O Ofício do Historiador

Resumo: O que pensamos ter acontecido realmente aconteceu? Qual é exatamente o nosso ofício? O quão confiável é o que nós produzimos? E, afinal, o que é a História? A proposta deste pequeno trabalho é defender a História como arte, e que a nossa compreensão histórica deve ser baseada na análise das fontes, sem nunca esquecer que a busca do historiador é a busca da verdade.

Abstract: What we think really happened has happened? What exactly is the profession of the historian? How reliable is what we produce? And, after all, what is history? The purpose of this little job is to defend history as art, and that our historical comprehension should be based on analysis of the sources, never forget that the pursuit of the historian is the search for truth.

Palavras-chave: História – Teoria – Metodologia – Compreensão – Arte.

Keywords: History – Theory – Methodology – Comprehension – Art.

No início da década de 90, o ex-beatle Paul McCartney (1942-) e seu antigo produtor George Martin (1926-2016) encontraram-se nos AIR Studios, em Londres.1 Conversaram sobre os velhos tempos e o quanto eles estavam se tornando “velhos esquisitos”. De repente, eles discordaram a respeito de um detalhe em suas lembranças sobre os Beatles, quando então caíram em uma gargalhada: “Meu Deus”, disse Martin, “se não pudermos acertar, quem diabos poderá?”.2

Essa pequena anedota a respeito dos Fab Four ilustra muito bem um dos problemas centrais da História. O que pensamos ter acontecido realmente aconteceu? Qual é exatamente o nosso ofício? O quão confiável é o que nós produzimos? E, afinal, o que é a História?

Essas foram as questões a mim propostas pelo C. A. e o Departamento de História da UFJF (aqui representado pelo Prof. Dr. Angelo Alves Carrara), aos quais eu agradeço profundamente o convite para a conferência de abertura de seu I Seminário de Graduandos e Pós-Graduandos. Questões difíceis, tão difíceis, que Peter Burke (1937-), em uma recente entrevista a respeito da falta de consenso do que seria uma boa explicação histórica, afirmou que “[...] se algo mudou a respeito disso, é que há ainda menos consenso que antes”.3 De qualquer modo, arriscar-me-ei a apontar algumas reflexões minhas, naturalmente, oriundas de meu exercício com aquilo que Carlo Ginzburg (1939-) chamou de rastros do passado.4

***

A constatação da incerteza quanto ao resultado de uma investigação histórica já fora percebida há tempos por Arnold Toynbee (1889-1975). Em sua monumental obra intitulada Um Estudo da História (1934-1961), ele afirmou: “[...] o pensamento não pode impedir que se façam violências à realidade no ato de tentar apreendê-la”.5

Essa fundamental insegurança de nosso ofício fez com que, nos últimos anos, crescessem nas Ciências Humanas o Relativismo, o Cinismo e o Ceticismo (correntes pertencentes ao que eu designo como Pacote Pós-Moderno, um dos filhos de Maio de 68 e da crise do Marxismo do final da década de sessenta).6

Todas essas formas de incredulidade foram combatidas por Ginzburg (segundo ele, correntes já em declínio na Europa)7, que, por sua vez, não teve e não tem nenhum escrúpulo em reiterar sua defesa do positivismo das fontes (inclusive com suas distorções) e sua crítica (e reparo) a conceitos ambíguos como, por exemplo, o de representação.8 Para isso, o historiador italiano se vale especialmente da Filosofia e do resgate de obras clássicas – notadamente de Platão (c. 428-348 a. C.) e de Aristóteles (384-322 a. C.).9

Seja como for, a consciência da dificuldade de se recontar o passado por parte dos historiadores nunca desestimulou as tentativas de construção de conhecimento desse mesmo passado, nem o constante fascínio causado por esse processo. Desde os processos de indulto na França moderna analisados por Natalie Zemon Davies (1928-)10, até os sermonários e poemas apresentados por Georges Duby (1919-1996) em sua investigação sobre as mulheres medievais11, passando pelos milhares de documentos, magnificamente sondados e interpretados por Fernand Braudel (1902-1985)12, são inúmeros os depoimentos dos especialistas de suas maravilhosas estupefações com o que descobrem com a leitura das fontes.13

As fontes. O contato com elas. Esse é o momento em que o historiador é, de fato, um verdadeiro artista.14 É quando então consegue o contato direto com os rastros do passado e tenta, com a “timidez do homem de ciência”, como bem disse Fernando Domínguez Reboiras (1943-), “analisar os testemunhos reunidos para elevar sobre eles conjecturas e uma teoria dentro dos limites da verdade”.15

As fontes e a verdade. A História como arte. Primeiro tratarei das fontes. Para afirmar sua importância capital na investigação histórica, em um artigo publicado na Harper’s Magazine, Barbara Tuchman (1912-1989) fez algumas considerações muito interessantes para as minhas divagações nesse momento, as quais transcrevo a seguir:

Nunca pude ver nenhum sentido em referirmo-nos ao vizinho da universidade ao lado como fonte. Para mim, isso não constitui fonte nenhuma: quero saber de onde veio, originalmente, um fato, e não quem o usou pela última vez. Quanto à referência de um livro de nossa autoria como fonte, isso me parece o cúmulo do absurdo.16

Disseram-me que os alunos são obrigados a citar historiadores secundários para mostrar que conhecem a bibliografia, mas se eu estivesse distribuindo diplomas, exigiria conhecimento direto das fontes primárias. As histórias secundárias são necessárias quando partimos de uma ignorância total de um assunto (...) mas depois que me colocaram no caminho, prefiro seguir o resto da estrada sozinha. Se eu fosse professora, reprovaria qualquer aluno que se contentasse em citar uma fonte secundária como sua referência para um fato.17

Os problemas que Barbara Tuchman levanta para os EUA da década de sessenta do século XX são particularmente importantes para o estudo da História em nosso país nos primeiros anos do século XXI. Isso porque, infelizmente, a maior parte dos historiadores formados atualmente em nossos cursos sai das universidades após quatro, cinco anos, sem nunca ter lido um documento de época, o que só acontece, em boa parte dos casos, durante a pós-graduação.

Essa distorção em nossa metodologia de estudo do passado faz com que habituemo-nos a pensar em termos de autoridade: algo só é válido na medida em que foi dito por alguém em um posto acadêmico. Ou seja: em nosso país não importa o que se diz, mas quem diz!

Ora, o argumento da autoridade sempre foi o mais fraco, tanto em um debate quanto em prova documental. Nesse aspecto, por mais paradoxal que possa parecer, os universitários da Idade Média têm muito a nos ensinar. No distante século XIII, na Universidade de Paris, os estudantes de Tomás de Aquino (1225-1274) já sabiam, que não importa quem diz, mas o que se diz: “O argumento de autoridade fundado na razão humana é o mais débil [dos argumentos]; já o argumento de autoridade fundado na revelação divina é o mais sólido.”18

Então já se privilegiava a razão, a capacidade argumentativa – e com base em dados empíricos (inclusive para questões metafísicas, como, por exemplo, as cinco provas de Tomás para a existência de Deus).19 Por isso, em nosso métier, o conhecimento e a análise das fontes é – e sempre foi – condição sine qua non para se fazer qualquer afirmativa, especialmente, para se construir uma sólida narrativa do passado, e não a afirmação da autoridade!

Construídas a partir da investigação das fontes, nossas narrativas, em que pesem os silêncios e vácuos, distorções e névoas dos documentos que consultamos, ancora-se sempre na esperança de que é possível saber, com razoável grau de certeza, o que aconteceu. Todo historiador que se preza alimenta essa crença: dominar a crítica interna e externa do(s) documento(s) escolhido(s), para assim poder montar o seu quadro do passado.

A esse respeito, é notável perceber que a antiga (e clássica) obra de Henri-Irénée Marrou (1904-1977) Sobre o Conhecimento Histórico20, ainda seja citada, quando se tem que criar um verbete como o “Método Histórico” em um Dicionário das Ciências Históricas!21 E o que Marrou defende tradicionalmente não é muito diferente do que hoje afirma Ginzburg. Para o italiano, as fontes não são nem janelas escancaradas como pensavam os positivistas do século XIX, nem muros que impedem a visão, como os céticos do final do século XX: são espelhos deformantes.22

Basicamente, essa é a mesma tese de Georges Duby23, que também define nossa profissão como “uma tentativa da maior aproximação possível da verdade e de suspeição perante tudo o que pode deformar o testemunho”.24 Por esse motivo, há um ponto em comum entre historiadores e juízes: ambos se preocupam em definir os fatos.25

Portanto, analisar as deformações das fontes (quando elas as têm) também torna o conhecimento histórico possível – e, é claro, só se pode pensar em deformação de algo que era originalmente uniforme – isto é, a verdade da realidade. Christopher Brooke (1927-2015) resumiu maravilhosamente bem a base de toda investigação humana: a responsabilidade de perseguir a verdade!26

Mas o que é a verdade? É o êxito de um procedimento cognoscitivo, no qual se constrói uma correspondência — por mais difícil e esquiva que seja a verdade daquilo que oferecem os testemunhos de uma época. Um conhecimento é verdadeiro na medida em que seu conteúdo concorda com o objeto intencionado, isto é, quando há conformidade entre o intelecto (do observador) e a coisa (observada).27

Mas também é verdade que apreender a realidade vivida a partir das fontes nunca foi um trabalho fácil. O verdadeiro historiador constantemente se depara com esse problema diante de si.28 Para os estudos históricos, a verdade deve ser um conceito relacional: quanto maior o número de comparações evidenciais, maior será a possibilidade de precisão do resultado. Isso é muito patente nos registros de batalhas feitos pelos dois lados combatentes.

A confrontação de diferentes perspectivas é sempre muito rica, pois permite matizar e moderar todas as versões.29 Ademais, quando é encontrada, a verdade costuma causar incômodo – e isso não é privilégio nem das correntes de direita, nem das de esquerda (por vezes, inclusive, tanto uma quanto a outra fazem o possível para ocultá-la).

Como a perplexa estupefação dos estudantes de Cirurgia na Lição de Anatomia do Dr. Tulp (1632) (figura 1), famoso quadro de Rembrandt (1606-1669)30, a busca da verdade por parte do historiador é a honesta exposição das vísceras, pequena pedra no sapato de todos os ideólogos, de todas as ideologias, essas mitologias históricas (expressão de Eric Hobsbawm [1917-2012]31) que povoam nosso imaginário coletivo globalizado.

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Serenamente exposta pelo historiador, a verdade do passado é como a exposição das vísceras diante dos olhares atônitos, incrédulos e dispersos dos estudantes frente às infinitas e múltiplas possibilidades das sociedades humanas ao longo do tempo. A Lição de Anatomia do Dr. Tulp (1632), de Rembrandt (óleo em tela, 169,5 × 216,5 cm, Royal Picture Gallery Mauritshuis).

Aliás, Hobsbawm é outro que defende com vigor que aquilo que os historiadores investigam é o real, e que as declarações históricas devem ser baseadas em evidências comprováveis.32

Portanto, para o historiador, a verdade, a verdade da história, não é nem o objetivismo puro, nem o subjetivismo radical, e sim, a simultânea apreensão do objeto (o passado) e a aventura espiritual do sujeito do conhecimento (o historiador).33

E como o historiador apreende seu objeto para, a seguir, recontá-lo, recriá-lo, enfim, revivê-lo? Como ele cria essa imagem mental do que aconteceu e, ao narrá-la, se torna esse artista do passado? É fundamental que ele se reconheça no texto, que tente se ver espelhado no que lê, que se transporte para o espírito daquela época e compartilhe o que Marc Bloch (1886-1944) chamou de experiência comum de humanidade, entre ele e seu objeto.34

Nesse breve instante de imaginação consciente, ele quase se encontra, no ritmo do texto, em uma certa sintonia, que nada mais é do que o tempo comum entre ambos: trata-se de uma espécie de hiato temporal criado pela sua leitura35, quando então partilha historicamente algo dos sentimentos, dos pensamentos e das perspectivas do passado, e sente o anacronismo para chegar à diacronia.

Fazer História, dessa forma sensitiva, sensível, é compreender existencialmente.36 E a imaginação é uma artística e ativa parte desse processo histórico-mental, mas não uma imaginação em devaneio, porém, delimitada precisamente pelo passado que chegou até nós pelas fontes. É o que Duby afirma peremptória e belissimamente: “Imaginemos. É o que os historiadores sempre se vêem obrigados a fazer. Seu papel é o de recolher vestígios, os traços deixados pelos homens do passado, de estabelecer, de criticar escrupulosamente um testemunho.”37

Munido espiritualmente desse preparo compreensivo, o historiador sai à procura da caça humana38, à procura do passado, como O Caçador na Floresta (1814) do pintor romântico alemão Caspar David Friedrich (1774-1840) (figura 2).39

Solitário e vulnerável, ele sabe que a História será tão ameaçadoramente impenetrável como a imponente parede de pinheiros à sua frente, caso ele, como um corajoso soldado prussiano, não se muna de todo esse aparato reflexivo e, por alguns momentos, abandone o seu efêmero presente (que aqui pode ser metaforizado como o minúsculo e sombrio corvo empoleirado no tronco cortado) e torne-o destroços atrás de si.40 Só assim, em seus escombros mentais do presente, o historiador poderá tatear o passado e encontrar a melhor perspectiva possível para descrever sua contemplação temporal.

John Lewis Gaddis (1941-) já havia percebido as possibilidades interpretativas de se utilizar a pintura de Caspar David Friedrich como metáfora para explicar como os historiadores mapeiam o passado.41

Umberto Eco (1932-2016) definiu o estilo do pintor alemão como a poética das montanhas, e o que disse a esse respeito – um viajante que sempre se sente fascinado por rochas inacessíveis, glaciares sem fim, abismos sem fundo, extensões sem limite – também é uma admirável analogia da relação entre o historiador e a História, o viajante e as paisagens de sua viagem.42

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A vasta e imponente imensidão do passado diante da pequenez e pobreza do presente. Entre ambos, o solitário e corajoso historiador, que pretende penetrar mata adentro, munido com suas armas compreensivas. Nesse caso, o encontro do Historiador com a História será como o do filósofo estóico Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) com a divindade, exatamente no seio da floresta: “Sem a divindade, ninguém pode ser um homem de bem [...] Se penetrares num bosque cheio de velhas árvores, de altura fora do comum e tais que a densidade dos ramos entrelaçados uns nos outros oculta a vista do céu, a própria grandeza do arvoredo, a solidão do lugar, a visão magnífica dessa sombra tão densa e contínua no meio da planura, tudo te fará sentir a presença divina.”, Cartas a Lucílio, 41, 3.  O caçador na floresta (1813/1814), 65,7 x 46,7 cm. Coleção particular.

Por sua vez, Simon Schama (1945-) se valeu maravilhosamente bem da arte para explicar o modo de olhar o que já possuímos, mas que nos escapa ao reconhecimento e apreciação.43 E a História não será sempre essa constante e renovada exploração apreciativa do passado que insiste em escapar à nossa compreensão?

Conclusão

Caso o historiador explore os vestígios do passado com aquela curiosidade determinada, eleve o seu espírito, amplie sua experiência, vislumbre e interrogue incisivamente a paisagem do tempo que se descortina à sua frente através dos documentos, e a reapresente aos seus contemporâneos com o lirismo e a verdade, a riqueza e a dramaticidade que as sociedades passadas e seus mortos o exigem, será um agradável e consciente viajante contemplativo, e saberá explorar todas as possibilidades de sua interpretação histórica. Terá, enfim, alcançado a maturidade da consciência histórica.44 Será um Historiador.

Caso contrário, estará fadado a ser um mero e provinciano ideólogo, representante do último modismo acadêmico, e a desaparecer nas pobres brumas de sua insignificância. Será um historiador.45

 

Este pequeno trabalho é dedicado ao querido mestre Guilherme Pereira das Neves (UFF).

Notas

  • 1. Desde sua publicação em 2010, muitos historiadores citados faleceram. Para o texto disponível aqui em meu website, atualizei suas datas.
  • 2. MARTIN, George. Paz, Amor e Sgt. Pepper. Os bastidores do disco mais importante dos Beatles. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995, p. 9.
  • 3. BURKE, Peter. “O passado é um país estrangeiro”. Entrevista concedida ao Jornal O Globo e ao Globo Universidade no dia 16.05.2009.
  • 4. GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros. Verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
  • 5. TOYNBEE, Arnold. Um Estudo da História. Brasília: UnB; São Paulo: Martins Fontes, 1987, p. 506.
  • 6. “Simplificando ao extremo, considera-se que o pós-modernismo é a incredulidade em relação às metanarrativas”, LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Lisboa: Gradiva, 1989, p. 12.
  • 7. Particularmente eficiente é sua defesa na obra Relações de Força. História, Retórica, Prova (São Paulo: Companhia das Letras, 2002).
  • 8. GINZBURG, Carlo. Olhos de Madeira. Nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 85-103.
  • 9. Esse procedimento já fora realizado por Ginzburg na obra Olhos de Madeira (p. 42-84), supracitada, mas, sobretudo, em O fio e os rastros.
  • 10. DAVIES, Natalie Zemon. Histórias de perdão. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • 11. DUBY, Georges. Eva e os padres – Damas do século XII. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • 12. BRAUDEL, Fernand. Civilização Material, Economia e Capitalismo, Séculos XV-XVIII. São Paulo: Martins Fontes, 1995-1996, 03 volumes.
  • 13. É verdade que poucos são os historiadores brasileiros que fazem essa declaração de amor de fé à pesquisa arquivística. Por exemplo, na recente obra Conversas com Historiadores Brasileiros (organizada por José Geraldo Vinci de Moraes, São Paulo: Ed. 34, 2002), quinze eminentes colegas de profissão são entrevistados, mas preferem discorrer por outros temas, como a política e suas relações com partidos de esquerda, ou correntes teóricas que os influenciaram.
  • 14. Para Hans-Georg Gadamer (1900-2002), a verdade das ciências humanas “...envolve uma análise da experiência da arte (...) mais próxima da experiência da verdade como se encontra nas ciências humanas do que da que é característica das ciências naturais.” – NEVES, Guilherme Pereira das. “História e Hermenêutica: uma Questão de Método?”, conferência de encerramento do I Seminário Nacional de História e Historiografia Brasileira, proferida no dia 31 de outubro de 2008 na UERJ.
  • 15. DOMÍNGUEZ REBOIRAS, Fernando. “Introdução”. InRaimundo Lúlio e as Cruzadas. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2009, p. xviii.
  • 16. Curiosamente, há pouco foi lançado um livro organizado por Carla Bassanezi Pinsky intitulado Fontes Históricas (São Paulo: Editora Contexto, 2009) em que há um ensaio (de Maria de Lourdes Janotti) em que, ao contrário de Barbara Tuchman, a autora defende que o livro Fontes Históricas pode ser utilizado como fonte!
  • 17. TUCHMAN, Barbara W. A prática da História. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991, p. 34.
  • 18. TOMÁS DE AQUINO. Suma de Teología (pres. Damián Byrne, op.), Primeira Parte, Questão 1, Artigo 8, ad 2. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), 2001, p. 96.
  • 19. TOMÁS DE AQUINO. Suma contra os gentios. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes: Sulina; Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1990, Livro I, Parte I, Cap. XIII, p. 37-44.
  • 20. MARROU, Henri-Irénée. Sobre o Conhecimento Histórico. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
  • 21. DUMOULIN, O. “Método Histórico”. In: BURGUIÈRE, André (org.). Dicionário das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1993, p. 537-539.
  • 22. GINZBURG, Carlo. Relações de Força. História, Retórica, Provaop. cit., p. 44.
  • 23. DUBY, Georges. A História Continua. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor/Editora UFRJ, 1993.
  • 24. DUBY, Georges, e GEREMEK, Bronislaw. Paixões comuns. Conversas com Philippe Sainteny. Lisboa: Edições Asa, 1993, p. 76.
  • 25. GINZBURG, Carlo. Relações de Força. História, Retórica, Provaop. cit., p. 62.
  • 26. BROOKE, Christopher. O Casamento na Idade Média. Lisboa: Publicações Europa-América, s/d, p. 16.
  • 27. Segundo Aristóteles, “Isso é evidente pela própria definição do verdadeiro e do falso: falso é dizer que o ser não é ou que o não-ser é; verdadeiro é dizer que o ser é e que o não-ser não é”, ARISTÓTELES, Metafísica, IV, 7, 1011 b 25ss., e “As coisas se dizem falsas neste sentido: ou porque não existem, ou porque a imagem que delas deriva é de algo que não existe” (V, 29, 1024 b, 25). São Paulo: Edições Loyola, 2005, p. 179 e 261.
  • 28. DUBY, Georges. A História Continuaop. cit., p. 33-42.
  • 29. Em mais de uma oportunidade eu pude realizar esse trabalho de crítica comparativa das fontes: quando do estudo dos pogroms ocorridos em 1096 na região renana (antes da Primeira Cruzada) – quando confrontei as informações contidas nas crônicas judaicas e cristãs – e em duas batalhas do rei Afonso VIII de Castela, pois há registros árabes e cristãos. Para isso ver COSTA, Ricardo da “Então os cruzados começaram a profanar em nome do pendurado”. Maio sangrento: os pogroms perpetrados em 1096 pelo conde Emich II von Leiningen (†c. 1138) contra os judeus renanos, segundo as Crônicas Hebraicas e cristãs”. In: LAUAND, Jean (org.). Filosofia e Educação – Estudos 8. Edição Especial VIII Seminário Internacional CEMOrOc: Filosofia e Educação. São Paulo: Editora SEMOrOc (Centro de Estudos Medievais Oriente & Ocidente da Faculdade de Educação da USP), Factash Editora, 2008, p. 35-61, e COSTA, Ricardo da. “Amor e Crime, Castigo e Redenção na Glória da Cruzada de Reconquista: Afonso VIII de Castela nas batalhas de Alarcos (1195) e Las Navas de Tolosa (1212)”. In: OLIVEIRA, Marco A. M. de (org.). Guerras e Imigrações. Campo Grande: Editora da UFMS, 2004, p. 73-94.
  • 30. Tanto a escolha de Rembrandt quanto de Caspar David Friedrich (figura 2) são propositais, pois ambos possuem características artísticas afins com o método histórico. Por exemplo, Rembrandt retratava seus temas com gestos dramáticos e vívido tratamento de luz (CHILVERS, Ian [ed.] Dicionário Oxford de Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 441), e se opunha ao paternalismo de Rafael e Rubens com cenas realistas de gentalha mal-ajambrada (BELL, Julian. Uma nova História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 246).
  • 31. Hobsbawm afirma que “A História é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva aos seus objetivos. Estamos hoje na grande época da mitologia histórica.”. Citado em COSTA, Ricardo da. “Para que serve a História? Para nada...”. InSinais 3, vol. 1, junho/2008. Vitória: UFES, p. 43-70.
  • 32. HOBSBAWM, Eric. Sobre História. Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 8.
  • 33. MARROU, Henri-Irénée. Sobre o Conhecimento Históricoop. cit., p. 184.
  • 34. “Marc Bloch já havia percebido a necessidade de existência, tanto na natureza quanto nas sociedades humanas, de um fundo permanente por trás da passagem do tempo, pois sem esse pano de fundo existencial que damos o nome de humanidade, os próprios nomes homem sociedade não teriam qualquer significado”. COSTA, Ricardo da. “O conhecimento histórico e a compreensão do passado: o historiador e a arqueologia das palavras”. In: ZIERER, Adriana (coord.). Revista Outros Tempos. São Luís, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), volume 1, 2004. Bloch afirma isso na clássica obra Introdução à História (Lisboa: Publicações Europa-América, 1997, p. 99).
  • 35. SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante. Para ler os medievais. Ensaio de hermenêutica imaginativa. Petrópolis: Editora Vozes, 2000, p. 19-33.
  • 36. KOSELLECK, Reinhart, GADAMER, Hans-Georg. Historia y hermenêutica. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 1997, p. 69.
  • 37. DUBY, Georges. A Europa na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 1.
  • 38. A frase, muito famosa, de Marc Bloch, é: “O bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde farejar carne humana, sabe que ali está a sua caça”, Apologia da História ou O Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001, p. 54).
  • 39. Friedrich é considerado um dos gênios mais originais de toda a história da pintura de paisagens. O uso de seus quadros como visualização do ofício do historiador é notável: ele baseava-se na contemplação profunda para conceber mentalmente as imagens expressas em suas telas. CHILVERS, Ian (ed.) Dicionário Oxford de Arteop. cit., p. 201. Por exemplo, um de seus quadros é descrito por um especialista como “um vislumbre do eterno devir” (BELL, Julian. Uma nova História da Arteop. cit., 307).
  • 40. A solidão do soldado e o caráter ameaçador da floresta foram interpretados por Simon Schama. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 114-116.
  • 41. GADDIS, John Lewis. Paisagens da História. Como os historiadores mapeiam o passado. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
  • 42. ECO, Umberto. Historia de la Belleza. Barcelona: Editorial Lumen, 2004, p. 282.
  • 43. SCHAMA, Simon. Paisagem e Memóriaop. cit.
  • 44. O significado da maturidade nas relações humanas é, para Gaddis, o reconhecimento da identidade pelo caminho da insignificância: “...eu definiria a consciência histórica como a projeção dessa maturidade ao longo do tempo”, GADDIS, John Lewis. Paisagens da Históriaop. cit., p. 19-20.
  • 45. Agradeço sobremaneira a leitura crítica feita pelos amigos Stan Stein e Armando Alexandre dos Santos.

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