Bibliofilia

A felicidade da vida interior no amor aos livros. Parte I

Ricardo da COSTA
 

Resumo: Estudo sobre a Educação fundada no espírito baseada na tradição bibliotecária ocidental, no amor à palavra impressa. Na Primeira Parte, há uma sequência cronológica, da Grécia a Roma, com informações a respeito dos primeiros centros bibliotecários existentes no Ocidente. Na Segunda Parte, sua trajetória a partir da disseminação do Cristianismo e o protagonismo da Igreja Católica. Dos primeiros religiosos cristãos, a tradição fundada por Bento de Núrsia (480-547) e Cassiodoro (c.485-585), até o enciclopedismo de Isidoro de Sevilha (c.560-636) e, finalmente, Richard de Bury (1287-1345) e sua obra Philobiblon (1345).

Abstract: Study on Education founded on the Spirit in the Western and medieval library tradition, in the love of the printed word. In the First Part, there is a chronological sequence, from Greece to Rome, with information about the first library centers in the West. In the Second Part, its trajectory from the spread of Christianity and the leading role of the Catholic Church. From the first religious Christians, the tradition founded by Benedict of Nursia (480-547) and Cassiodorus (c.485-585), to the encyclopedism of Isidore of Seville (c.560-636) and finally, Richard de Bury (1287-1345) and his work Philobiblon (1345).

Palavras-chave: Bibliofilia – História da Leitura – Bibliotecas – Bento de Núrsia – Cassiodoro – Isidoro de Sevilha – Richard de Bury.

Keywords: Bibliophile – History of Reading – Libraries – Benedict of Nursia –Cassiodorus – Isidore of Seville – Richard de Bury.

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Cornélio Nepos descobre a História de Tróia de Dares, o frígio, em um armário. Iluminura de uma cópia (c.1340-1350) do poema Roman de Troie (c.1155-1160), de Benoît de Sainte-Maure (†1173). BnF, Manuscrits, français 782, folio 2v. O “armário” é o que hoje chamamos de Biblioteca.

A leitura é um diálogo – e este é o paradoxo do livro – com alguém que não está diante de nós (...) que está presente só como escrita. Existe uma interrogação dos livros (chama-se hermenêutica), e se existe hermenêutica, existe culto do livro. As três religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e islamismo – desenvolvem-se sob a forma de interrogação contínua de um livro sagrado (...) um homem que lê vale por dois: na verdade, vale por mil (os grifos são meus).1

I. Grécia

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Hidria (ὑδρία, jarra para transportar água, azeite, e votos de juízes) de figuras vermelhas (c.450 a.C.). Ática, cerâmica, 33,02 cm. British Museum, n. 1885,1213.18. É possível que se trata de uma representação da poetisa Safo (c.630-570 a.C.). Uma mulher sentada lê um papiro. Ao seu redor, três atendentes, de pé, portam, cada uma, com um objeto (da esquerda para a direita, a primeira com uma espécie de bolsa, a segunda com uma caixa quadrada de vime e a terceira com uma flor). Todas estão trajadas com um chíton (χιτών), túnica de lã ou linho.

Vá rapaz, toma o texto e lê (Teeteto, 143c).2

A ordem ao escravo dada por Euclides no Teeteto (séc. IV a.C.) de Platão (428-348 a.C.) pode muito bem ser ampliada para todo o âmbito do conhecimento: pegue o livro, pegue um livro. Leia-o! Assim inicia este famoso diálogo platônico sobre o saber e a sabedoria.3 E é assim que também principia o mundo interior.4

No Ocidente, a escrita alfabética surgiu na Grécia por volta do séc. VIII a.C. Seus primeiros leitores praticavam a leitura em voz alta: só no séc. V a.C. alguns gregos passaram a ler em silêncio5 – justamente quando começou a ser disseminado um comércio de livros e, com ele, a leitura privada.6

Lia-se em papiros na Grécia (pelo menos até o séc. VI a.C.) (imagem 2), mas também em tabuinhas de argila.7 Em relação ao acesso aos textos além das iniciativas privadas, é provável que Pisístrato (c.600-527 a.C.) tenha fundado em Atenas a primeira biblioteca pública.8

Com isso, a prática se disseminou. A tal ponto que, após a morte de Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) e o início do período helenístico (323-31 a.C.), especula-se que todos os núcleos urbanos fundados por ele contavam com uma biblioteca real, um prestígio de suas cidades, pois era um atrativo para estudiosos e auxiliares para a administração pública.9

I.1. A Grande Biblioteca de Alexandria

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A Grande Biblioteca de Alexandria, de O. von Corben. Interpretação artística da Biblioteca de Alexandria baseada em algumas evidências arqueológicas. Fonte: Tolzmann, Don Heinrich; Alfred Hessel and Reuben Peiss. The Memory of Mankind. New Castle, DE: Oak Knoll Press, 2001.

Alexandre, o Grande, fundou Alexandria em 331 a.C., na extremidade ocidental do Delta do Nilo. Provavelmente por volta de 295 a.C. Demétrio de Falero (c.350-280 a.C.) sugeriu a Ptolomeu I (367-282 a.C.) a criação da Biblioteca de Alexandria10, na forma de um anexo do Moseion (Μουσεῖον τῆς Ἀλεξανδρείας) – instituição dedicada às Musas e local de estudo e aprendizado.11

Por volta de 30-25 a.C., o geógrafo grego Estrabão (c.63 a.C.-24) visitou Alexandria com Élio Galo, governador do Egito (26-24 a.C.), e fez uma breve descrição da Biblioteca:

O Museu faz parte dos palácios. Tem um passeio público, um lugar mobiliado com assentos e um grande salão, no qual os homens de instrução, que pertencem ao Museu, fazem sua refeição. Esta comunidade também tem bens em comum, e um clérigo, anteriormente nomeado pelos reis mas atualmente por César, preside o Museu.12

As obras do Moseion foram concluídas sob o reinado de Ptolomeu II (309-246 a.C.). Sob Ptolomeu III (246-221 a.C.) a coleção da Biblioteca cresceu rapidamente graças a um decreto faraônico que determinava que todos os navios que chegassem a Alexandria deveriam entregar as obras sob suas posses para que fossem feitas cópias para a Biblioteca.13

Somado a isso, Ptolomeu II adquiriu os papiros do Liceu de Aristóteles provavelmente das mãos de Neleu de Escépis, discípulo do Estagirita que viveu por volta de 300 a.C. (ou de um de seus descendentes), fato que ajudou a formar o núcleo da maior biblioteca do mundo antigo.14

II. Roma

No mundo romano, até Catão, o Censor (234-149 a.C.), a escrita estava circunscrita aos sacerdotes e nobres, responsáveis pelos conhecimentos citadinos sobre o sagrado e o jurídico. Com a chegada a Roma de bibliotecas gregas, obras helênicas passaram a servir como modelos para os livros latinos. Isso a ponto de, com seu bisneto, Catão, o Jovem (95-46 a.C.), a leitura privada já se tornara uma prática comum (e, com ela, as bibliotecas privadas, consideradas espaços de ócio).15

A leitura nasceu em Roma como uma atividade de prazer (voluptas), como nos diz Cícero (106-43 a.C.):

...tais estudos atraem pelo seu valor intrínseco, porque a mente se interessa por eles apesar de nenhuma utilidade prática oferecerem (...) Sei bem que a história tem uma certa utilidade, para além do prazer. Que motivo, porém, nos leva a ler com prazer obras de ficção de que nenhuma utilidade é possível extrair? (...)

Os antigos filósofos descrevem como seria a vida dos sábios nas Ilhas dos Bem Afortunados: libertos de todas as preocupações, sem necessitarem dos cuidados e apetrechos da vida quotidiana, a única coisa em que acham dever empregar o tempo é no estudo e na investigação dos fenómenos da natureza.16 Por nosso lado, entendemos que nestes estudos reside, não só aquilo que nos proporciona a felicidade nesta vida, mas também o alívio para os nossos sofrimentos (...).17

No tempo de Augusto (63 a.C.-14), sua irmã Otávia, a Jovem (66-11 a.C.), fundou duas bibliotecas no Pórtico de Otávia em honra à memória de seu filho Marco Cláudio Marcelo (41-23 a.C.) (uma para textos em grego, outra para obras latinas):

Sua linhagem manteve seu esplendor até Marcelo, sobrinho de César Augusto, filho da irmã de César, Otávia, com Caio Marcelo, que morreu durante seu cargo de edil em Roma18, tendo recentemente se casado com uma filha de César. Em sua homenagem e em sua memória, Otávia, sua mãe, dedicou a biblioteca, e a César o teatro, que leva seu nome.19

A partir de então, Roma tomou para si a missão de estender as letras ao mundo, à medida que o conquistava. Trajano (53-117) tornou a Biblioteca Úlpia uma das mais importantes da Antiguidade (imagem 4).

Imagem 4

Reconstituição (maquete) da Biblioteca Úlpia (112-114), localizada no Fórum de Trajano, em Roma.

Definitivamente, Roma adquiriu o gosto pela leitura. Além das públicas, havia bibliotecas privadas. Um magnífico exemplo de uma biblioteca privada romana – aliás, a única que sobreviveu, graças à tragédia da erupção do Vesúvio (em 79) – foi a da Vila dos Papiros (Villa dei Pisoni), em Herculano. Mais de mil e oitocentos papiros!20

A Vila, luxuosíssima, também abrigava a maior coleção de esculturas de bronze descoberta em um único contexto – pelo menos oitenta, de magnífica qualidade.21 Provavelmente pertenceu a Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino (c.105-43 a.C.), sogro de Júlio César (101-44 a.C.). Sua biblioteca era, definitivamente, filosófica, para seu uso particular: como as bibliotecas públicas, havia uma seção grega (de tratados epicuristas) e outra latina (de escritos contemporâneos).22

II.1. O papiro e o códice

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Busto masculino. Um homem, jovem, lê um papiro em um rolo. Herculano, séc. I a.C. Museo archeologico nazionale di Napoli, inv. nr. 9072.

Para que tenhamos uma ideia de quão revolucionária foi a posterior difusão do códice na Idade Média, é preciso considerar o suporte textual anterior, o papiro.23 Frágil, não era flexível a ponto de poder ser dobrado. Seu armazenamento ocupava muito espaço (em escaninhos) e, para conter uma obra volumosa – como um tratado filosófico, por exemplo –, eram necessários muitos rolos. Por isso, o papiro era um suporte mais adequado a documentos oficiais, de chancelaria.

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Fragmento do Codex Gregorianus (c. 291-294), compêndio de pronunciamentos legais de imperadores romanos dos séculos II-III.

Por todos esses motivos, os romanos desenvolveram o códice (codex), formato mais prático tanto para a escrita quanto para a leitura. Sua difusão se deu pari passu com a difusão do Cristianismo no Império, a ponto de, no início do século IV, ambos os suportes se equiparavam no uso dos escritores e copistas.24

O formato compacto do códice e sua praticidade logo ganharam o pragmático espírito romano, como se vê em um poema de Marcial (38-104) no início do século I:

qui tecum cupis esse meos ubicumque libellos 
   et comites longae quaeris habere uiae, 
hos eme, quos artat breuibus membrana tabellis: 
   scrinia da magnis, me manus una capit. 
ne tamen ignores ubi sim uenalis et erres 
   urbe uagus tota, me duce certus eris: 
libertum docti Lucensis quaere Secundum 
   limina post Pacis Palladiumque forum.

***

Tu que desejas ter contigo, em toda parte, meus livrinhos,
que procuras companheiros para uma longa viagem.
compra estes, que o pergaminho condensa em pequenas tabuinhas.
Guarda na estante os grandes; quanto a mim, apanha-me uma única mão.
Para que não ignores, pois, onde estou à venda e ande incerto,
por toda a cidade, estarás seguro com minha orientação:
procura o Secundo, liberto do douto Lucense,
na porta do templo da Paz, atrás do foro de Palas.25

III. Cristo, códices, cristãs

Et ecce audio vocem de vicina domo cum cantu dicentis et crebro repetentis, quasi pueri an puellæ, nescio: “Tolle, lege; tolle, lege.”26

***

Eis que, de súbito, oiço uma voz vinda da casa próxima. Não sei se era de menino, se de menina. Cantava e repetia frequentes vezes: – “Toma e lê; toma e lê”.27

Nos primeiros séculos do Cristianismo, o amor aos livros e aos estudos a muito custo foi mantido pela Igreja Católica, única instituição a sobreviver à queda do Império Romano do Ocidente, em 476.28 O modelo arquivístico seguido foi o da biblioteca pontifícia fundada pelo papa Dâmaso I (305-384) – posteriormente transferida para o Palácio de Latrão (anteriormente Domus Laterani29) – e o da biblioteca do papa Agapito I (c. 490-536), no Célio30, ambas antecessoras da atual Biblioteca Apostólica Vaticana.31

Imagem 7

Esdras, o Escriba. Codex Amiatinus (c. 700). Florença, Biblioteca Laurenziana, MS Amiatinus 1, folio 5r. Ao fundo, o armarium, com códices.32

O esmero e a preocupação da Igreja em preservar os livros para seus futuros leitores estão muito bem expressos em uma passagem da Vida de Santo Agostinho, escrita por Possídio de Calama (†c. 437), a respeito da morte do bispo africano, em 430:

Testamentum nullum fecit, quia unde faceret pauper Dei non habuit. Ecclesiae Bibliothecam omnesque códices diligenter posteris custodiendos sempre iubebat (...).

***

Não fez qualquer testamento porque, como pobre de Deus, nada tinha para deixar. Sempre determinou que a Biblioteca da Igreja e todos os seus códices fossem cuidadosamente guardados para a posteridade (...).33

Juntamente com o amor aos livros por parte dos cristãos, nesses primeiros séculos do Cristianismo a participação das mulheres na cultura letrada foi fundamental. As cartas de São Jerônimo (342-420) a Paula (347-404) e a Marcela (325-410) atestam a importância da leitura e compreensão das Escrituras para uma sólida conversão.34 Aliás, a biblioteca de Marcela era provavelmente bem provida de obras gregas – nas classes elevadas, mulheres instruídas eram um fenômeno muito comum.35

Imagem 8

Retrato de Safo (c. 55-79), 37 x 36 cm. Afresco no gesso (4° estilo pompeiano) descoberto na Casa VI, 17 (Insula occidentalis) em 1760 em Pompéia. O busto da jovem está em um medalhão violeta que se destaca contra a parede branca. Ela segura na mão esquerda um políptico de quatro tábuas e na direita um estilete que, afetivamente, traz para os lábios, em uma atitude meditativa, momento antes de escrever. O afresco, que acompanhava um retrato masculino, foi elaborada conforme um esquema tradicional. Com seu tema da docta puella, ele indica que a menina pertencia a uma família culta e rica. Museo Archeologico Nazionale di Napoli, sala LXXVIII, inv. 9084.

Já Melânia, a Jovem (c.383-439) era uma amante dos livros: adquiria-os com frequência, tomava-os por empréstimo ou mesmo os copiava, diariamente (e com uma elegante caligrafia!).36 Essas mulheres, aristocráticas, romanas, letradas, cultas, recentemente convertidas, eram um desdobramento real, cristão, da tradição clássica das doctae puellae37 (imagem 8).

Foi um gradativo processo cultural: de uma descompromissada leitura literária ligada ao lazer, pagã, para uma comprometida leitura concentrada e atenta, cristã. Dos papiros e tabuinhas pagãos para o códice, cristão.38

 

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Fontes

Biblioteca Apostolica Vaticana.

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THOMSON, Rodney. “Bibliotecas”. In: LOYN, Henry R. (org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990, p. 48-50.

Notas

  • 1. ECO, Umberto. A memória vegetal e outros escritos sobre bibliofilia. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010, p. 16.
  • 2. PLATÃO. Teeteto (trad.: Adriana Manuela Nogueira e Marcelo Boeri). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010, p. 187 (os grifos são meus).
  • 3. Para uma análise do Teeteto, ver BORGES, Anderson de Paula. Razão e Sensação no Teeteto de Platão. São Paulo: USP (tese de doutorado), 2009.
  • 4. “E, contudo, se fecho os olhos, e mergulho / Dentro de mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo / Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho, / Rola a vida imortal e o eterno cataclismo, / E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme, /Um segredo que atrai, que desafia, – e dorme.” – ASSIS, Machado de. “Mundo interior”. In: ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, vol. 3, p. 153 (os grifos são meus).
              Ver DIXON, Paul. “Por dentro e por fora: Mundo Interior de Machado de Assis e a teoria fenomenológica”. In: Texto Poético, v. 15, n. 26, jan./jun. 2019, p. 146-153.
  • 5. SVENBRO, Jesper. “A Grécia arcaica e a clássica: a invenção da leitura silenciosa”. In: CAVALLO, Guglielmo; CHARTIER, Roger (orgs.). História da Leitura no Mundo Ocidental 1. São Paulo: Editora Ática, 1998, p. 41-42 e 55.
  • 6. MANGUEL, Alberto. Uma História da Leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 78.
  • 7. FOURNET, Jean-Luc. “Papyrus, Greco-Roman period”. In: Roger S. Bagnall; Kai Brodersen; Craige Brian Champion; Andrew Erskine; Sabine R. Huebner (eds.). Encyclopedia of Ancient History, IX, 2013, p. 5057-5058.
  • 8. MACLEOD, Roy. “Introduction: Alexandria in History and Myth”. In: MACLEOD, Roy (org.). The Library of Alexandria: Centre of Learning in the Ancient World. New York and London: I. B. Tauris Publishers, 2000, p. 1.
  • 9. FOX, Robert Lane. “Hellenistic Culture and Literature”. In: BOARDMAN, John; GRIFFIN, Jasper; MURRAY, Oswyn (eds.). The Oxford History of the Classical World. Oxford University Press, 1986, p. 340.
  • 10. MANGUEL, Alberto. Uma História da Leitura, op. cit., p. 216.
  • 11. ESCOLAR SOBRINO, Hipólito. La biblioteca de Alejandría. Madrid: Gredos, 2001.
  • 12. “Strabo, Geographia XVII 1”. In: The Ancient Library of Alexandria. A Project on the Ancient Library of Alexandria, its History, and its Place in Western Culture.
  • 13. GALEN. “Commentary on Hippocrates' Epidemics, XVII.a, 605-607”. In: Extracts from Greek and Latin writers in translatio. Attalus’ home page.
  • 14. CANFORA, Luciano. “The Fate of Aristotle’s Library”. In: ANTIGONE.
  • 15. CAVALLO, Guglielmo. “Entre volumen e codex: a leitura no mundo romano”. In: CAVALLO, Guglielmo; CHARTIER, Roger (orgs.). História da Leitura no Mundo Ocidental 1. São Paulo: Editora Ática, 1998, p. 72-73.
  • 16. O tema das Ilhas dos Bem Afortunados – ou Ilhas Afortunadas – “...surge com Píndaro, e lá viveriam os justos depois de passarem por três encarnações terrestres. Já em Homero e Virgílio, temos as descrições dos Campos Elísios, onde vivem os beatos. E Horácio fala deles justamente em referência às inquietações da sociedade romana depois das guerras civis, como fuga de uma realidade desagradável.” – ECO, Umberto. História das terras e lugares lendários. Rio de Janeiro: Editora Record, 2013, p. 148.
  • 17. MARCO TÚLIO CÍCERO. “As Últimas Fronteiras do Bem e do Mal (De finibus bonorum et malorum)”. In: Textos Filosóficos (trad. do latim, introd. e notas de J. A. Segurado Campos). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2012, p. 498-500 (Livro V, XIX, 51-53).
  • 18. Edil (edilis curulis) – em Roma, magistrado responsável pela inspeção de bens e serviços públicos (o cargo foi criado em 483 a.C. para auxiliar o tribuno da plebe).
  • 19. PLUTARCH. “The Life of Marcellus 30, 1”. In: The Parallel Lives.
  • 20. Para a Biblioteca da Vila dos Papiros, uma boa obra introdutória é SIDER, David. The Library of the Villa dei Papiri at Herculaneum. Los Angeles: J. Paul Getty Museum, 2005.
  • 21. BIEBER, Margaret. The Sculpture of the Hellenistic Age. Columbia University Press, 1961, p. 106-107.
  • 22. CAVALLO, Guglielmo. “Entre volumen e codex: a leitura no mundo romano”, op. cit., p. 75.
  • 23. LEWIS, Naphtali. Papyrus in Classical Antiquity. Oxford University Press, 1975.
  • 24. ROBERTS, Colin H; SKEAT, T. C. The Birth of the Codex. London: Oxford University Press, 1983, p. 1-75.
  • 25. Epigramas de Marco Valerio Marcial (texto, introducción y notas: José Guillén; revisión: Fidel Argudo). Zaragoza: Institución “Fernando el Católico” (CSIC), 2004, p. 80 (Libro I, 2).
              Edição brasileira: MARCIAL. Epigramas de Marco Valério Marcial (trad., notas e posfácio: Rodrigo Garcia Lopes). Cotia: Ateliê Editorial, 2017.
  • 26. S. AURELII AUGUSTINI. Confessiones, Liber octavus, 12, 29. The Project Gutenberg eBook of Confessiones.
  • 27. SANTO AGOSTINHO. Confissões (trad.: Ambrósio de Pina). Braga: Livraria Apostolado da Imprensa, 1990, p. 205 (Livro VIII, 12) (os grifos são meus).
  • 28. Para se ter uma ideia de quão desastroso foi para a Cultura a queda do Império Romano do Ocidente, nenhuma biblioteca greco-romana sobreviveu após 476. Ver THOMSON, Rodney. “Bibliotecas”. In: LOYN, Henry R. (org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990, p. 48.
  • 29. Originalmente propriedade da gens Plautia.
  • 30. SPECIALE, L. “Armarium”. In: TRECCANI. Enciclopedia dell’ Arte Medievale (1991).
  • 31. Biblioteca Apostolica Vaticana.
  • 32. “Na página adjacente está o soberbo e famoso retrato de Esdras, a mais antiga pintura inglesa à qual se pode atribuir qualquer data absoluta (isto é, não posterior a 716) (...) O que de pronto me impactou foi a reluzente claridade do ouro em torno do halo de Esdras, ao fundo de sua estante de livros, nos lados e na superfície superior de seu banquinho, e nos retângulos que ficam nos cantos. Eu sabia, por meio de reproduções, que o artista tinha usado ouro (...), mas não esperava tanta vividez e brilho.” – DE HAMEL, Christopher. Manuscritos notáveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p. 80-81.
  • 33. SAN POSIDIO. “Vida de San Agustín”. In: Obras completas de San Agustín I. Escritos filosóficos (preparado por Victorino Capanaga). Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, MCMXCIV, p. 363 (cap. XXXI).
  • 34. Cartas 25, 26, 27, 28, 29, 30, 33, 34 e 37. SAN JERÓNIMO. Obras Completas Xa. Epistolario I (Cartas 1-85) (introd., trad. y notas por Juan Bautista Valero). Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, MMXIII, p. 234-315.
  • 35. Além disso, “A cultura oferecida por Jerônimo presumia que uma mulher da aristocracia, da mesma forma que qualquer homem, trouxesse em si ‘um coração em que se armazenava toda uma biblioteca’.” – BROWN, Peter. Corpo e Sociedade. O homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990, p. 303-304.
  • 36. CAVALLO, Guglielmo. “Entre volumen e codex: a leitura no mundo romano”, op. cit., p. 93.
                “Melania dedicava quotidianamente un determinato numero di ore a trascrivere, con calligrafia elegante e in modo preciso, i testi che servivano alla propria edificazione, nonché alla lettura dei libri sacri e di raccolte omiletiche” – Melânia dedicava diariamente um certo número de horas à transcrição, com caligrafia elegante e precisa, dos textos que serviam para a sua própria edificação, bem como à leitura de livros sagrados e coletâneas homiléticas). – GIARDINA, Andrea. “Melania, la Santa”. In: Roma al femminile (a cura de A. FRASCHETTI). Roma: Editori Laterza, 1994, p. 278.
  • 37. “Las doctae puellae, por tanto, serían las hijas de los hombres más poderosos de la ciudad que, en previsión de la labor que tenían que cometer en la educación de sus hijos, eran preparadas desde niñas, educadas con los niños en ambientes cultos, donde les transmitían el conocimiento. Dentro de los círculos literarios, como el de Mesala, estaban rodeadas de los poetas más vanguardistas de la época, que habían tomado como modelo la tradición poética griega y componían sus propios versos.” – GONZÁLEZ SAAVEDRA, Berta. “La obra de una docta puella (Tibul. Carmina III 13-18)”. In: Quaderns de Filologia. Estudis literaris, vol. XVII (2012), p. 61.
  • 38. CAVALLO, Guglielmo. “Entre volumen e codex: a leitura no mundo romano”, op. cit., p. 96.

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