O deambulatório dos anjos

O claustro do mosteiro de Sant Cugat del Vallès (Barcelona) e a vida cotidiana e monástica expressa em seus capitéis (sécs.XII-XIII)

Ricardo da COSTA

In: LAUAND, Luiz Jean (coord.). MIRANDUM, n. 17, Ano X, 2006, p. 39-58
(ISSN 1516-5124).

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Calendari 2005. 12 capitells del Monestir de St. Cugat (reinterpretats per Joan Tortosa) (imprés per Gràfiques Arís). Com seus belos desenhos, o artista Joan Tortosa pretendeu recompor alguns capitéis mutilados do mosteiro de Sant Cugat.

I. Breve história da vida cenobítica em Sant Cugat

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Vista aérea do conjunto do mosteiro de Sant Cugat. À direita, a igreja (com sua bela roseta); ao centro, na frente, a casa do abade; à esquerda, o claustro e suas dependências. Foto originalmente publicada em Rosa M. MARTÍN i ROS, “Sant Cugat del Vallès”, em Catalunya Romànica XVIII, Barcelona, 1991, p. 159.

Prudêncio, poeta latino do século IV, nos informa em seu Peristephanon1 que São Cucufate (em catalão Sant Cugat)2 havia sido martirizado em 304, diante das Muralhas de Otaviano, no tempo do imperador Diocleciano (243-313). Seu companheiro Félix, por sua vez, teria sido martirizado em Girona, um pouco mais ao norte. Ambos os mártires eram missionários vindos de Cesaréia, provavelmente fugindo das perseguições africanas.3

Na verdade, essas Muralhas de Otaviano eram uma fortificação, um castro construído pelos romanos no tempo de Augusto (27 a. C. – 14 d. C.) para proteger o cruzamento das vias Tarragona–Narbona e Barcelona–Égara, uma das linhas mais importantes da Via Augusta que, vinda de Roma, se dirigia para Tarragona.4 Esse castro, provavelmente destruído por francos e alamanos (séc. III), foi reconstruído no século IV. Mas com a promulgação do Edito de Milão em 3135, pouco a pouco a função militar da fortificação romana deu lugar a uma devoção religiosa ao mártir cristão.

Por volta dessa mesma época, foi construída no mesmo local uma pequena construção funerária chamada martyrium para serem depositados os restos mortais do santo.6 Esse martyrium foi destruído por um incêndio no início do século VI, mas o local não foi abandonado, pelo contrário, pois no século VII o espaço já havia sido reaproveitado para a construção de uma pequena basílica (visigótica), onde uma pequena comunidade religiosa deve ter vivido.7

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Planta do conjunto de edificações do mosteiro (escala 1:400). J. A. Adell-Servei del Patrimoni Arquitectònic de la Generalitat de Catalunya. À direita, a igreja, à esquerda, o claustro e na frente, a casa do abade, construída posteriormente. Imagem Foto originalmente publicada em Rosa M. MARTÍN i ROS, “Sant Cugat del Vallès”, em Catalunya Romànica XVIIIop. cit., p. 167.

Com a invasão e o domínio muçulmano na Península Ibérica a partir de 711, essa comunidade religiosa teve curta existência. Houve uma tentativa por parte do abade de Saint-Denis de trasladar as relíquias de Sant Cugat em 778, junto à fracassada expedição de Carlos Magno a Saragossa. Por causa dessa relação do mosteiro com o ataque franco, por volta de 780 os sarracenos destruíram as construções em Sant Cugat. Mas com a conquista de Barcelona pelos francos, em 801, a vida religiosa voltou a renascer no local.

É desse período o primeiro testemunho documental da existência de uma vida cenobítica em Sant Cugat: uma carta de Luís, o Gago (846-879)8 ao bispo da Sé de Barcelona, Froduíno, confirmava os direitos e as posses de vários territórios, entre eles “...a casa de Sant Cugat e de Sant Félix, no lugar Otaviano, com todas as suas adjacências e pertences, tal como o abade Ostofredo teve por preceito real”.9

Esse Ostofredo (878-895) teria sido o primeiro abade do mosteiro sancugatense.10 Assim, ao longo dos séculos IX e X, o culto e a vida monástica em Sant Cugat prosseguiram e se afirmaram. O domus Sancti Cucuphati pertencia à catedral de Barcelona e seus monges eram clérigos diocesanos que viviam sob uma regra, mas ainda eram sujeitos ao bispo. Os documentos do século X já se referem a um mosteiro, a um abade e a uma regra beneditina, grupo que formava uma comunidade clerical diocesana adaptada às necessidades de uma região pouco povoada, e somente parcialmente cristianizada.11

A partir dessa época, lentamente, a comunidade passou a adotar o beneditismo propriamente monástico, substituindo o controle episcopal por sua própria autoridade regular – tudo isso de acordo com o princípio da reforma carolíngia, que diferenciava a ordo monasticus da ordo canonicus.

Nesses séculos IX-X destaca-se o abade Gotmar (944-954), a quem se atribui uma Crônica dos reis francos dada de presente ao príncipe al-Hakam (915-976), filho do califa Abd al-Rahman III (c. 889-961).12 Gotmar foi duas vezes à corte de Luís IV (c. 920-954)13, em Breisach (nos anos 938 e 944) para receber preceitos para os mosteiros de Ripoll, de Sant Cugat, para a catedral de Vic e para a abadia de Rodes. Ele foi o primeiro de uma série de abades de Sant Cugat que também foram bispos de Girona. Além disso, o rei Luís IV concedeu o direito de eleger livremente o abade, além de confirmar-lhe todos os bens e a imprescindível imunidade jurídica.

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Maquete do mosteiro de Sant Cugat durante os séculos X-XI.
“Localizada no mesmo local que a atual, a igreja possuía três naves com uma abside principal e duas absidíolas abertas na espessura do muro. Um espaço coberto como uma espécie de átrio precedia a entrada. O claustro também se encontrava no mesmo lugar do atual e era ligeiramente maior. Formado por quatro galerias com arcos sustentados por pilares e colunas alternadas, em seu pátio ainda se conservava e era utilizada a igreja paleocristã. A construção da torre do campanário, iniciada na segunda metade do século XI, só foi concluída no final do século XVII. Da obra românica original apenas corresponde às bases da torre, caracterizadas no exterior por frisos arcados que decoram a fachada. O recinto foi envolvido por um fossado fortificado e defensivo, que hoje se conserva apenas um pequeno fragmento.” - FONT I COMAS, Joan (dir.). CAIRAT - Centre d'Aplicacions de la Informàtica a la Representació d'Arquitectura i el Territori.

Outro abade importante foi Odo (986-1010), pois conseguiu reconstruir o mosteiro após a invasão e destruição de 985 de Almançor (938-1002), ataque que matou o abade João (974-985) e muitos monges.14 Odo também viajou à corte do rei Lotário (954-986), em Compiègne, quando formou parte de uma embaixada do conde Ramon Borrell (992-1017) enviada para prometer fidelidade ao rei e pedir-lhe ajuda financeira e militar. Participou ainda de uma expedição militar a Córdoba (1010), quando foi gravemente ferido e morto na batalha de Guadeira (ou durante seu regresso) – observem que nesse mundo violento que era o mundo feudal, assim como senhores feudais, os abades também participavam (e ativamente) de batalhas.15

De acordo com o Cartulário de Sant Cugat16, do século X ao XIII o mosteiro acumulou extensos territórios, desde o condado de Barcelona até a marca de Penedès e Osona. Possuía direitos de senhorio sobre sete castelos, cinco torres nas zonas de marca distribuídas pelas comarcas de Baix Llobregat (castro de Castelldefels, 970-1179), Anoia (castelos de Masquefa, 998-1193, e Clariana, 1012-1114), Alt Penedès e Baix Penedès. Sant Cugat também tinha o senhorio do castelo de Montgat, fora da marca.

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Maquete do mosteiro de Sant Cugat durante os séculos XI-XIII.
“No século XII foi iniciado um novo projeto construtivo para o mosteiro. A ordenação geral dos edifícios não foi alterada, somente aqueles mais importantes (a igreja, o claustro e a sala capitular) foram substituídos por novos. Essa renovação, empreendida graças à prosperidade econômica daquele momento, também ocorreu em muitos mosteiros e catedrais, como em Sant Benet de Bages ou na Sé de Urgell. Em meados do século XII foi iniciada a construção da nova igreja, só concluída no início do século XIV. Primeiro foi construída a cabeceira e a primeira seção das naves, com uma proposta arquitetônica totalmente inovadora para a época, que anunciava as formas góticas. A partir de meados do século XIII, foram construídas a segunda seção das naves e o cibório, quando as obras foram interrompidas. À medida que avançavam, era derrubado o edifício antigo, de maneira que boa parte das naves e da galilé do século XI (galeria situada na extensão do pórtico da igreja) conviveram muito tempo com a nova arquitetura. Por volta de 1190 foi iniciada a construção do novo claustro, mantendo-se os edifícios do século XI onde os monges se reuniam, dormiam e comiam. Concluído o claustro, foi construída uma nova sala capitular, maior que a anterior.” - FONT I COMAS, Joan (dir.). CAIRAT - Centre d'Aplicacions de la Informàtica a la Representació d'Arquitectura i el Territori.

Durante todo esse período de expansão das posses do mosteiro, colonização e repovoamento da região (quando teve um importante papel na Reconquista, ocupando terras fronteiriças em Penedès)17, ocorreram muitas desavenças entre o abade de Sant Cugat e o bispo de Barcelona, pois este desejava ter a tutela sobre o mosteiro, apesar de uma bula papal ter ratificado suas posses.18

Em 1089 estalou um grave conflito entre o bispo de Barcelona, o abade de Sant Ponç de Tomeres (em Provença) e abadia de Sant Cugat: graças a uma concessão de Berenguer Ramon, o Fratricida19, o abade de Tomeres conseguiu ocupar o cenóbio e expulsar os monges. Somente dois anos depois, após um julgamento em Sant Gil (também em Provença) é que o abade de Tomeres foi obrigado a restituir Sant Cugat aos monges expulsos. Essas desavenças só se resolveram definitivamente em 1251, quando o papa Inocêncio IV (1243-1254) decidiu submeter Sant Cugat aos bispos de Barcelona.20

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Mapa das propriedades e direitos do mosteiro de Sant Cugat (sécs. X-XIII) – cenóbios, celas monásticas e igrejas dependentes, territórios adstritos ao senhorio do mosteiro (em verde), torres e castelos, alódios, fazendas (ou propriedades) e moinhos. Mapa originalmente publicado em MARTÍN i ROS, Rosa M., “Sant Cugat del Vallès”, em Catalunya Romànica XVIII, op. cit., p. 163.

Além disso, alguns poderes laicos também desejavam se apoderar desses bens. Por exemplo, em 1013, o conde Ramon Borrell I (972-1017)21, sua esposa e o bispo de Barcelona resgataram de Sant Cugat as igrejas de Sant Llorenç e de Sant Esteve de Munt, cedidas anteriormente por Borrell II ao mosteiro.22 Em contrapartida, o rei Jaime I, o Conquistador (1213-1276) favoreceu muito o mosteiro, eximindo-o de muitos tributos e confirmando suas posses, com o objetivo de enfraquecer o bispo de Barcelona.

Sant Cugat ainda sofreria um duro golpe: em 1114 o mosteiro foi atacado e parcialmente destruído pelos almorávidas.23 Somente cerca de trinta anos depois é que conseguiu se refazer dessa destruição, quando então teve início a construção da (nova) igreja românica (1145). Durante essa expansão territorial, o mosteiro sofreu reformas administrativas, quando foram colocados em prática os decretos do IV Concílio de Latrão (1215), que determinou reformas beneditinas, e assim, Sant Cugat passou a integrar a Congregação Claustral Benetidina Tarraconense.

A partir do início do século XIV começou a lenta decadência do mosteiro e, em 1351, aconteceu a última eleição direta do abade por parte dos monges. O escolhido foi Pere Busquets (1351-1385). Após esse abaciado, com a construção das muralhas que ainda hoje cercam em parte o espaço religioso, a eleição do abade passou a ser feita pela cúria romana, dando início à crise da vida comunitária. Mas isso já é outra história.

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Maquete do mosteiro de Sant Cugat durante os séculos XIV-XV.
“Por volta de 1300 foram retomadas as obras da igreja, concluídas em 1337 com a nova fachada e a grande roseta (com vitrais de 1343). As novas naves foram construídas no estilo gótico, já totalmente estabelecido. A singularidade do trabalho dos construtores de Sant Cugat se manifesta na igreja, onde se abandonou a estrutura tradicional de três naves para formar um edifício de quatro. Nesse mesmo momento foi proposta uma remodelação completa dos velhos edifícios que envolviam o claustro, trabalho iniciado na parte oriental, onde se iniciou um grande edifício com arcos diafragmáticos não concluídos. O restante das obras desses séculos góticos foi concluído no tempo do abade Busquets (1351-1381), e seu aspecto mais inovador é a fortificação do mosteiro, que passou a ter um novo acesso através de uma porta fortificada que delimitava um recinto mais novo e amplo, maior que o claustro, e que consolidava assim o caráter feudal do mosteiro. As obras da igreja foram retomadas a partir do lanço do cibório, com a continuação das três naves já iniciadas e o acréscimo de uma quarta nave do lado sul, alinhada com o campanário. Assim ficava definitivamente concluída a substituição da igreja do século XI, que até então convivia com a nova obra. De qualquer modo, o resultado não alterou substancialmente a ordenação geral do mosteiro com os edifícios ao redor do claustro, ordenação já estabelecida por volta do ano mil. Estas obras, levadas a termo durante o governo do abade Busquets, implicaram a construção de um novo palácio abacial. As velhas salas do abade, na ala oeste do claustro, foram remodeladas para formar parte do arquivo do mosteiro.” - FONT I COMAS, Joan (dir.). CAIRAT - Centre d'Aplicacions de la Informàtica a la Representació d'Arquitectura i el Territori.

II. O claustro de Sant Cugat

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Claustro do mosteiro de Sant Cugat (alas norte e leste), em uma bela e ensolarada tarde de inverno, durante minha segunda visita ao claustro do mosteiro. Observe que o segundo andar só foi construído no século XVI. Isso pode ser facilmente constatado pela visível diferença das colunas superiores em relação às inferiores, além do acabamento das paredes.
Foto: Ricardo da Costa (janeiro de 2005).

Considerado o conjunto mais homogêneo de esculturas românicas catalãs do século XII24 – provavelmente por não ter tido muitas interrupções em sua construção25 – o claustro de Sant Cugat está localizado à esquerda da igreja, em seu lado setentrional. Atualmente, o acesso a ele se dá através de um pórtico, construído em 1573-89, pela galeria oeste. Sua planta é quadrada, quase regular. Seu espaço possui cerca de 30 metros de largura, e cada lado cerca de quatro metros. Há uma ligeira variedade cromática no ambiente devido ao material utilizado: pedras de Girona (para as colunas), de Montjuïc (para os capitéis e arcos), e da própria região (para o restante da obra).26

No claustro há 144 capitéis, distribuídos em 72 pares de colunas (18 pares de colunas em cada galeria). Seguindo a classificação proposta por Joan Tortosa, os capitéis estão organizados em dez temas: 1) Ornamentais, 2) Coríntios, 3) Aves, 4) Animais diversos, 5) Motivos profanos, 6) Cenas do Antigo Testamento, 7) Cenas do Novo Testamento, 8) Monstros, 9) Seres mitológicos e 10) Cenas monásticas.

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Esquema dos capitéis do claustro, iniciando a numeração com a lateral norte (no ângulo inferior, à esquerda). Decidimos seguir a proposta de numeração de Joan Tortosa (1998), por ser a mais simples e prática em seu ordenamento. Imagem originalmente publicada em J. TORTOSA, El Claustre de Sant Cugat del Vallès. Més enllà de les formes, Sabadell, Editorial Ausa, 1998, p. 136.

A construção do claustro era parte de um ambicioso projeto resultante do crescimento do poder senhorial monástico. Um dos primeiros textos que se refere a isso tem o título de Fedancius, architetus et magister edorum (1010).27 Fedancius foi o mestre de obras que dirigiu a remodelação do conjunto monacal (igreja, campanário e claustro).28 No que se refere ao claustro, há um documento muito importante considerado o ponto de referência para o início das obras: um testamento do nobre Guilherme de Claramunt, de 1190, para o mosteiro. Os especialistas concordam que, nessa data, as obras já haviam sido iniciadas.

Abaixo, a distribuição dos capitéis nas galerias, bem como sua posição (no interior ou no exterior das galerias)29:

Temas
Galeria norte
Galeria sul
Galeria leste
Galeria oeste
Total
Posição externa
Posição interna
Ornamentais
10
8
11
9
38
24
14
Coríntios
9
2
2
6
19
19
---
Aves
5
4
8
3
20
8
12
Animais diversos
3
3
3
3
12
9
3
Profanos
3
1
2
9
15
5
10
Antigo Testamento
---
4
---
1
5
---
5
Novo Testamento
---
9
4
1
13
---
13
Monstros
3
3
5
2
13
3
10
Mitológicos
1
1
1
2
5
2
3
Monásticos
2
1
1
---
4
1
3

III. A vida cotidiana e monástica em Sant Cugat: os capitéis 6, 8, 19 e 45

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Corredor norte do claustro do mosteiro de Sant Cugat (pares de colunas 1 a 6). Além da beleza das formas, no claustro também se destaca a suave policromia das pedras. Foto: Ricardo da Costa (janeiro de 2005).

A construção de um claustro na Idade Média obedecia a certas regras práticas gerais: o espaço deveria ser amplo, cômodo e bem distribuído e, acima de tudo, provido das coisas necessárias à vida coletiva30, de maneira que os monges não tivessem que sair, como afirma a Regra de São Bento:

Seja, porém, o mosteiro, se possível, construído de tal modo que todas as coisas necessárias, isto é, água, moinho, horta e os diversos ofícios, se exerçam dentro do mosteiro, para que não haja necessidade de os monges vaguearem fora, porque, de nenhum modo convém às suas almas (Regra de São Bento, 66, 6-7).

De todas as partes do mosteiro, o claustro, “oficina da arte espiritual”, era o local por excelência para se praticar “os instrumentos das boas obras”. Espaço de quietude e do recolhimento preparatório para o reino celestial, no claustro as almas tinham que não satisfazer os desejos da carne, “’não abraçar as delícias” e “odiar a própria vontade” (Regra de São Bento, 4, 12 e 59-60). Só assim o monge poderia meditar em silêncio os bens celestiais.

Mas, para isso, era importante que o claustro fosse construído à semelhança da Jerusalém celeste, da Jerusalém futura do Apocalipse de São João. Por esse motivo, o claustro de Sant Cugat foi projetado na forma quadrangular: “A cidade é quadrangular: seu comprimento é igual à largura” (Ap 21, 16). Também por esse motivo, o claustro tem 144 capitéis, quadrado de 12, número sagrado para o Cristianismo.31

Assim, aproximando-se mesmo que imperfeitamente da Jerusalém celeste, o claustro preparava os espíritos para a outra vida. Por isso, em Sant Cugat a virtude da humildade é a primeira que se apreende ao observar a maioria de seus capitéis, a humildade “do temor a Deus” e o “medo do inferno”, a humildade da “não realização das vontades”, da “obediência e da paciência”, da “constante confissão dos pecados”, da “alegria com o que há de mais vil”, da “crença de ser o mais inferior de todos” e da “economia do riso” (Regra de São Bento, 7, 10-66): “enquanto meditavam ou relaxavam dando voltas pelo claustro, os monges aprendiam a grande lição de humildade presente nos capitéis, com cenas bem determinadas”.32

As imagens esculpidas nos capitéis e consideradas mais importantes para a reflexão e meditação se encontram no lado voltado para o interior, nas galerias, isto é, no lado que os monges caminhavam. Do tema que selecionamos para nossa análise – a vida cotidiana monacal – há quatro capitéis, três deles voltados para as galerias, o que demonstra sua importância para a meditação deambulatória.

De acordo com a numeração proposta por Joan Tortosa, iniciamos com o capitel número 6, voltado para o interior da galeria e o último da primeira seqüência da galeria norte, a mais antiga construída no claustro. Trata-se, portanto, do capitel mais antigo de Sant Cugat com o tema iconográfico monacal. A cena monástica ocorre em um emaranhado de elementos vegetais, cintas com pérolas que nascem dos dois ângulos superiores, se mesclam e dão frutos acima das cabeças dos monges. Essa rica profusão vegetal que adentra pela cena cotidiana representa a maravilhosa natureza criada por Deus.33

A cena do capitel mostra três monges. Ao centro, sentado, um deles inclina sua cabeça e apoia as mãos nos joelhos. À sua direita, outro irmão se inclina até ele, enquanto um terceiro, atrás, coloca sua mão direita na cabeça. Entre os dois, no chão, um vaso de barro (alguidar). Como as cabeças dos monges estão mutiladas, é bastante difícil definir com precisão a cena, mas parece ser a representação de uma tonsura: o monge ao centro estaria sendo tonsurado pelo primeiro, enquanto o irmão com a mão na cabeça pode estar se lavando (esta cena também está representada no claustro de Girona).34

A tonsura (ou cercilho) era o símbolo da coroa religiosa, do exercício dos ofícios divinos. O noviço tinha a parte superior da cabeça raspada, quando era introduzido no estamento eclesiástico e recebia a primeira ordem do clericato.35Inicialmente a tonsura era feita cerca de sete vezes por ano, em vigílias de festividades importantes. No século XIII, os estatutos de cada mosteiro regulamentaram um número de vezes maior para essa atividade simbólica e higiênica.36

Imagens 11 e 12

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Capitel 6 (ala norte, interior). Fotos: Cristina Cullell i March (maio de 2005).

No entanto, há pelo menos duas possíveis interpretações para essa cena do capitel 6. Primeiro, ela pode representar o ingresso do noviço na vida monástica e o abandono do mundo, representado pela tonsura, como disse antes. Mas também poderia simplesmente relembrar aos monges que caminhavam nas galerias que circundam o claustro essa atividade regular e anual, feita no mosteiro, sem ter uma relação direta com o ingresso monástico. Segundo, pode haver uma seqüência progressiva, pois se o primeiro monge (imagem 11) com a mão na cabeça pode estar se lavando, como acredita Joan Tortosa, também pode representar o monge do centro momentos antes, se preparando para a tonsura.

A vida monástica prossegue no capitel 8, um dos mais interessantes do claustro. Ao contrário do capitel 6, que parece progredir seqüencialmente, como dissemos, o capitel 8 desenvolve sua cena de uma maneira perfeitamente circular. Uma procissão de oito monges, alguns com o capuz do hábito, envolve e circunda todos os lados do capitel e se dirige na direção leste-oeste para retornar à igreja, representada pelo portão (imagem 13, à esquerda). Os monges parecem seguir o chamado do abade que, no meio do fórnice, faz soar o sino, chamando todos para a oração (imagem 13).

O abade que faz soar a campana está encimado por uma auréola que se repete em cada lado da procissão, dividindo assim, harmoniosa e geometricamente, os espaços acima das figuras humanas. Mas a procissão não é somente um ato meditativo de caminhar: parece mais a representação de um momento de leitura, pois dois dos monges caminham com um livro nas mãos – repare que o monge à direita na imagem 15 caminha com um livro aberto. Dois deles ainda portam um pergaminho enrolado, outros dois levam objetos de difícil precisão e dois não têm nada nas mãos.

Imagens 13 e 14

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Capitel 8 (ala norte, interior e lateral). Fotos: Cristina Cullell i March (maio de 2005).

Em cada ângulo dos lados, acima da cabeça de cada monge, há uma sintética representação do templo. Os corpos estão muito bem proporcionados, e tanto as vestes quanto as expressões dos rostos que ainda se conservam denotam uma bela serenidade (imagem 14).

Esse capitel, portanto, além de mostrar o deambulatório dos anjos, ressalta a leitura que também ocorria nas galerias do claustro, atividade espiritual e ascética realizada no claustro durante o verão.37 A Regra de São Bento já previa a prática da leitura espiritual durante os intervalos do trabalho físico ou do ofício divino (Regra de São Bento, 48), e a leitura silenciosa era uma prática comum nos mosteiros medievais, além dos trabalhos no campo, no scriptorium, ou nas dependências do claustro.38

A leitura mais praticada era a da lectio divina, isto é, a leitura da Bíblia. O papa Gregório I, conhecido como Gregório Magno (c. 540-604), um dos mais influentes da tradição espiritual beneditina39, já havia afirmado a unidade entre a leitura e a existência: ler a palavra de Deus era interiorizá-la, pois “a leitura progride com os que a lêem” (Moralia in Job, 20, 1, 1).40 O que hoje chamaríamos de “atitude metodológica de leitura” era uma abertura de corpo e alma para o estudo, para com o texto, seguindo sempre uma trilogia de receptividade: 1) uma pureza no coração para compreender, 2) uma pureza de intenção para aproveitar o que leu, e 3) uma disposição sincera e firme para obedecer aos preceitos lidos, pois “a verdadeira lectio divina não é assunto de inteligência, mas de retidão de coração”.41

Imagens 15 e 16

 

 

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Capitel 8 (ala norte, exterior e lateral). Fotos: Cristina Cullell i March (maio de 2005).

Monges caminhando pelo claustro com livros abertos, monges trazendo e levando papiros para o scriptorium do mosteiro. A vida intelectual prosseguia na Idade Média feudal dos guerreiros e camponeses. Unidos na fé e na leitura, no silêncio e no trabalho, os monges de Sant Cugat ajudaram assim a manter viva a chama do estudo. Ao contemplarmos todos os ângulos do capitel 8 – e após caminharmos tranqüilamente algumas vezes pelas galerias do claustro – podemos imaginar quão sereno deveria ser esse momento de ócio para os monges, a leitura de um livro sob uma brilhante tarde de primavera, e a meditação sob as pilastras do jardim do claustro.

Prosseguimos nossa análise dos capitéis da vida cotidiana monástica com os capitéis seguintes que expressam o mundo do claustro, os de números 17 e 18. Nessas interessantes e realistas cenas, o escultor Arnau Cadell está representado (imagem à esquerda) sentado em um tamborete e burilando um capitel coríntio, uma raríssima cena na Idade Média de auto-retrato de um artista. À frente do escultor (imagem à direita), um monge lhe oferece uma tigela (com água ou comida), provavelmente durante uma pausa do trabalho. Isso indica que tanto Arnau quanto sua equipe podem ter sido hospedados no claustro enquanto executavam o trabalho.

O escultor lapida com vigor um capitel preso em um praticado; suas pernas sustentam a força de seu golpe – infelizmente o rosto do artista também foi destruído. Repare no cajado estirado ao longo de sua perna esquerda: ele indica sua condição de artesão, além do hábito, semelhante a uma túnica.

Imagens 17 e 18

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Capitel 19 (ala norte, interior). Fotos: Cristina Cullell i March (maio de 2005).

A cena do artista a esculpir um capitel e a receber uma tigela de um monge é complementada por uma inscrição na parede ao lado, em latim: “HEC EST ARNALLI SCULTORIS FORMA CATELLI QUI CLAUSTRUM TALE CONSTRUXIT PERPETUALE” – “Esta é a imagem do escultor Arnau Cadell, que construiu tal claustro para a perpetuidade”. Esse é um caso muito raro em que um escultor românico deixou sua assinatura!

Imagem 19

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Placa comemorativa ao lado do capitel 19, com uma inscrição em latim.
Foto: Cristina Cullell i March (maio de 2005).

O último capitel que retrata uma cena cotidiana do mosteiro é o de número 45, sempre de acordo com a ordenação proposta por Joan Tortosa. Em sua parte superior, os motivos ornamentais e vegetais – cintas com pérolas originadas dos ângulos superiores – se desenvolvem de uma maneira muito mais rica e generosa do que no capitel 6. São palmas e frutas que, sinuosamente, envolvem dois monges sentados em bancos, chamados de setial (nome do banco adornado das igrejas).

A cena mostra monges-leitores: eles leem livros abertos e apoiados em estantes inclinadas (chamadas de atril, ou facistol). Um deles folheia o livro (imagem 21), o outro escreve (imagem 20). A cena, portanto, representa diretamente o laborioso trabalho de leitura de obras religiosas e clássicas que ocorria nos mosteiros medievais. No caso de Sant Cugat, seu mosteiro era muito conhecido por seus copistas e tradutores.42

Imagens 20 e 21

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Mas, indiretamente, a cena também relembra o difícil trabalho dos monges-copistas, homens pouco lembrados e que, em silêncio, preservaram os textos antigos para os pósteros. Cassiodoro (c. 485-580) já havia destacado a beleza do propósito do copista: “...pregar aos homens com a mão, abrir línguas com os dedos, dar em silêncio salvação aos mortais e – com a cana e a tinta – lutar contra as ilícitas insinuações do diabo”.43 Sem qualquer ambição, sem nenhum desejo de glória, com imenso esforço corporal, eles foram chamados de livreiros, porque se consagraram à libra (balança) da justiça de Deus!

Por isso, embora o capitel 45 mostre apenas uma cena de leitura, ele sugere todo o esforço por trás desse simples e belo gesto de ler as páginas de um livro. Ademais, a invasão da natureza na cena dos monges-leitores também insinua a tranqüilidade do momento de meditação após a leitura de alguma passagem bíblica, conforme a trilogia de receptividade ordenada pelo papa Gregório Magno, como vimos anteriormente.

Assim, o capitel 45 nada mais é do que uma homenagem a essa dedicação à cultura letrada por parte dos monges. Para se ter uma idéia, segundo a Regra de São Bento, à leitura deveriam ser dedicadas mil e quinhentas horas anuais! Esse trabalhoso e desgastante ofício é também representado na cena pela postura curvada dos dois monges.

Conclusão

Imagem 22

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Corredor leste do claustro do mosteiro de Sant Cugat. À esquerda, encontra-se a atual entrada de acesso ao claustro. Foto: Ricardo da Costa (janeiro de 2005).

Contemplar as cenas dos capitéis no claustro de Sant Cugat era, para os monges medievais, retornar ao estado original do homem no Paraíso, pois “o homem foi originalmente criado para a contemplação” (Moralia in Job, 8, 34).44 Ao perder o Paraíso, Adão perdeu a contemplação de Deus. Portanto, construir o claustro conforme os parâmetros bíblicos, a concepção mística dos números e da proporção, moldar os capitéis para a recordação necessária à meditação da leitura e, por fim, se dedicar de corpo e alma à leitura e à meditação, fazia parte da idéia de criar uma semelhança terrena do Paraíso perdido.

Graças a essa vida contemplativa monástica medieval, graças a esse laborioso trabalho dos copistas, graças, enfim, ao hábito de ler cultivado pelos monges medievais, a civilização manteve acesa a chama do estudo e da leitura, e o Ocidente medieval transmitiu aos pósteros a sabedoria e o conhecimento adquiridos e herdados da Antiguidade e desenvolvidos na Idade Média.

De nossa parte, ter desfrutado da hospitalidade de Sant Cugat e, especialmente, ter caminhado algumas vezes na paz do mosteiro medieval santcugatense para contemplar as cenas esculpidas nos capitéis pelo artista Arnau Cadell (com a ajuda dos olhos sensíveis e apurados de Joan Tortosa), foi uma experiência única de retorno a um distante momento cultural de um passado que tantas vezes li e estudei.

 

*

Agradeço a Joan Tortosa as horas agradáveis em que passamos no claustro do mosteiro. Ali pude aprender como um artista olha para a obra de outro artista! 

– Este trabalho é dedicado à senhora Nuria Tomas Roset, a Cristina Cullell i March, e aos professores Pere Villalba e Tomàs Gimeno Fabregat (ambos da Universitat Autònoma de Barcelona). À primeira, por me acolher em sua casa (e me ensinar os dias da semana em catalão!), à segunda, pela generosidade de ter fotografado os capitéis em um agitado sábado (em que ocorria uma apresentação gratuita de música clássica no jardim interno do mosteiro – com a presença do prefeito de Sant Cugat): ambas são orgulhosas santcugatenses de nascimento; a Pere Villalba e Tomàs, pelos agradáveis encontros com diálogos platônicos, sempre regados a vinho e com petiscos catalães; ambos são orgulhosos santcugatenses, mas de coração! –

Notas

  • 1. Peristephanon (Livro das coroas, uma coleção de hinos dedicada a alguns santos) II, 4, 33. Internet, AURELIUS CLEMENS PRUDENTIUS, PeristephanonIntraText Edition CT.
  • 2. Também chamado de Cucuphas, Guinefort, ou Qaqophas. Sua festa é comemorada no dia 25 de julho. Ver Catolic Online.
  • 3. SARTAGAL I PELLICER, Ramon. Diccionari dels Sants. Barcelona, Edicions 62, 1996, p. 52.
  • 4. O próprio Augusto passou três anos em Tarraco (atual Tarragona), durante os anos 27-25 a. C., para acabar com a resistência ao poder romano que existia na região.
  • 5. Decreto de tolerância religiosa promulgado por Licínio (328-324 d. C.) e Constantino (306-337 d. C.) e que concedia aos cristãos a igualdade de direitos com as outras religiões.
  • 6. Hoje essa pequena planta quase quadrada se encontra no jardim do claustro. O martyrium foi escavado pelos arqueólogos Pere Bosch i Gimpera i Josep Serra i Ràfols em um trabalho que durou seis anos (1931-1936).
  • 7. Catalunya Romànica. El Vallès Occidental – El Vallès Oriental. Enciclopédia Catalana. Barcelona, 1991, vol. XVIII, p. 159-160. Ao redor dessa primeira construção cristã há um pequeno necrotério, com tumbas de tipos variados.
  • 8. Rei da França Ocidental, sucessor de Carlos, o Calvo (823-877) e filho de Luís, o Piedoso (imperador de 813 a 840).
  • 9. Citado em Catalunya Romànica. El Vallès Occidental – El Vallès Oriental., op., cit., p. 161.
  • 10. As crônicas antigas mencionam seis abades anteriores, mas não se provou sua existência.
  • 11. Note que até a década de 60, em pleno século XX, a vila de Sant Cugat não tinha mais que três mil habitantes!
  • 12. Primeiro califa de Córdoba (891-961), que governou de 912 a 961.
  • 13. Rei da França (governou nos anos 936-954), chamado de o Ultramar por ter vivido em Inglaterra.
  • 14. Ver A. GUILLÉN DEU, “Pregunta sin respuesta: la razzia de al-Mansur del año 985 en Sant Cugat. Una nueva aportación al tema: la visión islàmica”, Revista Valldaurex 2, abril 2000.
  • 15. Ver J. RUIZ CULLEL, “Les transformacions del monestir de Sant Cugat als voltants de l’any 1000”, Actes de la LXII Assemblea Intercomarcal d’Estudiosos, octubre 1998. Reparem que nesse período se entendiam que os votos monásticos não eram impeditivos para que os abades participassem da guerra contra os mouros!
  • 16. Cartulario de Sant Cugat del Vallès. Barcelona, CSIC, 1945-1947, 3 vols (com 1233 documentos, 979 dos quais relativos à formação, expansão, administração e defesa do patrimônio do mosteiro).
  • 17. O repovoamento começo especialmente a partir do abaciato de Donaden (904-917). Ver J. YARZA LUACES y G. BOTO VARELA (coord.), Claustros Románicos Hispanos, Editorial Edilesa, 2003, p. 300.
  • 18. Bula de 1002 do papa Silvestre II (990-1003).
  • 19. Conde de Barcelona de 1082 a 1096.
  • 20. Catalunya Romànica. El Vallès Occidental – El Vallès Oriental, op. cit., p. 164.
  • 21. Conde de Barcelona de 992 a 1018.
  • 22. Conde de Barcelona de 966 a 992.
  • 23. “Os almorávidas (c. 1056-1147) eram formados por várias tribos que se diziam descender de Himyar. As mais célebres são as de lamtuna (ou lemtuna), da qual o príncipe dos crentes Ali ibn Taxufin faz parte, e os chadala. Saídas do Yêmen nos tempos de Abu Bakr Siddiq, que as enviou para a Síria, elas passaram depois para o Egito e depois se transferiram para o Magreb, com Musa ibn Nusayr. Seguiram depois para Tariq até o Tanger.” Ver R. DA COSTA, “A expansão árabe na África e os Impérios negros de Gana, Mali e Songai (sécs. VII-XVI) – Segunda Parte”.
  • 24. J. SUREDA, La pintura románica em Cataluña, Madrid, Alianza Editorial, 1995, p. 25.
  • 25. E. JUNYENT, Catalunya Românica. L’arquitetura del segle XII, Barcelona, Publicacions de l’Abadia de Montserrat, 1976, p. 143-144.
  • 26. E. JUNYENT, Catalunya Românica. L’arquitetura del segle XII, op. cit., p. 143.
  • 27. J. YARZA LUACES y G. BOTO VARELA (coord.), Claustros Románicos Hispanos, op. cit.
  • 28. Simbolicamente, o campanário simboliza a união entre Deus e os homens, e também o próprio poder da Igreja. Portanto, é construído para que seja visto a longa distância. Na arte românica – e especialmente no românico catalão – o campanário costuma ser construído no mesmo edifício do templo, e na maior parte das vezes na fachada principal.
  • 29. J. TORTOSA, El Claustre de Sant Cugat del Vallès. Més enllà de les formes, Sabadell, Editorial Ausa, 1998, p. 137-138.
  • 30. G. M. COLOMBÁS, La tradición benedictina, ensaio histórico, II. Los siglos VI y VII, Zamora, Ediciones Monte Casino, 1990, p. 82.
  • 31. J. TORTOSA, El Claustre de Sant Cugat del Vallès. Més enllà de les formes, op. cit., p. 102-103 e 108.
  • 32. J. TORTOSA, El Claustre de Sant Cugat del Vallès. Més enllà de les formes, op. cit., p. 128.
  • 33. T. GREGORY, “Natureza”, J. LE GOFF & J.-C. SCHMITT (coord.), Dicionário Temático do Ocidente Medieval II, Bauru / São Paulo, Edusc / Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 263-277.
  • 34. J. TORTOSA, El Claustre de Sant Cugat del Vallès. Més enllà de les formes, op. cit., p. 149.
  • 35. “Na década de setenta do século XX, o Papa Paulo VI dando seqüência ao que foi decidido no Concílio Vaticano II promoveu uma série de reformas na Igreja principalmente relacionadas à liturgia e ao sacramento da ordem. Foi extinta a tonsura, substituída por um juramento público de fidelidade à Igreja e as ordens menores, antes em número de cinco (ostiariato até subdiaconato) foram chamadas de ministérios, agora em número de dois (leitorato e acolitato).” – Veritatis Splendor – O Esplendor da Verdade.
  • 36. G. GONZALVO I BOU, La vida privada de la Comunitat de Poblet a l’Edat Mitjana i Moderna, Barcelona, Publicacions de l’Abadia de Poblet, 1999, p. 47.
  • 37. G. GONZALVO I BOU, La vida privada de la Comunitat de Poblet a l’Edat Mitjana i Moderna, op. cit., p. 33.
  • 38. PARKES, Malcom. “Ler, escrever, interpretar o texto: práticas monásticas na Alta Idade Média”, CAVALLO, Guglielmo e CHARTIER, Roger (org.), História da lectura no mundo occidental I, São Paulo, Editora Ática, 1998, p. 103-122.
  • 39. G. M. COLOMBÁS, La tradición benedictina, ensaio histórico, II. Los siglos VI y VII, op. cit., p. 174.
  • 40. Citado em G. M. COLOMBÁS, La tradición benedictina, ensaio histórico, II. Los siglos VI y VII, op. cit., p. 257.
  • 41. “Hacer de la Escritura un campo de discusión, un continuo planteamiento de problemas con ánimo de solucionarlos con razonamientos más o menos primorosos, es condenarse a que no nos sirva nunca de verdadero alimento espiritual. Tal modo de proceder no sólo no tiene nada que ver con la lectio divina, sino que le es completamente contrario.” – G. M. COLOMBÁS,La tradición benedictina, ensaio histórico, II. Los siglos VI y VII, op. cit., p. 260-261.
  • 42. J. TORTOSA, El Claustre de Sant Cugat del Vallès. Més enllà de les formes, op. cit., p. 201.
  • 43. CASSIODORO, "Instituições, cap. 30 – sobre os copistas e a recordação da ortografia" (trad.: Jean Lauand), publicado em VIDETUR 31.
  • 44. Citado em G. M. COLOMBÁS, La tradición benedictina, ensaio histórico, II. Los siglos VI y VII, op. cit., p. 265.

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