada por Bernardo de Sauvetat, cluniacense, arcebispo de Toledo (1086-1125).

1086-1087 — Papado de Vítor III, de Benevento.

1087 — Uma segunda cruzada na Península, liderada por Raimundo de Saint-Gilles, conde de Toulouse e Eudes I, duque da Borgonha. Morte do bispo de Coimbra, Paterno, que resistiu à introdução do rito romano.

1087-1100 — Guilherme II, o Ruivo, rei da Inglaterra.

1088 — Bernardo primaz da Espanha. Na Galícia, revolta do conde Rodrigo Olveques contra Afonso VI de Leão e Castela. Concílio de Husillos, perto de Palença: Afonso VI de Leão e Castela e o arcebispo de Toledo, na presença do legado papal Ricardo, sagra bispo de Coimbra Crescónio, que tem de esperar pela morte do alvazil Sisnando (1092) para tomar posse.

1088-1099 — Papado de Urbano II, francês.

1089 — Bernardo sagra a catedral de Braga.

1090 — Fuero de Estella. Iusuf ibn Tashfin toma Granada. Aliança muçulmana-cristã contra Iusuf. (aprox.) Casamento de Raimundo de Borgonha com Urraca, filha de Afonso VI de Leão e Castela.

1090-1145 — Dominação almorávida em Al-Andaluz: Yusuf ben Tasufin, emir de Marrocos, atravessa o estreito e se apodera sucessivamente de Granada, Málaga e Sevilha.

1091 — Os almorávidas matam o rei de Sevilha. Morte do alvazil de Coimbra, Sesnando, que resistia à introdução da liturgia romana.

1092 — Derrota de Afonso VI de Leão e Castela em Jaén. Crescónio, bispo de Coimbra, sagra a igreja abacial de Pendorada. Morte de Sisnando, governador de Coimbra e fiel servidor de Fernando, o Magno e Afonso VI de Leão e Castela: recusou-se a receber o rito romano (era adepto do rito moçárabe, ou hispânico). Crescónio de Tui (fiel ao rito romano), designado bispo de Coimbra pelo Concílio de Husillos.

1093 — Al Mutawakkil, rei de Badajoz (reino taifa) entrega Lisboa, o castelo de Sintra e Santarém a Afonso VI de Leão e Castela. Bernardo, núncio papal para toda a Espanha. Eleição de Dalmácio, monge francês de Cluny, para o bispado de Santiago de Compostela. Soeiro Mendes, senhor de Maia, governador de Santarém e da fronteira.

1094 — Tomada de Valência por El Cid, rei de Valência em nome de Afonso VI de Leão e Castela: derrota um exército almorávida vindo da África. D. Raimundo governa o território desde a Galícia ao Tejo. Casamento de D. Teresa (herdeira de Leão e Castela) com D. Henrique, quarto filho do duque de Borgonha (recebe como dote o Condado Portucalense). Os almorávidas retomam Lisboa e Sintra. Crescónio, bispo de Coimbra, consegue junto ao conde D. Raimundo o patronato do mosteiro da Vacariça, da diocese de Coimbra. Morte de Sancho III Ramirez de Navarra (filho de Sancho I, 2o. rei de Aragão).

1094-1104 — Reinado (3o.) de Pedro I de Aragão.

1095 — Derrota do conde D. Raimundo na tentativa de recuperar Lisboa aos almorávidas. Começo do governo no condado de D. Henrique ao sul do Minho. Fuero de Logroño e Santarém, concedido por Afonso VI de Leão e Castela; no mesmo ano este ainda funda o centro de Sahagún. Morte de al-Mutamid no Marrocos como prisioneiro de Iusuf. Pregação da Cruzada em Clermont pelo papa Urbano II.

1096 — Morte de Dalmácio, bispo de Santiago de Compostela. Vacância do bispado até 1101, com a eleição de Diego Gelmírez. O conde D. Henrique dá um foral à cidade de Guimarães (residência habitual dos antigos condes portucalenses) e outro ao burgo de Constantim de Panoias. O papa Urbano II manda voltar os espanhóis que seguiam para Jerusalém (1a. cruzada).

1096-1099 — Primeira Cruzada. Tomada de Edessa e Antioquia, Fundação do reino latino de Jerusalém.

1097 — El Cid derrota um segundo exército africano nas portas de Valência.

1099 — Morte do Cid. Governo em Valência de Ximena. Geraldo, eleito bispo de Braga, sagrado pelo primaz de Toledo na abadia de Sahagún: desenvolve intensa atividade eclesiástica, moral e administrativa.

1099-1108 — Maurício Burdino governa a diocese de Coimbra.

1099-1118 — Papado de Pascoal II, de Ravena.

1100 — Batalha de Malagón: D. Raimundo e D. Henrique juntos no combate. Geraldo, bispo de Braga, consegue em Roma, junto ao papa Pascoal II, o reconhecimento da dignidade metropolítica para a sua sé. Nasce o infante Sancho, filho de Afonso VI de Leão e Castela e da moura Zaida, nora do rei de Sevilha. O papa Pascoal II nega o pedido de Afonso VI de Leão e Castela para participar da Cruzada.

1100-1102 — Antipapa Teodorico, de Santa Rufina.

1100-1135 — Henrique I, Beauclerc, rei da Inglaterra.

1101 — Eleição de Diego Gelmírez para o bispado de Santiago de Compostela (auge do bispado).

1102 — Os almorávidas apoderam-se de Valência, abandonada por Afonso VI de Leão e Castela. Antipapa Alberto, sabiniano.

1103 — Batalha de Vatalandi, onde morre Soeiro Fromarigues, senhor de Grijó. Geraldo, bispo de Braga, consegue em Roma, junto ao papa Pascoal II, a enumeração das seguintes dioceses sufragâneas: Astorga, Mondoñedo, Orense e Tui (na Galiza), e Porto, Coimbra, Lamego e Viseu (em Portugal). O conde D. Henrique põe-se a caminho de Jerusalém (não chegou a realizá-la). O conde D. Henrique em Sahagún.

1104 — (Fevereiro, março maio e setembro) O conde D. Henrique em Castela. Afonso VI de Leão e Castela passa a considerar o infante Sancho seu herdeiro. Morte de Pedro I, 3o. rei de Aragão.

1104-1108 — Peregrinação de Maurício Burdino, diácono de Coimbra, a Jerusalém.

1104-1134 — Reinado de Afonso I, o Batalhador, de Navarra e (4o.) Aragão.

1105 — O conde D. Henrique em Santo Isidro de Las Dueñas e Burgos. Pacto entre D. Henrique (casado com D. Teresa) e D. Raimundo (casado com Urraca) sobre a sucessão do reino de Leão e Castela, na presença do legado cluniacense Dalmácio Geret: Henrique reconhece Raimundo como legítimo herdeiro dos reinos de Leão, Castela e Galiza, colocando-se como seu vassalo. Nasce Afonso Raimundes, filho de Raimundo e Urraca.

1105-1111 — Antipapa Silvestre IV, romano.

1105-1125 — Período de anarquia devido à luta pela sucessão do reino de Leão e Castela: processo de feudalização.

1106 — Afonso VI de Leão e Castela cai doente. Nascimento de Afonso VII, o Imperador (filho de Urraca, neto de Afonso VI de Leão e Castela).

1106-1108 — O conde D. Henrique em Portugal.

1106-1125 — Henrique V, rei alemão.

1107 — Morte do conde D. Raimundo (de Borgonha). Morte do (1o.) sultão almorávida, Yusuf ibn Teshonfin.

1107-1144 — Sultanato almorávida (2o.) de Ali ibn Yusuf.

1108 — Batalha de Uclés: morte do filho único de Afonso VI de Leão e Castela (o infante D. Sancho) em derrota diante os mouros. Afonso VI manda reunir cortes em Toledo para decidir a sucessão do trono. Morte de São Geraldo. Maurício Burdino o sucede na arquidiocese de Braga. Peregrinação do clérigo bracarense Honoricus a Jerusalém.

1109 — Morte de Afonso VI de Leão e Castela em Toledo. Morte do abade Hugo de Cluny, partidário do conde D. Henrique. (?) O conde D. Henrique toma o castelo de Sintra. O papa Pascoal II exorta o clero português que anime o povo a continuar a guerra contra os mouros. O príncipe norueguês Sirgud diz, a respeito de Lisboa, que sua população é "meio cristã, meio pagã".

1109-1114 — União fugaz entre Leão-Castela e Aragão: matrimônio de Urraca e Afonso I, o Batalhador, de Navarra e Aragão.

1109-1126 — Reinado (4o.) de Urraca, de Leão e Castela (filha de Afonso VI).

1110 — (Janeiro) Batalha de Valtierra: D. Henrique participa a serviço de Afonso I, o Batalhador, de Navarra e Aragão, e Urraca contra o rei de Saragoça. (Outubro) Batalha de Candespina: D. Henrique luta com o rei de Aragão contra as tropas da rainha Urraca. (Novembro) D. Henrique passa para o lado de Urraca e cerca o marido desta (Afonso I, o Batalhador, de Navarra e Aragão) em Peñafiel. O papa Pascoal II exorta novamente o clero português a incentivar o povo a continuar a guerra contra os mouros.

1111 — Os almorávidas, sob o comando de Sir ben Abu Bakr, apoderam-se de Santarém e Saragoça. Rebelião dos habitantes de Coimbra contra delegados do conde D. Henrique: foral da cidade. Martinho Moniz se rebela contra D. Henrique. Forais de Sátão, Soure, Tavares e Azurara da Beira que reproduzem o modelo de Coimbra.

1111-1112 — O conde D. Henrique em Leão e Coimbra, onde pacifica a cidade.

1111-1127 — Guerras entre Afonso I, o Batalhador, de Navarra e Aragão e seu genro Afonso VII, o Imperador, de Castela (1126-1157).

1112 — O conde D. Henrique em Astorga, onde morre. D. Teresa regente. Restauração do bispado de Portucale. Hugo de Compostela é nomeado para a diocese do Porto. Foral de Tavares concedido por D. Henrique.

1113 — Bula do papa Pascoal II (de Ravena, 1099-1118): o hospital de Jerusalém torna-se uma ordem religiosa subordinada apenas ao papa. O legado papal Pôncio de Cluny chega à Hispânia e excomunga todos os que apoiavam a união dos soberanos de Leão e Castela.

1114 — Os almorávidas avançam até Barcelona. Bula papal que separa Afonso I, o Batalhador, de Navarra e Aragão de Urraca. Sagração episcopal do bispo de Lugo, sufragâneo de Braga.

1115 — Tomada de Toledo pelos cristãos.

1116 — Primeira menção conhecida de uma feira na Península: a de Belorado. Os mouros tomam Miranda do Corvo e o castelo de Santa Eulália.

1117 — Raimundo Berengário III, conde de Barcelona, unifica o espaço político catalão. Os mouros incendiam os arrebaldes de Coimbra: morte de centenas de cristãos. Urraca, rainha de Leão e Castela, assina um acordo com os representantes de Afonso Henriques, reconhecendo sua autoridade sobre Galiza e Toledo, reservando para si o governo de Leão e o resto de Castela.

1118 — Afonso I, o Batalhador, rei de Navarra e Aragão, toma Saragoça, que se torna a capital do reino aragonês. Em Jerusalém, fundação da Ordem do Templo. Tomada da cidade de Alcalá de Henares.

1118-1119 — Papado de Gelásio II, gaetano.

1118-1121 — Antipapa Gregório VIII, francês.

1119-1124 — É eleito papa o arcebispo de Vienne com o nome de Calixto II, tio paterno de D. Afonso Raimundo, o jovem rei de Galiza: papado de Calixto II, borgonhês.

1120 — Na Palestina, Raymund du Puy organiza a Ordem do Hospital como uma ordem religiosa e militar. (17/02) Bula papal que atribui a Diego Gelmírez, arcebispo de Santiago de Compostela, direitos metropolíticos sobre Mérida (ainda sob o jugo muçulmano), com dioceses sufragâneas de Coimbra e Salamanca. (18/02) O arcebispo de Santiago de Compostela Diego Gelmírez é nomeado legado da Sé Apostólica sobre as províncias eclesiásticas de Braga e Mérida. A rainha de Leão e Castela Urraca invade Portugal e saqueia todo o território: D. Teresa refugia-se no castelo de Lanhoso, sujeitando-se à irmã.

1121 — O arcebispo de Braga consegue do papa os direitos metropolíticos sobre as dioceses de Viseu, Lamego e Idanha, todas pertencentes outrora à província de Mérida, portanto sufragâneas de Santiago de Compostela. Casamento de Urraca Henriques, filha de D. Teresa, com Bermundo Peres (da família dos Travas).

1122 — Bula papal ordenando a D. Teresa a libertação do arcebispo de Braga. Concordata de Worms: fim de uma fase da luta das Investiduras. Peregrinação de Petrus Gunsalviz a Jerusalém.

1124 — Morte do arcebispo Bernardo. Afonso VII arma-se cavaleiro em Santiago de Compostela. Antipapa Celestino II, romano.

1124-1130 — Papado de Honório II, de Imola.

1125 — Fundação da feira de Ponte de Lima. Começam em Toledo as grandes traduções do árabe para o latim. (?) D. Afonso Henriques arma-se cavaleiro em São Salvador de Zamora no dia de Pentecostes.

1125-1126 — Afonso I, o Batalhador, rei de Navarra e Aragão, realiza uma expedição a Andaluzia, trazendo em seu regresso a Aragão um importante contingente de moçárabes. Nascimento em Córdova de Maimônides (1126-1198), médico e filósofo judeu.

1125-1137 — Lotário I, rei alemão.

1126 — Morte de Urraca, rainha de Leão e Castela. Ali ben Yusuf deporta milhares de moçárabes para a África, sob o pretexto de haverem colaborado com Afonso I de Aragão.

1126-1157 — Reinado de Afonso VII, o Imperador, de Leão e Castela.

1126-1152 — Episcopado de Raimundo em Toledo.

1126-1198 — Vida do filósofo hispânico Averróis.

1127 — Acordo de Zamora entre Afonso VII de Leão e Castela, D. Teresa e Fernão Peres. Ação militar de Afonso VII de Leão e Castela contra o rei de Aragão: acordo no vale de Tâmara. Afonso VII de Leão e Castela submete pela força sua tia D. Teresa, que se recusava a prestar-lhe vassalagem. Cerco de Guimarães: expedição militar de Afonso VII de Leão e Castela a Portugal, resistência de D. Afonso Henriques. Primeiro foral de Satão.

1128 — Batalha de S. Mamede: D. Afonso Henriques vence sua mãe D. Teresa e os nobres partidários da ligação com a Galícia e passa a governar com o título de rei (D. Afonso I): infante e príncipe (1128-1139). (?) D. Teresa doa a primeira casa conventual dos hospitalários em Portugal, o mosteiro de Leça do Bailio. Raimundo Bernardo, cavaleiro templário, dirige-se à Península para reunir dinheiro e alistar membros para a Ordem. Em março, se encontra na corte portuguesa. (19.03) A Ordem do Templo se instala em Portugal: D. Teresa doa à ordem o castelo do Soure, no rio Mondego e todas as terras entre Coimbra e Leiria, as quais estavam despovoadas e ainda em poder dos infiéis (confirmado em 29 do mesmo mês). O co-regente conde Fernando e dezesseis nobres portugueses, apoiam a doação do lugar de Fontacarda de D. Teresa aos templários. Concílio de Troyes estabelece a regra da Ordem do Templo. Morte do conde Pedro Froilaz, tutor de Afonso VII de Leão e Castela. Foral de Guimarães confirmado por D. Afonso Henriques.

1128-1137 — Afonso I de Portugal em rebelião aberta contra Afonso VII, de Leão e Castela.

1129 — Doação de Afonso I de Portugal a Monio Rodrigues (documento onde afirma a posse de todas as cidades de Portugal). (?) Afonso I de Portugal entrega o castelo de Soure aos templários, confirma a doação do castelo do Soure e se declara "irmão templário". Lourenço Viegas de Ribadouro, filho de Egas Moniz, primeiro alferes-mor do palácio luso.

1130 — Morte de D. Teresa, a condessa portucalense destronada.

1130-1143 — Papado de Inocêncio II, romano.

1130-1138 — Antipapa Anacleto II, romano.

1130-1284 — Atividade da "Escola de Tradutores" de Toledo.

1130-1136 — Fernão Cativo, segundo alferes-mor do palácio luso.

1131 — Afonso I de Portugal abandona Guimarães, antiga residência dos condes de Portucale, para fazer de Coimbra o centro de suas deslocações através de seus domínios.

1131-1162 — Raimundo Berengário IV, conde de Barcelona.

1132 — Fundação do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra por D. Telo, arcediago da Sé Catedral. Anteriormente a essa data, os cavaleiros hospitalários, sob a chefia do vigário da ordem, Paio Galindes, se estabelece em Portugal, adquirindo bens imóveis (documento de Santa Cruz de Coimbra).

1132-1142 — Traduções de João de Sevilha.

1133 — São Teotônio, prior da comunidade de Santa Cruz de Coimbra.

1134 — Morte de Afonso I, o Batalhador, de Navarra e Aragão: restauração do reino de Navarra. Em seu testamento, Afonso I, o Batalhador, que não deixou herdeiros, doou seu reino às ordens do Templo e do Hospital. Concílio de Tarragona, em Aragão: nenhum sarraceno pode abraçar o judaísmo e nenhum judeu pode tornar-se sarraceno. Os Regrantes introduzem a regra de Santo Agostinho em mosteiros antigos no norte do país. Afonso I de Portugal concede albergaria a Marão, com o intuito de repovoamento e confia sua proteção à Santa Sé.

1134-1137 — Reinado (5o.) de Ramiro II, o Monge, de Aragão (irmão de Afonso I, o Batalhador, de Navarra e Aragão).

1134-1150 — Reinado (9o.) de Garcia Ramirez IV, de Navarra.

1135 — Nascimento em Córdova de Maimônides (1135-1204), médico, teólogo e filósofo judeu. Coroação de Afonso VII, rei de Castela, em Burgos, como imperador. Construção do castelo de Leiria por Afonso I de Portugal. Morte de Ermígio Moniz, irmão de Egas Moniz e provável chefe da linhagem de Ribadouro. Isenção canônica dos cônegos regrantes de Coimbra.

1135-1154 — Estêvão de Blois, rei da Inglaterra.

1136 — Foral de Miranda do Corvo. Foral de Seia. Afonso I de Portugal concede albergaria a Gavieiras e confia sua proteção à Santa Sé.

1136-1146 — Egas Moniz de Ribadouro, magnate portucalense, segundo como dapifer curiae, espécie de mordomo-mor da corte de Afonso I de Portugal.

1137 — Tratado de Tui, para a paz entre portugueses e leoneses. Morte de Ramiro II, o Monge, 5o. rei de Aragão. Constituição da coroa de Aragão: matrimônio de Raimundo Berengário IV de Barcelona e Petronila, filha de Ramiro II, o Monge, de Aragão. Assim, o condado de Barcelona é unido ao reino de Aragão. Foral de Penela. (?) Um exército português é exterminado perto de Tomar.

1137-1139 — Foral da pequena comunidade rural de Ansiães concedido por Afonso I de Portugal.

1137-1162 — Reinado (6o.) de Petronila, de Aragão.

1138 — Antipapa Vítor IV (atuou apenas dois meses).

1138-1141 — Garcia Mendes de Sousa, provavelmente irmão mais novo do mordomo-mor Gonçalo de Sousa, terceiro alferes-mor do palácio luso.

1138-1152 — Conrado III, rei alemão.

1139 — (?) Batalha de Ourique: vitória de Afonso I de Portugal sobre os muçulmanos; começa a utilizar o título de rei: 1139-1185. Bula papal Omne datum optimum estabelece os privilégios da Ordem do Templo. Segundo foral de Satão, concedido por Afonso I de Portugal. Isenção canônica do mosteiro canonical de Grijó.

1140 — Afonso I de Portugal invade a Galícia e reconquista Santarém. Santarém já possui uma comunidade judaica com sinagoga (a mais antiga de Portugal). Cistercienses e premonstanenses estabelecem seus primeiros monastérios na Península. (?) Os mouros arrasam o castelo de Leiria. (?) Presença de Afonso I de Portugal em Valdevez. Afonso I de Portugal concede carta de couto aos cavaleiros hospitalários, comprovando a posse de Leça do Bailio com seus bens e couto. Auge da carreira de Ibn Jachia, judeu favorito de Afonso I de Portugal, mordomo real e cavaleiro-mor.

1140-1217 — Oito frotas de cruzados do Mar do Norte ou do Canal da Mancha são retidas pelos portugueses e convencidas a guerrear os mouros na Península.

1142 — Afonso I de Portugal manda construir o castelo Germanelo, junto ao Rabaçal, além (?) dos castelos de Alvorge e Ancião. Segundo o primeiro foral de Leiria, Afonso I de Portugal recupera o castelo de Leiria. (?) Uma considerável armada de cruzados devasta os arredores de Lisboa.

1142-1144 — Foral de Germanelo concedido por Afonso I de Portugal.

1142-1145 — Álvaro Peres, provavelmente irmão de Fernão Cativo, quarto alferes-mor do palácio luso.

1143 — Intervenção do legado papal Guido da Vico (cardeal e diácono de São Cosme e Damião). Tratado de Zamora: Afonso VII, o Imperador, de Castela, reconhece o novo reino de Portugal. É oficialmente o nascimento do reino. Afonso I de Portugal coloca o reino sob a proteção (vassalagem lígia) da Santa Sé. Presença de Afonso I de Portugal em Zamora. Morre em Marrocos o emir Ali ben Yusuf. Após demoradas negociações entre Raimundo Berengário IV e Roberto de Craon (mestre templário), ficou acertado que os templários ficariam com Monzón e outros lugares de Aragão. Desde essa data se encontra em Portugal o cavaleiro templário Hugo de Martônio, que mais tarde recebe o título de mestre dos templários em Portugal. Sancho I de Portugal incumbe o mestre do Hospital de fazer chegar às mãos do papa, por dois cavaleiros que iam à Roma, 504 morabitinos, em que importavam, à razão de 04 onças, os anos decorridos desde o Concílio de Latrão III.

1143-1144 — Papado de Celestino II, de Città di Castello.

1144 — Ataque dos mouros ao castelo de Soure, de propriedade templária: a ordem é derrotada. Os discípulos de Ibn Qasi ("muridin", os adeptos) tomam Mértola e lhe entregam a cidade para governar. Foral de Espinho, Panoias, no concelho de Mortágua, concedido por Afonso I de Portugal. Morte do 2o. sultão almorávida, Ali ibn Yusuf.

1144-1145 — Papado de Lúcio II, bolonhês.

1144-1147 — Sultanato almorávida de Teshoufin ibn Ali.

1145 — Fim da dominação almorávida em al-Andaluz: segundos reinos de taifas em Mértola, Silves e Évora. O concelho de Coimbra proíbe seus cidadãos de ir a Jerusalém para a Segunda Cruzada. Apelação em Coimbra para seus habitantes auxiliarem os do castelo de Leiria. Casamento de Afonso I de Portugal com Matilde, filha do conde Amadeu II de Sabóia e Piemonte. A Ordem do Templo recebe em Portugal uma região florestal, onde fundarão Pombal e Redinha. (Agosto) O arcebispo de Braga, D. João, com o seu cabido, e com a aprovação e o consentimento de Afonso I de Portugal, confirmou e de novo concedeu aos templários o hospital que o arcebispo D. Paio havia fundado e dotado em Braga, para uso dos pobres e miseráveis.

1145-1153 — Papado de Eugênio III, pisano.

1146 — Penetração almôada na Península (os reinos independentes de al-Andaluz são submetidos). Mendo Fernandes de Bragança, quinto alferes-mor do palácio luso.

1146-1149 — Segunda Cruzada na Terra Santa. Cruzada contra os vênedos (rio Elba, Alemanha Oriental).

1146-1155 — Fernão Peres Cativo, de origem galega, terceiro mordomo-mor do palácio, um dos mais fiéis seguidores de Afonso I de Portugal e fundador da casa de Soverosa.

1147 — Afonso I de Portugal reconquista (com a ajuda dos cruzados) Lisboa, Santarém e al-Usbuna: fixação da linha do Tejo: oferece domínios aos cruzados que quiseram ficar em Portugal. Os templários recebem de Afonso I de Portugal vastos domínios, juntamente com os direitos eclesiásticos de Santarém, logo depois da conquista da cidade, quando foi ajudado por alguns cavaleiros da ordem (primeira entrada dos templários nos exércitos do rei português). Tomada de Almería por Afonso VII, o Imperador, de Castela. Nascimento de Santo Antônio de Lisboa. Fundação em Portugal da Ordem de Avis. Conquista de Sevilha por Barraz ben Muhammad al-Masufi, general do califa almôada Abd al-Mumin. Afonso VII, o Imperador, de Castela, toma o porto mediterrâneo de Almeria. Morte do 3o. sultão almorávida, Teshoufin ibn Ali (fim do sultanato almorávida).

1147-1163 — Sultanato almôada de Abd-el-Moulmin (1o.)

1147-1169 — Pêro Pais da Maia, sexto alferes-mor do palácio luso.

1148 — Raimundo Berenguer IV de Aragão reconquista Tortosa. Protestos de Afonso VII, o Imperador, de Castela, quanto às nomeações eclesiásticas de Afonso I de Portugal para os bispados de Lisboa (o inglês Gilberto de Hastings), Viseu Odório e Lamego (o cônego regrante de Coimbra Mendo). Todos sagrados pelo arcebispo de Braga, que assim afirma sua independência de Santiago de Compostela e Toledo: resposta do papa Eugênio III.

1149 — Raimundo Berenguer IV de Aragão toma Lérida e Fraga.

1150 — Afonso VII, o Imperador, de Castela, toma Uclés. A partir desta data, os combates decisivos eram travados, do lado cristão, pelas ordens militares, e do lado muçulmano, pelos cavaleiros voluntários dos ribat, que faziam da guerra santa um ato de piedade. Morte de Garcia Ramirez IV, 9o. rei de Navarra.

1150-1180 — Traduções de Gerardo de Cremona e de Domingo González.

1150-1194 — Reinado (10.) de Sancho V, o Sábio, de Navarra.

1151 — Afonso VII, o Imperador, de Castela põe cerco a Jaén. Tratado de Tudilém entre Afonso VII, o Imperador, de Castela e Raimundo Berengário IV, de Aragão, sobre a partilha das terras a conquistar. Ibn Qasi tenta uma aliança com Afonso I de Portugal; é morto (1152) e sua cabeça entregue espetada na lança que recebera de presente de Afonso I de Portugal. O bispo de Lisboa, Gilberto de Hastings vai à Inglaterra pregar a cruzada e tentar convencer seus compatriotas a organizarem uma expedição a Sevilha, esperada por Afonso VII, o Imperador, de Castela. Foral de Arouce (junto a Lousã) concedido por Afonso I de Portugal. (?) Morte de Ibn Jachia, judeu, mordomo real, cavaleiro-mor e favorito de Afonso I de Portugal.

1152 — Criação da feira de Valladolid. Foral de Mesão Frio e Banho (junto a São Pedro do Sul) concedido por Afonso I de Portugal.

1152-1190 — Frederico I Barbaroxa, rei alemão.

1153 — Primeira menção conhecida de uma feira em Catalunha: a de Moyá. Fundação em Portugal da abadia cisterciense de Alcobaça. Afonso I de Portugal chama os Cistercienses a Alcobaça, dando-lhes enorme território, onde esta ordem começa a desbravar. Acordo de Sahagún: Fernando (II) assina um acordo com seu irmão Sancho (III), no qual reserva para si a posse da zona do Alentejo e Algarve.

1153-1154 — Papado de Anastácio IV, romano.

1154 — Foral concedido por Afonso I de Portugal aos cavaleiros de Sintra. Isenção canônica do mosteiro canonical de Refojos de Lima. Visita do cardeal legado Jacinto a Coimbra, Tibães e Tui.

1154-1159 — Papado de Adriano IV, inglês.

1154-1189 — Henrique II Plantageneta, rei da Inglaterra.

1155 — Bispos portugueses tomam parte no concílio de Valladolid, no qual o cardeal legado Jacinto promulga uma expedição contra os mouros e concede indulgências. Nascimento de Afonso VIII de Castela, filho de Sancho III de Castela.

1156 — Domínio almôada no sul de Portugal. Fundação em Castela da Ordem de Alcântara. (?) Afonso I de Portugal faz mais doações a mestre Gualdim Pais, o procurador dos templários em Portugal (Foral de Ferreira). Os templários dão foral a Ferreira de Alves.

1156-1169 — Foral de Barcelos concedido por Afonso I de Portugal.

1157 — Criação da Ordem religiosa-militar de Calatrava. Morte de Afonso VII, o Imperador, de Castela em Fresneda: separação dos reinos de Castela e Leão. O califa Abd al-Mumin colocou seu filho Abu Yaqub Yusuf como governador de Sevilha, e este suprimiu por completo a autonomia dos reinos de taifas. O único a resistir foi o de Múrcia (até 1172). Os mouros recuperam o porto de Almeria.

1157-1158 — Reinado (1o.) de Sancho III, de Castela, filho de Afonso VII, o Imperador, de Leão e Castela.

1157-1167 — D. Gonçalo de Souza, mordomo-mor.

1157-1188 — Reinado (1o.) de Fernando II de Leão, filho de Afonso VII, o Imperador.

1158 — (?) Afonso I de Portugal toma Alcácer do Sal com a ajuda de alguns cruzados. Tratado de Sahagún entre os filhos de Afonso VII, o Imperador, de Leão e Castela. Morte de Sancho III, 1o. rei de Castela, filho de Afonso VII, o Imperador, de Leão e Castela. Afonso I de Portugal passa aos templários uma carta de liberdade e imunidade para eles e suas terras, igrejas, homens e quaisquer possessões que tivessem ou viessem a ter.

1158-1214 — Reinado (2o.) de Afonso VIII, o Nobre, de Castela, filho de Sancho III de Castela.

1159 — Afonso I de Portugal doa à Ordem do Templo o castelo de Ceras (ou Cera), algum tempo mais tarde transferido para Tomar (ver 1160). Os templários ficam assim encarregados da defesa de Santarém e de Lisboa, além de desenvolverem intensa atividade colonizadora. Isenção canônica para os templários em Portugal. Os templários dão foral à Redinha.

1159-1164 — Antipapa Vítor IV (deveria chamar-se Vítor V, mas como o anterior Vítor IV atuou apenas dois meses, resolveu repetir o número IV).

1159-1181 — Papado de Alexandre III, sienês.

1160 — (?) Fundação da Ordem de Santiago. Foral de Celeirós concedido por Afonso I de Portugal. Afonso I de Portugal recebe em Tui o conde de Barcelona, Raimundo Berenguer IV para negociar com ele o casamento de seu filho Raimundo com a princesa Mafalda: política de aproximação entre Portugal e a Catalunha ou Aragão. Afonso I de Portugal e Fernando II de Leão encontram-se no mosteiro beneditino de Celanova, na Galiza, celebrando um acordo que restituía a Fernando II a cidade de Tui e o respectivo território. Os templários fundam a primeira igreja, sob a invocação de Santa Maria do Olival. Lançam também os fundamentos do castelo de Tomar, sobre um alto e escarpado cerro, na margem direita do rio Nabão. Também se dá princípio à vila de Tomar.

1160-1190 — Templários e Hospitalários portugueses colocaram no mercado os rendimentos das suas enormes propriedades no Norte.

1161 — (?) Repovoamento de Cidade Rodrigo (antiga Augusto-briga) por Fernando II de Leão. Visita dos núncios Teodino e Leão em Coimbra, para recolher dinheiro para a Santa Sé.

1162 — Geraldo sem Pavor toma a cidade de Beja aos muçulmanos. Afonso I de Portugal exerce atos de soberania sobre Límia. Peregrinação do conde Gonzalo a Jerusalém. A vila de Tomar, pertencente aos templários, já possui um bom número de povoadores; mestre Gualdim dá foral a ela. Morte de Petronila, 6a. rainha de Aragão. Morte de Santo Teotônio, primeiro prior do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

1162-1196 — Afonso II, conde de Barcelona, 7o. rei de Aragão (filho de Ramon Berenguer IV).

1163 — Isenção canônica aos mosteiros cistercienses de Tarouca e Lafões. Gilberto de Hastings, bispo de Lisboa, vai à França pedir a Luís VII voluntários para a cruzada na península. Afonso I de Portugal recupera Toronho e estende sua autoridade a Salamanca. Morte do 1o. sultão almôada, Abd-el-Moulmin. Canonização de Santo Antônio. A cidade de Viseu toma-o como padroeiro.

1163-1178 — Sultanato almôada (2o.) de Yusuf abou Yacoub.

1164 — Isenção canônica para o mosteiro de Alcobaça. A Ordem de Calatrava é confirmada pelo papa Alexandre III.

1164-1168 — Antipapa Pascoal III, cremonense.

1165 — Conquista definitiva de Évora por Geraldo sem Pavor; toma ainda as cidades de Trujillo, e Cáceres. Afonso I de Portugal se encontra com Fernando II de Leão em Pontevedra e selam novo acordo de paz. Afonso I de Portugal doa aos templários Idanha-a-Velha e Mosanto.

1166 — Foral de Évora. Geraldo sem Pavor toma os castelos de Montánchez, Serpa e Juromenha; se instala nesta última, assediando Badajoz. Fernando II de Leão conquista Alcântara. (?) Afonso I de Portugal manda edificar o castelo de Coruche. Fernando II de Leão se casa com Urraca Afonso, filha de Afonso I de Portugal. Entram em Portugal alguns membros da ordem castelhana de Calatrava, estabelecendo-se em Évora.

1167 — Fuero de Benavente, concedido por Fernando II de Leão. (?) Morte de Gonçalo Mendes de Souza, quarto mordomo-mor do palácio luso. Sucede-lhe o conde Vasco Sanches de Barbosa.

1168 — (?) Visita Portugal mestre Pedro, com funções de coletor da cúria.

1168-1178 — Antipapa Calisto III, arentino.

1169 — Desastre de Afonso I de Portugal e Geraldo sem Pavor em Badajoz: Fernando II de Leão, aliado dos almôadas, aprisiona o rei de Portugal (o solta em seguida). Foral ao concelho de Linhares concedido por Afonso I de Portugal. Pêro Pais da Maia, sexto alferes-mor do palácio luso, incompatibilizado com Afonso I de Portugal, passa ao reino de Leão, onde Fernando II lhe confia o mesmo cargo na sua corte. Afonso I de Portugal faz uma doação à catedral de Tui. Afonso I de Portugal, em Lafões, doa aos templários a terça parte de tudo o que conquistasse no Alentejo. O príncipe D. Sancho de Portugal passa a orientar a política portuguesa.

1169-1175 — Foral de São João da Pesqueira concedido por Afonso I de Portugal.

1170 — Fernando II de Leão funda a Ordem de Santiago da Espada (de Cáceres, de Uclés, ou de Santiago). As ordens de Calatrava e Santiago se instalam em Portugal. Sayyid Abu Hafs, irmão do califa em Marrocos, comanda um poderoso exército e chega a Badajoz; retirada de Fernando II de Leão. Afonso I de Portugal arma cavaleiro seu filho Sancho (I), de 17 anos, no dia da festa da Assunção de Nossa Senhora. Os cavaleiros templários, que já fazem há mais de vinte anos a defesa de Lisboa, são reforçados para lá do Tejo pela ordem de Évora, e na Beira interior, pelos de Santiago. Os templários dão foral aos povoadores do castelo de Almourol.

1170-1231 — Dominação almôada em al-Andaluz.

1172 — Começa a construção da catedral de Ávila. Construção do minarete da mesquita de Sevilha, "La Giralda". Morte de Ibn Mardanish, o "rei Lobo" de Múrcia, último a resistir ao avanço almôada. Seu filho decide submeter-se ao califa Abu Yaqub. (?) Geraldo sem Pavor ataca e pilha Beja. Afonso I de Portugal entrega o castelo de Mosanto (dos templários) à Ordem de Santiago, além da vila de Arruda.

1173 — Beja é abandonada. Acordo de Sevilha: o conde Nuno de Lara (tutor do pequeno rei Afonso VIII, filho de Sancho III) e Afonso I de Portugal pedem uma trégua de cinco anos a Yusuf I. Geraldo sem Pavor passa a servir o califa e se instala em Sevilha (até 1176). Visita do cardeal Jacinto a Portugal.

1174 — Casamento de Sancho I, filho de Afonso I de Portugal, com D. Dulce, filha de Raimundo Berenguer IV, rei de Aragão. Fernando II de Leão tem de suportar o ataque de Abu Hafs, um dos chefes, de Abu Yaqub Yusuf. Este toma as fortalezas de Alcântara e de Cáceres; cerca ainda a Cidade Rodrigo, que conseguiu resistir. Afonso I de Portugal concede carta de couto ao mosteiro cisterciense de Santa Maria de Aguiar. O foral da vila de Tomar (ver 1162), dos templários, é ampliado. Os templários dão foral aos povoadores do castelo do Zezêre.

1174-1175 — Yusuf I manda repovoar Beja e reconstruir suas muralhas.

1175 — (?) Afonso I de Portugal funda a Ordem de Évora, milícia portuguesa, e entrega seu comando ao governador militar de Lisboa e da Estremadura, Gonçalo Viegas de Lanhoso. Fernando II de Leão, pressionado pela Santa Sé, separa-se de sua esposa Urraca Afonso, filha de Afonso I de Portuga e irmã de Sancho.

1176 — Afonso I de Portugal confia a defesa de Coruche à Ordem de Évora. Os templários dão foral aos povoadores da terra e castelo de Pombal.

1177 — Tomada de Cuenca pelos castelhanos. Estatutos da Ordem de Santiago. Fernando II de Leão organiza uma expedição de contra-ataque aos almôadas, chegando até Jerez e Arcos de la Frontera. O arcebispo de Braga Godinus e Marchus vão até Roma, talvez tenha ido à Terra Santa.

1178 — Fernando II de Leão repele um ataque de seu sobrinho Afonso VIII de Castela em Terra de Campos. Sancho I de Portugal organiza uma expedição em território muçulmano, alcançando e destruindo os arredores de Sevilha, na margem direita do Guadalquivir. Morte do 2o. sultão almôada, Yusuf abou Yacoub.

1178-1199 — Sultanato almôada (3o.) de Yacoub ibn Yousouf.

1179 — Reconhecimento da independência de Portugal pelo papa Alexandre III (bula Manifestis probatum): Afonso I de Portugal quadruplicou o censo que pagava à cúria romana, pagando de uma só vez 1.000 peças de ouro. Forais de Lisboa, Santarém, Évora e Coimbra: estímulo das atividades comerciais e artesanais. Tratado de Cazorla entre Afonso VIII, o Nobre, de Castela e Afonso II de Aragão (repartição de terras a conquistar em território muçulmano, excluindo qualquer vassalagem entre eles): Afonso VIII, o Nobre, de Castela, renuncia assim a qualquer pretensão de supremacia sobre Aragão. D. Afonso I de Portugal dispõe em seu testamento de "8.000 mosmodiz e 400 marcos de prata menos 24, pelo que dá 162 maravedis e 6.000 maravedis maiores" à Ordem do Hospital. Gonçalo Viegas de Lanhoso, mestre da Ordem de Évora, é chamado para organizar a defesa da zona de Lisboa, atacada constantemente por mar. Multiplicação dos ataques mouros: represálias ao ataque de Sancho I a Sevilha. Abrantes sofre um ataque conduzido pelo próprio filho do califa e por seu irmão.

1179-1180 — Antipapa Inocêncio III, de Sezza.

1180-1190 — A mais intensa produção literária portuguesa relacionada com o tema de cruzada ou da guerra santa.

1180 — (aprox.) Fuero de San Sebastián, concedido por Sancho VI de Navarra. Batalha de Arganal (perto de Cidade Rodrigo): Sancho I de Portugal (ainda infante) sofre pesada derrota frente a Afonso VIII, o Nobre, de Castela (seu tio) em sua ofensiva sobre a região de Ribacoa. Coruche (pertencente aos cavaleiros de Évora) é atacada pelos almôadas: seu castelo é destruído e seus habitantes levados em cativeiro.

1180-1223 — Filipe II Augusto, rei de França.

1181 — Paz de Medina de Rioseco: Afonso VIII, o Nobre, de Castela e Sancho I de Portugal. (Maio) Ataque do váli de Sevilha, Abu Abd Allah Muhammad ben Wanudin a Évora.

1181-1185 — Papado de Lúcio III, lucano.

1182 — Isenção canônica para o mosteiro de Santa Maria de Aguiar. (?) Passam a desempenhar as mesmas funções dos chanceleres-mores, já designados mestres (formados em Direito ou Teologia), os criados do rei, provavelmente de origem não-nobre.

1183 — (01.07) Novas hostilidades entre Sancho I de Portugal e Afonso VIII, o Nobre, de Castela, entre Fresno e Lavandera (pretensões expansionistas de Sancho I de Portugal).

1184 — Grande ofensiva fracassada dos almôadas contra Santarém, onde morre o emir de Marrocos Yacub Yusuf (a cidade foi defendida por Sancho I de Portugal). É aclamado emir Yaqub al-Mansur, filho de Yacub Yusuf.

1185 — Morre D. Afonso I (Henriques) de Portugal.

1185-1187 — Papado de Urbano III, milanês.

1185-1211 — Reinado de Sancho I, de Portugal.

1186 — Sancho I de Portugal doa os castelos de Almada, Palmela e Alcácer do Sal (que asseguravam a proteção de Lisboa ao sul) aos cavaleiros de Santiago (espatários). Sancho I de Portugal concede privilégios a Gouveia e Covilhã. No dia de São Jorge, nasce o primeiro filho varão de Sancho I de Portugal: o futuro Afonso II. Pêro Pais da Maia, sexto alferes-mor do palácio luso, após servir o rei de Leão, volta à corte portuguesa.

1187 — Sancho I de Portugal conquista Alvor e Silves. Faz ainda novas e importantes concessões às ordens militares: aos freires de Évora o castelo de Alcanede e a vila de Alpedriz, prometendo ainda o castelo de Juromenha, caso conquistado. Sancho I de Portugal concede privilégios a Avô, Viseu e Folgosinho e forais a Bragança e Penarroias. Ainda não existiam judeus em Bragança (que tornou-se posteriormente um dos maiores centros judaicos em Portugal). Nascimento do segundo filho varão de Sancho I de Portugal: Pedro. Sancho I de Portugal recebe convite do papa Gregório VIII para participar da cruzada. Saladino retoma Jerusalém aos muçulmanos. Papado de Gregório VIII, de Benevento.

1187-1191 — Papado de Clemente III, romano.

1188 — Morte de Fernando II (filho de Afonso VII, o Imperador, de Leão e Castela), 1o. rei de Leão. Nascimento das cortes de Leão, as mais antigas da Península. Sancho I de Portugal concede privilégios a Valelhas. (?) Sancho I de Portugal concebe (não realizada) uma expedição a Jerusalém. Afonso VIII, o Nobre, de Castela, invade Leão: é derrotado e faz um acordo. Sancho I de Portugal dita seu (primeiro) testamento.

1188-1230 — Reinado (2o.) de Afonso IX, de Leão, filho de Fernando II de Leão.

1189 — Chega a Lisboa uma armada de cruzados da Dinamarca e Frísia: atacam e conquistam o castelo de Alvor, em frente a Silves. Cerco e tomada de Silves, mantida até 1191. Sancho I de Portugal expulsa templários e hospitalários de Silves.

1189-1192 — Terceira Cruzada, com Frederico Barbaroxa, Ricardo Coração de Leão e Filipe II Augusto. Conquista de Chipre e reconquista de Acre.

1189-1199 — Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra.

1190 — Fuero de Cuenca, concedido por Afonso VIII, o Nobre, de Castela. Os almôadas, comandado por Sayyid Yaqub ben Abi Hafs, governador de Sevilha, sitia Silves, sem conseguir tomá-la. Os almôadas sitiam Évora, também sem êxito. Os almôadas tomam Torres Novas e sitiam Tomar, defendida pelos templários (comandados por seu mestre Gualdim Pais). Forais de Torres Novas e Almada concedidos por Sancho I de Portugal. Os cruzados alemães (futura Ordem Teutônica, ver 1197) fundam um hospital na palestina para os doentes de sua nação.

1190-1191 — Novas ofensivas almôadas, que atingem o Tejo.

1190-1197 — Henrique VI, rei alemão.

1190-1210 — Crise demográfica em Portugal.

1191 — (10.07) Os almôadas tomam Alcácer do Sal, e destroem os castelos de Palmela e Almada (abandonados pelos cavaleiros espatários). Tomam ainda Silves. Casamento de Sancho I com sua prima direta Tereza Sanches (filha de Afonso IX de Leão). Acordo de Huesca: coligação de Portugal, Leão e Aragão contra Castela. O emir Yaqub al-Mansur destrói o castelo de Torres Novas.

1191-1198 — Papado de Celestino III, romano.

1192 — (?) Sentenças de excomunhão e interdito lançada sobre Portugal e Leão pelo cardeal Reinério.

1193 — Sancho I de Portugal doa a torre e paços da alcáçova de Santarém aos cavaleiros da Ordem de Santiago (espatários).

1194 — Naufrágio de um navio português que ia para Brughes. Sancho I, de Portugal doa à Ordem do Hospital de São João de Jerusalém as terras da coroa da margem direita do Tejo chamada Guidimtesta, permitindo que se edificasse um castelo, de nome Belver — transformação dos freires do Hospital em cavaleiros (em Portugal). Fernando Afonso, filho bastardo de Afonso I de Portugal, se torna grão-mestre da ordem dos hospitalários. Renuncia no mesmo ano. Tratado de Tordehumos entre Afonso IX de Leão e Afonso VIII de Castela. Zamora: Tratado entre Sancho I de Portugal e Afonso IX de Leão. Ação repovoadora de Sancho I de Portugal em Marmelar e Pontével (concede-a aos francos). Morte de Sancho V, o Sábio, 10o. rei de Navarra. Sancho I de Portugal doa à Ordem de Santiago (espatários) o edifício de Santos-o-Velho, junto a Lisboa.

1194-1234 — Reinado (11o.) de Sancho VI, o Forte, de Navarra.

1195 — Derrota de Afonso VIII, o Imperador, de Castela frente aos almôadas na batalha de Alarcos, onde este perde a Marca de Espanha (limes hispanicus, enclave franco situado além Pireneus e governado a partir de 817 pelo conde de Barcelona). Morrem também o mestre fundador dos cavaleiros de Évora, Frei Gonçalo Viegas e Rodrigo Sanches (antigo governador de Silves). (22/07) Breve do papa Celestino III, concedendo ao prior de Santa Cruz de Coimbra o direito de dar a cruz a peregrinos e a quem quisesse combater os pagãos e de impor penitências públicas. Ação repovoadora de Sancho I de Portugal em Povos. Sancho I de Portugal concede foral a S. Vicente da Beira e Penedono. (15/08) Em Lisboa, nascimento de Fernando de Bulhões (Santo Antônio).

1196 — Peregrinação de Afonso II de Aragão a Santiago de Compostela; vai depois a Coimbra com o intuito de persuadir Sancho I de Portugal a não desencadear hostilidades. Morte de Afonso II, 7o. rei de Aragão: sucede-lhe Pedro II.

1196-1213 — Reinado (8o.) de Pedro II de Aragão (filho de Afonso II de Aragão).

1197 — Povoamento da cidade episcopal da Guarda. Expedição de cruzados alemães contra Silves. Os cruzados alemães na Palestina organizam-se à semelhança do Hospital de São João de Jerusalém: intitularam-se Irmãos da Casa Alemã, ficando mais conhecidos como Cavaleiros da Ordem Teutônica. O papa Celestino III concede a Sancho I de Portugal indulgência de Jerusalém para a luta contra Afonso IX de Leão, que se aliara aos muçulmanos. Afonso VIII de Castela dá sua filha Berenguela em casamento a Afonso IX de Leão. (?) Sancho I de Portugal confia aos templários as povoações de Idanha e Açafa (a partir de 1199 chamada Ródão).

1198 — Afonso, filho bastardo de Afonso I de Portugal, mestre da Ordem dos hospitalários na Hispânia. Sancho I de Portugal encarrega seu irmão (bastardo) Fernando Afonso, mestre dos hospitalários na Hispânia, de entregar ao papa o censo que lhe devia. O papa Inocêncio III ordena a separação de Afonso IX de Leão e Berenguela. Afonso IX de Leão lança uma ofensiva na Beira Alta: Batalha de Ervas Tenras — morrem numerosos membros das mais nobres famílias portuguesas. Afonso IX de Leão cerca Bragança. Sancho I de Portugal cerca Cidade Rodrigo: morrem o nobre Nuno Fafes e o mestre dos templários Lopo Fernandes. (?) Morte da rainha de Portugal, Dona Dulce, de peste. Morte de Yacub al-Mansur.

1198-1208 — Filipe da Suábia, rei alemão.

1198-1215 — Otão IV, rei alemão.

1198-1216 — Papado de Inocêncio III, de Anagni.

1199 — Foral da Guarda. Sancho I de Portugal atribui aos flamengos várias terras em Montalvo de Sor. Sancho I de Portugal dá terras a colonos francos em Sesimbra. Sancho I de Portugal concede foral a Belmonte e Guarda. Na região galega Sancho I de Portugal manda construir uma torre em Melgaço, com a ajuda dos monges do Mosteiro de Longos Vales. Eclipse solar vista em Coimbra e Lisboa. Morte do 3o. sultão almôada, Yacoub ibn Yousouf. Nascimento de Fernando III, o Santo, de Castela, filho de Berenguela e Afonso IX de Castela.

1199-1213 — Sultanato almôada (4o.) de Mohammed ibn Yacoub.

1199-1216 — João sem Terra, rei da Inglaterra.

1200 — Ação repovoadora de Sancho I de Portugal em Benavente. Sancho I de Portugal atribui aos flamengos várias terras em Azambuja. Para o montante do Tejo, reforçou as posições dos templários no vale do Zezêre. Sancho I de Portugal concede carta de culto ao Santuário de Santa Senhorinha de Basto. O bispo do Porto, Martinho Rodrigues, chega a um acordo com seus cônegos sobre a distribuição das rendas da diocese e do cabido.

1201 — Sancho I de Portugal concede foral à povoação de Sesimbra. Sancho I de Portugal reforça sua soberania organizando o município de Junqueiro da Vilariça, perto de Torre de Moncorvo. Os freires da Ordem de Évora são detentores de vasto patrimônio, e o papa Inocêncio III, através da bula Religiosam vitam (17.04.1201), declara tomá-los sob sua proteção.

1202 — (?) Grande fome em Portugal. Nascimento de Henrique I de Castela, filho de Afonso VIII de Castela.

1202-1204 — Fernando Afonso, filho bastardo de Afonso I de Portugal, toma parte na quarta Cruzada, na Ordem dos hospitalários. Quarta Cruzada: tomada de Constantinopla.

1203 — Ação repovoadora de Sancho I de Portugal em Montemor-o-Novo.

1204 — Fernando Afonso, filho bastardo de Afonso I de Portugal, cavaleiro hospitalário, recebe uma doação do imperador de Constantinopla.

1204 — (Entre 1204 e 1208) Nascimento de Afonso Peres Farinha, futuro prior da Ordem do Hospital em Portugal (foi prior de Portugal duas ou três vezes, e três vezes passou ao Ultramar).

1206 — Afonso I de Portugal confia aos templários a povoação de Idanha-a-Nova. Um documento de Braga e uma bula papal referem-se a uma grande fome.

1207 — Morte de Fernando Afonso, grão-mestre hospitalário e filho bastardo de Afonso I de Portugal. Violenta chuva de pedra em Santarém o Coruche. O papa Inocêncio III intervêm no Porto e obriga seus cônegos a cumprir o acordo de 1200.

1208 — Conflito de Sancho I de Portugal com o bispo do Porto. Rebelião dos burgueses do Porto contra o bispo (tentativa de autonomia governativa do concelho). Excomunhão de Sancho I de Portugal. Episcopado de Rodrigo Jiménez de Rada em Toledo. Participa da conquista da Andaluzia. Escreve uma história da Espanha. Assenta a primeira pedra da catedral gótica. Sancho I de Portugal reforça sua soberania organizando o município de Rebordãos. Grande tempestade marítima em Portugal, com numerosas vítimas. (?) Inimizade surgida entre Sancho I de Portugal e o cavaleiro Pedro Poiares (família de Baião). Graves questões entre Sancho I de Portugal e o bispo do Porto, D. Martinho Rodrigues da Palmeira (tido cavaleiro Pedro Poiares). Casamento do príncipe D. Afonso (filho de Sancho I de Portugal) com Urraca de Castela (filha de Afonso VIII de Castela): o bispo do Porto, Martinho Rodrigues se recusa a assistir a cerimônia, pois os noivos eram parentes.

1209 — Sancho I de Portugal concede foral a Penamacor e Pinhel. Fernando Sanchez, um nobre, doa metade da Vila Franca de Cardosa, em Castelo Branco, aos templários. O rei Sancho I de Portugal protege por carta as confrarias de pedreiros que trabalhavam nas pontes de vários locais do país. Sancho I de Portugal faz testamento (segundo): nomeia juízes pelo cumprimento o arcebispo de Braga, o abade de Alcobaça, o prior de Santa Cruz de Coimbra, o abade de Santo Tirso, o mestre dos templários, o prior do Hospital e seu meio-irmão Pedro Afonso.

1209-1229 — Cruzada contra os albigenses no sul da França.

1210 — Templários e Hospitalários detêm uma parte do tesouro régio: conflitos (mal conhecidos) no reinado de Sancho I. Sancho I de Portugal toma providências para cessarem os abusos sobre as propriedades dos cidadãos e sobre mouros e judeus do rei. O papa Inocêncio III nomeia juízes apostólicos para averiguarem o procedimento dos cônegos do Porto na revolta da cidade. Sancho I de Portugal liberta o bispo de Coimbra. Sancho I de Portugal faz testamento (terceiro) em Coimbra - os cavaleiros da Ordem de Santiago são designados neste testamento por freires de Palmela, e ocupam novamente as terras ao sul do Tejo. Afonso VIII de Castela faz apelo a franceses, italianos, aragoneses leoneses e navarros para uma grande expedição contra os muçulmanos; obtêm do papa Inocêncio III indulgências a favor. Os reinos de Leão e Portugal não se juntam à cruzada de Afonso VIII de Castela. Partem de Portugal muitos membros das ordens militares.

1211 — Morte de Sancho I de Portugal em Santarém aos 57 anos de idade. O papa Inocêncio III, informado dos preparativos dos marroquinos no sul da Espanha, ordena que em França, Alemanha e Itália se pregasse a cruzada em favor da guerra espanhola. O papa Inocêncio III excomunga 20 burgueses do Porto, considerados os líderes da revolta na cidade. Uma bula papal acusa o chanceler Julião Pais de ocultar cartas apostólicas a respeito das questões de Coimbra (oposição da cidade e da maioria do clero à política de Afonso II de Portugal). O papa Inocêncio III nomeou o arcebispo de Santiago de Compostela juiz apostólico para a questão de Coimbra. (Fevereiro) Em bula papal, Inocêncio III censura a excessiva acumulação de bens fundiários nas mãos do clero português. Cúria de 1211: primeira lei de desamortização, onde se proíbem os mosteiros e ordens religiosas de comprar bens fundiários, exceto para, com seus rendimentos, celebrar ofícios por alma dos reis. Afonso II de Portugal doa aos freires de Évora (Calatrava) o lugar de Avis, com a condição de o povoarem e nele edificarem um castelo.

1211-1216 — Lutas entre Afonso II de Portugal e suas duas irmãs: Gonçalo Mendes de Sousa refugia-se em Leão (era partidário das infantas na questão com o rei Afonso II de Portugal), onde obtêm o governo de Trassara e Estremadura. Os hospitalários protestam junto à cúria romana por terem sido expulsos por Afonso II de Portugal das vilas que a infanta Mafalda lhes concedera. Afonso II de Portugal manda pôr cerco a Montemor-o-Velho e Alenquer, pertencentes, respectivamente às infantas Teresa e Sancha. Pedro Sanches apodera-se de várias povoações em Trás-os-Montes com o auxílio do rei de Leão, de Pedro Fernandes de Castro e de Fernando, filho de D. Teresa e de Afonso IX. Gonçalo Mendes de Sousa auxilia os sitiados de Montemor e derrota as tropas régias, sob o comando do alferes Martim Anes da Riba de Vizela. Os hospitalários são acusados de usurparem e de favorecerem a usurpação de terras da coroa, o que Afonso II de Portugal proibiu.

1211-1223 — Reinado de Afonso II de Portugal. Início de uma vigorosa centralização estatal.

1212 — "Estudio General" de Palencia. Vitória de Afonso VIII, o Nobre, de Castela (Castela-Navarra-Aragão) frente aos almôadas na batalha de Las Navas de Tolosa. Fim do poder militar muçulmano na Península. Afonso II de Portugal, não comparecendo, envia tropas. Primeiras menções documentais a tabeliães régios — implantação do notariado (Canedo, Panóias e Santarém). Em Coimbra, acordo de trégua entre Portugal, Leão e Castela (iniciativa de Afonso VIII de Castela). Afonso IX de Leão obrigou-se a restituir a Portugal os castelos que tomou. Cruzada das crianças.

1213 — Batalha de Muret: derrota e morte de Pedro II (8o. rei) de Aragão; fim da expansão ultrapirenaica da coroa aragonesa. O papa Inocêncio III ordena aos juízes eclesiásticos que absolvam Afonso II de Portugal de excomunhão, além da multa de 50.000 cruzados (o rei recorre ao papa e é parcialmente dispensado). Afonso II de Portugal confirma o juízo régio sobre os domínios das infantas. Morte de Muhammad al-Nasir, filho de Yacub al-Mansur: enfraquecimento do império almôada. Morte do 4o. sultão almôada, Mohammed ibn Yacoub.

1213-1223 — Sultanato (5o.) almôada de Abou Yaoub.

1213-1276 — Reinado de Jaime I, o Conquistador, de Aragão (filho de Pedro II de Aragão).

1214 — Afonso II de Portugal doa o restante da herdade da Vila Franca de Cardosa, em Castelo Branco (vasta zona da Beira Baixa). O mestre do Templo em Portugal, Pedro Auvito, dá o foral a Castelo Branco. Batalha de Bouvines: a coligação anti-francesa é derrotada pelo rei Felipe Augusto. O infante D. Fernando, agora conde de Flandres, é aprisionado pelo rei francês. Sancho I de Portugal oferece uma cruz de ouro ao mosteiro de Santa Cruz de Alcobaça (ano da Encarnação). (Julho) Afonso II de Portugal redige seu primeiro testamento — primeiros documentos redigidos em português. São feitas treze cópias para enviar aos arcebispos de Braga, Santiago e Toledo, aos bispos do Porto, Lisboa, Coimbra, Évora e Viseu, aos mestres do Templo e do Hospital, ao abade de Alcobaça e ao prior de Santa Cruz. Em Guimarães, os mais antigos instrumentos tabeliônicos conservados. Morte de Afonso VIII, 2o. rei de Castela.

1214-1217 — Reinado (3o.) de Henrique I de Castela, filho de Afonso VIII de Castela.

1215 — Criação da universidade de Salamanca. São Domingos funda a ordem dominicana. IV Concílio de Latrão: prescrição de insígnia distintiva para os judeus e sarracenos vivendo em terras cristãs. O bispo Sueiro de Lisboa, presente, pede autorização para reter os cruzados que eventualmente passassem nas costas espanholas e levá-los à guerra contra os mouros. Morte de Julião Pais, chanceler português. Sucedeu-lhe Gonçalo Mendes, que conservou o cargo até 1228. Aproximação entre Portugal e Castela, através de proposta de casamento entre Henrique I (que tinha 12 anos de idade), herdeiro de Afonso VIII, e Mafalda, irmã de Afonso II de Portugal — o matrimônio foi cancelado pelo papa. Já é dado o nome de Avis à Ordem de Évora (Calatrava).

1215-1250 — Frederico II, rei alemão.

1216 — Grandes intempéries em Évora, Santarém e Coruche. A partir desta data, Gonçalo Mendes e Pêro Anes da Nóvoa, auxiliares da autoridade régia e inimigos dos poderes senhoriais, dominam a política régia. Bula papal que assegura ao bispo de Évora a jurisdição sobre todo o território povoado por cristãos entre os limites de sua diocese e os infiéis: a reconquista vai avançando em direção ao Baixo Alentejo, talvez por iniciativa das ordens militares.

1216-1227 — Papado de Honório III, romano.

1216-1272 — Henrique III, rei da Inglaterra.

1217 — Ocupação de Alcácer do Sal por Afonso II de Portugal. Os cavaleiros de santiago, templários e hospitalários participam da conquista (segundo Erdmann, a primeira cruzada portuguesa). Reforço de Pedro Auvites, mestre dos templários de toda a Hispânia. Alcácer do Sal é entregue aos cavaleiros de Santiago (espatários ou freires de Palmela). Morte de Henrique I, 3o. rei de Castela. Reinado (4o.) e renúncia de Berenguela de Castela, mãe de Fernando III. A coroa passa a Fernando (III), o Santo, filho de Afonso IX de Leão. Afonso II de Portugal passa a ir repetidas vezes a Santarém — talvez com o objetivo de tentar curar sua lepra com médicos experientes na tradição árabe. (Novembro) Elaboração do primeiro registro oficial dos diplomas régios. Doação de Aramenha ao mosteiro de Alcobaça: construção do castelo de Marvão.

1217-1252 — Reinado (5o.) de Fernando III, o Santo, de Castela.

1218 — Nascem as cortes de Catalunha. Grandes intempéries em Évora, Santarém e Coruche. (Janeiro) Afonso II de Portugal redige seu segundo testamento. (Abril) Afonso II de Portugal, a conselho dos juristas auxiliares do chanceler Gonçalo Mendes, oferece os dízimos dos direitos régios a todas as dioceses do reino e a algumas ordens religiosas. Afonso II de Portugal recorre novamente ao papa após a renovação do processo de excomunhão movida pelo bispo de Lugo. (Maio) Teresa, ex-mulher de Afonso IX de Leão, é julgada na cúria romana, a respeito de seus direitos senhoriais. João Fernandes da Límia, antigo dapífero de Sancho I de Portugal, regressa à corte, após seu casamento com a antiga barregã de Sancho I, Maria Pais, a Ribeirinha. O mestre da Ordem do Templo doou a Pelágio Farpado e a todos os seus descendentes o lugar de Ceiceira, com a condição de ali fundar uma albergaria "para nela servir a Deus, recolhendo e hospedando a todos os passageiros, fossem pobres ou ricos".

1218-1219 — Cruzadas em Castela, com a participação de tropas portuguesas.

1218-1238 — Gonçalo Anes, irmão de Pêro Anes da Nóvoa (mordomo-mor), grão-mestre da ordem de Calatrava.

1219 — Beatriz de Suábia tenta destronar Fernando III de Leão e Castela. Afonso II de Portugal vai a Santiago de Compostela. Os Sousas voltam à corte portuguesa, juntando-se a Garcia Mendes e a Rodrigo. Desligavam-se, assim, de Afonso IX de Leão. (Março ou abril) Afonso IX de Leão volta a atacar Portugal, conquistando Chaves. (Junho) Tratado de Baronal: Afonso II de Portugal vai a Santiago de Compostela e faz as pazes com Afonso IX de Leão.

1220 — Cinco franciscanos são martirizados no Marrocos — Em Coimbra será construída uma arca tumular para suas relíquias (no século XIV). Primeiras inquirições gerais em Portugal: inovação muito precoce no contexto da centralização régia européia. (aprox.) Franciscanos e dominicanos estabelecem seus primeiros conventos na Península. Construção da Torre de Ouro em Sevilha. O papa Honório III concede indulgência aos cavaleiros de Évora. (Dezembro) Bula papal que menciona o chanceler de Portugal, Gonçalo Mendes e o mordomo Pêro Anes da Nóvoa como personagens que conduziam o rei à impiedade. Questões entre Afonso II de Portugal e Estêvão Soares da Silva, arcebispo de Braga: este o excomunga, juntamente com o mordomo-mor e o chanceler. Gil Vasques de Soverosa, mordomo-mor, é o principal executor das medidas tomadas contra o arcebispo de Braga. Depredações de oficiais régios sobre o couto de Ervededo: seu governador, Martim Sanches, bastardo régio português a serviço do rei de Leão, pega em armas com gente de Toronho e Límia e se dirige à Ponte de Lima, onde se encontra Afonso II de Portugal. Mendo Gonçalves de Souza, João Pires da Maia e Gil Vasques de Soverosa defendem o rei e são derrotados. Os portugueses se retiram para Braga e Guimarães e os galegos devastam a região. (Dezembro) O papa Honório III encarrega os bispos de Palença, Astorga e Tui de confirmar a sentença de excomunhão contra Afonso II de Portugal.

1221 — A partir de então, Afonso II de Portugal não voltou a sair de Santarém. Redige em novembro seu segundo testamento. Nascimento de Afonso (X), primogênito de Fernando III de Leão e Castela e Beatriz da Suábia.

1221-1254 — Começa a construção das catedrais de Burgos (lançamento da primeira pedra por Fernando III de Castela e Leão), Toledo (1226) e Leão.

1222 — Consagração do mosteiro de Alcobaça. (Junho) Bula papal que suspende de suas funções clericais os juristas auxiliares do chanceler Gonçalo Mendes por serem considerados instigadores da política de Afonso II (mestre Vicente, deão de Lisboa, mestre Julião, deão de Coimbra e filho de Julião Pais, e mestre Pedro, chantre do Porto). Parte do clero que apóia Afonso II de Portugal é suspensa em bula papal (16.06): o papa Honório III renova a ameaça de expor o reino de Portugal à conquista de outros soberanos e de absolver seus vassalos do juramento de fidelidade. Mestre Vicente, deão de Lisboa, começa a negociar um acordo prévio com a Santa Sé, interrompido com a morte do rei em 1223. O papa Honório III reitera ameaça feita em 1220 de invasão de Portugal por outros reis.

1223 — Morte de Afonso II de Portugal (excomungado). Nos últimos documentos que promulgou já não podia desenhar o sinal de seu punho, devido à lepra. (Junho) Sancho II de Portugal, aos treze anos, faz duas concórdias com suas tias, em Coimbra. As infantas recebem Torres Vedras, Alenquer, Montemor e Esgueira. Estêvão Soares da Silva recebe 6.000 maravedis de indenização (o restante seria calculado posteriormente). (Setembro) Martim Anes, mordomo-mor da corte portuguesa. Morte do 5o. sultão almôada, Abou Yacoub.

1223-1225 — Sultanato (6o.) almôada de Abou Malik.

1223-1226 — Luís VIII, rei de França.

1223-1248 — Reinado de Sancho II de Portugal. Fortalecimento dos franciscanos em Portugal: no início do reinado de Sancho II já possuíam conventos em Guimarães, Coimbra, Lisboa e Alenquer, fundando nos anos seguintes outros em Évora, Leiria, Porto, Guarda, Covilhã, Estremoz e Santarém.

1224 — Fim do domínio almôada em al-Andaluz: início dos terceiros reinos de taifas. (Abril) Henrique Mendes de Sousa, mordomo-mor português. Martim Anes de Riba de Vizela, alferes-mor português. (Outubro) Mestre Vicente recebe grandes elogios do papa. (Dezembro) Gonçalo Mendes (irmão de Henrique Mendes), mordomo-mor português. João Fernandes de Límia, alferes-mor português. Fernando III de Leão e Castela inicia uma vigorosa luta contra os muçulmanos. Sancho II de Portugal faz grandes concessões ao bispo de Évora.

1225 — (Junho) João Fernandes de Límia, mordomo-mor português. Morte do 6o. sultão almôada, Abou Malik. Nascimento de Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela, filho de Fernando III, o Santo, de Castela.

1225-1238 — Sultanato (7o.) almôada de Mamoun.

1226 — O rei da Inglaterra Henrique III (1216-1272) passa 100 autorizações de comércio a mercadores portugueses. Regência de Branca de Castela. O arcebispo de Braga, Estêvão, que antes tomara parte ativa na conquista de Elvas, obtêm do papa a faculdade de absolver os guerreiros que lutavam contra os mouros. O infante português D. Fernando, conde de Flandres, é libertado do cativeiro de Filipe Augusto mediante pagamento de pesado resgate oferecido por sua mulher. (Julho) Abril Pires de Lumiares, mordomo-mor português. Martim Anes de Riba de Vizela, alferes-mor português.

1226-1270 — Luís IX (Santo), rei de França.

1226-1283 — Os cavaleiros teutônicos conquistam a Prússia.

1226-1238 — Sancho II de Portugal, auxiliado pelas ordens militares (Santiago, Calatrava, Hospitalários), conquista o Alentejo.

1227 — Um documento de Lisboa revela que seus juízes são impedidos de resolverem queixas apresentadas pelos pobres. Tomada de Cáceres e Badajoz pelas tropas leonesas (Afonso IX). O legado papal João de Abbeville consagra a Igreja de Santa Cruz de Coimbra. Uma bula acusa Sancho II de Portugal de intervir abusivamente no Porto. Aos 32 anos, Santo Antônio prega em Roma para o papa Gregório IX.

1227-1241 — Papado de Gregório IX, de Anagni.

1228 — Concílio de Valladolid: proibição aos judeus de Castela de usar capas semelhantes aos clérigos. O infante português Pedro Sanchez conquista Mérida, a serviço de Afonso IX de Leão, além de repelir Ibn Hud, xeque de Sevilha.

1228-1229 — O legado papal João Halgrin de Abbeville exorta os soberanos da Península a recomeçarem a cruzada. Quinta Cruzada, Frederico II obtêm a restituição de Jerusalém através de negociações.

1228-1231 — Pêro Anes da Nóvoa, antigo mordomo de Afonso II de Portugal, novamente mordomo-mor português.

1229 — Reunião das Cortes em Coimbra. (13/03) Morte da infanta D. Sancha, irmã de D. Mafalda, ambas filhas de Sancho I de Portugal. Feira de Castelo Mendo já diferenciada do mercado local. Início da ocupação cristã das ilhas Baleares (Jaime I, o Conquistador, de Aragão). D. Sancho II de Portugal conquista Elvas (dando-lhe foral) e Juromenha.

1230 — Os conflitos entre Portugal e Leão terminam. (?) Conquista de Badajoz pelos leoneses (Afonso IX). (Setembro) Morte de Afonso IX de Leão: seu sucessor, Fernando III unifica Leão e Castela e faz da cruzada seu principal objetivo.

1231 — Tratado do Sabugal: acordo entre Sancho II de Portugal e Fernando III de Leão e Castela: a cidade de Chaves, tomada em 1219, é restituída a Portugal. Fernando III de Leão e Castela percorre o reino de Leão e Galiza para desencorajar qualquer ato de rebeldia. O legado papal João de Abbeville obtêm do papa Gregório IX violentas bulas contra o rei Sancho II de Portugal. (13/06) Morte de Santo Antônio. (Dezembro) Portugal sofre o interdito papal.

1232 — Canonização de Santo Antônio de Lisboa. Afonso Peres Farinha, prior do Hospital conquista Serpa., Moura (indo aí residir), (?) Arouche e Aracena. Início da dinastia násrida em Granada, que durará até 1492. Início da construção de Alhambra de Granada. (Março) Com o objetivo de repovoamento, Sancho II de Portugal doa o território chamado Ocrate (Crato) para a Ordem do Hospital. (?) Tomada portuguesa de Beja. O papa Gregório IX proíbe qualquer eclesiástico de excomungar Sancho II de Portugal enquanto permanecesse em combate contra os sarracenos. Morte do legado papal e bispo João de Abbeville. Início de disputas violentas pelo cargo de bispo. (01/06) Bula Cum dicat dominus — canonização de Santo Antônio.

1232-1234 — Cruzada contra os camponeses do norte da Alemanha.

1233 — (Junho) O papa Gregório IX encarrega o franciscano frei Tiago de absolver Sancho II de Portugal de excomunhão por violência contra clérigos enquanto estivesse em expedição militar. As tropas castelhanas conquistam Úbeda. O bispo Martinho Rodrigues obtêm em Roma várias bulas que acusavam Sancho II de Portugal de não respeitar a jurisdição temporal do bispo sobre a cidade do Porto.

1234 — A Ordem de Santiago conquista Aljustrel (Paio Peres Correia). Navarra cai em órbita política da França. O papa Gregório IX induz Sancho II de Portugal a participar da Cruzada à Terra Santa. Em outubro, concede as indulgências de cruzada a quem ajudasse Sancho II de Portugal na guerra contra os mouros e na ocupação das cidades por ele adquiridas. Sancho II de Portugal consegue, junto ao papa, indulgências para seu exército. (?) Revolta de Álvaro Pires de Castro contra Fernando III de Castela e Leão. (Fevereiro a Agosto) Uma série de bulas dão a entender que vários párocos do Porto se recusavam a pagar certos direitos exigidos pelo bispo. Morte de Sancho VI, o Forte, 11o. rei de Navarra.

1234-1238 — Sancho II de Portugal, auxiliado pelas ordens militares (Santiago, Calatrava, Hospitalários) conquista o Algarve oriental.

1234-1253 — Reinado (12o.) de Teobaldo I, de Navarra.

1235 — Fernando III de Castela e Leão conquista Córdova. (Setembro) O novo bispo do Porto, Pedro Salvadores, obtêm do papa Gregório IX a faculdade de absolver da excomunhão os oficiais régios que vexavam a sua diocese. Os cavaleiros da Ordem de Santiago (espatários ou freires de Palmela) recebem de Sancho II de Portugal a terra de Aljustrel, que ajudaram a conquistar.

1235-1260 — Gonzalo de Berceo produz sua obra literária.

1236 — Os castelhanos (Fernando III de Castela e Leão) reconquistam Córdova. O infante D. Pedro, já alheio à sua pátria, vai ao Oriente lutar contra os muçulmanos. As tropas castelhanas conquistam Córdova. Mestre Vicente de Lisboa entrega o cargo de chanceler do reino a Durando Froilaz, dedicando-se ao governo da diocese de Braga. Os cavaleiros da Ordem de Santiago (espatários ou freires de Palmela) recebem de Sancho II de Portugal a terra de Sesimbra, que ajudaram a conquistar.

1237 — Jaime I, o Conquistador, de Aragão, toma Valência. Capítulo Geral dos dominicanos em Burgos. Tibúrcio (bispo de Coimbra) e Vicente (diocese da Guarda) vão a Roma tratar dos limites de suas dioceses.

1237-1238 — Começa a construção do Alhambra de Granada.

1238 — Conquista portuguesa de Mértola por Paio Peres Correia e a Ordem de Santiago — passo decisivo para o domínio definitivo do Alentejo e do Algarve por Sancho II de Portugal. Conquista portuguesa de Alfajar de Pena. Criação do reino nazarí de Granada. Casamento de Afonso (irmão de Sancho II de Portugal) com Matilde, condessa de Bologne-sur-Mer. Tomada de Valência por Jaime I, o Conquistador, de Aragão. (Maio) Acordo entre Sancho II de Portugal e o bispo do Porto e o arcebispo de Braga. Morte do 7o. sultão almôada, Mamoun.

1238-1273 — Reinado (1o.) de Maomé I, de Granada.

1239 — A Ordem de Santiago recebe de Sancho II de Portugal Alfajar de Pena e Mértola (para onde passou o convento da Ordem, até 1284), que ajudaram a conquistar. O papa Gregório IX concede 12 bulas ao infante Fernando de Serpa (irmão mais novo de Sancho II de Portugal) para suas expedições cruzadas. (?) Mécia Lopes de Haro enviuva de Álvaro Pires de Castro, ex-revoltoso de Fernando III de Castela e Leão; casa-se com Sancho II de Portugal.

1240 — (?) Sancho II de Portugal conquista Mértola, Aiamonte, Alvor. A Ordem de Santiago conquista Cacela (Paio Peres Correia) e Aiamonte.

1241 — (Fevereiro) Sancho II de Portugal consegue novamente, junto ao papa, indulgências para seu exército. (?) A Ordem de Santiago conquista Paderne (Paio Peres Correia). Paio Peres Correia, prior da Ordem de Santiago em Castela. Papado de Celestino IV, milanês.

1241-1242 — Revolta de Diogo Lopes de Haro, irmão de Mécia Lopes de Haro (esposa do rei Sancho II de Portugal), contra Fernando III de Castela e Leão.

1241-1243 — Sede pontifical vacante.

1242 — (17.06) Em Paris, primeira destruição oficial da literatura rabínica (talmude) pela Igreja católica. (Julho) O infante português (conde) Afonso de Bolonha participa da batalha de Saintes, como vassalo de Luís IX de França, contra Henrique III de Inglaterra. Torna-se seu protegido.

1242-1246 — Castela toma Múrcia, Arjona e Jaén.

1243 — Sancho II de Portugal ataca os bispos de Braga, Coimbra e Porto que conseguem com o papa Inocêncio IV sua deposição em 1245. O reino de Múrcia rende-se pacificamente ao infante D. Afonso de Castela (futuro rei Afonso X) — auxiliado pela Ordem de Santiago (Paio Peres Correia). O infante Fernando de Serpa (irmão mais novo de Sancho II) volta a Portugal como governador da Beira Oriental. O infante português Afonso de Bolonha faz a peregrinação a Santiago de Compostela.

1243-1254 — Papado de Inocêncio IV, genovês.

1244 — (09.01) A Ordem de Santiago conquista Tavira. Tratado de Almizra entre Jaime I, o Conquistador, de Aragão e Afonso, futuro rei de Portugal. D. Afonso de Castela (futuro Afonso X) conquista Lorca e Mula com o auxílio da Ordem de Santiago (Paio Peres Correia). É nomeado bispo o galego Aires Vasques, dando fim às disputas do cargo desde a morte de João de Abbeville (1232). O infante português Afonso de Bolonha retorna de Santiago de Compostela e se encontra com Luís IX de França e sua mãe Branca de Castela em Limoges.

1245 — Afonso, conde de Bolonha e irmão de Sancho II de Portugal, recebe do papa Inocêncio IV convite para uma cruzada. (04.02) O papa Inocêncio IV manda Sancho II de Portugal separar-se de Mécia Lopes de Haro, por ter se casado sem dispensa de consagüinidade (a acusação partiu de Afonso de Bolonha). (Março) Bula Inter alia desiderabilia dirigida aos barões, concelhos, bispos e clero (franciscanos e dominicanos) e principalmente às ordens militares: responsabiliza Sancho II de Portugal pela situação do reino (lutas entre a nobreza e contra os bispos). Fim da reconquista aragonesa. (Junho) 1o. Concílio de Lião: os bispos portugueses são convocados para prestar contas do reinado de Sancho II de Portugal, considerado negligente. (24.07) Bula Grandi non immerito: deposição de Sancho II de Portugal; seu irmão, Afonso, conde de Boulogne-sur-Mer, é o escolhido para governar o reino: guerra civil. Afonso (X, o Sábio), primogênito de Fernando III de Leão e Castela apóia Sancho II. (Agosto?) Abril Pires de Lumiares e Rodrigo Sanches (tio de Sancho II) ataca o rei em Gaia: as tropas do rei vencem e ambos morrem na batalha. (Setembro) Afonso de Bolonha, em Paris, jura respeitar as liberdades da Igreja. Chega em Lisboa no final do ano, em plena guerra civil. O papa Inocêncio IV confirma as doações feitas à Ordem de Santiago em Portugal — entre elas menciona a vila de Tavira, os castelos de Mértola e Cacela, a vila de Sesimbra, o padroado das igrejas de Alcácer, Palmela e Alhambra e algumas terras de Santarém.

1246 — Fernando III de Castela e Leão conquista Jaén com a ajuda da Ordem de Santiago (Paio Peres Correia). Sancho II permanece em Coimbra (seu ponto de apoio). Os concelhos do Centro e sul e os castelos de Santarém, Alenquer, Torres Novas e Alcobaça apóiam Afonso de Bolonha (futuro Afonso III). A rainha Mécia Lopes de Haro é raptada por Raimundo Viegas de Portocarrero, o Torres e levada para o castelo de Ourém. Violentos combates entre Coimbra e Leiria.

1247 — (Janeiro) Afonso, conde de Bolonha, é derrotado em Leiria: centenas de mortos. (Fevereiro) Franciscanos e dominicanos da Guarda informam as determinações pontifícias aos partidários do rei. Nascem as cortes de Aragão. Paio Peres Correia, prior da Ordem de Santiago, acompanha o infante Afonso de Molina na conquista de Aljarafe e nas campanhas contra o rei de Niebla.

1247-1267 — Governo de Egas Fafes na diocese de Coimbra.

1248 — (Janeiro) Morte de Sancho II de Portugal em Toledo, sem filhos. Os castelhanos (Fernando III de Castela e Leão) reconquistam Sevilha com o auxílio de Paio Peres Correia, prior da Ordem de Santiago. Acordo entre o bispo de Évora e a Ordem do Hospital sobre os direitos eclesiásticos de Moura e Serpa.

1248-1254 — Sexta Cruzada. São Luís IX tenta reconquistar a Terra Santa a partir do Egito.

1248-1279 — Reinado de Afonso III de Portugal.

1249 — Conquista portuguesa de Faro e do resto do Algarve - que estavam nas mãos dos mouros — por Afonso III de Portugal (e a Ordem de Santiago): fim da reconquista portuguesa. Afonso III de Portugal concede o Algarve à Ordem de Avis.

1250 — (01.03) Afonso III de Portugal doa o castelo de Albufeira à ordem de Avis, na pessoa de seu mestre, D. Martinho Fernandes. (Fevereiro) Afonso III de Portugal, em Santa Maria de Faro, doa o castelo de Porches a seu chanceler, D. Estêvão. Afonso III de Portugal reúne as Cortes em Guimarães: os bispos ainda se queixam de banditismo em Portugal. Fome e carestia em Portugal. (17.06) Morte da infanta D. Teresa, filha de Sancho I de Portugal, no mosteiro de Lorvão. (04.08) Afonso III de Portugal doa a seu chanceler D. Estêvão os bens outrora pertencidos ao mouro Aboaale e sua mulher, Zaporona, em Santa Maria de Faro. (Outubro) Bula do papa Inocêncio IV a respeito da questão do Algarve (Niebla) entre Afonso III de Portugal e Afonso (X, o Sábio) primogênito de Fernando III de Leão e Castela.

1250-1254 — Conrado IV, rei alemão (interregno 1256-1273).

1250-1258 — Viagens constantes de Afonso III de Portugal ao norte do Douro, afim de estancar a apropriação de direitos régios por fidalgos, bispos, ordens monásticas e sobretudo por ordens militares.

1251 — (Janeiro) Em Portugal lei geral que prevê severas penas contra malfeitores que invadissem as casas dos fidalgos, cortassem vinhas ou roubassem gado. Privilégios de Fernando III, de Leão e Castela à colônia genovesa de Sevilha. Em Toledo, tradução de Kalila e Dimna. A Ordem do Hospital faz um empréstimo de 14.000 maravedis ao Bispo de Coimbra: isso mostra sua capacidade financeira e acumulação de espécies em dinheiro. Conquista de Aroche e Aracena (em Niebla) por Afonso III de Portugal: protestos de Afonso (X, o Sábio), primogênito de Fernando III de Leão e Castela.

1252 — (Maio) Morte de Fernando III, o Santo, 5o. rei de Castela, em Sevilha. (Outubro) Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela, reúne cortes em Sevilha. Pede ao papa a restauração do bispado de Silves. (?) Crise agrícola em Portugal. (?-ou 1256) Morte de D. Mafalda, filha de Sancho I de Portugal. Sepultada no mosteiro de Arouca.

1252-1253 — Conflitos de Afonso III de Portugal com as classes privilegiadas: com o bispo do Porto e com o mestre dos Templários (o rei teria se apoderado dos tesouros da ordem ou exigido algum empréstimo forçado).

1252-1284 — Reinado (6o.) de Afonso X, o Sábio, rei de Leão e Castela, filho de Fernando III, o Santo, de Castela.

1253 — Reunião da Cúria plena ou extraordinária (que incluiu representantes dos concelhos) em Leiria. (?) Em Portugal, lei que proíbe a exportação de cereais. O papa exorta os dois reis (Afonso III de Portugal e Afonso X de Leão e Castela) a resolverem pacificamente a questão do Algarve. (Maio) Casamento de Afonso III de Portugal e D. Beatriz (filha bastarda de Afonso X de Leão e Castela e Maria Guilhén de Gusmão). Afonso III era casado também com D. Matilde de Bolonha. Morte de Teobaldo I, 12o. rei de Navarra. (20.08) Afonso X de Leão e Castela doa a aldeia de Lagos (território português) a D. Frei Roberto. (26.12) Lei da Almoçataria: tabelamento de preços em Portugal; repressão a uma alta de preços.

1253-1258 — Promulgação de grande quantidade de forais e aforamentos em Portugal.

1253-1270 — Reinado (13o.) de Teobaldo II, de Navarra.

1254 — (22.01) Afonso III de Portugal protesta na Sé de Lisboa contra atos unilaterais de Afonso X de Leão e Castela — principalmente a nomeação de um bispo (D. Frei Roberto) para um território nacional (ver 20.08.1353). (Fevereiro e Março) Cortes de Leiria (tidas como as primeiras do reino): decisão de proibir a exportação de metais preciosos, panos, couros e mel. O mosteiro de S. Cucufate é colocado sob a obediência de S. Vicente de Lisboa pelo concelho da cidade de Beja. Conflito de Afonso III de Portugal com o bispo de Coimbra. (Agosto) O papa censura Afonso III de Portugal em bula. O alcaide de Lisboa consegue a nomeação do seu capelão Mateus Martins para o bispado de Viseu.

1254-1261 — Papado de Alexandre IV, de Anagni.

1255 — (20.02) Na Cúria reunida em Santarém, Afonso III de Portugal, com o consentimento de sua esposa, D. Beatriz, doa o castelo de Cacela e o de Aiamonte para o mestre da ordem de Santiago, D. Paio Peres Correia. (22.02) Afonso III de Portugal confirma o castelo de Sesimbra à ordem de Santiago. (24.02) Afonso III de Portugal confirma à ordem de Santiago, nas pessoas do mestre D. Paio Peres Correia e do comendador, os castelos, outrora doados por Sancho I e confirmados por Afonso II, de Alcácer do Sal, Palmela, Almada e Arruda. Fuero Real, redigido por inspiração de Afonso X de Leão e Castela. (Março) Afonso III de Portugal jura perante o bispo de Évora que não procederá à quebra da moeda e à cobrança do imposto do "monetágio". Envia cópias do documento aos mestres das ordens militares, mais ligados a uma economia monetária. (Maio) A condessa Matilde de Bolonha, esposa de Afonso III de Portugal, protesta na cúria romana pela bigamia do rei. Afonso III é convocado para ser julgado. Foral de Vila Nova de Gaia concedido por Afonso III de Portugal, para incrementar seu comércio internacional.

1255-1262 — Anos de colheita ruim em Castela.

1256 — Início da redação da obra jurídica Las Siete Partidas. (Julho) A questão da bigamia de Afonso III de Portugal: o papa ordena a Afonso III que se separe da condessa Matilde de Bolonha e lhe restitua o dote.

1256-1257 — Viagens constantes de Afonso III de Portugal à Beira para estancar a apropriação de direitos régios por parte de fidalgos, bispos, ordens monásticas e sobretudo por ordens militares. Afonso III de Portugal interfere nas questões entre o bispo de Coimbra e o Mosteiro de Santa Cruz, além das violências físicas praticadas em Lisboa contra o bispo Aires Vasques (morto em 1258).

1257 — Constituição da universidade dos prohomes de la ribera, em Barcelona. Eleição de Afonso X de Leão e Castela e de Ricardo de Cornualha para o Sacro Império.

1258 — Novas inquirições em Portugal: cinco alçadas que colhem informações nos locais por onde passam. Imenso e minucioso inquérito, um dos mais impressionantes monumentos da documentação medieval portuguesa. (Abril) A questão da bigamia: bula papal acusando Afonso III de adultério e incesto, ordenando a restituição do dote da condessa Matilde de Bolonha. Morte da condessa Matilde de Bolonha. Afonso III de Portugal promulga um Regimento da Casa Real, com o intuito de moderar as despesas e definir as responsabilidades dos membros da corte (parcialmente reformulado em 1261). Morte do bispo de Lisboa, Aires Vasques, assassinado. O alcaide de Lisboa apresenta Pedro Anes como bispo de Lamego. Nascimento de Sancho IV de Castela, filho de Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela. (?) Início da construção do mosteiro do Marmelal, dos cavaleiros hospitalários (tendo como prior Afonso Peres Farinha). Reclamações dos bispos portugueses entregues ao papa (a 39a. rezava que o monarca português empregava judeus em cargos oficiais).

1258-1262 — Afonso III de Portugal concede cartas de privilégios a várias feiras, para isentar de impostos os seus freqüentadores, estimulando o comércio interno.

1259 — D. Beatriz, esposa de Afonso III de Portugal, dá a luz a D. Branca. (Abril) Afonso III de Portugal protege e funda o convento das clarissas em Santarém, autorizado pelo papa Alexandre IV — o convento é considerado um dos primeiros exemplos de igreja gótica portuguesa. (Setembro) Afonso III de Portugal doa a seu chanceler D. Estêvão o couto de Alvito, no Alentejo.

1260 — O papa Alexandre IV induz Afonso III de Portugal a participar da Cruzada à Terra Santa. O alcaide de Lisboa influencia a eleição de Vicente Mendes no Porto. (?) Construção de uma sinagoga em Lisboa, por parte de José Ibn Jachia, pai de Salomão Ibn Jachia (autor de um comentário do Talmude hoje desaparecido).

1261 — (Janeiro a Março) Afonso III de Portugal, em Guimarães, promulga uma lei geral que regulamenta os direitos que os padroeiros podiam exigir das suas igrejas e mosteiros (política de repressão dos abusos senhoriais). Afonso III de Portugal promulga uma solene proibição dos abusos das ordens militares quanto à cobrança do direito de montado, que prejudicava os criadores de gado não pertencentes a tais corporações. Cobra, ainda, um imposto geral proporcional aos rendimentos dos contribuintes, excetuando, os bispos, chefes das ordens militares, cavaleiros e cônegos. Em Portugal, importante atividade legisladora. Nascimento de Dinis, primeiro filho varão de Afonso III de Portugal e D. Beatriz. O Regimento da Casa real promulgado por Afonso III de Portugal em 1258 é parcialmente reformulado. (Abril) Cortes de Coimbra: (?) criação do cargo de meirinho-mor, encarregado de vigiar e coordenar as intervenções dos meirinhos regionais. Nomeado Nuno Martins de Chacim (meirinho regional Entre Douro e Minho).

1261-1264 — Papado de Urbano IV, de Troyes.

1262 — (Fevereiro) Supressão do reino de Niebla pela conquista da cidade a Ibn Mahfut por Afonso X de Leão e Castela. (01.04) Doação do castelo de Ulgoso a Rodrigo Paes, mestre do Hospital, e à sua ordem. Confirmam: D. Henrique Mendes, mordomo-mor, D. Martinho de Sousa (Annes?), alferes del rei, D. Gonçalo Mendes, D. Poncio Affonso, Pedro Peres, D. Jo, Fernandes. Todos os prelados. Feita em Lisboa e incluída em sentença de 1742 (G. 6, M. único no. 32, no Arq. Nac.). (Maio) Os bispos portugueses escrevem ao papa pedindo a legitimação do casamento de Afonso III de Portugal com D. Beatriz e os filhos já dela nascidos (o pedido é apoiado por Luís IX de França, Teobaldo, rei de Navarra, Carlos, conde de Anjou e Provença, e vários senhores portugueses). O prior do Hospital, D. Afonso Pires dá o primeiro foral a Tolosa.

1263 — Desvalorização da moeda em Portugal. (Abril) É nomeada uma comissão para solucionar as divergências da questão do Algarve entre Portugal e Castela. (Junho) Acordo entre Portugal e Castela para o Algarve: discussão sobre a legitimidade das concessões de terras algarvias às ordens militares feitas por ambos os soberanos. (Junho) Concessão papal para o casamento de Afonso III de Portugal e D. Beatriz.

1263-1266 — Sublevação mudéjar e contra-ofensiva cristã no baixo Guadalquivir e antigo reino de Múrcia: Afonso X de Leão e Castela é obrigado a reunir um grande exército para recuperar várias praças.

1264 — (Setembro) Afonso X de Leão e Castela cede a Afonso III de Portugal as regalias sobre o Algarve que tinha conseguido no acordo de 1263. Afonso III aproveita a ocasião para exigir um empréstimo forçado dos concelhos. Em Portugal, lei que proíbe a mudança de estatuto de terras foreiras, rengueiras e de cavalaria (para o rei não perder os respectivos foros quando fossem adquiridas por privilegiados). Incompatibilizado com Afonso III de Portugal, Gil Martins de Riba de Vizela deixa de ser mordomo-mor português (abandonou o país para se fixar na corte do rei de Castela), passando o cargo para D. João de Aboim (fiel cortesão de categoria inferior) — Afonso III de Portugal apóia-se também nos seus bastardos, casando-os com as melhores herdeiras do reino. Neste ano, sede pontifical vacante. Neste ano é concluída a construção do mosteiro do Marmelal, pertencente à Ordem do Hospital (e tendo como prior Afonso Peres Farinha).

1265 — Cortes de Egea: se delineia a figura de Justiça de Aragão. Tomada de Múrcia por Jaime I, o Conquistador, de Aragão. O papa dá uma concessão a Afonso X de Leão e Castela para financiar a cruzada: a décima parte dos rendimentos eclesiásticos de Castela e Portugal. Em Portugal, lei que regulamenta o pagamento das anúduvas, ou prestações em trabalho para a reparação de muralhas e castelos. Afonso III de Portugal dota o tribunal régio de um corpo de magistrados.

1265-1268 — Papado de Clemente IV, francês.

1266 — O alcaide de Lisboa consegue eleger para Évora o capelão da rainha, Durando Pais. Em Portugal, lei que procura reprimir a usura. Em Santarém, um caso referente a profanação de hóstia por um judeu. Afonso III de Portugal promulga então uma lei considerada imparcial em relação a tais casos.

1266-1267 — Em Portugal, criação de um corpo de leis processuais que regula os mecanismos de justiça.

1267 — Assinalam-se mercadores portugueses na feira de Lille. (16.02) Tratado de Badajoz, demarcando a fronteira entre Portugal e Castela: o rio Guadiana a partir da foz do Caia para o sul. Legitima definitivamente a integração do Algarve a Portugal (é reconhecida por Afonso X de Leão e Castela a soberania portuguesa do Algarve). (07.05) Afonso X de Leão e Castela dispensa o rei de Portugal da obrigação de, eventualmente, lhe prestar auxílio militar com 50 homens de lança.

1267-1268 — Todos os bispos do reino de Portugal se encontram na cúria pontifícia, apresentando um libelo de 43 artigos de acusações contra Afonso III de Portugal.

1268 — Lei de taxas de preços e salários de Afonso X de Leão e Castela. Afonso III de Portugal toma a cruz e obriga-se a uma expedição à Terra Santa (nunca chegou a ir). O papa Clemente IV outorga dinheiro de cruzada a Afonso III de Portugal, depois de obter a promessa de uma cruzada à Terra Santa. (31.07) O papa levanta por seis meses o interdito que os bispos portugueses lançaram sobre Portugal, permitindo ao rei receber durante algum tempo o produto de legados pios e esmolas para a Terra Santa, para preparar sua expedição. (Novembro) Morte do papa Clemente IV — vacância da Santa Sé até março de 1272.

1268-1282 — Pero Anes de Portel, filho de D. João de Aboim (um dos personagens principais da corte de Afonso III de Portugal), governador de Leiria e Sintra.

1268-1271 — Sede pontifical vacante.

1270 — Nova cunhagem de moeda em Portugal: sinal de estabilização da coroa. Afonso III de Portugal dá a seu infante um importante senhorio, constituído das vilas de Portalegre, Marvão, Arronches e (castelo de) Vide. Sétima Cruzada: São Luís IX de França ataca a Tunísia muçulmana. Morte de Teobaldo II, 13o. rei de Navarra. O bispo de Silves, D. Bartolomeu e seu cabido, declaram não reconhecerem outro senhor senão D. Afonso III de Portugal, renunciando a todas as doações e direitos outorgados pelos reis de Castela, mesmo que tivessem sido confirmadas por autoridade pontifícia.

1270-1274 — Reinado (14o.) de Henrique I, de Navarra.

1270-1285 — Filipe III, rei de França.

1271 — Em seu testamento, Afonso III de Portugal deixa alguns legados para a Terra Santa. Num diploma, manda-se suscitar a observância do direito estabelecido de apelação da justiça administrada pelas ordens militares em suas terras. (?) Nascimento de D. Isabel de Aragão, futura esposa do rei de Portugal, D. Dinis.

1271-1276 — Papado de Gregório X, placentino.

1272 — Em Portugal, renovação da lei de 1261, que reprime o abuso de fidalgos contra bens de mosteiros e igrejas. Afonso III de Portugal emite lei para reprimir a vingança privada.

1272-1275 — Afonso III de Portugal retoma a política de concessão de cartas de privilégios a várias feiras.

1272-1307 — Eduardo I, rei da Inglaterra.

1273 — Privilégios de Afonso X de Leão e Castela ao Honrado Concejo de la Mesta. Morte de Ricardo de Cornualha, última tentativa de Afonso X de Leão e Castela para convencer o papa (1275). Em bula, o papa Gregório X retoma a questão entre os bispos e o rei.

1273-1274 — Cortes em Santarém reunidas para tratar da questão entre os bispos e o rei Afonso III de Portugal. Durando Pais é designado um dos "corregedores" para arbitrar as questões.

1273-1291 — Rodolfo de Habsburgo, rei alemão.

1273-1303 — Reinado (2o.) de Maomé II, de Granada.

1274 — O papa Gregório X ordena que seja pregada a cruzada também em Portugal. Morte de Henrique I, 14o. rei de Navarra. Concílio de Lião: já se pensa em suprimir as ordens militares especialmente os templários. Pedro Dubois, autor do livro De recuperatione terrae sanctae, propôs que os templários fossem obrigados a residir na Palestina, que os seus bens fossem arrendados e que suas comendas e priorados se transformassem em escolas destinadas ao ensino das ciências.

1274-1305 — Reinado (15o.) de Joana I, de Navarra.

1275 — Gregório emite a bula De regno Portugaliae, historiando toda a controvérsia entre os reis e os bispos portugueses desde Afonso II de Portugal. A partir desse ano até sua morte, Afonso III de Portugal não sai mais de Lisboa, provavelmente por sua saúde.

1275-1315 — Ramon Llull escreve sua obra Libro de la orden de Caballeria.

1275-1277 — O breve pontificado do papa João XXI (português, 1276-1277, de nome Pedro Julião) constituiu um intervalo no conflito entre o clero e a nobreza lusa.

1276 — (Janeiro) Morte do papa Gregório X. (Fevereiro) Eleito o papa Inocêncio V, que designa um franciscano (frei Nicolau Hispano) para ir a Portugal com plenos poderes para executar a bula apostólica; retorna sem ter conseguido. (Junho) Morte de Inocêncio V. (Julho a Agosto) Adriano V papa. (Setembro) Pedro Hispano, português, papa João XXI, dá novos poderes ao franciscano Nicolau Hispano para ir a Portugal. Ramon Llull funda o colégio de Miramar para o estudo do árabe e a formação de missionário para países muçulmanos. Morte de Jaime I, o Conquistador, 9o. rei de Aragão.

1276-1285 — Reinado (10o.) de Pedro III, o Grande, de Aragão (n. 1239), filho de Jaime I, o Conquistador.

1276-1277 — Papado de João XXI, português (não existe João XX na lista de papas).

1277 — (Janeiro) Sob ordens de João XXI, o franciscano Nicolau Hispano chega a Portugal e consegue com o rei uma solene audiência, lendo a constituição de Gregório X. (Fevereiro e Março) Vários encontros entre Nicolau Hispano e Afonso III de Portugal, sem resultado. (Março) Bula Jucunditatis et exultationis, onde o papa português João XXI exprime seu desejo de resolver a questão entre os bispos e Afonso III de Portugal. (Abril e Maio) Nicolau Hispano em Santarém, Coimbra, Porto, Braga, Guimarães, Lamego, Viseu e Guarda. (Maio) Morte do papa João XXI. (06.10) Nicolau Hispano é chamado a outra audiência com o rei, na presença dos infantes D. Dinis e D. Afonso, em que Afonso Peres Farinha discursa elogiando o zelo do legado papal. Afonso III de Portugal proíbe aos nobres, incluindo os ricos-homens, pousarem nos casais foreiros da coroa e nos reguengos — implantação da autoridade e do poder régio.

1277-1280 — Papado de Nicolau III, romano.

1278 — (Abril) Bula do papa Nicolau III, onde o papa, nomeando um novo arcebispo de Braga, comunica sua decisão a Afonso III, pedindo sua proteção. Afonso III de Portugal entrega o governo do reino a seu filho D. Dinis. Já nesse ano, num documento oficial, vem citado o “arrabi moor dos judeus”, conseqüência da regulamentação de Afonso III de Portugal ao sistema de rabinato.

1279 — (Janeiro) Ainda excomungado, Afonso III de Portugal manda redigir um documento em que declara sua submissão ao papa, ordena a entrega de várias terras à Igreja e recebe a absolvição de frei Estêvão, abade resignário de Alcobaça. (16.02) Morte de Afonso III de Portugal: recebe exéquias litúrgicas. (Março) O papa Nicolau III nomeia o frei franciscano Telo para uma visita a Leão e Castela para solicitar a Afonso X, o Sábio que intervenha junto a D. Dinis a respeitar as liberdades eclesiásticas. Tratado de D. Dinis com os judeus de Bragança (em número de 19). Estes comprometem-se a pagar ao rei anualmente, no mês de agosto, um tributo de 600 maravedis leoneses, além de adquirir bens de raiz de estado pela quantia de 3.500 maravedis: 2.000 maravedis de linhas, 1.000 maravedis de terras para lavoura e 500 maravedis em edificações.

1279-1325 — Reinado de D. Dinis, o Lavrador, de Portugal.

1280 — (Agosto) Morte do papa Nicolau III — vacância da sede pontifícia até janeiro de 1281. D. Dinis em Trancoso: ordena uma embaixada portuguesa que vá a Aragão: início das negociações para o casamento de D. Dinis e Isabel, filha de Pedro III, o Grande.

1281 — Lutas entre D. Dinis I de Portugal e o irmão D. Afonso: o primeiro ataca o segundo em Vide, por este ter decidido cercar a vila e transformá-la em castelo (aumentando-lhe em uma torre) sem lhe pedir autorização. Em Portugal, leis que restringem os abusos dos padroeiros sobre igrejas e mosteiros, favorecendo o clero contra extorsões dos nobres. Embaixada aragonesa em Portugal, nas negociações do casamento de D. Dinis e Isabel de Aragão. (Abril) Generosa carta de dotação da futura rainha (D. Isabel), com o senhorio de três vilas e a segurança de doze castelos. O prior do Hospital, D. Gonçalo Fagundes, dá o segundo foral a Tolosa.

1281-1285 — Papado de Martinho IV, francês.

1281-1295 — Intensificação da política de D. Dinis da prática de aforamentos (758 aforamentos, a uma média de 54 por ano).

1282 — (Fevereiro) Em Barcelona, casamento por procuração, entre D. Dinis de Portugal e Isabel de Aragão. (Fevereiro) Acordo de Estremoz entre D. Dinis e o infante D. Afonso a respeito da questão de Vide (1281). (Abril) Cortes de Évora: é apresentado um texto final entre D. Dinis e os bispos, mandado ao papa Martinho IV (a resposta veio em 1284). (Junho) D. Dinis em Trancoso: celebração do casamento com D. Isabel de Aragão. (04.08) D. Dinis subscreve um diploma na Guarda. (Outubro) D. Dinis e D. Isabel em Coimbra: A corte permanece nessa cidade até o fim do ano. Guerra civil castelhana: insurreição de um irmandade geral em apoio a Sancho IV contra seu pai Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela (D. Dinis de Portugal apóia o príncipe Sancho). A sublevação da Sicília contra Anjou coloca a ilha em mãos de Pedro III, o Grande, de Aragão — "Vésperas Sicilianas" — os angevinos são expulsos. Em Portugal, proteção a empresários que se consagraram à exploração de minas de ferro e de mercúrio (azougue). Pero Anes de Portel, governador de Trás-os-Montes.

1282-1290 — Período de maior concessão de forais, política de D. Dinis. A maior parte beneficiava povoações transmontanas, com fraca densidade demográfica.

1283 — Criação do Consulado de Comércio de Valência. Pedro III, o Grande, de Aragão, concede à União Aragonesa seu Privilégio Geral. Nascem as cortes de Valência. Morte de Durando Pais, ex-chanceler da rainha e bispo de Évora. (Novembro-dezembro) Cortes de Coimbra. (Dezembro) Inquirição em Silvade, na Terra de Santa Maria.

1284 — O papa Martinho IV envia resposta a D. Dinis sobre as questões dos bispos, com exigências de emendas. (Fevereiro) D. Dinis manda fazer inquirições: cadastro geral no julgado de Gaia e na Terra de Santa Maria, prolongando-se até agosto de 1284. Início da indústria têxtil em Barcelona. Afonso III de Aragão apóia os infantes de La Cerda. Sancho (IV de Leão e Castela) obtém a aliança de Filipe IV de França. Morte de Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela, no meio de grave conflito com seu filho, Sancho IV. Nomeia D. Beatriz sua testamenteira, deixando-lhe o antigo reino de Niebla. Sancho IV autoproclama-se rei, é coroado em Toledo e impõe sua autoridade sobre Castela.

1284-1295 — Período de maior concessão de cartas de privilégio de feiras francas, política de D. Dinis I de Portugal. Privilegiou-se os lugares perto das fronteiras galega, leonesa e castelhana, junto às vias de penetração e de circulação no interior, como o Douro e a estrada da Beira. Reinado de Sancho IV, de Castela, filho de Afonso X, o Sábio.

1285 — Sublevação em Barcelona encabeçada por Berengário Oller. Morte de Pedro III, o Grande, 10o. rei de Aragão. (Junho) Cortes de Lisboa: os bispos escrevem ao papa Honório IV fazendo acusações a D. Dinis. Os nobres protestam contra a quebra de imunidades senhoriais, face à ofensiva da administração central nas inquirições iniciadas em 1284. Domingos Anes Jardo, chanceler favorável a D. Dinis, para Évora. Em Portugal, definição da taxação dos tabelionatos. Nascimento de Fernando IV de Castela, filho de Sancho IV de Castela. (?) Nascimento de D. Pedro, filho bastardo do rei D. Dinis e autor do Livro de Linhagens e da Crônica Geral de Espanha de 1344.

1285-1287 — Papado de Honório IV, romano.

1285-1291 — Reinado (11o.) de Afonso III de Aragão (filho de Pedro III, o Grande, de Aragão).

1285-1312 — Fernando IV, o Aprazado, rei de Castela e Leão.

1285-1314 — Filipe IV, o Belo, rei de França.

1286 — Lei de desamortização de D. Dinis (favoreciam a coroa e os nobres, prejudicados pela excessiva acumulação de bens fundiários pelo clero). Álvaro Nunes de Lara se revolta abertamente contra seu senhor, Sancho IV de Castela, assolando com seu bando povoações castelhanas junto à fronteira portuguesa (Beira e Trás-os-Montes) — o infante D. Afonso apóia Álvaro Nunes de Lara, um dos motivos de sua contenda com D. Dinis. Um dos combates se deu em Alfaiates (ainda pertencente ao rei de Leão). Nele morreram dois cavaleiros portugueses irmãos do mordomo do infante D. Afonso. Pero Anes de Portel, governador de Panóias.

1287 — A "Lide dos Alfaiates": luta dos concelhos contra os nobres revoltosos. Morte do papa Honório IV. D. Isabel recebe Sintra como arra de seu rei, D. Dinis. (Outubro e Novembro) D. Dinis associa-se a Sancho IV de Castela para cercar o infante português D. Afonso em Aroches. (Dezembro) o infante D. Afonso, submetido a D. Dinis e Sancho IV de Castela, celebra a paz de Badajoz. Inquirição sobre a herança da fortuna da família de Souza, a mais poderosa representante da nobreza tradicional portuguesa (os herdeiros do conde Gonçalo Garcia de Souza).

1288 — Sancho IV assegura o poder real definitivamente em Leão e Castela. O tratado assinado em Lyon estabelece por dois séculos as linhas gerais da política externa castelhana. A aliança com a França será seu ponto forte. (Fevereiro) Eleito novo papa, Nicolau IV: as negociações sobre as questões dos bispos recomeçam em Roma, com a presença destes. (17.09) Na bula papal Pastoralis officii, Nicolau IV, respondendo a um pedido dos freires portugueses da Ordem de Santiago, permite-lhes eleger provincial próprio, independente do mestre da Hispânia. (?) Início das negociações para a fundação de uma universidade em Portugal. (Junho) Cortes de Guimarães: D. Dinis I de Portugal, numa posição de força após a submissão do infante D. Afonso (1287), responde aos protestos dos nobres prometendo designar uma comissão para averiguar a legitimidade das honras criadas desde o tempo de Afonso II. (Setembro) Sentença sobre o destino dos bens da família de Souza: o rei se arroga no direito de interferir na sucessão do patrimônio senhorial — afirmação do poder régio.

1288-1292 — Papado de Nicolau IV, de Ascoli.

1289 — Concordata de D. Dinis com a Santa Sé para pôr fim às querelas entre o clero português e a nobreza: texto com 40 artigos aprovados pelo papa em 07 de março. Domingos Anes Jardo, chanceler favorável a D. Dinis, de Évora para Lisboa. D. Dinis I de Portugal auxilia Sancho IV de Castela na guerra contra Afonso III de Aragão, apesar deste ser seu cunhado. D. Dinis doa a seu filho D. Pedro (futuro conde de Barcelos, autor do Livro de Linhagens e da Crônica Geral de Espanha de 1344) bens em Lisboa, Estremoz, Évora-Monte, para ele e sua descendência legítima (caso não tivesse descendentes, os bens deveriam reverter para seu irmão Afonso Sanchez, outro bastardo).

1289-1313 — D. Dinis I de Portugal sustenta graves questões com o bispo D. Egas de Viseu, levando este a escrever a obra De libertate Ecclesiae.

1290 — Os judeus são expulsos da Inglaterra pelo rei Eduardo I (1272-1307). O papa Nicolau IV (de Ascoli, 1288-1292) confirma o Estudo Geral de Lisboa, fundado por D. Dinis I de Portugal. Concordata de 1289: suspensão do longo interdito a que o reino estava sujeito desde 1267. (01.03) Fundação da Universidade de Lisboa por D. Dinis I de Portugal. Em Portugal, proteção a empresários que se consagraram à exploração do ouro. (05.11) Provisão régia: sentença judicial sobre o resultado das inquirições de 1288, reprimindo a extensão e a multiplicação de honras de senhores.

1291 — Queda de Acre na Terra Santa; o papa Nicolau IV manda que os clérigos portugueses celebrem concílios provinciais para deliberarem sobre o auxílio a enviar à Terra Santa. (Fevereiro) Nascimento de Afonso, futuro Afonso IV de Portugal, 7o. rei, filho de D. Dinis I de Portugal e da rainha Santa Isabel. 2a. lei de desamortização de D. Dinis (a 1a. em 1286). (Março) Cortes de Coimbra: lei sobre heranças; novos protestos dos nobres diante da afirmação do poder régio. D. Dinis promulga a lei que proíbe as ordens militares de herdarem bens dos seus professos e de lhes comprarem propriedades fundiárias ou os receberem em doação, alegando justamente que as terras dos fidalgos estavam "minguadas e mui pobres". (Setembro) D. Dinis encontra-se com Sancho IV de Castela em Cidade Rodrigo para combinar o casamento de sua filha Constança com Fernando, príncipe herdeiro de Castela. Morte de Afonso III, 11o. rei de Aragão.

1291-1327 — Reinado (12o.) de Jaime II de Aragão, irmão de Afonso III e filho de Pedro III, o Grande.

1292 — Sancho IV de Leão e Castela conquista Tarifa. Concordata (05 artigos) respondendo a queixas dos bispos do Porto, da Guarda, de Lamego e de Viseu contra o rei D. Dinis. 3a. lei de desamortização de D. Dinis (1a. em 1286, 2a. em 1291).

1292-1294 — Sede pontifical vacante.

1292-1298 — Adolfo de Nassau, rei alemão.

1293 — É criada uma bolsa de mercadores em Portugal, com entrepostos na Flandres, Inglaterra, Normandia, Bretanha e La Rochelle. Liberdade de comércio entre Portugal e Inglaterra. Esmorecimento da aliança luso-castelhana (D. Dinis e Sancho IV): o rei português protege D. João Nunes de Lara nas suas desavenças com Sancho IV e quando este decide romper o acordo acerca do futuro casamento de seu filho, prometendo desposá-lo com uma filha do rei Filipe, o Belo, de França.

1294 — Papado de São Celestino V, dos Abruzzos. O papa Celestino V confirma a bula de 1288 do papa Nicolau IV que concede aos freires portugueses da Ordem de Santiago a eleição independente do mestre da Hispânia (ela foi revogada pouco depois pelo mesmo pontífice e por Bonifácio VIII).

1294-1303 — Papado de Bonifácio VIII, de Anagni.

1294-1313 — João Martins de Soalhães, chanceler favorável a D. Dinis, em Lisboa.

1295 — Em Portugal, fundação do mosteiro de monjas cistercienses de Odivelas, protegido por D. Dinis. Martim Pires de Oliveira, chanceler favorável a D. Dinis, para Braga. (Abril) Morte de Sancho IV de Castela: disputa política entre Fernando IV (de apenas 9 anos), os infantes Henrique (irmão de Afonso X, o Sábio), João (irmão de Sancho IV), Afonso e Fernando de la Cerda. D. Dinis apóia o infante D. João. (20.07) Bula Ab antiquis retro, do papa Bonifácio VIII: revoga a concessão do papa Nicolau IV (de 1288) e os freires de Santiago voltam à sujeição do mestre de Castela (até 1314). (Outubro) Compromisso firmado entre D. Dinis e o novo tutor de Fernando IV, D. Henrique: D. Dinis se compromete a entregar as povoações de Moura, Serpa, Arouche e Aracena, demarcar a fronteira luso-castelhana em litígio e renovar a promessa de casamento de Fernando IV com D. Constança. Carta de D. Dinis a favor dos judeus de Lisboa.

1295-1303 — D. Judá, rabino-mor de Portugal e ministro das finanças de D. Dinis.

1295-1312 — Reinado (8o.) de Fernando IV de Castela, filho de Sancho IV de Castela.

1296 — (Janeiro) Em Aragão, renovam-se as tentativas para retirar o trono a Fernando IV: os infantes D. João e D. Afonso de la Cerda partilham o reino entre si (Leão, Galiza e Astúrias ao primeiro e Castela e Andaluzia ao segundo). (Abril) Os dois infantes são aclamados reis, em Leão e Sahagún. Aragão ocupa Múrcia e Alicante. (Setembro e Outubro) D. Dinis auxilia o infante D. João com centenas de cavaleiros: com Afonso de la Cerda marcham de Salamanca sobre Tordesilhas e Simancas para conquistar Valhadolid. D. Dinis se retira para a Beira. Constituição da "Irmandade da Marinha de Castela com Vitoria", ou "Irmandade das Marinhas". Pedro Martins, chanceler favorável a D. Dinis, para Coimbra. Generalização da adoção da língua vulgar nos documentos oficiais da chancelaria portuguesa.

1296-1317 — Política de D. Dinis de aforamentos (532, a uma média de 25 por ano).

1297 — (Setembro) Tratado de Alcanises: é atribuído a Portugal Sabugal, Castelo Rodrigo e Almeida (questão de Ribacoa). Portugal desiste de Aroche e Aracena, além de Valência, Ferreira, Esparregal e Aiamonte. D. Dinis compromete-se a ajudar Castela com 300 cavaleiros sob o comando de João Afonso de Albuquerque. Este tratado fixou a demarcação entre Portugal e Castela — é considerada a linha de fronteira mais estável da Europa. É acertado o casamento de Fernando IV de Castela e sua irmã, D. Beatriz, com D. Constança de Portugal e seu irmão, o infante D. Afonso. Em Portugal, leis que restringem os abusos dos padroeiros sobre igrejas e mosteiros, favorecendo o clero contra extorsões dos nobres.

1298 — Início da construção da catedral de Barcelona. (Fevereiro) Cortes de Valhadolid: as hermandades de vários concelhos castelhanos pedem o auxílio de D. Dinis para combater o infante D. João e os nobres que o apoiavam. (Maio) Nomeação do primeiro conde territorial português, João Afonso de Albuquerque, conde de Barcelos. (Julho) D. Dinis dirige-se com suas tropas a Castela, encontrando-se em Toro e em Mota del Marqués com o infante D. Henrique. Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza: a rainha recusou. (Agosto e Setembro) D. Dinis permanece no Sabugal, aguardando o evoluir dos acontecimentos castelhanos. D. Judá, rabino-mor de Portugal e ministro das finanças de D. Dinis, empresta 6.000 libras a D. Raimundo de Cardona, para a compra da cidade de Mourão.

1298-1302 — A política externa de Portugal é dominada pelas relações com Castela.

1298-1308 — Alberto I, rei alemão.

1298-1347 — Início da construção das catedrais de Barcelona, Gerona, Huesca, Saragoça, Palma de Mallorca e Tortosa.

1299 — Terceira revolta do infante D. Afonso, que desta vez foi cercado em Portalegre (entre maio e outubro), com a ajuda das ordens militares de Avis e do Templo. Como em 1281 e 1287, o resultado foi a submissão do infante e a troca de seus senhorios por outros do interior: recebeu Ourém em vez de Marvão e Sintra em vez de Portalegre.

1300 — (aprox.) Las Siete Partidas adquirem sua forma definitiva. (Março) D. Dinis volta a encontrar-se em Cidade Rodrigo com os soberanos de Castela para repartir os custos das bulas que era necessário obter em Roma para a legitimação de Fernando IV de Castela. (Julho) Acordo de Lisboa sobre a terceira revolta do infante D. Afonso (1299).

1300-1314 — Geraldo Domingues, chanceler favorável a D. Dinis, para o Porto.

1301 — Fernando IV de Castela atinge a maioridade. Em Portugal, proteção a empresários que se consagraram à exploração de sulfatos de alumínio e sódio ou potássio (pedra-ume). D. Dinis manda recomeçar as inquirições em quase todo o Minho e em parte da Beira. D. Dinis doa a seu filho bastardo D. Pedro (futuro conde de Barcelos) bens em Sintra.

1302 — (Janeiro) Fernando IV de Castela celebra bodas de casamento com D. Constança de Portugal. Fernando IV de Castela passa a ter o apoio efetivo de seu sogro, D. Dinis. Tratado de Caltabellota: reconhecimento do império mediterrâneo da coroa de Aragão. Obras dos castelos de Monsanto e Sabugal, dirigidas por um monge cisterciense. Uma inquirição deste ano diz que “havia 50 annos e mais”, naquela data, que Arouche estava conquistada e que Afonso Peres Farinha — prior do Hospital em Portugal — residira em Moura.

1303 — (Abril?) D. Dinis encontra-se com Fernando IV de Castela, a seu pedido, em Badajoz, obtendo um empréstimo monetário de 1 milhão de maravedis, ficando os rendimentos da cidade de Badajoz como penhor de seu pagamento. D. Dinis ainda obriga-se a ajudá-lo militarmente na guerra contra seus opositores. Cortes de Coimbra: lei sobre os tabeliães e os selos dos concelhos — inovação de grande importância, atribuindo à coroa um instrumento de controle burocrático dos concelhos. D. Dinis manda recomeçar as inquirições de novo no Minho (a outra de 1301) e em Trás-os-Montes. D. Dinis doa a seu filho bastardo D. Pedro (futuro conde de Barcelos) bens em Tavira.

1303-1304 — Papado de Bento XI, de Treviso.

1303-1309 — Reinado (3o.) de Maomé III, de Granada.

1304 — D. Guedelha, judeu filho de D. Judá, já ocupa o cargo de rabino-mor de Portugal. Estêvão Anes Brochado, chanceler favorável a D. Dinis, para Coimbra. (Junho) Fernando IV de Castela declara aceitar a arbitragem portuguesa para as questões pendentes entre Castela e Aragão. (Julho) D. Dinis dirige-se à fronteira castelhano-aragonesa à frente de uma solene comitiva de mais de 1000 nobres. (Agosto) Tratado de Agreda: os três reis (Portugal, Aragão e Castela) encontram-se em Torrellas, entre Agreda e Tarazona, onde D. Dinis pronuncia sua sentença acerca das questões de litígio. É estabelecida uma aliança perpétua entre os três reinos.

1305 — 4a. lei de desamortização de D. Dinis (1a. em 1286, 2a. em 1291, 3a. em 1292). Publicação do regimento dos tabelionatos em Portugal. (Maio) Lei que proíbe os nobres de armarem cavaleiros os vilãos dos concelhos, declarando que só o rei podia exercer este privilégio. Morte de Joana I, 15a. rainha de Navarra.

1305-1306 — (?) Entre esses anos, casamento de D. Pedro (filho bastardo do rei D. Dinis, futuro conde de Barcelos e autor do Livro de Linhagens e da Crônica Geral de 1344) com D. Branca Peres, filha de Pero Anes de Portel, governador de Sintra e Leiria (1268-1282), Trás-os-Montes (1282) e Panóias (1286).

1305-1314 — Papado de Clemente V, francês.

1305-1316 — Reinado (16o.) de Luís Hutfn, de Navarra.

1306 — Clemente V ordena que se reúna um concílio na Espanha para julgar o procedimento dos templários ibéricos. Reuniu-se em Salamanca, assistindo o arcebispo de Santiago, e mais onze bispos, entre eles o de Lisboa, D. João de Soalhães. Nada se apurou contra a Ordem do Templo. D. Dinis doa a terra de Gestaçô com seus termos e jurisdições a seu filho bastardo D. Pedro (futuro conde de Barcelos).

1307 — Novas inquirições em Portugal (de novo no Minho, Trás-os-Montes e na Beira): novos protestos dos nobres, O rei confia o exame dos resultados a uma junta de cinco membros, presidida pelo arcebispo de Braga, o cortesão Martim Pires de Oliveira: os resultados foram confirmados. Os nobres reclamaram de novo; foi designado o bispo franciscano do Porto, frei Estêvão Miguéis, que também aprova o resultado. Em Portugal, leis que restringem os abusos dos padroeiros sobre igrejas e mosteiros, favorecendo o clero contra extorsões dos nobres. D. Constança, esposa de Fernando IV de Castela e filha de D. Dinis, pede pessoalmente ao pai um novo empréstimo ao marido. D. Dinis tem uma árdua contenda com o bispo de Tui, cuja diocese ia até o Lima, porque não admitia que os clérigos desta parte do território português mandassem redigir os seus documentos aos notários daquela cidade. (?) Nomeação do primeiro almirante português conhecido, Nuno Fernando Cogominho (até 1317). O papa Clemente V ordena que se realize na Hispânia um concílio que averiguasse as responsabilidades efetivas dos templários na Península, face ao processo movido por Filipe, o Belo. Os padres, reunidos em Salamanca, entre eles o bispo de Lisboa, concluíram pela inocência. (04.2) Carta do rei da Inglaterra Eduardo I, escrita aos reis de Portugal, Castela, Sicília e Aragão, sobre as acusações que se faziam aos templários, pede que sejam tratados com favor. (13.10) Prisão dos templários na França. O conde D. Pedro, filho bastardo do rei D. Dinis, torna-se mordomo da infanta D. Brites, esposada mas ainda não casada com o infante D. Afonso.

1307-1327 — Eduardo II, rei da Inglaterra.

1307-1336 — D. Estêvão Vasques Pimentel, prior da Ordem do Hospital em Portugal, conselheiro de D. Dinis.

1308 — Tratado de comércio entre Portugal (D. Dinis) e Inglaterra (Eduardo II). (26.02) O papa Clemente concede autorização a D. Dinis para transferir a universidade de Alfama (Lisboa) para Coimbra, que ocorre em 1309. D. Dinis e Fernando IV de Castela estabelecem um pacto de defender e conservar os bens dos templários contra qualquer decisão em contrário, mesma vinda do papa (os templários tinham começado a ser atacados por Filipe, o Belo, desde 1307). O rei de Aragão associou-se mais tarde a esse acordo. Política de criar coutos de homiziados (indivíduos fugitivos da justiça): instituição do de Noudar. Apesar da decisão do concílio de Salamanca (1307) sobre os templários, o papa ordena o seqüestro de seus bens (alguns eclesiásticos, como os Cônegos Regrantes de Santa Cruz e o bispo da Guarda quiseram apoderar-se deles). O rei português não consentiu. Instala-se então um processo judicial para os incorporar na coroa.

1308-1313 — Henrique VII, rei alemão.

1309 — Concordata (22 artigos) para resolver divergências entre o bispo e o cabido de Lisboa. 5a. lei de desamortização de D. Dinis (1a. em 1286, 2a. em 1291, 3a. em 1292, 4a. em 1305). D. Constança pede novamente ao pai (D. Dinis) um empréstimo ao marido, Fernando IV de Castela, por ocasião da guerra com Granada, que levou ao cerco de Algeciras e à conquista de Gibraltar. D. Dinis colaborou com a campanha de Fernando IV de Castela, com 700 cavaleiros comandados por D. Martim Gil de Souza. Casamento do infante D. Afonso (IV) de Portugal com a infanta D. Beatriz, irmã de Fernando IV de Castela. O baixo clero de Lisboa dirige-se a Roma com longas reclamações contra D. Dinis, especialmente pelo florescimento da judiaria em Lisboa e a presença de judeus influentes na corte portuguesa. É sagrado bispo do Porto (30o.) frei Estêvão, franciscano. O papado se estabelece em Avignon.

1309-1312 — Reinado (4o.) de Nazar, de Granada.

1310 — Concessão coletiva de Filipe, o Belo, de França, faz aos mercadores portugueses de Harfleur (expansão do comércio luso). (21.01) É fechado um pacto entre D. Dinis e seu genro, Fernando de Castela: para o caso de ser abolida a Ordem do Templo, os dois reis se obrigam a defender e conservar os bens templários em seus reinos. Clemente V determina que se reúna novo concílio para averiguar o procedimento dos templários ibéricos. Dois concílios são realizados. Locais Medina del Campo e Salamanca (neste com a presença do bispo de Lisboa, D. João, e do bispo da Guarda, D. Vasco). É reconhecida a inocência dos templários. O processo judicial (1307) para tratar da incorporação dos bens templários à coroa portuguesa decide favoravelmente a D. Dinis. Concílio de Medina del Campo e, a seguir, em Salamanca (neste, com a presença dos prelados portugueses) para tratar dos bens templários na Península. Nascimento de Afonso XI de Castela, filho de Fernando IV de Castela. 54 cavaleiros templários são queimados à porta da Igreja de Santo Antônio, em Paris.

1310-1313 — D. Dinis sustenta graves questões com o frei franciscano Estêvão Miguéis do Porto.

1311 — Em Portugal, leis que restringem os abusos dos padroeiros sobre igrejas e mosteiros, favorecendo o clero contra extorsões dos nobres.

1312 — Bula Vox in excelso: supressão dos templários no Concílio de Viena, com a presença de Filipe, o Belo e o papa Clemente V (além de quatro bispos portugueses): o papa exclui da decisão os bens templários que se situavam na Hispânia. (Janeiro) O tribunal régio decide a respeito dos herdeiros de João Afonso de Albuquerque: seus genros, o bastardo régio Afonso Sanches e o alferes-mor, Martim Gil de Souza. Martim Gil herdou o título de conde de Barcelos, mas Afonso Sanches ficou com a maior parte da fortuna (o senhorio e o castelo de Albuquerque). (02.05) Bula Ad providam: Clemente V confere os bens templários à Ordem do Hospital, exceto os situados nos reinos de Castela, Aragão, Portugal e Maiorca. O irmão bastardo da rainha Santa Isabel de Portugal, D. João de Aragão, dirigiu uma embaixada à corte de D. Dinis para propor o casamento de D. Violante, filha de Jaime II, na casa real portuguesa, além de tentar resolver questões de fronteira entre Portugal e Castela. (Setembro) Morte de Fernando IV de Castela - menoridade de Afonso IX. (Novembro) Ofendido com a decisão do tribunal régio (ver acima), Martim Gil exilou-se em Castela, morrendo neste mês.

1312-1325 — Reinado (5o.) de Ismail I, de Granada.

1312-1350 — Reinado (9o.) de Afonso XI, o Bom de Castela, filho de Fernando IV de Castela. Afonso XI de Castela protege a comunidade judaica: faz de Don José De Écija seu ministro de finanças e Samuel ibn Wakar seu médico (foram mais tarde acusados de intriga e morreram na prisão).

1313-1322 — Estêvão Miguéis, agora frei de Lisboa, continua a sustentar graves questões com D. Dinis.

1314 — Conflitos entre D. Dinis e o filho, futuro D. Afonso IV, agravados pela guerra civil entre 1320-1324. Geraldo Domingues, chanceler do Porto designado para Évora, favorável a D. Dinis. (Outubro) Reunião das delegações portuguesa e castelhana para demarcar a fronteira na zona de Moura e Noudar. É eleito um mestre português para a Ordem de Santiago independente do mestre da Hispânia, apesar de bula contrária do papa Bonifácio VIII. O bastardo régio D. Pedro é feito conde de Barcelos por seu pai, o rei D. Dinis — o único título de conde que havia em Portugal — e doava-lhe a vila de Barcelos. D. Dinis confirma uma doação que lhe fizera D. João Soares, da Ordem do Templo. Cinqüenta e quatro templários franceses são queimados em Paris.

1314-1316 — Sede pontifícia vacante. Luís X, rei de França.

1314-1347 — Luís IV de Baviera, rei alemão.

1315 — A partir desse ano o infante D. Afonso (futuro Afonso IV de Portugal) incompatibiliza-se com o pai, D. Dinis, por razões relacionadas com o valimento na corte de seus meios-irmãos Afonso Sanches, João Afonso e Fernão Sanches. O mestre português eleito para a Ordem de Santiago é excomungado pelo mestre castelhano da Hispânia. Os nobres portugueses solicitam a designação de um cavaleiro para os representarem junto ao processo sobre o resultado das inquirições de 1307, que continua se arrastando no tribunal da corte. D. Diogo Muniz, mestre da Ordem de Santiago, publicou excomunhão contra os freires de Portugal, a qual foi passada em nome do arcebispo de Toledo, do bispo de Salamanca e do deão de Lugo; mas Lourenço Anes resistiu sempre, opondo processos dilatórios. Antes desse ano, morte de Pero Anes de Portel, governador de Leiria e Sintra (1268-1282), Trás-os-Montes (1282) e Panóias (1286).

1316 — A decisão de manter os freires portugueses da Ordem de Santiago sujeitos a Castela (mestre da Hispânia) é confirmada pelo papa João XXII. O tribunal da corte repete mais uma vez a sentença anterior: o rei continua então a encarregar seus delegados de exigirem os direitos régios nas honras devassas. Raimundo de Cordona, testamenteiro de Martil Gil de Sousa (conde de Barcelos exilado em Castela em 1312) também se exila em Castela. O papa João XXII encarrega o arcebispo de Compostela de reconciliar D. Dinis e o infante D. Afonso. Dissensões entre D. Dinis e os dois bispos do Porto e Lisboa, Fernando Ramires e seu tio frei Estêvão Miguéis, entretanto transferido do Porto para a capital. Morte de Luís Hufn, 16o. rei de Navarra.

1316-1322 — Filipe V, rei de França. Reinado (17o.) de Filipe, de Navarra.

1316-1334 — Papado de João XXII, de Cahors.

1317 — O genovês Manuel Pessanha é nomeado almirante da frota real portuguesa, em substituição ao primeiro almirante, Nuno Fernando Cogominho. Concessão de bens e privilégios que D. Dinis oferece a Manuel Pessanha. Em Portugal, leis que restringem os abusos dos padroeiros sobre igrejas e mosteiros, favorecendo o clero contra extorsões dos nobres. (17.04) Bula Inter caetera: O papa João XXII confirma a decisão de manter os freires portugueses da Ordem de Santiago sujeitos ao mestre da Hispânia (Castela). O rei apóia as reclamações do concelho do Porto contra seu bispo, Fernando Ramires, e neste ano dá sentença contra ele. O partido senhorial consegue como aliado o bastardo régio D. Pedro, apesar deste ter sido feito conde de Barcelos (1314) e alferes-mor (1317). O conde de Barcelos D. Pedro encontra-se no concelho da Feira, encarregado de proceder a uma das inquirições particulares que o rei D. Dinis fez seguir às inquirições gerais de 1290. O bastardo régio D. Pedro, conde de Barcelos, chefia um combate contra os partidários do também bastardo Afonso Sanches, derrotando-os. Cai assim na ira régia e exila-se em Castela. O bispo de Évora é encarregado de excomungar os adversários do rei no seio da nobreza.

1318 — D. Dinis envia embaixada à Santa Sé (de que fazia parte o genovês almirante Manuel Pessanha) para defender a sua causa dos cavaleiros portugueses da Ordem de Santiago. Uma embaixada é enviada à Santa Sé para tratar da criação da Ordem de Cristo em Portugal. Agrava-se as dissensões entre D. Dinis e os bispos do Porto e Lisboa, iniciadas em 1316. O rei condena à morte dois familiares do primeiro e manda seu mordomo Vasco Pereira ocupar as torres e o palácio do segundo. Ambos deixam o reino e se refugiam em Avinhão.

1319 — Bulas de João XXII Olim felicis (27.02) e Tunc digne (01.07): separação entre a Ordem de Santiago de Portugal e de Castela. Bulas papais Ad ea ex quibus (de 14.03) e Desiderantes ab intimus (de 15.03): criação da Ordem Militar de Cristo em Portugal por D. Dinis, pelo papa João XXII (de Cahors, 1316-1334): os bens templários em terras portuguesas passam a essa ordem; atribui-lhe a regra de Calatrava, sujeitando-a à jurisdição espiritual do abade de Alcobaça e colocando a sua sede em Castro Marim — o rei português seguia assim o exemplo do de Aragão, que com o patrimônio dos templários valencianos, criou a Ordem de Montesa, embora entregasse o restante do patrimônio aragonês à Ordem do Hospital (o rei de Castela incorporou a maioria dos domínios dos extintos cavaleiros do Templo). Martinho, médico de D. Dinis, designado para a chancelaria da Guarda. D. Afonso, herdeiro do trono de Portugal exige que lhe seja entregue a justiça do reino, apoiado nos nobres que se sentiam prejudicados pelas inquirições. (Maio) Encontro do herdeiro D. Afonso com a rainha D. Maria de Molina de Castela para conseguir apoio contra D. Dinis. Concessão de bens e privilégios que D. Dinis oferece a Manuel Pessanha. Após o envio da embaixada à Santa Sé (1318), D. Dinis consegue que o papa nomeie como juízes apostólicos na causa dos cavaleiros portugueses da Ordem de Santiago os arcebispos de Braga e de Compostela. A independência da província portuguesa face ao mestre da Hispânia tornou-se fato consumado (apesar de Roma nunca ter confirmado). (Novembro) É eleito o primeiro mestre da Ordem de Cristo.

1319-1324 — Guerra civil: revolta do infante D. Afonso (futuro Afonso IV) que atribuía a D. Dinis a intenção de o preterir na sucessão do trono por um irmão bastardo, D. Afonso Sanches. De um lado, D. Afonso e sua mãe, a rainha Santa Isabel, além de um punhado de grandes senhores e muitos filhos segundos, além dos bispos do Porto e de Lisboa (Norte e Centro do reino). Do outro, o sexagenário rei D. Dinis com os filhos bastardos Afonso Sanches, João Afonso e Fernão Sanches, os oficiais da corte, alguns nobres de segunda, o bispo de Évora, o deão do Porto e, importantíssimos aliados, os mestres das ordens militares (sul do reino).

1320 — (08.04) Nascimento em Coimbra do infante D. Pedro (futuro Pedro I de Portugal). (23.05) Através da bula Apostolice Sedis, o papa João XXII dá uma concessão a D. Dinis por três anos do dízimo de todas as rendas eclesiásticas do reino — exceto as do Hospital — para financiar uma armada de galés destinada a guerrear os mouros durante igual período (guerra com Granada). (01.07) D. Dinis acusa seu filho D. Afonso publicamente de revolta num manifesto. (Setembro) D. Dinis consegue com o papa João XXII bula que condena todos aqueles que incitassem o infante à revolta. (?) D. Dinis envia à cúria pontifícia o almirante Manuel Pessanha e o deão do porto, D. Gonçalo Gonçalves de Pereira (futuro bispo de Lisboa e arcebispo de Braga) a fim de solicitarem ao papa, entre outras coisas, auxílio financeiro para a guerra contra os mouros.

1320-1321 — Todas as igrejas do reino de Portugal são taxadas.

1321 — Morte da rainha D. Maria de Molina de Castela. (05.03) Assassinato do bispo de Évora pelos partidários do infante. Ordem régia para o meirinho-mor de Aquém-Mouro reprimir os abusos praticados nas honras novas e na periferia das honras antigas. O infante D. Afonso ocupa a cidade de Leiria, por traição do copeiro do rei, cujos bens foram depois confiscados.

(Abril?) Conquista da alcaçóva de Santarém pelo infante D. Afonso. (Maio?) Reconquista da alcaçóva de Santarém por D. Dinis. (15.05) D. Dinis manda ler em Lisboa um segundo manifesto acusatório contra seu filho. Mensagem de D. Dinis a Aragão. (11.06) São aprovados os primeiros estatutos da Ordem de Cristo (a ordem possuía 69 cavaleiros armados e montados, 9 clérigos e 6 sargentos, num total de 84 freires). (Julho) Mensagem da rainha D. Isabel e do infante D. Afonso a Aragão. (Julho?) Desterro da rainha D. Isabel para Alenquer. (Setembro) Mensagem da rainha D. Isabel a Aragão. (Verão e Outono) Marcha do infante D. Afonso sobre Lisboa. (Setembro a Dezembro) Missão do legado aragonês, D. frei Sancho, meio-irmão da rainha D. Isabel. (17.12) D. Dinis apresenta o terceiro manifesto contra o filho (o infante D. Afonso), ainda em Lisboa. Em resposta, D. Afonso apodera-se de Coimbra, ainda neste mês. Inquirição dirigida à região de Lamego. Em Portugal, proibição de se constituírem novas honras.

1322 — A nova frota portuguesa comandada por Manuel Pessanha passa o estreito de Gibraltar e ataca as costas de Marrocos e de Granada. (Janeiro) O infante D. Afonso entra em Montemor-o-Velho, avança para o norte, ocupa os castelos da Feira e de Vila Nova de Gaia e o Porto. Ainda nesse mês, D. Dinis reconquista Leiria. (Fevereiro e Março) O infante D. Afonso ataca Guimarães, onde tinha se refugiado o meirinho-mor do rei, Men Rodrigues de Vasconcelos, que dirigiu a defesa da cidade. Carta do papa à rainha D. Isabel. (Março) D. Dinis toma Leiria, castigando com a maior severidade alguns de seus habitantes; avança até Coimbra. O infante D. Afonso abandona o cerco de Guimarães para socorrer Coimbra. A rainha Santa Isabel toma a iniciativa das conversações de paz, com a ajuda do conde D. Pedro de Barcelos (filho bastardo do rei), regressado do exílio em Castela. Novas cartas do papa ao rei e à rainha de Portugal. (01 a 10.05) O rei se estabelece em Leiria, o infante D. Afonso em Pombal. Chegam a um acordo: D. Afonso recebe o senhorio das povoações que tinha ocupado (Coimbra, Montemor, Feira, Gaia e Porto), mas o faz por homenagem ao rei. (Maio a Julho) Embaixada do legado do papa. (Junho) D. Dinis, com 61 anos de idade e gravemente enfermo, faz seu segundo testamento. (Junho) De volta da expedição guerreira ao Marrocos e Granada, Manuel Pessanha recebe galardão pelo feito. Inquirição sobre o padroado da igreja de Valença. Proteção ao clero minhoto contra os abusos da nobreza. Em Portugal, leis que restringem os abusos dos padroeiros sobre igrejas e mosteiros, favorecendo o clero contra extorsões dos nobres. Concessão de bens e privilégios que D. Dinis oferece a Manuel Pessanha. Segundas núpcias do conde D. Pedro de Barcelos. Da primeira esposa, D. Branca Peres, D. Pedro herda uma parte importante da fortuna dos Sousas. Morte de Filipe, 17o. rei de Navarra.

1322-1328 — Carlos IV, rei de França. Reinado (18o.) de Carlos I, de Navarra.

1323 — (Outubro) Cortes de Lisboa, a pedido de D. Afonso: questões levantadas pela guerra civil. Não obtendo suas reivindicações, retira-se da assembléia para Santarém, onde reúne um exército para conquistar Lisboa. Os seus homens defrontam-se com os do rei na batalha de Albogas, perto de Loures. A rainha Santa Isabel intervêm novamente. (Dezembro) Os dois exércitos quase chegam às vias de fato em Alvalade, perto de Lisboa; chega-se a novo armistício por intervenção conjunta de D. Isabel e do bispo da cidade, D. Gonçalo Gonçalves de Pereira. (19.12) Carta régia de entrega dos bens templários à Ordem de Cristo. Em Portugal, proibição ao clero de interferir nos testamentos.

1324 — (Janeiro) Rebelião de Santarém contra D. Dinis. (Fevereiro) O rei dirige-se de Lisboa a Santarém, onde seu filho continuava a morar. Nem este nem o concelho quiseram recebê-lo. Nova batalha, sem resultado. (26.02) Paz de Santarém: o infante D. Afonso obtinha a segurança da sucessão, sendo destituído dela e afastado da corte o bastardo e mordomo-mor Afonso Sanches. Recebe do rei um aumento de suas rendas em 10.000 libras. O rei ainda substitui o meirinho-mor, Mendo Rodrigues de Vasconcelos por Vasco Pereira, e o meirinho da casa real, Lourenço Anes Redondo, por Lourenço Mendes; uma efetiva cedência às reclamações e exigências de seu filho e da nobreza senhorial. (Maio) Chega a Santarém o arcebispo de Compostela, enviado pelo papa para confirmar os acordos estabelecidos e celebrar a paz. Inquirição sobre a mata da Urqueira, na zona da Vila Nova de Ourém. Em Portugal, lei contra os abusos da jurisdição feudal. (31.12) D. Dinis faz seu terceiro e último testamento.

1325 — (07.01) Morte de D. Dinis em Santarém. A rainha viúva Santa Isabel entra no convento de franciscanas de Santa Clara, em Coimbra, vestindo o hábito, mas sem fazer profissão religiosa. (Abril) Cortes de Évora, convocadas por Afonso IV de Portugal com o objetivo de jurar o rei acabado de subir ao trono (desde 1254, ano das primeiras cortes seguramente comprovadas, até 1433, não se conhece outra além desta que tenha sido expressamente convocada para o juramento do rei). Afonso IV acusa o bastardo Afonso Sanches (refugiado em Castela) de traidor, condenando-o a desterro perpétuo e confiscando-lhe os bens. Afonso Sanches invade Portugal, desde Trás-os-Montes até o Alentejo; Afonso IV de Portugal em Albuquerque, na zona de Badajoz. É reafirmada a lei segundo a qual os judeus não podiam aparecer publicamente sem o distintivo, a estrela hexagonal amarela, colocada no chapéu ou no capote, nem usar colares de ouro ou prata.

1325-1326 — Afonso IV de Portugal tenta, sem sucesso, o casamento de sua filha, D. Maria, com o herdeiro da coroa inglesa, Eduardo (futuro Eduardo III).

1325-1333 — Reinado (6o.) de Maomé IV, de Granada.

1325-1357 — Reinado de D. Afonso IV de Portugal, o Bravo.

1326 — Afonso IV de Portugal invade o feudo de seu meio-irmão (bastardo) Afonso Sanches, localizado em Albuquerque (Castela) e põe cerco a La Codosera, que acaba por se render. Acometido pela doença, Afonso Sanches suspende a luta. Alguns meses mais tarde negociou-se a paz: Afonso IV de Portugal restitui os confiscos ao irmão. (04.07) Afonso IV de Portugal, o Bravo, condena à morte seu outro meio-irmão (bastardo) João Afonso. A rainha Santa Isabel, enclausurada em Coimbra, pede a paz, em vão.

1327 — Em Portugal, Reforma judicial: reforma da administração da justiça — criação dos juízes de fora, corregedores e "juízes por El-Rei". Morte de Jaime II, 12o. rei de Aragão. Tratado bilateral entre Portugal e Castela.

1327-1336 — Reinado (13o.) de Afonso IV de Aragão.

1327-1377 — Eduardo III, rei da Inglaterra.

1328 — Início da Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra. Afonso IV de Portugal opta pela Inglaterra, a nível da neutralidade militar (relações diplomáticas e acordos comerciais). Os sermões de um frade franciscano incitam os cristãos de Estella, na Navarra, a matar 5.000 judeus e incendiar-lhes as casas. Morte de Carlos I, 18o. rei de Navarra. Confirmada a aliança perpétua de Portugal com Aragão e Castela (reafirmação do Tratado de Agreda, de 1304). São negociados os casamentos da infanta D. Maria (filha de Afonso IV de Portugal) com Afonso IX de Castela e do infante D. Pedro (futuro rei de Portugal) com D. Branca (filha do infante Pedro de Castela).

1328-1330 — Antipapa Nicolau V, de Corvária.

1328-1349 — Reinado (19o.) de Joana II, de Navarra.

1328-1350 — Filipe VI, rei de França.

1329 — Negociada a paz entre Afonso IV de Portugal e seu meio-irmão Afonso Sanches. Este recebe a restituição de seus bens confiscados. Morte do bastardo de Afonso IV de Portugal, Afonso Sanches, sepultado no Convento de Santa Clara de Vila do Conde, que ele fundou. Confirmado novamente o tratado de Agreda, de 1304. Tratado bilateral entre Portugal e Castela (o 1o. de 1327). Encontro entre Afonso IV de Portugal e Afonso IX de Castela em Fuenteguinaldo: coroamento da boa política peninsular.

1330 — Em Portugal, reforma processual (1a.).

1331 — (Maio) Cortes de Santarém: reforma do modo de atuação parlamentar dos deputados do povo, repressão de abusos senhoriais e criação de novas honras. Em Portugal, ordenação dos besteiros do conto.

1331-1340 — Em Portugal, medidas inovadoras na organização do desembargo régio (data indeterminada) e regulamentação do Tribunal de Justiça da Corte (data também indeterminada).

1332 — Expedição marítima portuguesa além Gibraltar para combater o mundo islâmico. Em Portugal, reforma processual (2a.) e regulamentação dos corregedores.

1332-1340 — Em Portugal, novamente, reforma da administração da justiça (juízes de fora e corregedores).

1333 — Nascimento de Henrique II (Trastâmara), irmão de Pedro I, o Cruel, de Castela. Grande fome na Península Ibérica e especialmente em Coimbra. A rainha Santa Isabel manda distribuir esmolas de pão e carne aos pobres da cidade, dando ainda mortalhas, mandando abrir sepulturas e encarregando os seus clérigos da encomendação dos finados. Em Portugal, regulamentação sobre a venalidade judicial e ao barateamento da justiça.

1333-1354 — Reinado (7o.) de Youcef I, de Granada.

1334 — Em Portugal, repressão de abusos senhoriais e criação de novas honras. Nascimento de Pedro I, o Cruel, de Castela, filho de Afonso XI de Castela. D. Beatriz, mulher de Afonso IV de Portugal, recebe Sintra como arras.

1334-1342 — Papado de Bento XII, francês.

1335 — Em Portugal, repressão de abusos senhoriais e criação de novas honras. Inquirições em Trás-os-Montes e Beira.

1336 — A rainha Santa Isabel dirige-se a Estremoz, a fim de aplacar a cólera de seu filho Afonso IV, em guerra com seu genro, rei de Castela. (04/07) Um tumor no braço vitima a rainha Santa Isabel. Seu corpo, após translado a Coimbra (12/07), é encerrado no túmulo de pedra que ela mandara construir. Célebre exploração das ilhas Canárias, atribuída a Lancelloto Malocelli, genovês, orientada pelo almirante-mor de Portugal, Manuel Pessanha (também genovês). Morte de Afonso IV, 13o. rei de Aragão. Início da guerra afonsina entre Portugal e Castela (1336-1339): a) as hostes portuguesas do conde de Barcelos e D. Pedro, meio-irmão do rei, passam pelo rio Minho e fazem cerco ao castelo de Entienza, onde se acolhera o arcebispo de Santiago de Compostela; b) por sua vez, Afonso IV de Portugal cerca Badajoz (sem conseguir tomá-la) e assola o território ao sul dessa cidade até Aroche, Cortegana e Aracena; c) a frota portuguesa (capitaneada por Gonçalo Camelo) devasta a costa andaluza, da foz do Guadiana a Punta Umbria, com subidas pelos rios Odiel (até Gibraleón) e Piedras (até Lepe, onde se travou combate em 08.09).

1336-1339 — Guerra afonsina entre Portugal e Castela (ver acima).

1336-1387 — Reinado (14o.) de Pedro IV, o Cerimonioso, de Aragão (filho de Afonso IV de Aragão).

1337 — Guerra afonsina (1336-1339): a) Afonso IX de Castela invade o Alentejo, passando por Elvas, Arronches, Assumar, Veiros, Vila Viçosa e Olivença. Retira-se por se sentir doente; b) No norte, um exército castelhano, sob o comando de D. Fernando de Castro e seu irmão D. Juán de Castro, entra pelo Minho, até o Porto. Aí é detido pelas hostes do bispo da cidade, do arcebispo de Braga e do mestre da Ordem de Cristo, que o forçaram a retirar-se e até matam D. Juán, num combate junto a Braga; c) (21.07) As galés portuguesas, chefiadas pelo velho almirante Manuel Pessanha (que tinham atacado a Galiza e devastado sua costa até Baiona) sofrem pesada derrota junto ao cabo de São Vicente: o próprio almirante é capturado, além de seu filho Carlos.

1338 — São conferidos certos privilégios a comerciantes ingleses e italianos em Portugal. Tratado bilateral entre Portugal e Aragão. Guerra afonsina (1336-1339): a) Afonso IX de Castela volta a invadir Portugal, atravessando o Guadiana e devastando o Algarve Oriental (Castro Marim, Tavira, Loulé e Faro). A frota castelhana segue junto ao longo da costa algarvia na direção de Lisboa, causando estragos; b) Os portugueses invadem a Galiza novamente, atacando Neves e Salvatierra de Miño; c) Trégua nas hostilidades: a intervenção do bispo de Rodes (enviado do papa Bento XII) e do bispo de Reims (mandatário de Filipe VI de França).

1339 — (Julho) Paz de Sevilha entre Portugal e Castela: as fronteiras são mantidas, com a vinda da infanta D. Constança para Portugal e o regresso da infanta D. Branca (havida por demente) a Castela, além de obrigar Afonso XI de Castela a dar a sua mulher o tratamento que lhe devia. Ainda em julho, Afonso IV de Portugal visita Oeiras e Sintra, passando por acaso por Cascais. Granada (muçulmana) toma Gibraltar, assolando os territórios cristãos ao sul. Os navios portugueses continuam a explorar as Canárias. Inquirição ao bispo do Porto.

1340 — A partir deste ano, o prior do Hospital passa a ser designado Prior do Crato. (Junho) O sultão de Marrocos, Abu-l-Hassan ‘Ali atravessa o estreito com mais de 100 navios, unindo-se ao rei de Granada, Yusuf I. (Setembro) Os exércitos mouros põem cerco a Tarifa. (30.10) Batalha do Salado: Castela, Aragão e Portugal contra o avanço marroquino. Vitória cristã. D. Frei Álvaro Gonçalves de Pereira, prior da ordem do Hospital, D. Garcia Peres, mestre de Santiago, D. Frei Gonçalo Vaz, mestre de Avis, participam da batalha, além do próprio Afonso IV de Portugal (Álvaro Gonçalves Pereira é filho de D. Gonçalo Pereira, arcebispo de Braga e Tareja Pires Vilarinho). Em Portugal, reformas da administração concelhia e regulamentação dos corregedores. A partir desse ano em Portugal, ordenação sobre os oficiais dos concelhos, além de instituição dos vereadores. Em Portugal, tendência para o aumento de preços nos produtos industriais (inquietação nas camadas sociais inferiores).

1341 — Em Portugal, repressão de abusos senhoriais e criação de novas honras. Desde esse ano, mercadores portugueses são privilegiados em Harfleur (Normandia), senhorio do rei da Inglaterra.

1342 — Em Portugal, reforma processual (3a.).

1342-1352 — Papado de Clemente VI, francês.

1343 — Tratado de mútua proteção anticorso entre Inglaterra e Portugal. Em Portugal, repressão de abusos senhoriais e criação de novas honras.

1344 — Afonso XI, o Bom, de Castela (1312-1350), toma Algeciras aos mouros.

1344-1345 — Negociações entre Portugal e Inglaterra, visando o casamento da filha mais nova de Afonso IV de Portugal (D. Leonor) com o herdeiro da coroa inglesa, Eduardo, o Príncipe Negro, filho de Eduardo III. Não foram adiante.

1345 — A partir dessa data, os reis portugueses, com base nas pioneiras viagens marítimas às Canárias, nunca deixarão de reivindicar junto aos papas (por mais de 100 anos) a sua soberania no arquipélago. (31.10) Nascimento em Coimbra de D. Fernando, futuro Fernando I de Portugal. Em Portugal, reforma processual (4a.).

1346 — Tentativa de aproximação diplomática de Portugal com a Inglaterra, sem sucesso.

1346-1378 — Carlos, IV, rei alemão.

1347 — Casamento da infanta portuguesa D. Leonor com Pedro IV de Aragão.

1348-1349 — Peste Negra na Europa.

1348 — (?) Morte da rainha de Portugal, D. Constança. (Setembro a Dezembro) Peste Negra em Portugal.

1349 — Em Portugal, medidas sociolaborais: lei procurando fixar os trabalhadores aos seus ofícios (conseqüência da Peste Negra). Morte de Joana II, 19a. rainha de Navarra.

1349-1354 — Em Portugal, uma série de medidas contra os judeus. O infante de Portugal D. Pedro faz Inês de Castro regressar de Castela e passa a viver com ela maritalmente, tendo quatro filhos nesse período.

1349-1387 — Reinado (20o.) de Carlos II, o Mau, de Navarra.

1350 — Peste em Portugal. O povo culpa os judeus e Afonso IV contém os excessos. (26.03) Morte de Afonso XI de Castela. Pedro, o Cruel, aos quinze anos, sobe ao trono de Castela, banindo os nove bastardos de Afonso XI e condenando à morte sua mãe, Leonor de Guzmán. D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira, prior do Crato (Hospital) vai a Castela. Pedro I, o Cruel, protege a comunidade judaica de Castela. Samuel Abulafia, judeu, torna-se tesoureiro do Estado no reinado de Pedro I, o Cruel (juntou uma grande fortuna e foi condenado à morte pelo rei). (30.03) O conde de Barcelos D. Pedro (cronista do Livro de Linhagens e da Crónica Geral de Espanha de 1344), irmão bastardo do rei Afonso IV de Portugal, faz seu testamento. Data-o de Lalim e pede que o sepultem em S. João de Tarouca.

1350-1364 — João II, o Bom, rei de França.

1350-1369 — Reinado (10o.) de Pedro I, o Cruel, de Castela, filho de Afonso XI de Castela.

1351 — (?) O infante de Portugal D. Pedro tenta obter do papa uma bula de dispensa que lhe permitisse o casamento com Inês de Castro. É executada D. Leonor de Gusmão, amante de Afonso XI o Bom, de Castela.

1352 — Privilégio concedido aos mercadores portugueses na Inglaterra. Afonso IV de Portugal tira dos judeus a liberdade de emigrar. Todo judeu que possuísse bens até o valor de 500 libras não podia deixar o país sem licença régia. Cortes de Valladolid.

1352-1362 — Papado de Inocêncio VI, francês.

1353 — Tratado comercial de Portugal com a Inglaterra, válido por 50 anos. Afonso IV de Portugal organiza o fisco das comunas judias do país, além de promulgar uma lei que proibia aos judeus fechar “contratos usureiros”, limitando os juros a 33 1/3.

1354 — Casamento de D. Juana de Castro (irmã de Inês Peres de Castro) com Pedro I, o Cruel, de Castela. Um partido da alta nobreza castelhana adversário do rei Pedro I, o Cruel (onde militava D. Álvar Péres de Castro) procura o infante D. Pedro e o convida a aceitar a coroa de Castela. Morte do Conde de Barcelos D. Pedro, irmão bastardo do rei Afonso IV de Portugal e autor da Crónica Geral de Espanha de 1344 e do Livro de Linhagens. Foi sepultado no mosteiro de Tarouca. Entre fevereiro e julho deste ano.

1354-1359 — Reinado (8o.) de Maomé V, de Granada.

1355 — (Janeiro) Assassinato (ordenado ou consentido pelo rei Afonso IV) de D. Inês de Castro, amante do infante D. Pedro desde a morte da rainha D. Constança (1348?). Os Castros estavam rebelados contra Pedro I, o Cruel, de Castela, e temia-se que D. Inês influenciasse D. Pedro a imiscuir-se nos assuntos de Castela, provocando assim a guerra civil em Portugal: o infante D. Pedro x o rei Afonso IV. (05.08) Graças ao prior do Hospital, D. Álvaro Gonçalves Pereira, assina-se o tratado de paz entre pai e filho (Canaveses, 05 de agosto). Nele, o infante D. Pedro fica como co-governador do país. Em Portugal, D. Pedro é o primeiro infante, e depois rei, a instituir o "beneplácito régio" (censurar os restritos e letras papais). Tomada de Toledo por Pedro I, o Cruel, de Castela.

1355-1356 — Fome em Portugal.

1356 — O prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves de Pereira (o mesmo que participou da batalha do Salado com Afonso IV de Portugal em 1340) funda, na Flor da Rosa, uma igreja e mosteiro toreado. Assassinato de Martim Afonso Telo, antigo escudeiro e amante de Maria, rainha-mãe de Castela e filha de Afonso IV de Portugal. Tomada de Toro por Pedro I, o Cruel, de Castela. Epidemia de peste e terremoto em Portugal.

1357 — (11.04) Nascimento de D. João I, Mestre de Avis, em Lisboa — filho bastardo do rei D. Pedro e de uma senhora galega, Teresa Lourenço — da qual não se sabe nada. (?) Em Évora, Afonso IV de Portugal assassina sua filha Maria, rainha-mãe de Castela. (28.05) Morte de Afonso IV de Portugal, o Bravo, com a idade de 66 anos, 32 reinante. D. Pedro I de Portugal, o Cruel, fez conde de Barcelos a D. João Afonso Telo, seu valido favorito, outorgando-lhe a inédita regalia de poder transmitir o título e direitos por hereditariedade. Samuel Abulafia (ou Levi), judeu e tesoureiro do Estado no reinado de Pedro I, o Cruel, de Castela, constrói em Toledo a célebre sinagoga do Trânsito, transformada pelos jesuítas no reinado de Fernando na igreja cristã de Nossa Senhora do Tránsito (hoje monumento de arte hispano-mourisca na Espanha). (22.06) Renovação dos privilégios dos estrangeiros residentes em Portugal. (28.07) Em Portugal, Leis que reprimem o adultério e perseguem as alcoviteiras. Sentença em pleito tomada por Pedro I de Portugal, o Cruel, contra o mosteiro de Grijó. São legitimados os seguintes filhos do prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira: Pedro Álvares (futuro mestre de Calatrava em Castela com Maria Domingues Brandão (solteira), em Portalegre; Rodrigo Álvares (filho de Iria Vicente e futuro senhor de Sousel e Cerveira), em Morgado de Águas Belas; Fernando Álvares (filho de Iria Gonçalves do Carvalhal e futuro alcaide-mor de Elvas).

1357-1367 — Reinado de D. Pedro I de Portugal, o Cruel (cinge a coroa aos 37 anos).

1358 — Nascimento de João I, de Castela, filho de Henrique II (Trastâmara) de Castela. (01.06) Em Portugal, Leis que discriminam e regulamentam os contratos de compra e venda praticados por judeus. Sentença em pleito tomada por Pedro I de Portugal, o Cruel, contra o mosteiro de Vila Cova das Donas e a comendadeira de Santos. (Junho ou Julho) São acertados os casamentos do infante D. Fernando (herdeiro da coroa) com D. Beatriz (filha de Pedro I de Castela) e do infantes D. João e D. Dinis (filhos de Inês de Castro) com D. Constança e D. Isabel respectivamente (filhas de Pedro I de Castela) — não se consumaram.

1359 — (07.02) Em Portugal, Lei sobre apelações (aperfeiçoamento da máquina judicial portuguesa). D. Pedro I de Portugal, o Cruel, auxilia Castela em sua guerra contra Aragão, cedendo-lhe algumas galés. As galés portuguesas do almirante Manuel Pessanha vão bloquear o Ebro e atacar Barcelona. É feito um acordo de extradição de refugiados entre Portugal e Castela.

1359-1361— Reinado (9o.) de Ismail II, de Granada.

1360 — (Fevereiro) São extraditados e executados Pero Coelho e Álvaro Gonçalves, considerados os assassinos de Inês de Castro. (Junho) Inês de Castro é proclamada (post-mortem) esposa legítima de Pedro I de Portugal, o Cruel e é anunciado que o casamento tivera lugar em Bragança, algures em 1353. Nessa mesma data é realizada a cerimônia da translação e construído o magnífico túmulo de Alcobaça. (29.08) Em Portugal, incentivo do comércio com Flandres. (?) Nascimento de Nuno Álvares, filho do prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves de Pereira.

1361 — Cortes de Elvas (antipatia com os eclesiásticos: prosseguimento da afirmação do Estado contra a Igreja): queixas do clero contra o rei. Nelas, é reinstalada a lei que proibia aos judeus ou mouros permanecerem na cidade após o pôr-do-sol, vedando às mulheres cristãs a entrada na judiaria sem acompanhamento de indivíduos do sexo masculino. D. Pedro I de Portugal, o Cruel, faz dos filhos de Inês de Castro, que eram seus filhos também, D. João e D. Dinis, senhores do Porto de Mós e do Prado. Pedro I, o Cruel, rei de Castela, manda envenenar sua esposa, Branca de Bourbon, sob a acusação de conspiração, e casa-se com a amante, Maria de Padilla. Reinado (10.) de Abou-Said, de Granada. (05.01) Em Portugal, criação do concelho de Lagos. (15.04) Em Portugal, Lei sobre partilhas. (08.06) Em Portugal, Lei que regulamenta contratos com judeus. (24.07) É legitimado em Portalegre Nuno Álvares, filho do prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvares.(24.08) É legitimado em Portalegre Lopo Álvares, filho do prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira com Iria Gonçalves do Carvalhal. (09.09) Em Portugal, Lei que regulamenta as comunas judaicas. (05.10) Em Portugal, reedição da Lei de 08.06. Em Portugal, organização da Casa Real e ordenação dos desembargos.

1361-1363 — Peste em Portugal.

1361-1391 — Reinado (11o.) de Maomé V (reentronado), de Granada.

1362 — Em Portugal, Lei sobre advogados e procuradores. (01.03) Em Portugal, Leis que regulamentam e fixam doutrina sobre as coutadas e as terras lavradas em todo o Alentejo e Ribatejo. (07.04) Em Portugal, Lei sobre advogados e procuradores. (01.08) Renovação dos privilégios dos estrangeiros residentes em Portugal. (24.11) Em Portugal, criação do concelho de Sines.

1362-1370 — Papado de Urbano V, de Grimoard.

1363 — (07.03) Renovação dos privilégios dos estrangeiros residentes em Portugal. Guerra entre Inglaterra e Navarra.

1364 — D. Pedro I de Portugal, o Cruel, faz de seu filho bastardo D. João (futuro rei D. João I) mestre da Ordem de Avis, com isso iniciando a nacionalização das ordens militares. (17 e 18.02) Em Portugal, Leis que regulamentam e fixam doutrina sobre as coutadas e as terras lavradas em todo o Alentejo e Ribatejo. (07.06) Em Portugal, criação do concelho de Cascais. Propõe-se o casamento do infante D. Fernando (herdeiro da coroa) com D. Joana (filha de Pedro IV de Aragão). Guerra entre Castela e Aragão: as armadas portuguesas vão em auxílio de Castela.

1364-1366 — Fome e (ou) escassez de mantimentos em Portugal.

1364-1380 — Carlos V, rei da França.

1365 — (08.01) Em Portugal, Regimento dos sacadores e porteiros. (19.09) Em Portugal, Lei de segregação aos judeus. (04.12) Em Portugal, Lei restritiva da livre atividade dos mercadores estrangeiros. Tenta-se o casamento da infanta D. Beatriz (filha de Inês de Castro) com Pedro I de Castela, o Cruel — fracassado.

1366 — D. Pedro I de Portugal, o Cruel, institui senhor de Unhão o "cunhado", D. Álvares Péres de Castro (irmão de Inês de Castro). Propõe-se o casamento da infanta D. Isabel (filha ilegítima do infante D. Fernando) com Frederico III da Sicília (irmão da rainha de Aragão) — a negociação fracassa. (Maio) Pedro I de Castela, o Cruel, vai a Portugal pedir auxílio contra Henrique de Trastâmara, ao que o soberano português não acedeu. (Outubro ou Novembro) Pedro I de Portugal firma um acordo com Henrique de Trastâmara. (Outono) Pedro I de Portugal, o Cruel, envia um corpo diplomático à Inglaterra para dar explicações à corte do príncipe de Gales Eduardo, o Príncipe Negro em Bayonne e Bordéus, a respeito de seu acordo com Henrique de Trastâmara, onde se refugiara Pedro I de Castela.

1367 — (18.01) Morte de D. Pedro I de Portugal, o Cruel. (15.09) É legitimado em Atouguia Gonçalo Pereira, filho do prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira com Iria Gonçalves do Carvalhal.

1367-1368 — Em Portugal, Leis que acodem a agricultura e à carência de trabalhadores.

1367-1383 — Reinado de D. Fernando I de Portugal, o Formoso. Tinha 21 anos quando subiu ao trono, solteiro e pai de uma filha ilegítima, D. Isabel.

1369 — Assassinato de Pedro I, o Cruel, de Castela pelo seu meio-irmão Henrique de Trastâmara. O trono é usurpado pelo regicida. Os soldados vitoriosos de Henrique de Trastâmara massacram 1.200 judeus em Toledo. Fernando I de Portugal, o Formoso, vai ao norte de Coimbra num curto passeio bélico, cujo destino era a Galiza. 1a. Guerra fernandina: (Julho) D. Fernando I de Portugal entra na Galiza, atingindo a Corunha, ao passo que Monterrey (Orense) se lhe rendia (1a. Guerra fernandina); a) A frota portuguesa, aliada à dos castelhanos seus partidários, bloqueia Sevilha por mais de um ano; b) (Agosto) Henrique II de Castela (Trastâmara) cerca Zamora, invade a Galiza e entra em Portugal ao norte, a oriente de Valença, com auxílio de contingentes franceses de Du Guesclin. Nesse mesmo mês, Henrique II cerca e toma Braga, que queimou em parte; c) (01.09) Henrique II cerca Guimarães, mas volta ao seu reino, capturando no caminho Vinhais, Bragança, Cedovim e Outeiro de Miranda; d) Em Portugal, Leis que protegem a marinha, o comércio externo e discrimina contra os judeus; e) (08.09) É legitimado em Coimbra Vasco Pereira, filho do prior do Crato (Hospital) D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira com Iria Gonçalves do Carvalhal.

1369-1373 — Sucessivas desvalorizações da moeda em Portugal: os preços subiram rapidamente.

1369-1371 — 1a. Guerra fernandina entre Portugal e Castela. Motivo: a sucessão da coroa castelhana (durou até janeiro de 1371): a) Ao lado de D. Fernando I de Portugal, o Formoso: cidades e vilas galegas de Tuy, Salvatierra de Miño e Baiona (atual província de Pontevedra), Orense, Milmanda, Allariz, Araujo e Ribadavia (na de Orense), Lugo e Rocha (na de Lugo), Santiago de Compostela, Corunha e Padrón (na de Corunha); as cidades leonesas de Zamora (província de Zamora), Ciudad Rodrigo, Lumbrales e Hinojosa de Duero (província de Salamanca), Alcântara e Valência de Alcântara na Estremadura (Cáceres), Carmona, na Andaluzia (Sevilha).

1369-1372 — Álvaro Pais, Vedor da Chancelaria (um dos futuros conspiradores do assassinato do conde João Fernandes de Andeiro em 1383).

1369-1379 — Reinado (11o.) de Henrique II (Trastâmara) de Castela, irmão de Pedro I, o Cruel, de Castela.

1370-1378 — Papado de Gregório XI, francês.

1371 — (Março) Paz de Alcoutim (fim da guerra entre Castela e Portugal): D. Fernando I de Portugal, o Formoso, desiste do trono de Castela, mas alarga o território nacional para leste e oeste. (?) D. Fernando I de Portugal, o Formoso, cria o condado de Ourém. Em Portugal, mau ano agrícola. Casamento (em segredo) de D. Fernando I de Portugal, o Formoso, com D. Leonor Teles. (Outubro) Tumultos em Portugal: o alfaiate Fernão Vasques congrega 3.000 pessoas para um protesto social em Lisboa, Tumultos também em Santarém (Luís Peres e outros) Tomar (Afonso Esteves) Abrantes (Lourenço Afonso de Punhete), Leiria (Lourenço Afonso) e Alenquer.

1371-1372 — D. Fernando I de Portugal, o Formoso, cria o condado de Viana do Lima, depois trocado em Arraiolos. Fome em Portugal.

1371-1373 — O conde D. Juán Fernandez de Andeiro, partidário de D. Fernando I de Portugal, o Formoso, refugiado em Castela.

1372 — Nascimento da infanta D. Beatriz, herdeira do reino português. D. Leonor Teles, mulher de D. Fernando, recebe Sintra como arras. (Maio) Em Leça do Bailio, propriedade da Ordem do Hospital, casamento público de D. Fernando I, o Formoso, com D. Leonor Teles (filha do inimigo de Henrique de Trastâmara, II de Castela — desrespeito ao Tratado de Alcoutim): explosões populares contrárias são violentamente reprimidas. O infante D. Dinis (filho de Inês de Castro) se recusa a beijar a mão da nova rainha, o que motivou uma tentativa de assassinato por parte do próprio rei. O infante então abandona o reino, sendo os seus bens confiscados. Acordo de Tui: é revogado o Tratado de Alcoutim, e se estabelece que as fronteiras luso-castelhanas regressam ao status quo de antes da guerra de 1369. (10.07) Tratado de Tagilde: Portugal toma partido pela Inglaterra contra Henrique II de Castela e seus aliados franceses — Portugal e Inglaterra x Castela e Aragão. Fernando I de Portugal, o Formoso, vai ao norte de Coimbra. (17.08) Em Portugal, Lei regulamentando os privilégios da nobreza. D. Dinis (filho de Inês de Castro) busca o exílio em Castela. Em Portugal, mau ano agrícola. (Dezembro) 2a. Guerra fernandina entre Portugal e Castela: a) Tomando a ofensiva devido ao Tratado de Tagilde, Henrique II de Castela invade Portugal, avançando sobre Lisboa, cercando a cidade e devastando a maior parte do casario exterior à muralha; b) Henrique II parte de Zamora em direção à frota portuguesa.

1372-1373 — 2a. Guerra fernandina entre Portugal e Castela.

1373 — 2a. Guerra fernandina: a) (Janeiro) Henrique II de Castela conquista, sem dificuldade, Almeida, Pinhel, Linhares, Celorico da Beira e Viseu, chegando perto de Coimbra; b) (23.02) Henrique II de Castela ocupa Lisboa (então desprovida de qualquer muralha), saqueando e incendiando a judiaria da cidade. O exército de D. Fernando I de Portugal, mal organizado e mal comandado, fugiu diante do inimigo; c) (24.03) D. Fernando I de Portugal, o Formoso, vencido e humilhado, assina o acordo de paz em Santarém: Portugal obriga-se a cortar a aliança com os ingleses e juntar-se à França e Castela outra vez; d) (07.04) Henrique II e Fernando I se encontram no Tejo; Henrique II abandona Portugal e os dois soberanos realizam os esponsais dos infantes Sancho e Beatriz; e) (Junho) O Tratado de Tagilde é ratificado por D. Fernando I de Portugal, o Formoso, e Eduardo III da Inglaterra; f) Explosões populares em Lisboa, Abrantes, Tomar, Leiria, Santarém. Motivo: desvalorização da moeda e alta dos preços; g) D. Fernando I de Portugal, o Formoso, cria os condados de Viana do Alentejo e Neiva; h) O conde D. Juán Fernandez de Andeiro é exilado em Castela (e não mais refugiado); i) O prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira, resolve enviar à corte seu filho, Nuno Álvares, de treze anos.

1373-1375 — Amuralhamento de cidades e vilas: Lisboa, Évora, Porto, Braga, Óbidos, Coimbra, Santarém, Viana, Ponte de Lima e Beja.

1374 — Explosões populares em Portel, Montemor-o-Velho e Tomar. Em Portugal, Leis que reformam a administração pública, legislam contra abusos senhoriais e aumentam os impostos (sisas). (24.04) Em Portugal, Lei regulamentando os privilégios da nobreza. Em Portugal, mau ano agrícola, além de peste. Antes desse ano, outra agitação popular em Portugal: Portel (Afonso Mendes).

1374-1376 — Fome em Portugal.

1375 — (08.01) São legitimados em Vila Viçosa Rui Pereira, Fernão Pereira, Afonso Pereira e Diogo Álvares, filhos do prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira com Iria Gonçalves do Carvalhal. Explosões populares em Portugal. Lei das Sesmarias, leis protetoras dos mercados nacionais, leis reguladoras dos privilégios jurisdicionais da nobreza. João, mestre da ordem de Avis e filho bastardo do rei D. Pedro I tem um caso com Inês Pires — desse amor nasceu Afonso, futuro conde de Barcelos e duque de Bragança, e anos depois Beatriz, que será condessa de Arundel. (13.09) Em Portugal, Lei regulamentando os privilégios da nobreza. Em Portugal, mau ano agrícola. Agitações populares em Portugal: Montemor-o-Velho (João Domingues), Sousel, Valença e novamente Tomar.

1376 — Em Portugal, mau ano agrícola.

1376-1377 — Negociação do casamento da infanta D. Beatriz (aos 04 anos, herdeira do reino português) com D. Fradique Henriques, duque de Benavente — fracassada.

1377 — Foral da Portagem de Lisboa.

1377-1380 — Em Portugal, Leis de fomento naval e sobre importação de têxteis.

1377-1399 — Ricardo II, rei da Inglaterra.

1378 — Em Portugal, novas leis sobre a reforma da administração pública. Os judeus de Leiria, sujeitos a constantes maus tratos, queixam-se ao rei: este ordena que não saiam de suas moradias durante as procissões e dias santos cristãos. Grande Cisma do Oriente: Castela e França seguiram o papa de Avinhão; Inglaterra o de Roma (Portugal vai seguir um e outro conforme lhe convenha: de Urbano VI passa a Clemente VII).

1378-1394 — Clemente VII, rei alemão.

1378-1389— Papado de Urbano VI, napolitano.

1378-1394 — Antipapa Clemente VII, genebrês.

1378-1400 — Venceslau da Boêmia, rei alemão.

1379 — Morte de Henrique II (Trastâmara), 11o. rei de Castela. Nascimento de Henrique III de Castela, filho de João I de Castela.

1379-1380 — D. João (filho de Inês de Castro) busca exílio em Castela.

1379-1390— Reinado (12o.) de João I, de Castela, filho de Henrique II (Trastâmara) de Castela.

1380 — Em Portugal Lei que Funda a Companhia das Naus. Acordo anglo-luso de Estremoz (confirmação do Tratado de Tagilde, de julho de 1372), tendo como intermediário o conde D. Juán Fernandez de Andeiro: garante a Portugal a possibilidade de expandir-se para norte e leste, acorda-se o envio de uma força inglesa de 2.000 homens, negocia-se o casamento da infanta D. Beatriz, de 08 anos, com Edward of Langley, filho do conde de Cambridge e sobrinho de John of Gaunt, duque de Lancaster (convencionando-se que, ganha a guerra, o duque inglês seria rei de Castela).

1380-1422 — Carlos VI, rei da França.

1381 — Portugal volta a se alinhar com Urbano VI na questão do Grande Cisma (ver 1378). 3a. Guerra fernandina entre Portugal e Castela: a) (Maio) Incursão castelhana no Alentejo, proveniente de Badajoz; b) (17.06) Batalha naval de Saltes (perto do Guadiana): pesada derrota da frota portuguesa, destruída e aprisionada na sua quase totalidade pela frota castelhana; c) (Julho) Chega em Lisboa uma força expedicionária inglesa chefiada por Edmund, conde de Cambridge; d) (Julho e Agosto) Os castelhanos invadem Trás-os-Montes e apoderam-se de Miranda do Douro e de Mogadouro, a Beira, cercando e capturando Almeida, e o Alentejo, pondo cerco a Elvas; e) (Setembro) Os castelhanos retiram todas as suas frentes de batalha devido a questões internas; f) (Dezembro) Depois de meses de inatividade, o exército aliado inglês parte de Lisboa rumo ao Alentejo (ficam com fama de odiados ocupantes); g) (Dezembro) Morte do conde de Barcelos e Ourém. D. João Afonso Telo: seu patrimônio passa como herança para o conde de Barcelos, amante da rainha D. Leonor Teles.

1381-1382 — (Maio) 3a. Guerra fernandina entre Portugal e Castela (ver acima).

1382 — 3a. Guerra fernandina: a) Primavera e Verão — Diversas correrias e escaramuças quase sempre em território castelhano; b) (Março) Ataque da frota castelhana a Lisboa; c) (Agosto) Tratado de Elvas: D. Fernando I de Portugal e João I de Castela fazem a paz, sem vencedores nem vencidos. A infanta D. Beatriz, herdeira do trono português, pelo acordo, casaria com o herdeiro de Castela;d) (Setembro) O exército inglês reembarcou no Tejo a bordo de navios castelhanos que o transportou de regresso a Inglaterra. (?) Conspiração urdida pelo mestre de Avis, D. João e por Gonçalo Vasques de Azevedo contra o rei. É preso no castelo de Évora, D. João, mestre da Ordem de Avis e filho bastardo do rei D. Pedro I. Portugal, pela segunda vez, volta a se alinhar com Clemente VII na questão do Grande Cisma (ver 1378 e 1381). (Verão) Morte da rainha de Castela, D. Leonor (alteração do Tratado de Elvas).

1383 — (02.04) Tratado de Salvaterra de Magos: com a morte da rainha castelhana D. Leonor, a infanta D. Beatriz, com onze anos, passa como noiva do filho (infante) para o pai (rei de Castela). (Agosto) Cortes de Valhadolid: ratificação castelhana do casamento do rei com a infanta D. Beatriz. (Setembro) Cortes de Santarém: ratificação portuguesa do casamento da infanta com o rei castelhano. (22.10) Morte de D. João I de Portugal, o Formoso (tuberculoso), em Lisboa. Revolução em Portugal (1383-1385) e guerra contra Castela (1384-1385): a) (Outubro a Dezembro) D. Leonor Teles, a Aleivosa, viúva, torna-se regente de Portugal; b) (06.12) O conde Andeiro é assassinado em Lisboa e o povo da cidade é mobilizado para proteger o assassino — precisamente o mestre de Avis, D. João (filho do infante e rei D. Pedro e de Inês de Castro). A rebelão alastra-se pelo reino, o rei de Castela, João I (filho de Henrique II de Castela) invade Portugal, D. Leonor Teles foge da capital mestre de Avis é proclamado, revolucionariamente e contra a vontade, "Regedor e Defensor"; c) As ordens religiosas militares — com exceção da do Hospital — seguiram o mestre de Avis; d) (13.12) João I de Castela entra em Portugal e se apodera da Guarda; e) (Dezembro) Assembléia de São Domingos, em Lisboa

1383-1385 — Revolução em Portugal e guerra contra Castela (ver acima). Peste em Portugal.

1384 — Revolução em Portugal (1383-1385) e guerra contra Castela (1384-1385): a) (Janeiro) João I de Castela prende a regente D. Leonor Teles; b) (12.01) João I de Castela alcança Santarém, onde se detêm 4 meses; c) (14.02) Carta do mestre de Avis de missão ao Alentejo (pedindo auxílio financeiro para a guerra), dirigida aos concelhos de Montemor-o-Velho, Évora, Viana do Alentejo, Alvito, Vila Nova da Baronia, Alcáçovas, Portel, Beja, Serpa, Mértola, e a todas as vilas e lugares de Campo de Ourique, Odemira, Santiago de Cácem, Sines e Torrão; d) (01.04) Concessão aos mesteirais de Lisboa; d) (06.04) Nuno Álvares derrota forças castelhanas nos Atoleiros; e) (Abril a Setembro) Escaramuças entre portugueses e castelhanos em vários locais do Alentejo (Évora, Vila Viçosa, Alandroal, Olivença, Elvas); f) (04.05) É concedida a Lisboa jurisdição cível e crime sobre os reguengos de Sacavém, Unhos, Frielas e Camarate; g) (Maio) O exército do arcebispo de Santiago de Compostela não consegue vencer a resistência da cidade do Porto e bate em retirada; h) (27.05) João I de Castela marcha sobre Lisboa, cerca a cidade e captura Almada. A recém-construída muralha fernandina conteve o avanço castelhano; i) (Junho) A frota portuguesa ataca a costa da Galiza; j) (Julho) A frota portuguesa, regressando a Lisboa, se envolve num combate com a frota castelhana no Tejo; k) (30.07) Almada, sitiada desde maio, se rende aos castelhanos, forçada pela sede; l) (03.09) Com seu exército dizimado pela peste, João I de Castela levanta o cerco a Lisboa e se retira para Castela; m) (06.10) O mestre de Avis isenta Lisboa de qualquer direito de importação de mantimentos e de exportação, por gentes suas, de mercadorias, doando também à cidade as suas carniçarias, paços das fangas da farinha e paços do trigo. Dias depois, isentava-a das jugadas, relegos e outros direitos reais e senhoriais; n) Nesse mesmo dia, no Paço Real de Lisboa, o mestre de Avis recebe formalmente o preito e a menagem dos representantes dos três estados; o) (Outubro) A causa do mestre de Avis já não é a de uns rebeldes que se ergueram contra Lisboa, mas a de Portugal contra Castela. O marco de prata em Portugal vale 36 libras. É eleito como mestre de Calatrava em Castela Pedro Álvares, filho do prior do Crato (Hospital), D. Frei Álvaro Gonçalves de Pereira e irmão de Nuno Álvares.

1384-1387 — Fome em Portugal.

1385 — Revolução em Portugal (1383-1385) e guerra contra Castela (1383-1385): a) (03.03 a 10.04) Cortes de Coimbra. Os povos propõem que casamentos régios passem a ser matéria do Parlamento. Decidem, por eleição unânime (sob as ameaças do condestável D. Nuno Álvares Pereira, mestre da ordem do Hospital), que D. João, mestre de Avis será João I de Portugal; b) (Abril e Maio) Nuno Álvares Pereira consegue a adesão de quase todo o Minho, pela persuasão ou força das armas (Neiva, Viana do Lima, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Monção, Guimarães, Braga e Ponte de Lima); c) (30.05?) Batalha campal de Trancoso: vitória portuguesa; d) (14.08) Batalha de Aljubarrota (perto de Leiria): D. João I de Portugal e D. Nuno Álvares Pereira, mestre da ordem do Hospital, derrotam os castelhanos: o rei de Castela foge, seu exército é chacinado, e as cidades, vilas e praças que lhe eram fiéis apressam-se a render-se ao rei português; e) (Setembro) D. João I de Portugal doa ao concelho de Lisboa os concelhos e termos de Sintra, Mafra, Alenquer e Torres Vedras. Guerra entre Portugal e Castela (1385-1389): a) (Outubro) Um exército português de cerca de 1.000 lanças e 200 peões, comandado pelo condestável, invade a Estremadura castelhana, passando por Badajoz, Almendral, La Parra, Zafra, Fuente del Maestre, Villagarcia de la Torre, Magacela e Villanueva de la Serena; b) (15 ou 16.10) Em seu regresso, o exército português é atacado nas margens do Guadiana (junto a Valverde de Mérida) por forças castelhanas comandadas pelo mestre de Santiago. A batalha, conduzida pelo condestável, resultou em vitória portuguesa. Poucos dias depois, Nuno Álvares reentrou triunfalmente em Elvas; c) (Dezembro) Nuno Álvares junta suas forças com o rei e põe cerco a Chaves, que se rende quatro meses depois.

1385-1389 — Guerra entre Portugal e Castela (ver acima).

1385-1430 — Até o fim do reinado de D. João I de Portugal, 28 cortes são convocadas.

1385-1433 — Reinado de D. João I de Portugal (início da dinastia de Avis), de Boa Memória.

1386 — Em Portugal, confirmação do privilégio da feira de Pinhel. Guerra entre Portugal e Castela (1385-1389): a) (Abril) Chaves se rende às forças do rei e de Nuno Álvares; b) (Maio) Bragança e Almeida caem diante das forças portuguesas. Nesse mesmo mês os portugueses invadem Castela, passando por Ciudad Rodrigo, Gata e Coria, que cercaram sem resultado; c) (09.05) Tratado de Windsor: integração da guerra de D. João I de Portugal na dos Cem Anos — a mais antiga aliança entre nações que o Ocidente conhece (reiteração da aliança de 1373); d) (Julho) D. João I reentra em Portugal; e) (25.07) Desembarque do duque de Lancaster na Corunha, com cerca de 3.000 homens; f) (24.10) Em Portugal, revogação provisória do aldeamento (medida para estimular o comércio); g) (01.11) O duque de Lancaster se encontra com João I de Portugal em Ponte de Mouro, na raia minhota.

1387 — Morte de Carlos II, o Mau, 20o. rei de Navarra. Morte de Pedro IV, o Cerimonioso, 14o. rei de Aragão. (02.02) D. João I de Portugal recebe em casamento a filha do duque de Lancaster, de nome Filipa. D. Filipa de Lancaster recebe Sintra de João I de Portugal, como arra. Guerra entre Portugal e Castela (1385-1389): a) (26.03) Os exércitos português e inglês invadem Léon, atravessando o rio Maçãs. Daí alcançam Alcañides, marchando para nordeste, por Tábara, Benavente, Roales e outros povoados; b) (16.05) Os exércitos português e inglês entram em Zamora; c) (04.06) Os exércitos português e inglês rumam para o sul, atingem Ciudad Rodrigo, reentrando em Portugal por Almeida; d) (Julho) Tratado de Trancoso entre o duque de Lancaster e o rei de Castela; e) (Setembro) Reembarque do duque de Lancaster com destino a Bayonne, pondo fim à intervenção inglesa na guerra entre Portugal e Castela de 1383-1393). (Verão) Correrias castelhanas no Baixo Alentejo.

1387-1395 — Reinado (15o.) de João I, de Aragão (filho de Pedro IV, o Cerimonioso, de Aragão).

1387-1425 — Reinado (21o.) de Carlos III, o Nobre, de Navarra.

1388 — Guerra entre Portugal e Castela (1383-1389): a) Correrias portuguesas no Melgaço; b) (Março) Os portugueses reconquistam Melgaço; c) (Dezembro) Os portugueses reconquistam Campo Maior; d) João I de Portugal reconquista todas as cidades, vilas e lugares que obedeciam a D. Beatriz e ao rei de Castela. Uns entregam-se espontaneamente (na Estremadura, Trás-os-Montes e entre Tejo e Odiana), outros, houve que tomá-lo à força (Chaves, Bragança, Almeida, Melgaço, Campo Maior).

1389 — Guerra entre Portugal e Castela (1383-1389): a) (Setembro) Após uma trégua de seis meses, os portugueses apoderam-se de Tuy; b) (29.11) Tratado de Monsão: estabelece uma trégua de três anos e a restituição mútua das terras conquistadas (Portugal cedeu Tuy e Salvatierra de Miño, recebendo em troca Olivença, Nôudar e Mértola (no Alentejo), e Castelo Rodrigo, Castelo Mendo e Castelo Melhor (em Ribacoa). Capítulo Geral da Ordem de Santiago, reunido em Alcácer, determinou que os mestres não dispusessem arbitrariamente dos bens da ordem a favor de quem quisessem, e que os freires não faltassem à obediência ao mestre, nem se eximissem ao desempenho de qualquer serviço. Cortes de Lisboa. Peste em Portugal.

1389-1404 — Papado de Bonifácio IX, napolitano.

1390 — (09.10) Morte de João I, 12o. rei de Castela, filho de Henrique II (Trastâmara) de Castela. Em Portugal, confirmação dos privilégios das feiras de Castelo Branco e Sertã.

1390-1392 — No Porto, juízes por El-Rei substituem os juízes eleitos (intervenção do poder central).

1390-1406 — Reinado (13o.) de Henrique III de Castela, filho de João I de Castela.

1391 — Pogroom na Espanha: os sermões de Fernán Martínez levam a populaça em todos os centros mais importantes da Espanha a massacrar todos os judeus encontrados que recusassem a converter-se. (31.10) Nascimento de D. Duarte de Portugal, em Viseu. Cortes em Portugal. Em Portugal, confirmação dos privilégios das feiras de Pinhel (confirmado em 1386), Amarante e Coimbra.

1391-1392 — Fome em Portugal.

1391-1396 — Reinado (12o.) de Youcef II, de Granada.

1392 — Nascimento do infante D. Pedro (filho de D. Duarte), na cidade de Lisboa. Em Portugal, confirmação dos privilégios da feira de Viseu. (21.04) Em Portugal, a criação de um “porto franco” em Caminha (medida para estimular o comércio).

1393 — (15.05) Tratado de Lisboa: prolongou o Tratado de Monsão (1389), estabelecendo a suspensão das hostilidades entre Portugal e Castela em até quinze anos.

1394 — Cortes em Portugal. Fome em Portugal.

1394-1395 — Em Portugal, renovação das bolsas de mareantes (medida para estimular o comércio).

1394-1417 — Bento XIII, rei alemão.

1394-1423 — Antipapa Bento XIII, aragonês.

1395 — Morte de João I, 15o. rei de Aragão.

1395-1410 — Reinado (16o.) de Martin I, o Humano, de Aragão (irmão de João I de Aragão).

1396 — Guerra entre Portugal e Castela (1396-1402): (12.05) Os portugueses apoderam-se de Badajoz.

1396-1402 — Guerra entre Portugal e Castela (ver acima).

1396-1408 — Reinado (13o.) de Maomé VI, de Granada.

1397 — Guerra entre Portugal e Castela (1396-1402): a) (Junho) Como retaliação da tomada de Badajoz (1396), os castelhanos apresam várias naus portuguesas e talam os campos da Beira Alta até Viseu, regressando em seguida a Castela; b) Verão e Outono — Um exército castelhano invade o Alentejo, chegando quase a Alcácer do Sal, mas se retira depois; c) (Dezembro) Os portugueses (exército do infante D. Dinis) entram na Estremadura por Ouguela, atingindo Cáceres e Valência de Alcântara, regressando logo depois. Atacam também Cádiz por mar. No Porto, juízes por El-Rei substituem os juízes eleitos (intervenção do poder central). Em Portugal, renovação das bolsas de mareantes, já renovada em 1394-1395 (medida de estímulo ao comércio).

1397-1400 — Fome em Portugal.

1398 — Guerra entre Portugal e Castela (1396-1402): a) (Maio-Junho) Os portugueses fazem nova ofensiva na Estremadura; b) (Maio) Os portugueses conquistam Salvatierra de Miño; c) (Junho-Julho) As hostes do infante D. Dinis (aclamado rei de Portugal) atacam em Trás-os-Montes e na Beira, apoderando-se de vários castelos e passando por Sabugal, Guarda, Viseu e Covilhã; d) (25.07) Os portugueses conquistam Tuy; e) (Dezembro) Correrias na Estremadura castelhana, seguindo-se negociações e tréguas; f) Cortes em Portugal.

1399 — Em Portugal, a maior inflação de sua história: o marco de prata passa de 36 libras (em 1384) para 330 (1399).

1399-1413 — Henrique IV, rei da Inglaterra.

1399-1400 — Guerra entre Portugal e Castela (1396-1402): a) Nos verões desses anos reacende-se o conflito: os portugueses entram em Castela por Badajoz e põem cerco a Alcântara; os castelhanos ocupam Miranda do Douro, Penacamor e outras praças-fortes.

1400 — (?) Vasco de Lobeira escreve em português um romance de cavalaria, Amadis de Gaula, um dos livros mais populares da Europa. Cortes em Portugal. Em Portugal, Lei discriminatória contra os judeus. Peste em Portugal.

1400-1410 — Roberto, rei alemão.

1401 — É aberto um banco do Estado em Barcelona. Cortes em Portugal. Casamento de D. Beatriz, filha única de Nuno Álvares Pereira — prior da Ordem do Hospital — com o filho bastardo de D. João I de Portugal, D. Afonso, que recebeu do sogro o condado de Barcelos e um significativo patrimônio. Em Portugal, confirmação dos privilégios da feira de Fonte Arcada.

1402 — Acordo de 1402 entre Portugal e Castela — paz por 10 anos. Em Portugal, Lei discriminatória contra os judeus. D. João I procede a uma cuidadosa revisão da constituição do rabinato (criada em Portugal desde o reinado de Afonso III) devido a queixas de lisboetas contra o rabino-mor D. Judá Cohen.

1403 — Fome em Portugal.

1404 — Em Portugal, antes desse ano, confirmação dos privilégios das feiras de Prado e Caria.

1404-1406 — Papado de Inocêncio VII, de Sulmona.

1405 — Nascimento de João II de Castela, filho de Henrique III de Castela. O infante D. Afonso acompanha sua irmã D. Beatriz à Inglaterra, que fora casar com o conde de Arundel (aliança entre Portugal e a Inglaterra).

1406 — Morte de Henrique III, 13o. rei de Castela, filho de João I de Castela. O infante D. Afonso sai de Portugal com destino a Jerusalém, acompanhado por uma centena de cavaleiros. Passou por Castela, Aragão, França, Veneza e Sacro Império, tendo sido recebido pelo imperador Roberto.

1406-1415 — Papado de Gregório XII, veneziano.

1406-1454 — Reinado (14o.) de João II de Castela, filho de Henrique III de Castela.

1407 — Em Lisboa, juízes por El-Rei substituem os juízes eleitos (intervenção do poder central. Em Portugal, confirmação dos privilégios da feira de Feira.

1408 — Cortes em Portugal. O infante D. Afonso, regressando ao Ocidente após ter ido a Jerusalém, passa por Ferrara.

1408-1425 — Reinado (14o.) de Youcef III, de Granada.

1409-1410 — Antipapa Alexandre V, cretense.

1410 — Valladolid, e depois outras cidades, influenciadas pela eloqüência do santo e fanático Vicente Ferrer, ordenaram o confinamento dos judeus e dos mouros em quarteirões determinados (Judería ou Alhama), cujas portas deveriam ser fechadas do pôr-do-sol até o amanhecer. Morte de Martin I, o Humano, 16o. rei de Aragão. Cortes em Portugal. (?) O infante D. Afonso combate os turcos ao lado do imperador Segismundo. (Outubro) O infante D. Afonso passa novamente por Veneza. O infante D. Fernando luta contra os muçulmanos do reino de Granada e toma Antequera.

1410-1415 — Antipapa João XXIII, napolitano.

1410-1437 — Sigismundo, rei alemão.

1411 — Acordo de Segóvia entre Portugal e Castela, que pôs fim definitivo às hostilidades entre os dois reinos ibéricos. D. João I de Portugal ficava rei de um Portugal restituído às fronteiras de 1297. Até esse ano, Portugal vive — desde o início do reinado de João I de Avis (1385) — praticamente em guerra. A conquista de Granada é discutida em Portugal. (20.03.1411) A bula Eximie Devociones do antipapa João XXIII responde de modo afirmativo ao pedido de D. João I de Portugal de ajuda, por parte das ordens militares, a qualquer forma de guerra justa. (?) O infante D. Afonso em Portugal após peregrinação à Terra Santa.

1412 — Em Portugal, Lei discriminatória contra os judeus. Em Portugal, confirmação dos privilégios das feiras de Barcelos, Salzedas e Batalha (?). (?) D. João de Portugal associa ao trono seu filho e herdeiro, D. Duarte, um jovem de 21 anos (futuro rei D. Duarte I de Portugal), e atribui gradualmente lugares de comando e fontes de rendimento aos outros infantes, D. Pedro e D. Henrique, dando a eles a direção dos negócios externos do Reino. Negociações entre Portugal e Castela a respeito de auxílio contra Granada. Começa a ser preparada a expedição militar a Ceuta. Em todo o processo tiveram ação decisiva (além do rei, dos infantes e dos principais senhores feudais do reino) o vedor da Fazenda (João Afonso de Alenquer), o prior do Hospital (Álvaro Gonçalves Camelo) e o capitão-mor do Mar (Afonso Furtado de Mendonça).

1412-1414 — Fome em Portugal.

1412-1416 — Reinado (17o.) de Fernando I, de Aragão (irmão de João II de Castela).

1413-1422 — Henrique V, rei da Inglaterra.

1414 — Em Lisboa, juízes por El-Rei substituem os juízes eleitos (intervenção do poder central).

1414-1416 — Peste em Portugal.

1415 — (25.07) Parte de Lisboa uma frota militar com destino a Ceuta (mais de 200 embarcações e 20.000 homens, incluindo navios e mercenários flamengos, bretões, ingleses e outros). Faz escala em Lagos, Faro e Algeciras. (21.08) Desembarque português em Ceuta. (22.08) Conquista portuguesa de Ceuta, no Marrocos, comandada pelos infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. (01.09) Regresso da frota portuguesa de Ceuta, ficando na cidade uma guarnição de 2.700 homens chefiados por 40 membros da nobreza chefiado por D. Pedro de Meneses. Casamento da filha de D. João I de Portugal, a infanta D. Isabel (que se casara em 1405 com o conde de Arundel) com o barão de Irchenfield (manutenção da aliança entre Portugal e Inglaterra).

1416 — Morte de Fernando I, 17o. rei de Aragão.

1416-1458 — Reinado (18o.) de Afonso V, o Magnânime, de Aragão (filho de Fernando I de Aragão).

1417 — Em Portugal, confirmação dos privilégios das feiras de Lanhoso (?) e Pena.

1417-1418 — Reforçam-se as posições defensivas portuguesas em Ceuta com o auxílio inglês. (04.04) Bula de cruzada do papa Martinho V, Rex Regum, onde Portugal recebe as rendas da Ordem de Santiago.

1417-1431 — Papado de Martinho V, romano.

1418 — (22.01) Estreitamento de laços diplomáticos entre Portugal, o Império e o reino da Hungria: doação da marca de Treviso, como feudo, ao infante D. Pedro. Isso implicou uma estadia de senhores e cavaleiros portugueses na região, entre os quais Álvaro Gonçalves de Ataíde, valido do infante. (08.10) Bula papal In apostolice Dignitatis Specula: D. João I de Portugal consegue junto ao papado a concessão para seu filho, o infante D. João, ao posto de mestre da Ordem de Santiago. Portugal conquista a ilha de Madeira. Fome em Portugal.

1419 — (13 e 18.08) Forças marroquinas e granadinas cercam Ceuta. (Setembro) Um contingente de socorro a Ceuta parte de Portugal, chegando à cidade quando um novo assédio estava em curso. Após duas semanas, os aliados muçulmanos, incapazes de reconquistar Ceuta, levantam o cerco.

1419-1421 — Conquista portuguesa das ilhas da Madeira e do Porto Santo, após expedições de João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo.

1420 — (Março) O infante D. Henrique, em Ceuta até esse mês (desde 1415), projetou capturar Gibraltar, não conseguiu devido a um temporal. Em Portugal, confirmação dos privilégios da feira de Tomar (sede da antiga Ordem do Templo, agora de Cristo). (25.05) Bula papal In apostolice Dignitatis Specula (homônima da de 1418): D. João I de Portugal consegue junto ao papado a concessão para seu filho, o infante D. Henrique, o Navegador, ao mestrado da Ordem de Cristo.

1422 — Em Portugal, hiperinflação: o marco de prata sobe para 5.000 libras (36 libras em 1384, 330 em 1399). Desde esse ano (ou até antes), expedições portuguesas à costa da África.

1422-1427 — Fome em Portugal.

1422-1433 — Conquista portuguesa da costa da África até o cabo Bojador.

1422-1461 — Carlos VII, rei da França. Henrique VI, rei da Inglaterra.

1423 — Peste em Portugal.

1423-1429 — Antipapa Clemente VIII, de Aragão.

1425 — Nascimento de Henrique IV de Castela, filho de João II de Castela. Morte de Carlos III, o Nobre, 21o. rei de Navarra. (?) O infante D. Pedro escreve uma carta ao irmão co-governador e futuro rei Afonso V. (Setembro) O infante D. Pedro vai a Inglaterra. (Dezembro) O infante D. Pedro em Flandres.

1425-1427 — Reinado (15o.) de Maomé VII, de Granada.

1425-1430 — Contra-antipapa Bento XIV, de Avignon.

1425-1479 — Reinado (22o.) da rainha Branca e do rei D. João, de Navarra.

1426 — Carta escrita de Bruges pelo infante D. Pedro ao irmão, o infante D. Duarte: “Portugal era terra que dava vontade de emigrar e que não atraía ninguém”. Em Portugal, hiperinflação: o marco de prata sobe para 28.000 libras (36 libras em 1384, 330 em 1399, 5.000 em 1422). O marco de ouro sobe de forma correspondente. Em Portugal, confirmação dos privilégios da feira de Montemor-o-Velho. (Fevereiro) O infante D. Pedro no Sacro Império (passa por Colônia, Nuremberg e Regensbruck). (Março) O infante D. Pedro em Viena. Permanece ao serviço do imperador Segismundo durante dois anos, combatendo contra os turcos, estacionando na Hungria e na Valáquia.

1427 — Reinado (16o.) de Maomé VIII, de Granada. Cortes em Portugal: uma concordata de 94 capítulos suscitada pelo clero consagra, a contragosto dos prelados e em proveito da monarquia, normas e limites às ambições clericais (Lei Mental — ver 08.04.1434). Expedição portuguesa (Diogo de Silves) aos Açores.

1427-1431 — Reinado (17o.) de Maomé VII (reentronado), de Granada.

1427-1432 — Conquista portuguesa dos Açores.

1428 — O herdeiro do trono de Portugal, o infante D. Duarte casa-se com a infanta D. Leonor de Aragão. (Março) O infante D. Pedro inicia viagem de volta a Portugal, passando por Veneza, Ferrara, Florença e Roma. (Junho) O infante D. Pedro parte de Pisa, por mar, rumo à Península Ibérica. Demorou-se no reino de Aragão até o final de Agosto. (Setembro) O infante D. Pedro atravessa Castela e entra em Portugal.

1428-1429 — Aliança entre Portugal e Aragão: duplo casamento dos infantes D. Duarte e D. Pedro com princesas aragonesas.

1429 — Peste em Portugal. O infante de Portugal D. Pedro casa-se com a filha do conde de Urgel.

1430 — Aliança entre Portugal e Borgonha: casamento da filha de D. João I de Portugal, D. Isabel, com o poderoso duque de Borgonha, Filipe, o Bom.

1431 — Reinado (18o.) de Ebn Alhamar, de Granada.

1431-1432 — Expedição portuguesa (Gonçalo Velho) aos Açores.

1431-1447 — Papado de Eugênio IV, veneziano.

1432 — (15.01) Nascimento de Afonso (futuro Afonso V de Portugal, o Africano), filho do infante D. Duarte de Portugal e D. Leonor de Aragão. (11.08) Pacto de Torres Novas assinado entre Portugal e Aragão: resolução da querela entre o condestável castelhano D. Álvaro de Luna e os “infantes de Aragão”, D. Henrique e D. Pedro (Portugal foi o medianeiro).

1432-1433 — Peste em Portugal.

1432-1445 — Reinado (19o.) de Maomé VII (reentronado), de Granada.

1433 — (13.08) Morte de D. João I de Portugal, de Boa Memória, em Lisboa, aos 76 anos de idade e 48 de reinado (“...prestigiado, amado e chorado pelos seus súbditos” — A. H. de Oliveira Marques). (Novembro-dezembro) Cortes de Leiria (depois transferidas para Santarém), as primeiras do reinado de D. Duarte I (nelas os deputados afirmam serem as pestes um traço habitual do perfil do reino). Expedição portuguesa na costa africana. Negociações entre Portugal e Castela (conseqüência do Pacto de Torres Novas, de 1432). A política portuguesa da guerra na África (interrompida pelos custos da manutenção de Ceuta e o agravamento da inflação em Portugal) é retomada.

1433-1438 — (14.08) Reinado de D. Duarte de Portugal, o Eloqüente (2o. da dinastia de Avis) — assume o trono aos 42 anos de idade (escreve um tratado de desporto: Ensinança de bem cavalgar toda a sela).

1434 — (02.03) Em Portugal, novos regimentos dos juízes dos Órfãos. (22.03) Em Portugal, novos regimentos dos juízes dos Contos. (08.04) Em Portugal, a Lei Mental (reforma na administração pública: lei sobre a justiça, o senhorialismo e as terras da coroa, com a exceção da casa de Barcelos — pertencente pela doação de 1401 ao filho bastardo de D. João I de Portugal, D. Afonso). (10.04) Em Portugal, novos regimentos dos Capitães de Ceuta. (02.05) Em Portugal, proibição de cartas senhoriais de privilégios. (?) Uma nova frota militar terá sido organizada em Portugal com um objetivo: as Canárias. Expedição portuguesa na costa africana. Negociações entre Portugal e Castela (conseqüência do Pacto de Torres Novas, de 1432).

1435 — (02.09) Em Portugal, novos regimentos dos juízes de Monteiro-Mor. (?) É fundado o seguro marítimo na Espanha. Início do saneamento da moeda portuguesa: D. Duarte I de Portugal faz cunhar as primeiras moedas de ouro e de boa prata que se viam desde os tempos de D. Fernando: o escudo e o real. Concílio de Basiléia: os castelhanos (o bispo de Burgos, Alonso de Cartagena) argumentam ao papa sobre os portugueses e a questão das Canárias. Expedição portuguesa na costa africana.

1436 — (06.01) Em Portugal, novos regimentos dos Besteiros do Conto. (20.01) Em Portugal, Leis sobre portagem. (Março) Cortes de Évora, a segunda do reinado de D. Duarte I de Portugal. Objetivo: obter fundos para a projetada expedição a Marrocos. (19.08) Em Portugal, Leis sobre judeus. (08.09) Bula papal Rex Regum: o papa Eugênio IV concede a D. Duarte I de Portugal os direitos e os privilégios de cruzada contra o Islã. (15.09) Bula papal Romanus Pontifex: Eugênio IV concede as Canárias a Portugal. (06.11) Bulas Romani Pontifics e Dudum cum ad nos: o papa Eugênio IV, por pressão da coroa castelhana, volta atrás na bula de 15.09 e a revoga. (05.12) Em Portugal, Leis sobre judeus. Expedição portuguesa na costa africana.

1436-1441 — Fome em Portugal.

1437 — (08.02) Em Portugal, novos regimentos das Valas. (13.04) Em Portugal, restrições a certas exportações. (03.08) Em Portugal, restrições a certas exportações. (27.08) D. Duarte I de Portugal prepara uma frota com 6.000 a 7.000 homens que se reuniu em Ceuta, tendo como chefe da expedição o infante D. Henrique. (13.09) Ataque português a Tânger: os marroquinos conseguem repelir todos os assaltos, passando em seguida à ofensiva. (12.10) O infante D. Henrique decide pela rendição em Tânger, comprometendo-se a restituir Ceuta. Como penhor da entrega, o infante D. Fernando, o infante Santo, mestre de Avis, ficou em poder dos muçulmanos. (17.10) A expedição militar portuguesa derrotada em Tânger regressa a Portugal, via Ceuta. (?) Expedição portuguesa na costa africana.

1437-1441 — Peste em Portugal.

1437-1439 — Em Portugal, epidemia de peste.

1438 — (Janeiro-fevereiro) Cortes de Leiria (terceira e última do reinado de D. Duarte I de Portugal). Objetivo: tratar da liberdade do infante D. Fernando e da possível cedência de Ceuta aos mouros. (Março) O infante D. Henrique permanece até esse mês em Ceuta, instalando-se a seguir no Algarve. (09.09) Epidemia de peste em Portugal: morte do rei D. Duarte I de Portugal, o Eloqüente, de peste (reinou apenas cinco anos). Seu filho, D. Afonso tem apenas 6 anos; o país é governado pela viúva, D. Leonor de Aragão (regência). (Novembro) Cortes de Torres Novas: Regimento do Reino de 1438: proposta do infante D. Henrique; é uma constituição destinada a vigorar até que D. Afonso atinja a maioridade política, em 1446. Estabelece que o poder seja partilhado pela rainha, pelo infante D. Pedro, duque de Coimbra, pelo conde de Arraiolos e por umas "cortes restritas" de celebração anual. Assim, D. Leonor foi regente sozinha por apenas 3 meses. Em Portugal, carta régia de proteção aos bretões.

1438-1439 — Alberto II, rei alemão.

1438-1439 — Regência de D. Leonor de Aragão, viúva de D. Duarte I de Portugal.

1438-1441 — Em Portugal, maus anos agrícolas e o espectro da fome.

1439-1449 — Antipapa Félix V, de Savóia.

1439 — Os Açores começam a ser povoados. (Julho) Começam as divergências abertas entre D. Leonor de Castela e D. Pedro, duque de Coimbra, por motivo da nomeação de um servidor do arcebispo de Braga para escrivão da Câmara do Porto. (Setembro) Agitações em Lisboa, semelhantes às de 1383-1385. (Dezembro a Janeiro 1440) Cortes de Lisboa: o regimento de Torres Novas é anulado e o infante D. Pedro, duque de Coimbra, é declarado por pressão do povo "Regedor e Defensor do Reino", tal como o pai. Mais tarde, é também designado tutor e curador do rei. A rainha tenta resistir, auxiliada por forças internas e pela promessa de ajuda de seus irmão de Aragão. Foge para Castela, é despojada de seus bens e morre em Toledo (1445). O regente D. Pedro faz uma declaração pró-nobiliárquica nas Cortes de Lisboa, além de recusar o oferecimento de uma estátua sua nos estaus da capital.

1439-1448 — Regência do infante D. Pedro, duque de Coimbra.

1440 — (1o. Semestre) Aliança entre o infante D. Pedro e os adversários dos infantes de Aragão: Um contingente de 200 homens sob o comando de D. Duarte de Meneses entra em Castela para ajudar o mestre de Santiago, Gutierre de Sotomayor (partidário de A. Álvaro de Luna) e destrói Zalamea de la Serena (Badajoz), reforçando as guarnições dos castelos de Magacela e Benquerencia de la Serena (Badajoz). (09.05) Os irmãos do regente D. Pedro são nomeados fronteiros para as zonas ameaçadas de invasão: D. Henrique para a Beira, D. João para o Alentejo e D. Afonso para o Entre-Douro-e-Minho e Trás-os-Montes. (Setembro) O marechal Vasco Fernandes Coutinho (inimigo do regente D. Pedro desde o início) é promovido a 1o. Conde de Marialva. (Outubro) D. Leonor de Castela, a rainha viúva de Portugal, busca refúgio em Sintra, depois em Almerim, e por fim em Ponte de Sor e no Crato, terras da Ordem do Hospital, cujo prior, D. Frei Nuno Gonçalves de Góis a apoiava. (Dezembro) D. Leonor de Castela, sentindo-se sem apoio interno, abandona o país, acolhe-se em Albuquerque e solicita o auxílio dos irmãos. O infante D. Pedro é proclamado regente.

1440-1493 — Frederico III, rei alemão.

1441 — (09.03) Em Portugal, Lei sobre a moeda. (25.05) Esponsais entre a filha do regente D. Pedro, D. Isabel e o rei, D. Afonso V de Portugal. O matrimônio só se consumará em 06.05.1447, dada a tenra idade dos esposados. (Novembro) O regente e infante D. Pedro procura seu meio-irmão, o conde de Barcelos, em Lamego para um acordo, e evita uma guerra civil em Portugal (sobre a questão do exílio da rainha, D. Leonor de Castela). O conde havia firmado um pacto com o infante de Aragão, D. Henrique e com o rei de Navarra, também irmão da rainha.

1442 — (27.04) Em Portugal, Regimento do Monteiro-Mor. (30.09) Em Portugal, Lei sobre processo cível. (18.10) Súbito falecimento do infante D. Diogo, filho do recentemente falecido infante D. João: ambos detinham o cargo de condestável. (Novembro?) D. Afonso é feito 1o. Duque de Bragança, sendo-lhe aumentado consideravelmente o patrimônio senhorial.

1443 — (Janeiro) Nomeação do filho primogênito do regente D. Pedro, D. Pedro, de 12 anos, para condestável. (31.01) Em Portugal, Lei sobre alcaides e prisões. (03.03) Em Portugal, Regimento do Chanceler-Mor. (05.06) Falecimento, no cativeiro, do infante D. Fernando, mestre da Ordem de Avis (que havia sido derrotado em Tânger, em 1437, ficando preso desde então). Em Portugal, carta régia de proteção aos ingleses.

1444 — (29.03) Nomeação do filho primogênito do regente D. Pedro, D. Pedro, para o mestrado de Avis. (23.05) O infante D. Fernando, jovem irmão do rei, é nomeado pelo regente D. Pedro mestre da Ordem de Santiago (que do infante D. João passara a seu filho D. Diogo). Em Portugal, carta régia de proteção aos bretões e ingleses.

1445 — (18.02) Morte de D. Leonor de Aragão, viúva de D. Duarte de Portugal, em Toledo. Fim do problema da regência de D. Pedro. (23.03) Em Portugal, repressão aos abusos dos donatários. (19.05) Vitória de Olmedo: D. Álvaro de Luna assegura ao regente de Portugal a paz definitiva para a questão de sua regência. (18.08) O conde de Arraiolos, D. Fernando, filho do duque de Bragança, é feito governador de Ceuta. Casamento de Joana, irmã de Afonso (V) de Portugal, com Henrique IV de Castela. Em Portugal, carta régia de proteção aos bretões, castelhanos, biscainhos e galegos.

1445-1446 — Fome em Portugal.

1445-1454 — Reinado (20o.) de Ebn Ostman, de Granada.

1446 — (Janeiro) Cortes de Lisboa: maioridade legal de Afonso V de Portugal (D. Pedro é mantido no governo). Oposição do duque de Bragança à D. Pedro. (09.10) D. Sancho de Noronha (inimigo fidagal do regente D. Pedro), irmão do arcebispo de Lisboa, recebe o título de 1o. Conde de Odemira. (28.07) Em Portugal, o regente do reino e duque de Coimbra, D. Pedro, promulga as Ordenações Afonsinas, primeiro código jurídico geral dos portugueses, cuja compilação tinha sido empreendida pelo rei D. Duarte. Em Portugal, carta régia de proteção aos castelhanos, biscainhos e galegos. Em Portugal, mau ano agrícola. Participação dos mesteirais na Câmara de Tavira.

1447 — Reunião prelatícia em Portugal. Casamento de D. Isabel, filha do infante D. João (e sobrinha do rei D. Duarte), mestre de Santiago, com o rei João II de Castela (segundas núpcias). D. Leonor de Aragão recebe Sintra de D. Duarte, como arra

1447-1455 — Papado de Nicolau V, de Sarzana.

1448 — (04.03) Em Portugal, a Legislação sobre coutos. Em Portugal, carta de proteção aos ingleses. (11.07) D. Pedro (ex-regente), dispensado pelo sobrinho, o rei D. Afonso V de Portugal, abandona o poder e retira-se para o seu ducado. (Setembro) Face às reclamações dos antigos partidários da rainha D. Leonor de Castela, D. Afonso V de Portugal ordena as confirmações das terras, bens e ofícios recebidos desde o falecimento de D. Duarte I de Portugal.

1448-1453 — Epidemia de peste em Portugal.

1448-1481 — Reinado de Afonso V, o Africano, de Portugal.

1449 — (Abril) D. Pedro impede a passagem pelo seu feudo das forças armadas do duque de Bragança (seu inimigo), chamado a Lisboa pelo rei. Afonso V de Portugal rompe abertamente com D. Pedro, acusando de desobediência, e ordena a prisão de seus partidários. (05.05) O duque de Coimbra parte em direção à Corte (e à morte). (19.05) Batalha de Alfarrobeira (entre o rei Afonso V de Portugal e seu tio e ex-regente, D. Pedro), perto de Lisboa: morte do infante D. Pedro, ex-regente do reino.

1450-1455 — Negociação e casamento de D. Beatriz, filha do infante D. Pedro, com Adolfo Von Kleve.

1451 — Portugal relembra D. João I de Avis como o "pai dos portugueses". Cortes em Portugal — as primeiras do pós-regência. Em Portugal, o conde de Ourém passa a 1o. Marquês de Valença. Casamento da infanta D. Leonor (irmã do rei Afonso V de Portugal) com o imperador alemão Frederico III.

1452 — Nascimento de Fernando II de Aragão (futuro 20o. rei).

1452-1455 — Fome em Portugal.

1453 — O infante D. Fernando, irmão do rei, recebeu o título de 1o. duque de Beja.

1454 — Morte de João II, 14o. rei de Castela, filho de Henrique III de Castela.

1454-1456 — Reinado (21o.) de Ebn Ismail, de Granada.

1454-1474 — Reinado (15o.) de Henrique IV de Castela, filho de João II de Castela.

1455 — Cortes em Portugal. O papa Calisto III manda tanger à cruzada contra os turcos todos os sinos cristãos. Em Portugal, o conde de Arraiolos passa a marquês de Vila Viçosa. Casamento de D. Joana, irmã de Afonso V de Portugal, com o rei Henrique IV de Castela.

1455-1456 — Afonso V de Portugal faz equipar navios e recruta homens de armas com o objetivo de intervir no Mediterrâneo para uma cruzada contra os turcos. Com essa finalidade, uma frota luso-italiana parte para o Levante.

1455-1458 — Papado de Calisto III, valenciano.

1456 — Afonso V de Portugal revoga (brevemente) o "beneplácito régio" instituído por D. Pedro I de Portugal quando este era ainda infante (ver ano 1355). Cortes em Portugal. Casamento de D. João, filho do infante D. Pedro, com Carlota de Lusignan, rainha de Chipre. D. Jaime, filho do ex-regente D. Pedro, ascende a cardeal na Itália, além de arcebispo de Lisboa (embora nunca tenha regressado a Portugal).

1456-1458 — Peste em Portugal.

1456-1482 — Reinado (22o.) de Moulay Hacen, de Granada.

1457 — Afonso V de Portugal decide combater em Marrocos. Surge em Portugal os cruzados de ouro quase puro (23 3/4 quilates), entrando em circulação uma boa moeda de prata (real grosso e meio real grosso).

1458 — (30.09) Uma frota de 220 velas parte do Sado e de outros pontos da costa portuguesa levando o rei, o idoso infante D. Henrique e a fina flor da nobreza portuguesa. (16.10) Os portugueses chegam ao Marrocos e atacam Alcácer Ceguer. (18.10) Conquista portuguesa de Alcácer Ceguer. (24.10) Alcácer Ceguer é integrado às conquistas portuguesas. (Novembro) Os marroquinos tentam reconquistar Alcácer Ceguer. Morte de Afonso V, o Magnânime, 18o. rei de Aragão.

1458-1464 — Papado de Pio II, sienês.

1458-1479— Reinado (19o.) de João II, de Aragão.

1459 — Assembléias parlamentares em Portugal. (Março a Julho) Os portugueses fortificam Alcácer Ceguer. (Julho) Durante 53 dias os marroquinos cercam Alcácer Ceguer (pela segunda vez). Participação dos mesteirais na Câmara de Évora.

1459-1461 — Fome em Portugal.

1460 — Morte do infante D. Henrique. D. Álvaro de Castro recebe o título de 1o. conde de Monsanto. (Verão) É preparada outra expedição portuguesa ao Marrocos, que falha.

1461-1483 — Luís IX, rei da França. Eduardo IV, rei da Inglaterra.

1463 — (?) D. Fernando, filho do segundo duque de Bragança recebe o título de conde de Guimarães. (Novembro) Mais uma expedição portuguesa é preparada ao Marrocos, e também falha (D. Afonso V com um contingente de 10.000 homens tenta apoderar-se de Tânger, e demora-se em Ceuta até março de 1464).

1463-1464 — Portugal tenta conquistar Tânger, mas desiste.

1464 — D. Henrique de Meneses recebe o título de 1o. conde de Valença. (Março) Afonso V de Portugal esteve em risco de ser capturado ou morto pelos marroquinos, e é salvo por D. Duarte de Meneses, que morre no recontro. Uma expedição portuguesa (3a.) é preparada ao Marrocos que também falha. D. Pedro, condestável do reino de Portugal e mestre da Ordem de Avis aceita um convite para se candidatar ao reino de Aragão e parte, mesmo contra a vontade do rei Afonso V. Peste em Portugal.

1464-1466 — Intervenção portuguesa na Catalunha e breve realeza do condestável D. Pedro, mestre de Avis e filho do ex-regente D. Pedro, vencido em Alfarrobeira (1449). A Ordem de Avis e seus freires apóiam a causa do condestável D. Pedro.

1464-1471 — Papado de Paulo II, veneziano.

1465 — Assembléias parlamentares em Portugal.

1466 — Pero Vaz de Melo recebe o título de 1o. conde de Atalaia. Morte de D. Pedro, mestre de Avis e pretendente ao trono de Aragão.

1467-1468 — Fome em Portugal.

1468 — Assembléias parlamentares em Portugal.

1469 — O infante D. Fernando conquista Anafé (atual Casablanca), mas logo abandona, por situar-se desconfortavelmente ao sul. D. Afonso, filho do segundo duque de Bragança recebe o título de 1o. conde de Faro.

1470 — D. Fernando, filho do segundo duque de Bragança recebe o título de duque de Guimarães.

1471 — Discurso dos povos portugueses, afirmando que Santa Joana não podia escolher a vida monástica. (15.08) Afonso V parte de Lisboa com frota de ataque (mais de 477 embarcações e quase 30.000 homens). (20.08) A expedição ancora em Arzila. (24.08) Portugal conquista Arzila e ocupa a praça tangerina — os mouros a abandonaram. (28.08) Afonso V, conquista Tânger. Com essas conquistas africanas intitula-se "Rei de Portugal e dos Algarves d'aquém e d'além-mar em África" (era dono de Ceuta, Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger). D. Afonso de Vasconcelos recebe o título de 1o. conde de Penela. D. Henrique de Meneses recebe o título de 1o. conde de Loulé. D. João Galvão, bispo de Coimbra, recebe o título de 1o. conde de Santa Comba.

1471-1484 — Papado de Sisto IV, de Savona.

1472 — D. João Galvão, bispo de Coimbra e 1o. conde de Santa Comba, recebe o título de 1o. conde de Arganil. Peste em Portugal.

1472-1473 — Cortes de Coimbra-Évora. Fome em Portugal.

1473-1478 — D. João, filho do segundo duque de Bragança, 1o. marquês de Montemor-o-Novo.

1473 — D. Leonor, ainda infanta, recebe Sintra de D. João II de Portugal, como arra.

1474 — (Dezembro) Morte de Henrique IV, 15o. rei de Castela, filho de João II de Castela.

1474-1504 — Reinado de Isabel e Fernando V, reis da Espanha.

1475 — Afonso V de Portugal entrega ao príncipe D. João o pelouro das navegações e comércio atlânticos. Com a morte de Henrique IV de Castela, Afonso V de Portugal volta-se para a Península Ibérica e acaricia a idéia de tornar-se imperador das Espanhas: invade Castela (Batalha do Toro) e sofre uma derrota. D. João Fernandes da Silveira recebe o título de 1o. barão de Alvito. Lopo de Albuquerque recebe o título de 1o. conde de Penamacor. Participação dos mesteirais na Câmara do Porto (com direito a voto).

1475-1478 — Fome em Portugal.

1476 — Leonel de Lima recebe o título de 1o. visconde de Vila Nova de Cerveira. Lopo de Almeida recebe o título de 1o. conde de Abrantes. D. Pedro Álvares de Soto Maior recebe o título de 1o. conde de Caminha. Rui de Melo recebe o título de 1o. conde de Olivença.

1477-1494 — Peste em Portugal.

1479 — Reinado (23o.) da rainha Leonor, de Navarra. Morre no mesmo ano. Morte de João II, 19o. rei de Aragão

1479-1481 — Reinado (24o.) de Francisco Febo, de Navarra.

1479-1516 — Reinado (20o.) de Fernando II de Aragão.

1481 — Morte de Francisco Febo, 24o. rei de Navarra. Na Vila de Sintra, morte de Afonso V, o Africano, de Portugal, aos 49 anos de idade.

1481-1482 — Cortes de Évora-Viana — as primeiras de D. João II de Portugal.

1481-1495 — Reinado de D. João II de Portugal.

1481-1512 — Reinado (25o.) de Catarina (e D. João de Aragão), de Navarra.

1482-1492 — Reinado (23o.) de Abou Abdilehi (Boabdil), de Granada.

1483 — Eduardo V, rei da Inglaterra.

1483-1485 — Ricardo III, rei da Inglaterra.

1483-1498 — Carlos VIII, rei da França.

1484-1488 — Fome em Portugal.

1484-1492 — Papado de Inocêncio VIII, genovês.

1485-1509 — Henrique VII, rei da Inglaterra.

1490-1491 — Fome em Portugal.

1492 — Através de Bragança entram muitos judeus fugitivos de Castela.

1492-1503 — Papado de Alexandre VI, valenciano.

1493-1519 — Maximiliano I, rei alemão.

1494-1496 — Fome em Portugal.

1495-1521 — Manuel I, rei de Portugal.

1498 — Criação da confraria de Nossa Senhora da Misericórdia de Lisboa, por iniciativa de D. Leonor, regente durante a ausência de seu irmão, D. Manuel I, que se encontrava em Castela.

1497 — Em Portugal, conversão forçada dos judeus. Em Bragança, predominam os cristãos-novos.

1498-1515 — Luís XII, rei da França.

1503 — Papado de Pio III, sienês.

1503-1513 — Papado de Júlio II, de Savona.

1504-1506 — Reinado (2o.) de Filipe I e rainha Joana, da Espanha.

1506-1516 — Regência de Fernando V da Espanha.

1509-1547 — Henrique VIII, rei da Inglaterra.

1512 — Junção dos reinos de Castela e Aragão. O rei de Portugal, D. Manuel, confirma o foral de Amieira do Crato à Ordem do Hospital.

1513-1521 — Papado de Leão X, florentino.

1515-1547— Francisco I, rei da França.

1516 — Morte de Fernando II, 20. rei de Aragão.

1516-1517 — Regência do Cardeal Cisneros, da Espanha.

1516-1556 — Carlos I, rei da Espanha.

1519-1556 — Carlos V, rei alemão.

1521-1557 — João III, rei de Portugal.

1522-1523 — Papado de Adriano VI, de Utrecht.

1523-1534 — Papado de Clemente VII, florentino.

1534-1549 — Papado de Paulo III, romano.

1547-1553 — Eduardo VI, rei da Inglaterra.

1547-1559 — Henrique II, rei da França.

1550-1555 — Papado de Júlio III, romano.

1553-1558 — Maria I, rainha da Inglaterra.

1555-1559 — Papado de Paulo IV, napolitano.

1556-1564 — Fernando I, rei alemão.

1556-1598 — Filipe II, rei da Espanha.

1557-1578 — Sebastião I, rei de Portugal.

1558-1603 — Elizabeth I, rainha da Inglaterra.

1559-1560 — Francisco II, rei da França.

1559-1565 — Papado de Pio IV, milanês.

1560-1574 — Carlos IX, rei da França.

1564-1576 — Maximiliano II, rei alemão.

1566-1572 — Papado de São Pio V, alexandrino.

1572-1585 — Papado de Gregório XIII, bolonhês.

1574-1589 — Henrique III, rei da França.

1576-1612 — Rodolfo II, rei alemão.

1578-1580 — Henrique (cardeal), rei de Portugal.

1580-1598 — Filipe da Espanha, rei de Portugal.

1585-1590 — Papado de Sisto V, de Grottamare.

1589-1610 — Henrique IV, rei da França.

1590 — Papado de Urbano VII, romano.

1590-1591 — Papado de Gregório XIV, cremonense.

1591 — Papado de Inocêncio IX, bolonhês.

1592-1605 — Papado de Clemente VIII, florentino.

1598-1621 — Filipe III, rei da Espanha.

 

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